sábado, agosto 25, 2012

A derrota de Serra:o fim da oposição ou só é o fim do PSDB?


Se realmente se confirmar a derrota de José Serra na prefeitura de São Paulo, ela poderá significar o fim da oposição como conhecemos hoje no Brasil. A dicotomia PT x PSDB. Novas forças surgirão mais enfraquecidas, menos polarizadas.

Lula, realmente é a pessoa que mais entende de povo e política no Brasil, ele entendeu que a população paulistana queria algo novo para governar sua cidade, lançou Haddad com esta proposta, só não contava que as pessoas viriam em Russomano, o novo que queriam.

Russomano, ao sair da sombra malufista do PP, deu um passo importante em sua carreira alinhando-se a Universal, e assim, aos evangélicos, um eleitorado importante abandonado por Kassab e nunca deu muita liga com candidatos do PT.

Voltando ao Serra, a longa permanência do PSDB-DEM-PSD no governo em São Paulo, leva i eleitorado a querer novas coisas. Era o momento dos tucanos apostarem em outra candidatura, Serra com seus abandonos está muito desgastado. E a história de que se candidatou por gratidão é simplesmente ridícula. 

Como um partido pode sobreviver se a figura mais importante da história do partido não sabe fazer marketing ou não gostam que ela apareça. Me refiro a FHC. Falta a Serra, humildade de reconhecer erros e ganância demais.

A candidatura de Aécio Neves, que também não tem nada de novo, já está sofrendo sua primeira derrota.

Uma nova oposição pode surgir mesmo no quintal petista, seja nas formas de PSB com Eduardo Campos ou numa forma mais conservadora PRB-PMDB.

Entendo que:

1. O PSDB perdeu o ritmo da história brasileira, por não ser um partido com penetração social e nacional como o PT.

2. O eleitorado e parcela evangélica da população brasileira deverão ser cada vez mais importantes e fundamentais para as próximas eleições. Qualquer eleição nacional hoje só pode ser ganha com concessões a esta faixa populacional, Dilma que o diga.

3. A eleição de Russomano em São Paulo pode acontecer, seria um repeteco de Erundina. Mas, pode não acontecer, como a quase eleição de Francisco Rossi para governador.

4. A tese de Haddad é tudo novo fica envelhecida com Maluf no palanque e o próprio Lula.

5. Chalita é o cara mais "peroba" que já vi numa campanha, ele já mudou tanto de partido, que agora fala que é amigo de todo mundo pois já esteve em quase todos os partidos e alianças. O novo nome de traíra é amigo.

Como degolar sua família?



MARCOS 6.17-29:   Porquanto o mesmo Herodes mandara prender a João e encerrá-lo manietado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto tinha casado com ela. Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. E Herodias o espiava e queria matá-lo, mas não podia; porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo; e guardava-o com segurança e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa vontade o ouvia. E, chegando uma ocasião favorável em que Herodes, no dia do seu aniversário, dava uma ceia aos grandes, e tribunos, e príncipes da Galiléia, entrou a filha da mesma Herodias, e dançou, e agradou a Herodes e aos que estavam com ele à mesa. Disse, então, o rei à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, até metade do meu reino. E, saindo ela, perguntou à sua mãe: Que pedirei? E ela disse: A cabeça de João Batista. E, entrando apressadamente, pediu ao rei, dizendo: Quero que, imediatamente, me dês num prato a cabeça de João Batista.   E o rei entristeceu-se muito; todavia, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. E, enviando logo o rei o executor, mandou que lhe trouxessem ali a cabeça de João. E ele foi e degolou-o na prisão. E trouxe a cabeça num prato e deu-a à jovem, e esta a deu à sua mãe. E os seus discípulos, tendo ouvido isso, foram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.


Mateus 18:5-6:  E aquele que receber uma criança como esta por causa do meu nome, recebe a mim. Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar”. Estas duas passagens estão relacionadas entre si.




Uma família real.

Em Marcos 6, temos uma família construída em cima de um adultério, sobre a cova de um irmão e um profeta que segue sendo uma pedra de tropeço para a felicidade desta casa. A mulher de Herodes, via no profeta João a causa de sua infelicidade conjugal, e não no seu pecado. 

