sábado, setembro 29, 2012

Exodo 19 e o Reino de Deus hoje.


Exodo 19.1-9:   Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia, vieram ao deserto do Sinai. 2   Tendo partido de Refidim, vieram ao deserto do Sinai e acamparam-se no deserto; Israel, pois, ali acampou-se defronte do monte. 3   E subiu Moisés a Deus, e o SENHOR o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel: 4   Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; 5   agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha. 6   E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. 7   E veio Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras que o SENHOR lhe tinha ordenado. 8   Então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo. 9   E disse o SENHOR a Moisés: Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam eternamente. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao SENHOR.

"A missão de Deus é a destruição final de todo o mal em toda a sua criação. Nossa missão, portanto, deve ser tão abrangente em seu alcance quanto o evangelho que Bíblia toda nos oferece"
Christopher J. Wright, Missão do povo de Deus, p. 50

"Nos novos céus e na nova terra, os silos de mísseis balísticos intercontinentais serão transformados em tanques de treinamento para mergulhadores de águas profundas"  

Cornelius Plantinga Jr.,  O Crente no Mundo de Deus, p. 136 

Pensando na criação, queda e redenção, chegamos ao reino de Deus. Vimos que Deus nos criou para manifestarmos a sua imagem no mundo através do nosso relacionamento com Ele. Também, sabemos que o pecado trouxe uma quebra em nosso relacionamento com Deus, com nós mesmos e com os outros. A redenção em Cristo Jesus trouxe-nos de volta a um relacionamento perfeito com Deus partindo dEle, e assim, somos restaurados junto com a criação para vivermos a nova criação que Deus irá fazer.

Neste texto de Exodo, Moisés nos conta o que Deus quer do seu povo, vamos conversar sobre alguns pontos.

1. O papel da obediência.

O evangelho é eu sou aceito por Deus, portanto obedeço. O contrário disto é a religião que diz que se obedecemos a Deus, Ele nos aceitará. O evangelho segue uma ordem: 1. Deus salva, 2. nossa obediência em resposta e 3. desfrutar a bênção pela obediência.

Vimos em Abrão, que a bênção de Deus vem antes da obediência. O povo de Israel não fez nada para sair do Egito, mas Deus como uma águia os tirou de lá (vs. 4). Deus não deu a lei antes de salvar o povo, mas porque Ele é o Deus que salva e liberta, Ele pode ser amado e obedecido.

2. As bênçãos de Deus 

a. Ser um tesouro privativo (vs, 5)

A obediência nos leva a intimidade com Deus.  A obediência não está pautada num legalismo ou num pode fazer qualquer coisa, ela é um ato de resposta em amor por tudo aquilo que Deus faz em nossa vida.  É a partir do seu amor que podemos amar, "que vos amei uns aos outros, assim como eu vos amei (Jo. 15:12).

b. Nação santa 

A santidade está ligada a separação do próprio Deus, a santidade é um chamado de Deus para sermos parecidos com Ele.  Trata da restauração que Deus realiza em nossa vida, nos levando a sermos como Ele é. 

Fomos chamados para sermos o sal e a luz, não mais o Egito, Canaã ou qualquer outra coisa é  a fonte de nossa identidade, mas o próprio Deus. 

Em Levitico 19, vemos o relacionamento do crente com os outros e com as coisas mudam quando Deus o salva e passa a ser a fonte de sua vida.

c. Reino de sacerdotes.

Os sacerdotes ficavam entre Deus e o povo.  Eles tinham uma dupla função: 1. ensinar a lei de Deus para o povo (Lv. 10:11) e trazer os sacrifícios do povo a Deus (Lv.1-7). Israel estava sendo chamada para ser para Deus e para todas as nações,  aquilo que o sacerdote era para eles.  Israel faria Deus conhecido no mundo e as pessoas do mundo conhecidas de Deus. 

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem. 1 Pedro 2:9-12

3. O Rei reina em nós.

Talvez, você fique pensando é possível viver tudo isto. O povo de Israel mesmo falou que ia fazer tudo que Deus mandasse, mas não deu nem muito tempo, já se perderam. Quantas promessas? Quantos começar de novo e nada de novo?

Se achamos que a nossa força pode fazer estas coisas acontecerem, elas não irão. É preciso algo mais, ou melhor, outro alguém.


E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras. E subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, e comeram e beberam.
Êxodo 24:6-11
Pelo sangue do cordeiro de Deus, pela perfeita obediência de Jesus e seu sacrifício por cada um de nós, Deus se fez conhecido a nós. No novo nascimento, Ele passou a morar em cada um de nós, e a nossa vida tem sido sustentada por Ele. 

Quando vemos a Jesus, quando nos alimentamos dele a todo instante, ficamos cada vez mais parecidos com Ele.  Através de uma vida de permanência e obediência, a presença dEle se torna real em nosso dia a dia. Ele passa a aparecer mais do a gente em nosso viver.

Nos dez mandamentos, Deus proibiu o homem de fazer imagem de dele, conforme Ex.20:4, porque a imagem de Deus é seu Filho. E a imagem de Deus hoje no mundo é a igreja, que cheia do Espírito Santo e da presença de Jesus, o faz conhecido no mundo e os homens conhecidos de Deus.