Muitas famílias hoje estão procurando alguém para colocar a culpa pelos seus fracassos espirituais, profetas, pastores, irmãos e irmãs. A lista é tão grande quanto a busca para ocultar seus próprios pecados. 

Quando estamos numa situação de pecado, a igreja sempre parece um mal, e aqueles que nos aconselham de verdade são as pessoas que mais evitamos. Procuramos até a morte dessa pessoa, de maneira que acreditamos que uma vez livre delas, encontraremos a tão sonhada felicidade e sossegado para continuarmos no pecado.

Herodes tinha poder para mandar assassinar João Batista, mas o pouco que tinha de consciência o impedia de ordenar. Mas, foi na presença da multidão, embriagado com o seu orgulho e lascívia que depois de uma dança da filha na frente dele e de seus convidados, ele oferece a menina qualquer coisa que ela pedir.

A criança não tem seus desejos próprios, ela precisa que alguém a diz o que deve querer. A mãe encontra sua chance de finalmente ser feliz, matar João Batista, e pede a cabeça do profeta. 

A filha vai além da mãe e da metáfora, e pede a cabeça de João Batista literalmente num prato, numa maldade que os pais não conseguem pedir. A filha não tem qualquer consciência, ela apenas aprendeu o mal e por isso a toma literalmente. Ela só aprendeu o mal, e este a constrói como criança. 

Ela não sabe da situação pecaminosa familiar, ela apenas vê o profeta como um empecilho para a felicidade de sua mãe. Ela não consegue enxergar qualquer coisa boa nele.

1. A culpa não é dos outros.

Costumamos viver nossa vida jogando os fracassos pessoais e familiares nas costas de alguém. Se nossos filhos, nossos cônjuges, nosso sustento, enfim, se as coisas vão mal sempre buscamos alguém para culpar sobre a nossa situação. Mesmo que seja nós mesmos que estamos dando causa para a infelicidade.

As escrituras sempre nos lembra a respeito de duas coisas: a nossa enorme capacidade de praticar o mal e sermos maus. E a grandeza da misericórdia e amor de Deus. Contudo, para que as duas coisas que se unam é preciso abrir mão da primeira pelo arrependimento e tomar posse da segunda pela fé.

Para que possamos nos arrepender precisamos encarar de frente um fato simples da nossa herança do nosso pai: nós somos maus. A culpa maior pelos estragos e pecados da nossa vida é nossa mesma.

2. Somos mais modelos do que pensamos.

A segunda coisa é que somos mais modelos para nossos filhos do que imaginamos. Quando insistimos em colocar a culpa de nosso pecado sobre a vida de outras pessoas, nossos filhos seguem por esta mesma caminhada de auto-piedade e auto-justificação. 

E pior, eles pioram a nossa maldade. Como? Se nós sabemos do nosso erro, nossos filhos não sabem. Só vêem e ouvem aquilo que falamos e potencializam em cima de que somos os bonzinhos que estão sendo atormentados. A ira dos pais se tornam ódio nos filhos.

Só que esta semente volta para os pais? Pense quais são as coisas que seus filhos fazem que vocês como pais mais detestam? Eu vou dizer uma coisa biblicamente surpreendente: eles aprenderam com vocês. Por isto, Jesus diz que quando escandalizamos uma criança é melhor que colocássemos uma pedra pesada no pescoço e nos atirasse para o mar.  

A maldade que ensinamos para os nossos filhos volta-se contra nós levando a uma destruição total. Matamos a capacidade de nossos filhos amar certas pessoas que impedem nossa felicidade digamos assim. Um dia, essa raiz começa a crescer, e pode ser que eles deixem de considerar até a nós mesmos.

Herodes ficou triste com o pedido da filha, mas não voltou atrás por causa do orgulho.  Não deixe o orgulho destruir sua família, peça perdão aos seus filhos por culpar os outros por pecados que são seus, peça perdão.

3. Lembre-se que todos são presentes de Deus.

Jesus diz também que quem recebe uma criança no nome dele, recebe a Ele. 

Quando recebemos nossos filhos de Deus ficamos todos alegres. Fazemos a contagem regressiva, organizamos chá de bebê, compramos roupa, escolhemos nomes, sonhamos e imaginamos tanta coisa.