"O lugar para onde Deus o chama é o lugar em que a sua mais profunda alegria se encontra com a fome mais intensa do mundo"
Frederick Buechner


quarta-feira, setembro 26, 2012

Estante lida - Set/12



"We talked about books, how borring they were to read, but how you loved them anyway"  Charles Baxter


Pensando em ajudar mais pessoas a ler, vou seguir mais ou menos o modelo de The Complete Polysyllabic Spree de Nick Hornby. Os livros que comprei, os que li, o que achei e que deixei.

Todo leitor compulsivo tem outro pecado que o segue, o de comprar mais livros que lê. Quem sabe fazendo uma lista, me leve a gastar menos com livros novos e ler os parados.

Livros comprados em setembro:

O Evangelho e a Evangelização - Mark Dever 
Ministério Criativo - Henri Nouwen
A caixa-preta de Darwin - Michael Behe
A Missão do povo de Deus - Christopher J. Wright
11 influências - Leonard Sweet
Um caminho melhor - Michael Horton

Livros lidos em setembro:

Por que a ciência não consegue enterrar Deus - John Lennox
Ciência, Intolerância e Fé - Phillip E. Johnson
Criação e Evolução: 3 perspectivas - J. P. Moreland
Justiça: o que é fazer a coisa certa - Michael Sandel
O Povo, a Terra e Deus - Christopher J. Wright
Ministério Criativo - Henri Nouwen


1. Como defender Deus?



Como a maioria dos leitores, leio vários livros ao mesmo tempo e um vai puxando o outro. Foi assim o interesse recente em apologética, começou com a visita de Craig ao Brasil, passando por ter visto Árvore da Vida e, finalmente, lendo Questões difíceis da vida de Craig.


O fio foi puxado, e comecei a ler Em Guarda,  depois, Ciência, Intolerância e Fé que me levou a Criação e Evolução até Porque a ciência...

Em Guarda, como também em Questões Difíceis, Craig defende uma defesa mais neutra da fé cristã, partindo de uma base mais lógica do que das escrituras.  Busca ser um livro introdutório de apologética, o carro-chefe do livro, é o argumento kalam, baseado no filosofia mulçumana, diz que tudo existe deve ter uma causa.




Phillip E. Johnson escreveu um livro buscando colocar em dúvida a crença a respeito do darwinismo, crença? Sim, para ele o darwinismo é mais uma questão de ideologia e política científica do que conhecimento científico. Ele levanta as questões científicas do darwinismo, os problemas de ensino como também a monopolização do conhecimento pelo naturalismo apelidado por ele como darwinismo da mente. 

A incapacidade moral e intelectual hoje de se defender outra tese que não seja o darwinismo se dá a intolerância da comunidade científica em defender seu paradigma apesar de tudo.

De tentar entender estas questões mais do que tentar defender Deus, fui para outro livro também, ao mesmo tempo, Criação e Evolução organizado por J.P.Moreland e John Mark Reynolds. 

O livro traz as três teses principais de conciliação entre o texto bíblico e o conhecimento científico a respeito da origem do universo: a teoria da criação recente, a teoria da criação antiga e teoria da criação de potencial pleno. 

As teorias ou colocam sua enfase no texto bíblico ou na teoria científica, de forma excludentes, esta é uma questão levantada no livro, esta dicotomia entre o pensamento científico e o estudo bíblico.  

A teoria da criação recente, que a maior parte professa, diz que o mundo foi criado recentemente, há "apenas" milhares de anos. A segunda, defende uma criação antiga com bilhões, mas sem o elemento evolutivo, mas sim progressivo da criação. A terceira tenta misturar as idéias de uma criação com o potencial evolutivo, tenta juntar darwinismo com teísmo.

Em Porque a ciência não consegue enterrar Deus?, John Lennox faz um livro que me apresenta uma análise mais profunda da teoria da evolução e das teorias da origem do universo. De sua crítica aos limites da teoria da evolução, veio um outro livro - A caixa-preta de Darwin de Michael Behe-.

O livro caminha para uma defesa do design inteligente, numa criação conduzida dada a impossibilidade das teorias sejam a respeito da origem do universo seja da evolução darem explicações para a sintonia fina e especial que a vida e o universo exigem para existirem.

Mais do que a defesa de Deus, a defesa da minha fé em Deus foi fortalecida com a leitura dos livros. Questões, dúvidas? Elas aumentaram porque comecei a questionar coisas que engolimos sem mastigar, como o próprio darwinismo. Se você estiver cansado de uma resposta-padrão como o homem não veio do macaco porque Deus não fez assim, vale a pena encarar, especialmente, o livro de John Lennox.

Precisamos de uma teologia natural, entender que a criação é uma obra de Deus feita para glorificar seu próprio nome. 

2. Tinha isto no Antigo Testamento?

Faz muito tempo que procuro os livros de Christopher J. Wright, até comprei um pela audible, mas nunca tive tempo de ouvir. Achei na estante do meu pai, Povo, terra e Deus.

O livro é uma análise da ética no antigo testamento, e sua importância para os nossos dias. Wright coloca a ética vetero-testamentária em três àngulos: teológico, social e econômico. 

Se o livro é bom? Eu não estaria falando muito se eu disser para você que se um dia você quiser entender o antigo testamento e o novo testamento, você vai ter que ouvir as idéias de Wright.

A imagem de Deus na criação está nestes três ângulos, na queda, o homem corrompeu os mesmos três. E todo antigo testamento, é uma busca para uma redenção nestas áreas com a escolha de Abrão e a nação de Israel. 

O livro leva a você pensar tinha tudo isto no Antigo Testamento?!?

Este livro mais Crente no mundo de Deus me fez 

3. É certo perguntar o que é certo ou errado?



O livro de Michael Sandell mostra qual é o conceito de justo. Ele analisa alguma questões atuais como quotas raciais, impostos e imigração e dá uma aula sobre as diversas concepções de justiça.

4. Criatividade no ministério.

Gosto de ler Henri Nouwen, ele sempre tem uma novidade sobre temas antigos. Em Ministério Criativo, procura mostrar qual o papel do ministro diante de suas atividades: ensinar, pregar, organizar, cuidar e celebrar.

"O ensino torna-se ministério, quando os professores se movem para além da transferência de conhecimento e estão desejosos de oferecer sua experiência de vida aos seus alunos de modo que ansiedade paralisante pode ser eliminada e um novo insight libertador pode surgir. A pregação torna-se ministério quando os pregadores vão além de contar uma história e permitem que sua mais profunda intimidade interior esteja disponível aos seus ouvintes para que possam receber a palavra de Deus. O cuidado individual torna-se ministério quando aqueles que desejam ajudar vão além do equilibrio cuidadoso de dar e receber com um desejo de arriscar suas próprias vidas e permanecer fiéis ao sofrimento de irmãos e irmãs, mesmo quando isto coloca em risco seu próprio nome e reputação. Organização torna-se ministério quando os organizadores se movem para além de seu desejo por resultados concretos e olham para o mundo com uma firme esperança de uma total renovação. E celebração torna-se ministério quando os celebrantes vão além dos limites dos rituais protecionistas para uma aceitação obediente da vida como uma dádiva" p. 128

Sobre a pregação, fui lembrado de algo que vale para todo este texto, aquilo que me interessa pode não interessar as pessoas que estão sob meu cuidado. Podemos, às vezes, ficarmos tão espantados e entusiasmados com algo que lemos que pode não despertar o menor interesse em outra pessoa.

É claro que o livro é muito mais do que esta questão, mas para um leitor compulsivo a sede e fome de novas coisas e páginas fazem todo o sentido, mas para outra pessoa, é melhor gastar o dinheiro com uma roupa nova, etc, etc.

Ler livros pode ser visto como um luxo, mas também é uma necessidade. Por mais chatas que sejam as páginas de serem lidas, há sempre uma boa história para ler e contar.


sábado, setembro 22, 2012

Redenção: o que nós queremos já temos.



GENESIS 12.1-3:   Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. 2   E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. 3   E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

GALATAS 3.6-9:   É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.  7   Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. 8   Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. 9   De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.


A cosmovisão cristã basicamente se divide em quatro eventos: criação, queda, redenção e reino de Deus. 

Deus criou o mundo que era bom colocou lá nossos pais para glorificar a Ele cuidando dele e de tudo que havia nele. Colocou apenas uma ordem negativa de obediência, não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. O homem tentado pela serpente (diabo) movido por sua dúvida da palavra que Deus havia dito e pelo orgulho de querer ser igual a Deus, decidir aquilo que é bom ou mal, comeu do fruto que não poderia, trazendo maldição para o nosso relacionamento com Deus, com o próximo e com a própria terra.

Vemos no primeiro livro da Bíblia que o mal começa a se multiplicar sobre a face da terra, logo após, acontece o primeiro homicídio, depois vem Lameque com seu duplo homicídio, até que chegamos a Babel, onde a maldade e cobiça humana, é confundida por Deus e espalhada por ele por toda a terra.

Logo após o capítulo 11, Deus começa a agir em favor da nossa redenção, Ele chama a Abraão para sair do meio de Babel e re-começar a história da humanidade a partir da confiança na palavra divina. 

Do capítulo 12 de Gênesis vamos extrair algumas lições sobre a redenção que Deus providenciou para a o ser humano e a maldade.

1. A bênção é ponto de  partida e não de chegada.

"Na realidade, as coisas erradas que  estão em nós- a culpa e a corrupção- já foram tratadas por Deus pela graça dupla. Deus elimina nossa culpa ao nos justificar, ou nos retificar, e elimina a nossa corrupção no longo processo de santificação" (Cornelius Plantinga Jr., O Crente no Mundo de Deus, p. 96)


O que significa Redenção ? Todos nós ansiamos que as coisas  tragam algo que mude, que transforme a nossa a vida. Achamos que uma casa melhor, um emprego melhor, um cargo maior, uma cara melhor, que as coisas se melhorassem tudo seria diferente em nossa vida. Contudo, isso não acontece. 

O que há de errado neste mundo não pode ser consertado ou melhorado, apenas pode ser redimido, Deus tem que transformar as coisas velhas e manchadas em novas.

Então, Deus entra na história do povo trazendo, finalmente, bênção após as maldições e maldades que eram a história da humanidade. Ele chama a Abraão para re-começar a história. E o abençoa para que ele seja uma bênção para todas as nações.

A bênção de Deus é o ponto de partida da vida de Abraão como é também do cristão hoje.  Ela traz de volta o nosso relacionamento com Deus,  e também alcança as pessoas que estão em nosso redor. Ela tem uma dimensão dupla: vertical e horizontal.

A vida com Deus não é uma corrida atrás da bênção de Deus, mas é já começar com a bênção. 