É uma alegria que Deus, de repente, dá a cada um de nós. Do mesmo modo, foi a nossa salvação, e salvação do nosso irmão em Cristo. São presentes da graça de Deus, nenhum de nós pode conseguir comprar ou fazer isto. Simplesmente Deus presenteia.

Sua vida hoje é um presente de Deus para sua vida, ela chama-se Jesus Cristo. A vida dos seus filhos e a vida dos seus irmãos, até mesmo aquele que você acha que é causa da sua infelicidade. 

Quando temos no coração esta atenção, entendemos que nossas palavras devem ser usadas para honrar nossos filhos e irmãos,  afinal foi Deus quem nos deu eles. 

Não existe nada mais chato que você dar um presente e a pessoa não gostar, será que quando Deus lhe deu um filho, você pediu para trocar?

As pessoas podem ser más com a gente, mas as vezes elas falam realmente a verdade sobre a nossa situação, a pior coisa que pode haver é ficar na auto-defesa aí.

Cuidado com sua língua, você pode usar ela para desgostar um presente que Deus te deu!




quinta-feira, agosto 23, 2012

Watchman Nee: A cruz de Cristo.


O segundo capítulo de A Vida Cristã Normal vai falar sobre o outro remédio dado por Deus através da Cruz de Cristo. 

A natureza humana corrompida pelo pecado pode ser melhorada? Não pode! Deve ser condenada e rejeitada, assim deve ser crucificada e ressuscitada pelo poder de Deus em Cristo Jesus, Nee continua seu livro meditando nos capítulos 5 e  6 de Romanos, sobre nossa velha natureza e nossa nova natureza dada por Deus por meio de Cristo.  

Nesse capítulo, seguindo o apóstolo Paulo, Nee nos fala da nossa união conquistada por Deus em Cristo Jesus na sua morte na cruz.

1. Os dois domínios de paz.

O primeiro domínio segundo Nee, seria o do sangue, da justificação de nossos pecados pelo sangue de Cristo. O segundo domínio é o da Cruz, que trata da natureza do pecado em nós, da santificação da nossa vida.


2. O que torna o homem pecador

O que torna o homem pecador é sua descendência de Adão, somos considerados como tais porque nascemos assim e não pelo que cometemos.  Não somos pecadores porque cometemos pecado, cometemos pecados porque somos pecadores.


3. Existem pecadores bons?

Mesmo aquele que não comete pecados, se pertence à raça de Adão, também é pecador e necessita, igualmente, da redenção. Há pecado­res maus e pecadores bons, pecadores morais e pecado­res corruptos, mas todos são igualmente pecadores. Pen­samos, às vezes, que tudo nos iria bem se não fizéssemos determinadas coisas; o problema, no entanto, é muito mais profundo do que aquilo que fazemos: está naquilo que somos. O que se conta é o nascimento: sou pecador porque nasci de Adão. Não é questão do meu comportamento ou da minha conduta, e, sim, da minha hereditariedade, do meu parentesco. Não sou pecador porque pe­co, mas peco porque descendo de linhagem má. Peco por ser pecador. (p.32)

A questão do pecado não tem a vem com a moralidade, precisamos do evangelho transformando a nossa natureza que é pecaminosa independentemente de nossos atos.  O novo nascimento não nasce de um esforço ou uma submissão para ser bonzinho, mas da graça de Deus manifestada na cruz do Calvário.





4. Qual é a mensagem de Romanos 5.19?


 "Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obe­diência de um só muitos se tornarão justos". O Espírito de Deus procura aqui nos mostrar, em primeiro lugar, o que somos, e depois como chegamos a ser o que somos. No começo da nossa vida cristã, ficamos preocupados com o que fazemos, e não com o que somos; sentimo-nos mais tristes pelo que temos feito, do que pelo que somos. Pensamos que, se pudéssemos retificar certas coi­sas, seríamos bons cristãos, e então, procuramos modifi­car as nossas ações. Os resultados, porém, não são o que esperávamos. Descobrimos, com grande espanto, que se trata de algo mais do que apenas certas dificuldades ex­ternas — que realmente há no íntimo um problema mais sério. Procuramos agradar ao Senhor, descobrimos, po­rém, que há algo dentro de nós que não deseja agradar-Lhe. Procuramos ser humildes, mas há algo em nosso próprio-eu que se recusa a ser humilde. Procuramos de­monstrar afeto, mas não sentimos ternura no íntimo. Sorrimos e procuramos parecer muito amáveis, mas no íntimo sentimos absoluta falta de amabilidade. Quanto mais procuramos corrigir as coisas na parte exterior, tanto melhor entendemos quão profundamente se arrai­gou o problema na parte interior. Então, chegamo-nos ao Senhor, dizendo: "Senhor, agora compreendo! Não é só o que tenho feito que está errado! Eu estou errado". (p.33)