Infelizmente, muitos cristãos confundem o papel da obediência em sua vida, eles acham que se forem muito obedientes Deus irá abençoá-los, como se pudessem produzir bênção por si sós. Mas, isto é impossível, é como tentar fazer cocegas em si mesmo, não tem como o ser humano tirar felicidade de si mesmo.

Começamos com a bênção de Deus sobre as nossas vidas, com o chamado de Deus, não há qualquer mérito pessoal em Abraão ou em qualquer um de nós para sermos chamados por Deus, é uma bênção que Deus coloca em nossa vida.

A vida cristã começa com fé e não com obra.

A obediência é para desfrutarmos melhor aquilo que Deus nos dá, este é o papel dela. É sempre Deus quem age e fala primeiro, o homem tem na obediência e submissão a resposta para viver em felicidade e liberdade.

2. O desejo de abençoar é maior que a bênção.

Deus fala para Abraão ser uma bênção, o melhor modo de desfrutarmos a bênção de Deus é abençoar outras pessoas. A grande coisa de ser escolhido por Deus não é para que sejamos mais especiais do que outros, mas que Deus nos chama para sermos o modo como Ele irá chegar até os outros.

Em Abraão, todas as nações foram abençoadas, até mesmo cada um de nós. 

Muitos crentes hoje, pensando que sua vida é que gera bênçãos, gerenciam a graça de Deus e, outros, achando que não tem nada, ficam desejando as mesmas coisas que o mundo quer para preencher suas vidas.

Você já tem tudo que precisa em Deus, você já é abençoado. Por isto, você pode ser um abençoador e descobrir a alegria de ver Deus compartilhando com você na vida dos outros aquilo que Ele fez na sua vida.

Por causa de Abraão, Labão foi abençoado - Gn 30:27-30-, Portifar foi abençoado - Gn. 39:5- e até mesmo o Egito foi abençoado - Gn 47:7,10.

Deus escolheu abençoar a cada um de nós e também escolheu depender de nós como de Abraão para abençoar mais vidas que podemos imaginar.









domingo, setembro 16, 2012

A queda: por que sofremos?



Genesis 3.1-24:   Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,  mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então, foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o SENHOR Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.  E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?  Então, disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.    E disse o SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isso? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás mais que toda besta e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo.  No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás. E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes.   E fez o SENHOR Deus a Adão e a sua mulher túnicas de peles e os vestiu. Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente, o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.



"o tentador somente se faz presente onde há inocência,  pois, onde há culpa ele já é vencedor"  
D. Bonhoeffer, Tentação, p.33


Fomos criados dentro de um mundo perfeito, regido por Deus, onde homem e a mulher eram alimentados pela palavra de Deus. Mas, Deus também deu a cada um de nós, a liberdade para adorar a Ele ou não. Logo, com nossos primeiros pais, o mal entrou na vida,  como fruto da escolha humana, a escolha de sermos autonomos em relação a Deus.

A rebelião de nossos pais resultou no pecado, vergonha e nudez. Desde então, a humanidade tenta cobrir sua maldade com tantas coisas que acabam apenas aumentando sua própria maldade.

1. Pecado: como o mal opera em nossa vida.

O capítulo 3 de Gênesis começa com uma serpente que fala, mas este animal esta possuído pelo diabo conforme  podemos ver em Ap. 12:9. Ele começa a falar uma mentira como sempre faz: não comereis de toda a árvore do jardim?. 

O diabo começa sua tentação sobre o homem sempre tentando colocar dúvida e desconfiança sobre aquilo que Deus falou ao seu respeito.

Deus havia dito que de toda árvore do jardim comerá livremente, a liberdade é a raiz da verdadeira adoração a Deus. Mas, o coração de Eva parece que já estava começando a desconfiar da palavra de Deus, no verso 3, ela acrescenta uma frase a fala divina, nela nem tocarás.

A serpente encontra seu espaço, e chama Deus  de mentiroso agora. Dizendo que não irão morrer, ele leva Eva a acreditar que Deus não foi generoso em apenas cria-los a imagem e semelhança de Deus, eles poderiam e deveriam ser como o próprio Deus, reinar sobre suas vidas, escolhendo o mal e o bem.

Eva nota 3 qualidade no fruto: 1. boa para se comer, 2.agradável aos olhos  e 3. desejável para dar entendimento.  Aqui está a essência do pecado, quando pecamos estamos escolhendo outra fonte para nosso sustento, nossa alegria e nossa capacidade.

 Eva e Adão queriam escolher por si mesmos o que era bom ou ruim para eles, deixando de lado, aquilo que Deus falara. Começam a viver por sua própria palavra, abandonando a Deus. E como se eles tivessem dito não queremos mais sua ajuda, vamos viver por nós mesmos agora. Ou, como C.S. Lewis explica:

Eles queriam, como dizemos hoje, ser "seus próprios donos". Mas isso significa viver uma mentira, porque na verdade não somos donos de nós mesmos, nossa alma não é nossa. Eles queriam um lugar no universo de onde pudessem dizer a Deus: "Este negócio é nosso e não seu." Mas não existe um canto assim. Eles queriam ser substantivos, mas eram, e serão eternamente, simples adjetivos. (Problema do Sofrimento, p.39)

O que na verdade conseguiram foi nudez, vergonha e pecado. Estavam perdidos no paraíso, perderam sua glória, sua alegria e sua prosperidade. Tentando ser donos da alegria encontraram  desespero, tentando ser donos do sustento encontram fome e tentando ser cheios de capacidade ficaram fracos.

O pecado manchou a vida humana que agora sempre está coberta para ser amada, consigo mesmo (Adão e sua desculpa), do outro (a vergonha da nudez) e com Deus ( a fuga). 

O pecado e o mal começa a se expalhar sobre a face da terra, primeiro na descedência dos nossos pais com Caim, depois há uma multiplicação em Lameque. Há tanta maldade que Deus usa Noé para afogar o mal, mas que ressurge em Babel com os homens criando uma torre na cidade para fazerem um nome para si mesmos, o homem tenta por si conquistar os céus.
Dessa forma o orgulho e a ambição, o desejo de ser belo a seus próprios olhos e de oprimir e humilhar todos os rivais, a inveja e a busca incessante de mais e mais segurança, eram agora as atitudes que tomava com maior facilidade. Ele não era apenas um rei fraco sobre a sua natureza, mas um mau rei: enviando ao organismo psicofísico desejos bem piores do que este os enviava a ele. Esta condição foi transmitida a todas as gerações posteriores pela hereditariedade, pois não se tratava simplesmente do que os biólogos ( C.S. Lewis, Problema do Sofrimento, p. 40)

Deus intervém na história e os confundi a língua e os espalha sobre o mundo. E esta é a situação hoje, o mal e a confusão dos homens está espalhada sobre o mundo a partir da semente de Adão no jardim.

2. A esperança do Jardim.

"Só no juízo há reconciliação com Deus e entre os seres humanos. A todo raciocínio que gravitava em torno do sucesso ou insucesso Jesus contrapõe o ser humano julgado por Deus, tanto o bem-sucedido como o mal sucedido (...) A humanidade só adquire sua verdadeira forma na cruz de Cristo, isto é, como submetida ao juízo" Bonhoeffer, Ética, p.53

Quando o primeiro casal foi expulso do jardim, Deus estabeleceu alguns juízos para com a serpente, para a terra e para os homens. O pecado trouxe uma maldição sobre todo o mundo pelo juízo de Deus.


Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente, o SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.


E o casal foi lançado para leste do Éden e foi colocado querubins com espada inflamada para andar ao redor do jardim guardando a árvore da vida dos homens.





Somente pela morte, o homem poderia estar de novo com Deus, o juízo de Deus sobre a humanidade foi a morte como recompensa daquilo que fizeram. Na cruz, Jesus tomou a morte e a desintegração em nosso lugar para nos trazer de volta junto a Deus.


Romanos 5.10, 19-21  Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor

E assim, em Cristo, todos nós temos mais uma vez acesso a árvore da vida:

Apocalipse 22.1-3, 14:   E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão(...) Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas.

quinta-feira, setembro 13, 2012

Watchman Nee: Considerar-se morto.



Estamos realizando a leitura de Vida Cristã Normal de Watchman Nee, a partir do capítulo três, o autor começa a explicar a vereda do progresso espiritual que seria: saber, considerar-se, oferecer-nos a Deus e andar no Espírito.

O terceiro capítulo está construído sobre Romanos 6:6,  entendemos que nossa morte com Cristo é um fato histórico, sendo que o primeiro passo da fé cristã é saber isto. A revelação divina é essencial ao conhecimento deste fato que aconteceu na cruz que atinge  a raiz de nosso problema.
A vida cristã normal tem que começar com um "saber" muito definido, que não é apenas saber algo a respeito da verdade, nem compreender alguma doutrina impor­tante. Não é, de forma alguma, um conhecimento inte­lectual, mas consiste em abrir os olhos do coração para ver o que temos em Cristo.
Como é que você sabe que os seus pecados estão per­doados? É porque o seu pastor lho disse? Não, você simplesmente o sabe. Se alguém lhe perguntar como sabe, apenas responderá: "Eu sei". Tal conhecimento vem ° por revelação do próprio Senhor. Evidentemente, o fato do perdão dos pecadores está na Bíblia, mas para a Palavra de Deus escrita se transformar em Palavra de Deus viva em você, Deus teve que lhe dar o "espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele" (Ef 1.17). Você precisou ficar conhecendo Cristo deste modo, e é sempre assim: há ocasiões, relativas a cada nova revelação de Cristo, em que se sabe no próprio coração e se "vê" no espírito. Uma luz brilha no seu íntimo de modo que você fica persuadido do fato. O que é verdadeiro acerca do perdão dos pecados não é menos verdadeiro a respei­to da libertação do pecado. Quando a luz de Deus come­ça a raiar em nosso coração, vemos que estamos em Cris­to. Não é porque alguém nos disse isto, nem meramente porque Romanos 6 o afirma. É algo mais do que isso. Sabemo-lo porque Deus no-lo revelou pelo Seu Espírito.
(...)


A obra consumada de Cristo realmente atingiu a raiz do nosso problema, solucionando-o. Para Deus não há meia medida. "Sabendo isto", disse Paulo, "que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos" (Rm 6.6). "'Sabendo isto". Sim, mas você o sabe de fato? "Ou, porventura, ignorais? " (Rm 6.3). 