O que podemos aprender é que cada um de nós somos membros de uma raça que é condenada por Deus, diferente dEle. Somos em nós mesmos incapazes de agradar a Deus por mais coisas que façamos. Como diz Nee, o nosso desespero está em Adão, e a nossa esperança está em Cristo.



5. A única base de nossa libertação da natureza pecaminosa.

Há somente um caminho. Desde que entramos nele pelo nascimento, devemos sair dele pela morte. Para nos des­pojarmos da nossa pecaminosidade, temos que nos des­pojar da nossa vida. A escravidão ao pecado veio pelo nascimento; a libertação do pecado vem pela morte - e foi exatamente este o caminho de escape que Deus ofereceu. A morte é o segredo da emancipação. Estamos mor­tos para o pecado (Rm 6.2). (p.36)

O caminho é reconhecer como Deus lidou conosco em Cristo Jesus,  Deus fez por nós o que jamais poderíamos fazer por nós mesmos. Deus nos levou a morte junto com Jesus, não vivemos mais no reino do pecado e de Adão, mas no reinado da graça e de Jesus.



6. O que significa estar em Cristo.


A grande realidade da salvação é a nossa união em Cristo, e este é um ato divino que Ele faz por nós. 



7. Como Deus lidou com o nosso problema de estamos em Adão.

Positivamente, Ele lidou ao nos colocar numa nova vida com Cristo. E negativamente, ele trouxe a morte a velha natureza que herdamos de Adão.

8. Podemos nos crucificar?
. Pelas experiências por que Ele passou, nós igualmente passamos, porque estar "em Cristo" significa ter sido identificado com Ele, tanto na Sua morte como na Sua ressurreição. Ele foi crucificado; o que, então, sucedeu conosco? Devemos pedir a Deus que nos crucifique? Nunca! Quando Cristo foi crucificado, nós fomos cruci­ficados; sendo a Sua crucificação passada, a nossa não pode situar-se no futuro. Desafio qualquer pessoa a en­contrar um texto no Novo Testamento que nos diga ser futura a nossa crucificação. Todas as referências a ela se encontram no tempo aoristo do Grego, tempo que signi­fica "feito de uma vez para sempre", "eternamente pas­sado" (ver Rm 6.6, Gl 2.20; 5.24). E como um homem não poderia se suicidar nunca pela crucificação, por ser fisicamente impossível, assim também, em termos espi­rituais, Deus não requer que nos crucifiquemos a nós próprios. Fomos crucificados quando Ele foi crucificado, pois Deus nos incluiu nEle na Cruz. A nossa morte, em Cristo, não é meramente uma posição de doutrina, é um fato eterno.

O apóstolo não está dizendo que deveríamos morrer, mas está dizendo que de fato a nossa morte já aconteceu pela fé na cruz de Cristo. Do mesmo modo que pela fé sabemos que estamos no domínio do pecado em Adão, sabemos agora que estamos sob o domínio da graça a partir de nossa morte junto Cristo na cruz.