O quarto capítulo, falará sobre o considerar-se, vimos no capítulo anterior que o tempo verbal em Romanos 6:6 é importantíssimo:



. O tempo do verbo é muito preciso: situa o acontecimento no passado distan­te. É um acontecimento final, realizado de uma vez para sempre, e que não pode ser desfeito. O nosso velho ho­mem foi crucificado, uma vez para sempre, e jamais pode voltar à situação de não crucificação. É isto que devemos saber.
Nee levanta neste capítulo que por muito tempo tinha dificuldades em sua caminhada cristã por não entender que sua morte era uma evento passado, não conseguia considerar isto como algo já realizado para ele:

Qual é o segredo de considerar, então? É revelação: precisamos de revelação da parte do próprio Deus (Mt 16.17; Ef 1.17,18). Devemos ter os olhos abertos para o fato da nossa união com Cristo, e isso é algo mais do que conhecê-la como doutrina. Tal revelação não é coisa vaga e indefinida. Muitos de nós podemos recordar o dia em que vimos claramente que Cristo morreu por nós, e devemos ter igual certeza da hora em que percebemos que nós morremos com Cristo. Não deve ser nada de confuso, mas algo muito definido, porque é a base em que prosseguimos. Estou morto não porque me consi­dero assim, mas por causa daquilo que Deus fez para comigo em Cristo — por isso considero-me morto. É este o verdadeiro sentido de considerar-se. Não se trata de considerar-se para se ficar morto, mas de con­siderar-se morto porque essa é a pura realidade.


Nee coloca que se tentarmos desenvolver isto pela experiência pessoal podemos ficar perdidos, este algo a ser considerado porque já foi realizado. Não é a nossa constatação que nos faz mortos, mas um fato já realizado em Cristo. Não é produzido por nós.

Quando o Senhor Jesus estava na Cruz, eu estava lá nEle; portanto, eu o considero como um fato verdadeiro. Considero e declaro que morri nEle. Paulo disse: "Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus". Como é isto possível? "Em Cristo Jesus". Nunca se esqueça que é sempre, e somente, verdade em Cristo. Se você olha para si próprio, não achará aí esta morte — é questão de fé nEle, de olhar para o Se­nhor e ver o que Ele fez. Reconheça e considere o fato em Cristo, e permaneça nesta atitude de fé.

Nee, a seguir, começa a definir o que seria fé pois é ela que considera estes fatos a nosso respeito, portanto, para ele a fé está relacionada ao passado e a esperança ao futuro:





É a minha aceitação de fatos divinos, e seu fundamento sempre se acha no passado. O que se relaciona com o futuro é mais esperança do que fé, embora a fé tenha, muitas vezes, o seu objetivo ou alvo no futuro, como em Hebreus 11. Talvez seja por essa razão que a palavra aqui escolhida é considerar-se. É uma palavra que se relaciona unicamente com o passado — com aquilo que vemos já realizado ao olhar para trás e não com qualquer coisa ainda por acontecer. É este o gênero de fé descrito em Mc 11.24: "Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco". A declaração é que se crer que já recebeu o que pediu (isto é, evidentemente, em Cristo), então "será assim". Crer que seja provável alcançar alguma coisa, e que seja possível obtê-la, mesmo que ainda virá a obtê-la, não é fé no sentido aqui expresso. Fé é crer que já alcançou o que pede. Somente o que se relaciona com o pas­sado é fé neste sentido. Aqueles que dizem que "Deus pode" ou "Pode ser que Deus o faça", não crêem de for­ma alguma. A fé sempre diz: "Deus já o fez".

Pela fé alcançamos a libertação do pecado, uma vez que estamos mortos para o pecado em Cristo Jesus. 



A libertação do pecado é tão real, que João pôde escrever, confiante: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado... não pode viver pecando" (I João 3.9), expressão essa que, erradamente compreen­dida, poderia nos confundir. João não quis dizer que o pecado nunca mais entra em nossa história e que não cometeremos mais pecados. Diz que o pecar não está na natureza daquele que é nascido de Deus. A vida de Cristo foi plantada em nós pelo novo nascimento, e a Sua natureza não é caracterizada por cometer pecados. Há, po­rém, uma grande diferença entre a natureza de uma coisa e a sua história, e há uma grande diferença entre a natureza da vida que há em nós e a nossa história. 
Ele termina o argumento dizendo que o que está em Cristo não pode pecar, mas o que está em Adão pode pecar e pecará toda vez que der ao inimigo a oportunidade para exercer seu poder. Mas isto depende daquilo que iremos considerar e viver, esta é a grande diferença entre as naturezas que nos permite viver uma vida de acordo com a nossa nova natureza.

Para tornar algo divino em algo real, por exemplo, uma vida de santidade em nossa própria vida é necessária a fé. Porque a fé é a substancialização das coisas que se esperam. 



Como é que "substancializamos" uma coisa? Faze­mos isso todos os dias. Você conhece a diferença entre substância e "substancializar"? Uma substância é um objeto, uma coisa na minha frente. "Substancializar" significa que tenho certo poder ou faculdade que torna aquela substância real para mim. Por meio dos nossos sentidos, podemos tomar certas coisas do mundo, da natureza, e transferi-las para o nosso conhecimento e percepção interna, de modo que possamos apreciá-las. A vista e o ouvido, por exemplo, são duas das faculda­des que me permitem "substancializar" da luz e do som. Temos cores: vermelho, amarelo, verde, azul e violeta, e estas cores são coisas reais. Mas se eu fechar os olhos, a cor não continua sendo real para mim; é sim­plesmente nada — para mim. Com a faculdade da vista, contudo, possuo o poder de "substancializar", e assim, o amarelo torna-se amarelo para mim


Nee conta uma ilustração de como isso acontece:


Você provavelmente conhece a ilustração do Fato, da Fé e da Experiência que caminhavam no topo de uma parede. O Fato caminhava na frente, firmemente, não se voltando, nem para a esquerda nem para a direita, e sem nunca olhar para trás. A Fé seguia-o e tudo andou bem enquanto conservou os olhos postos no Fato; mas, logo que se preocupou com a Experiência, voltando-se para observar o progresso desta, perdeu o equilíbrio e caiu da parede para baixo, e a pobre da Experiência caiu com ela.