9. Cristo como o último Adão e o segundo homem.

Em I Co 15.45-47, atribuem-se ao Se­nhor Jesus dois títulos notáveis. É chamado "o último Adão" e, igualmente, "o segundo Homem". A Escritura não se Lhe refere como o segundo Adão e sim, como o "último Adão", nem se Lhe refere como o último Ho­mem, e sim, como "o segundo Homem". Note-se esta diferença, que encerra uma verdade de grande valor.
Como o último Adão, Cristo é a soma total da huma­nidade; como o segundo Homem, Ele é a Cabeça de uma nova raça. De modo que temos aqui duas uniões, referin­do-se uma à Sua morte e outra à Sua ressurreição. Em primeiro lugar, a Sua união com a raça, como "o último Adão", começou, historicamente, em Belém, e terminou na Cruz e no sepulcro. E ali reuniu em Si mesmo tudo o que era de Adão, levando-o ao julgamento e à morte. Em segundo lugar, a nossa união com Ele, como "o segundo Homem", começa com a ressurreição e termina na eter­nidade, ou seja, nunca, pois, tendo acabado por meio da Sua morte com o primeiro homem em quem se frustrara o propósito de Deus, ressuscitou como o Cabeça de uma nova raça de homens, em que será plenamente realizado aquele propósito.
Quando, portanto, o Senhor Jesus foi crucificado, foi no Seu caráter de último Adão, reunindo em Si e anulan­do tudo o que era do primeiro Adão. Como o último Adão, pôs termo à velha raça - como o segundo Homem, inicia a nova raça. É na ressurreição que Se apresenta como o segundo Homem, e nesta posição nós também estamos incluídos. "Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição" (Rm 6.5). Morremos nEle, como o último Adão; vivemos nEle, como o segun­do Homem. A Cruz é, pois, o poder de Deus que nos transfere de Adão para Cristo.



10. O novo homem e o nascimento virginal.

As afirmações de Paulo sobre as qualidades de Jesus como o novo homem não podem ser consideradas sem o nascimento virginal de Jesus. Dado que Ele inicia uma nova raça sem ter o pecado em sua própria natureza humana, sendo concebido pelo Espírito Santo.

Watchman Nee: O Sangue de Cristo




Este é o primeiro capítulo da obra Vida Cristã Normal de Watchman Nee, fala a respeito da obra do sangue de Cristo, seguindo o guia de estudos da edição da editora Tesouro Aberto, escrito por Harry Foster.

A vida cristã normal é segundo Nee, o texto de Paulo em Gl.2:20: não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim. 

1. O problema duplo do cristão.

Na visão de Nee, o cristão tem um duplo problema que é a questão do pecado e a questão dos pecados. 

Preciso de perdão para os meus pecados, mas preciso também de ser libertado do poder do pecado. Os primei­ros tocam a minha consciência, o último a minha vida. Posso receber perdão para todos os meus pecados, mas, por causa do meu pecado, não tenho, mesmo assim, paz interior permanente.
O pecado está ligado a nossa natureza decaída e os pecados são os atos errados que cometemos, precisamos tanto de perdão para estes atos como também para a nossa natureza.

Nee coloca um duplo remédio na cruz e no sangue:

 . Veremos que o Sangue soluciona o problema daquilo que nós fizemos, enquanto a Cruz so­luciona o problema daquilo que nós somos. O Sangue purifica os nossos pecados, enquanto que a Cruz atinge a raiz da nossa capacidade de pecar.
 
2. Os três aspectos da obra redentora do Senhor Jesus.

Portanto, para nos remir, e nos fazer regressar ao pro­pósito de Deus, o Senhor Jesus teve que agir em relação a estas três questões: do pecado, da culpa, e da acusação de Satanás contra nós. Primeiramente, teve que ser resol­vida a questão dos nossos pecados, e isso foi feito pelo precioso Sangue de Cristo. Depois, tem que ser resolvido o assunto da nossa culpa e é somente quando se nos; mos­tra o valor daquele Sangue que a nossa consciência culpa­da encontra descanso. E, finalmente, o ataque do inimi­go tem que ser encarado e as suas acusações respondidas. As Escrituras mostram como o Sangue de Cristo opera eficazmente nestes três aspectos, em relação a Deus, em relação ao homem, e em relação a Satanás.

O homem precisa que o Senhor aja em relação ao pecado, a culpa e a acusação do inimigo, o sangue de Jesus é a única capaz de nos redimir nas três questões. 

3. As características da transação entre o sumo sacerdote e Deus no santuário no dia da expiação.

No antigo testamento havia o dia da expiação, conforme Lv. 16, o sangue era dado em oferta pelo pecado e trazido ao Lugar Santíssimo e se espargia sete vezes diante de Deus. 

O sumo sacerdote era o único que entrava lá, isto porque ele era um tipo de Jesus conforme Hebreus 9.11-12 "Mas Cristo, tendo vindo como sumo sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito tabernáculo (não feito por mãos, isto é, não desta criação), e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção.".  Havia também a apresentação do sangue a Deus, era uma transação entre o sumo sacerdote e Deus, no Santuário, longe daqueles que se beneficiavam dela.  O sangue era para Deus, ele o exigia.