Veja sua explicação:

Toda a tentação consiste, primariamente, em desviar os olhos do Senhor e deixar-se impressionar com as apa­rências. A fé sempre encontra uma montanha, uma mon­tanha de experiências que parecem fazer da Palavra de Deus, uma montanha de aparente contradição no pla­no de fatos tangíveis — dos fracassos nas atitudes, bem como no plano dos sentimentos e sugestões — então, ou a Fé ou a montanha tem que sair do caminho. Não po­dem permanecer ambas. Mas o que é triste é que, muitas vezes, a montanha fica e a fé vai embora. Isto não deve­ria ser assim. Se recorrermos aos nossos sentidos na busca da verdade, verificaremos que as mentiras de satanás muitas vezes condizem com a nossa experiência; se, porém, nos recusamos a aceitar como obrigatória qual­quer coisa que contradiga a Palavra de Deus e mantiver-mos uma atitude de fé exclusivamente nEle, verificare­mos que as mentiras de Satanás começam a dissolver-se e que a nossa experiência vai condizendo progressiva­mente com a Palavra.


Não estamos mortos em nós mesmos, se ficarmos procurando isto em nós, estaremos andando em vão. Fomos crucificados em Cristo,  a única coisa que devemos fazer é permanecer nEle.  Não temos que lutar para entrar em Cristo, não devemos buscar tal posição, já estamos lá. Foi algo que Deus fez conosco, nos colocou nEle para permanecermos nEle.


É a histó­ria de Cristo que tem que se tornar a experiência do cristão, e não temos experiência espiritual separadamen­te dEle. As Escrituras dizem que fomos crucificados com ELE, que nELE fomos vivificados, ressuscitados e senta­dos por Deus nos lugares celestiais, e que nELE estamos perfeitos (Rm 6.6; Ef 2.5,6; Cl 2.10). Não se trata pre­cisamente de alguma coisa que ainda tenha que efetuar-se em nós (embora exista este aspecto). É algo que já foi efetuado em associação com Ele

A nossa vida espiritual não pode ser dita como nossa, pois é a vida do próprio Cristo em nós que nos dá a vida espiritual.



Toda a experiência espiritual do cristão tem Cristo como sua fonte de reali­dade. O que chamamos a nossa "experiência" é somente a nossa entrada na história e na experiência de Cristo.


 Há crentes que buscam experiências como experiências suas, mas isto não existe, toda vida espiritual flui da vida de Cristo em nós. Compartilhamos com Ele da sua vida.



Experiência espiritual verdadeira signi­fica que descobrimos alguma coisa em Cristo e que entramos na sua posse; qualquer experiência que não re­sulte de uma nova compreensão dEle está condenada a se evaporar muito rapidamente. "Descobri aquilo em Cristo; então, graças a Deus, pertence-me. Possuo-o, Senhor, porque está em Ti". Que coisa maravilhosa co­nhecer as realidades de Cristo como o fundamento da nossa experiência 
Nee coloca um ponto que talvez não consideramos mesmo:


Mas, a verdade é que Deus não dá aos indivíduos experiências individuais, e, sim, apenas uma participação naquilo que Deus já fez. É a realização no tempo das coisas eternas. A história de Cristo torna-se a nossa experiência e a nossa história espiritual; não temos uma história separadamente da Sua. Todo o tra­balho, a nosso respeito, não é efetuado em nós, aqui, mas em Cristo. Ele não faz um trabalho separado, nos indivíduos, à parte do que Ele fez no Calvário. Mesmo a vida eterna não nos é dada como indivíduos: a vida está no Filho, e: "quem tem o Filho tem a vida". Deus fez tudo no Seu Filho e incluiu-nos nEle; estamos incor­porados em Cristo 

Como, então, podemos permanecer em Cristo?



Como é que permanecemos em Cristo? "Vós sois de Deus em Cristo Jesus". Coube a Deus nos colocar em Cristo, e Ele o fez. Agora, permaneçamos ali. Não volte­mos para as nossas próprias bases. Nunca olhemos para nós mesmos, como se não estivéssemos em Cristo. Olhe­mos para Cristo, e vejamo-nos nEle. Permaneçamos nEle. Descansemos na verdade de que Deus nos incluiu no Seu Filho, e vivamos na expectativa de que Ele completará a Sua obra em nós. Cabe a Ele cumprir a gloriosa promes­sa de que "o pecado não terá domínio sobre vós" (Rm 6.14). 


terça-feira, setembro 11, 2012

A realidade da tentação.

Na tentação, somos levados para mostrar quem realmente somos e o tamanho da nossa carência de Deus. Nela, somos tentados a viver uma vida de falsidade com Deus,  libertos da vontade divina e, até mesmo, chegamos ao ponto de duvidar da bondade do Senhor.