4. O sangue satisfaz plenamente a Deus, em vista disto, é correto sempre pedirmos perdão a Deus?

Deus requer que o sangue seja derramado para satisfazer sua própria justiça. O sangue é primeiramente para Deus, assim, o sangue de Cristo satisfaz Deus plenamente. Por vezes, erramos pensando que devemos sentir este sangue primeiramente, mas ele é o é para Deus.

A pergunta de Foster é que a incredulidade pode levar o cristão acreditar que o sangue de 
Cristo não foi suficiente para perdoar seus pecados, é um erro procurar basear seu perdão na estimativa pessoal ou sentimento pessoal em relação ao sangue de Cristo.

Se Deus pode aceitar o Sangue, como pagamento pelos nossos pecados e como preço da nossa redenção, então podemos ter certeza de que o dé­bito foi pago. Se Deus está satisfeito com o Sangue, logo, deve ser aceitável o Sangue. A nossa estimativa dele é so­mente de acordo com a Sua avaliação — nem mais nem. menos. Não pode, evidentemente, ser mais, mas não de­ve ser menos. Lembremo-nos de que Ele é santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o Sangue é aceitável aos Seus olhos, e que O satisfez intei­ramente. (p.21)

5. Onde opera a obra de purificação do cristão?

Se o sangue de Cristo satisfaz plenamente a Deus, deve também nos satisfazer.  A purificação de nossa consciência. Nee nos lembra que o coração é enganoso, Deus deve fazer algo além de nossa purificação, darmos um novo coração. O que significa isto?

Significa que havia algo se interpondo entre mim e Deus, e que, como resultado disto, eu tinha má consciência sempre que procurava aproximar-me dEle, que constante­mente me lembrava da barreira que permanecia entre mim e Ele. Mas, agora, pela operação do precioso San­gue, algo foi realizado diante de Deus que removeu aque­la barreira. Deus revelou-me este fato através da Sua Pa­lavra. Quando creio nisto e o aceito, a minha consciência fica imediatamente limpa, o meu sentimento de culpa é removido, e já não tenho má consciência diante de Deus. (p. 22)



6. Qual a diferença entre acesso a Deus e sentir-se próximo a Ele?

Muitos se aproximam de Deus com base em seus próprios sentimentos, mas temos acesso a Deus mediante a obra do sangue de Jesus. 

A sua aproximação de Deus é, portanto, sempre com ou­sadia; e essa ousadia lhe pertence pelo Sangue, e nunca pelas suas aquisições pessoais. Qualquer que seja a medi­da do que se conseguiu alcançar hoje, ontem e no dia ante­rior, logo que se faça um movimento consciente para o Lu­gar Santíssimo, deve-se permanecer no único funda mento seguro — o Sangue derramado.



7. Quais foram as duas fases de acesso a Deus na experiência de um cristão?

 nosso acesso a Deus tem dois aspectos: um inicial e outro progressivo. O primeiro se nos apresenta em Efésios dois, e o ultimo em Hebreus 10. Inicialmente, a nossa posição perante Deus foi garantida pelo Sangue, porque fomos "aproximados pelo Sangue de Cristo" (Efé­sios 2.13). Mas, daí em diante, a base do nosso contínuo acesso ainda é o Sangue, porque o Apóstolo nos exorta: "Tendo, pois, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus... aproximemo-nos..." (Hb 10.19-22).


8. Como o sangue opera contra satanás?

Como é, então, que o Sangue opera contra Satanás? Por este meio: colocando Deus ao lado do homem. A Queda introduziu algo no homem que deu a Satanás livre acesso a ele, de forma que Deus foi compelido a Se reti­rar. Agora, o homem está fora do Jardim — destituído da glória de Deus (Romanos 3.23) — porque interiormente está separado de Deus. Por causa do que o homem fez, existe nele algo que, até que seja removido, impede Deus moralmente de o defender. Mas o Sangue remove aquela j barreira e restitui o homem a Deus e Deus ao homem. O homem agora está certo com Deus, e com Deus ao seu lado pode encarar Satanás sem temor. (p.25)


9. Qual é a razão de nossa aceitação imediata das acusações de satanás?

Ora, a razão por que aceitamos tão rapidamente as suas acusações é que ainda esperamos ter alguma justiça própria. É falsa a base da nossa esperança. Satanás con­seguiu fazer-nos olhar na direção errada, atingindo assim o seu objetivo de nos deixar incapacitados. Se, porém, tivéssemos aprendido a não confiarmos na carne, não nos espantaríamos quando surgisse o pecado, posto que pecar é a natureza intrínseca da carne. É por falta de reconhe­cermos qual seja nossa verdadeira natureza com sua debi­lidade que nós ainda confiamos em nós mesmos, de mo­do que tropeçamos sob as acusações de Satanás quando ele as levanta contra nós. (p. 27)

                                                                                                                                   
10. Que maneiras por meio das quais Deus pode nos revelar mais de seu Filho para resolver nossos problemas?


Deus nos revela mais de seu Filho para resolver nossos problemas quando deixamos de lado todo esforço para resolvermos por nossa própria conta e passamos a confiar e descansar em sua cruz e em seu sangue, a cruz que transforma nosso ser e o sangue que nos purifica de todos os nossos pecados.

 Nun­ca devemos procurar responder a Satanás, tendo por ba­se a nossa boa conduta, e sim, sempre com o Sangue. Sim, estamos repletos de pecado mas, graças a Deus que o San­gue nos purifica de todo pecado! Deus contempla o San­gue, por meio do qual o Seu Filho enfrenta a acusação, e Satanás perde toda a sua possibilidade de atacar. Semen­te a nossa fé no Sangue precioso, e a nossa recusa de sair­mos daquela posição, podem silenciar as suas acusações e afugentá-lo (Romanos 8.33-34); e assim será sempre até ao fim (Apocalipse 12.11). Que emancipação seria a nos­sa, se víssemos mais do valor, aos olhos de Deus, do precioso Sangue do Seu querido Filho!

sexta-feira, agosto 17, 2012

Cristão precisa de política?

Em Jeremias 28 e 29, temos uma história que nos ajuda a entender como deve ser o relacionamento dos cristãos com suas cidades. No capítulo 28, temos Hananias dizendo que Deus iria deixar o povo somente dois anos na Babilônia, então, era para o povo suportar o jugo que logo ele iria se quebrar.

Jeremias profetiza dizendo que Hananias não falou pelo Senhor, mas era para o povo de Israel procurar o bem da cidade porque eles iriam passar setenta anos por ali (29:4-11). 

A bíblia não defende um modelo tribalista do relacionamento do cristão com a cultura, ela defende um modelo redentor a partir da obra de Jesus Cristo. 

Os seres humanos foram criados por Deus à sua imagem e semelhança, cada um de nós recebemos de Deus um mandato cultural de preservar e cuidar da terra, esta ordem não foi apagada pela queda, ela persiste na busca de um conceito perdido que permeia toda a Escritura, "shalom":

"Na Bíblia, shalom significa florescimento universal, compleição e regozijo- um contexto rico e satisfatório de circunstâncias, no qual as necessidades naturais são satisfeitas e os dons naturais são empregados produtivamente, e tudo isso acontecendo debaixo da cobertura do amor de Deus. Em outras palavras, shalom representa o modo como as coisas deveriam ser." Cornelius Plantinga Jr. - O Crente no mundo de Deus, p. 31

Toda cultura humana carrega o selo do pecado, antes ela para fazer parte da vontade de Deus para a humanidade, agora é um meio e expressão da exploração das pessoas. Com o pecado, as relações do homem com Deus, com seu semelhante e com o mundo foram maculadas. 

Contudo, na obra redentora de Deus através vida, morte e ressurreição de Jesus, o pecado deixou de ter seu domínio sobre o homem, que passa a ser luz do mundo e sal da terra. O domínio de Deus sobre a terra volta a se instaurar, ainda que de maneira incompleta até sua volta.

O cristão deve entender que não há nada que não seja sagrado em seu viver, afinal, sua vida agora é pelo Espírito Santo em Cristo Jesus. Isto inclui toda a sua vida, agora redimida. 

Tudo está debaixo da soberania divina, como Paulo diz em Rm 13:1-7. Cada um de nós foi chamado por Deus, a manifestar sua obra em nosso chamado particular neste mundo - 1 Co 7.17.

O crente precisa da política para obedecer a Deus, sendo o contraste que o mundo precisa. As conquistas mais significativas em direitos humanos partiram de cristãos - a liberdade de escravos por Wilberforce ou os direitos civis por Martin Luther King jr-. 

No Brasil, na última eleição presidencial, nós tivemos um vislumbre desta força cultural que possui a igreja, a questão do aborto. 

Há inúmeras questões em que os cristãos brasileiros devem e podem participar por meio da política - direitos, saúde, educação, trabalho, renda digna-. 

Mas, vivemos com uma mentalidade tão "gnóstica" que ficamos fazendo divisão entre sagrado e profano, que engolimos sem pensar muitas coisas por acharmos que está fora de nosso mandato como cristãos, tais como corrupção, perca de valores familiares, a exploração de sexo e violência na televisão. 

Talvez o exemplo mais claro desta passividade brasileira cristã seja em torno do ensino da teoria evolucionista em nossas escolas, nossos filhos aprendem uma cosmovisão materialista e achamos normal. Isto é simplesmente falta de participação política somado ao anti-intelectualismo da igreja brasileira.

O crente precisa de política sim. Mas, para estabelecer seu contraste. O crente não precisa da política realizada fora da soberania de Deus ou para a glória de Deus, aquela que procura o favor, a vantagem e meios para mais e mais opressão e injustiça. 

A Bíblia tem livros inteiros dedicados a questão da justiça social, para que a shalom de Deus conquistada em Jesus se anuncie ao mundo, é preciso que os crentes passem a perceber que eles precisam da política, porque mais do que eles, a política precisa deles.



segunda-feira, agosto 13, 2012

A Igreja EPIC?




Leonard Sweet em seu livro PEREGRINOS DO NOVO SÉCULO, defende um conceito de igreja para a pós-modernidade, ou como ele gosta de chamar, para o mundo emergente. O conceito é EPIC - Experencial- Participativa- Imagística- Conectada-. No livro, o autor relaciona estes quatro anseios da cultura atual com tradição cristã. Como um livro emergente, o autor busca diferenciar a igreja pós-moderna da moderna.

EXPERENCIAL: o autor defende uma transição do racional (igreja moderna) para o experencial. A cultura atual está em busca de experiências que tragam sentido às suas vidas, na tradição cristã encontramos as experiências que podem transformar a cultura. Infelizmente, para o autor, a igreja deixou de prover estas experiências dando espaço para que outras coisas (ídolos) ocupasse seu lugar.

PARTICIPATIVA: mais uma crítica a dita igreja moderna, que ficou na cultura representativa, e não traz mais respostas a cultura participativa de hoje em dia.  O autor vê o avanço das comunicações e interações com um olhar otimista. Ele apregoa uma maior interação da adoração e do próprio ensino. O conceito de participação é de fato uma necessidade, mas o autor esqueceu de que a própria reforma, a igreja moderna iniciou-se com esta premissa - sacerdócio universal dos crentes - e parece ignorar também a massificação e não criatividade que caracteriza a cultura participativa atual.


IMAGÍSTICA: o autor realça o papel importante que há nas imagens hoje em dia. Além de palavras ruins, existem imagens ruins. A cultura atual é toda imagística, não se consegue postar uma frase no facebook sem que vá uma imagem junto. No que concerne a igreja, ela deve lembrar de suas imagens, suas metáforas para guiar a vida da cultura.

CONECTADA: a conexão é a síntese das três categorias anteriores, o mundo hoje quer algo que seja significativo individualmente-pessoalmente, que seja interativo e, enfim, que lembre a pessoa de fazer parte de uma comunidade -imagem. Por isto, novas formas de comunhão devem ser pensadas para servir os anseios desta nova geração.

"Para Jesus, a verdade não era preposição ou a propriedade de sentenças. Antes, a verdade era o que foi revelado por meio de nossa participação e interação com ele, com os outros e com o mundo" p.164

O livro é muito bom para analisarmos esta letargia da igreja em produzir cultura. Há muitas ressalvas, mas se aprende muita coisa com ele.

domingo, agosto 05, 2012

Percy Fawcett, o real Indiana Jones

Acabei de ler THE LOST CITY OF Z de David Grann, que conta a história da busca por El Dorado na Amazonia por um cara absolutamente corajoso e loco chamado Percy Fawcett.