A tentação mostra o pior de nós mesmos, que é a essência de nosso velho eu. O tempo da tentação nos leva a ficarmos cada vez mais áridos e insensatos e, termina, por se transformar num argumento que temos perante Deus, para falsear a vida, se libertar dEle duvidando de sua soberania.

Nos colocamos como os próprios juízes e senhores de Deus.

Não enxergamos que Deus está, na verdade, destruindo esta torre de Babel de orgulho que fizemos para nós mesmos.  Por isto, Deus deve nos lançar num mar de incerteza e sem descanso para que possamos ter a sua paz.

O mais tenebroso da tentação é que nela a razão começa a operar para justificar coisas erradas em nós, começamos a julgar a todos sem ouvir, começamos a profetizar sem orar, começamos a nos sentir com deus. O grande problema da tentação não está no fruto a ser comido, mas no coração do homem que não enxerga nada além de suas próprias razões e justificativas.

Achamos que nossas boas obras podem evitar quem somos, pode melhorar a nossa alma, passando um verniz por fora, e no momento seguinte, na primeira realidade contrária, explodimos tudo aquilo que não presta que habita dentro de nós.

Na tentação, homem se encontra na solidão do deserto, suas palavras são apenas vociferações, não trazem alimento qualquer. Um deserto árido de fome e sede, onde as bestas saem e entram em seu coração fechado aos anjos que procuram servir.

Na tentação, se mistura a sequidão da boca com a amargura do coração, ficamos apenas com o pó que somos, sem o hálito de Deus para refrescar.

Na tentação, a dor aumenta conforme há uma recusa em orar e uma pressa em justificar, há uma sede de falar e uma irritação em ouvir, há mais busca por honra do que o oferecer gratidão. A tentação tem muita gritaria e cegueira, pouca reflexão e visão.

Nela, vemos como é a nossa vida desligada de Deus, quando ficamos nesse mundo por nós mesmos. Sobra para nós, apenas palavras vazias e muito orgulho, o inchaço é tanto apesar da sequidão que não há espaço para amor, fé e esperança.

Palavras, teologias, conhecimento não resolvem nada aqui. Pois todo o raciocínio é apenas mais um tentativa de se colocar como deus de Deus.

A realidade do sofrimento, a carência de nossa vida é que abre este inferno em nossa vida, são eventos reais, que achamos que nunca acontecem em nosso jardim, apenas no vizinho.

A carta chega em nossa casa,  e Deus permanece em silêncio. Começamos a falsear a vida, pensando que estaríamos livres de todo mal, porque fazemos tanta coisa boa. Será? Ele mesmo não passou por isto também? Como a serpente no Edem, começamos a falsear o plano de Deus para nossa vida, pois queremos nós mesmos sermos os planejadores.

Se você for filho de Deus, batizado e batizado, dizimista, servo fiel nada disso poderia ter acontecido... Eis o ponto do inimigo, duvidar de Deus em sua bondade e fidelidade. Agora, se prostares me adorares, tudo mudará. Eis a tentação!


Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

Para acreditarmos nisto, temos que ver a vida além dos nossos interesses, vontades e desejos, temos que morrer para nós mesmos. A tentação mostra a cada um de nós a realidade de que a vida só pode ser vivida depois de estivermos mortos com Cristo.

Para enxergarmos os outros além do nosso juízo, para ouvirmos e acreditarmos nas promessas de Deus além do nosso cálculo frio do temor e egoísmo, para amarmos alguma coisa além de nós mesmos e nosso orgulho, somente se neste deserto encontrarmos aquele que morreu.

Na tentação, o crente conhece a si mesmo da melhor (pior) maneira possível. Mas, também conhece Deus que fez irmão com ele no deserto, passou por sofrimento, solidão e   fome, mas tinha uma barriga cheia de amor, esperança e fé.

Quando nossos interesses, desejos e vontades são contrariados, a tentação está espreita. Mas, lembre-se sempre a vida não é só de pão. Certa vez, eu ouvi alguém dizer uma verdade: você só conhece alguém quando diz não para ela. 

A vida neste mundo é de espinhos e abrolhos, de muitos nãos e desertos, a realidade pode ser cruel. Mas, não deixe ela entupir seus ouvidos e cegar seus olhos, quem nos dá tudo é o Pai, e não nosso braço. 

Ouvir é melhor que falar.
Ver é melhor do que achar.
Amar é melhor que culpar.

O deserto mostra realmente pelo que você vive! Por isto, ele é bem vindo, pois lá há anjos para servirem você.


sexta-feira, setembro 07, 2012

Ciência, intolerância e fé



O livro de Phillip E. Johnson foi escrito com a missão de romper com o paradigma de que toda ciência tem que ter por base pressupostos naturalistas, de que somente causas materiais podem ser aferidas com científicas. 

No primeiro capítulo, a discussão é em torno da neutralidade da eleição do naturalismo, ao ver do autor, é mais uma questão de racionalização de uma posição do que busca científica.

No segundo capítulo, está o Dilema da Informação, seria a lei natural e o acaso capazes de criar informação genética? 

Por informação, Johson entende uma mensagem que transmite significado. 

"Nosso corpo possui um imenso número de células trabalhando juntis em perfeita harmonia. Se a evoluçaõ produziu essas coisas supreendentes, então a evolução deve ser muito produtiva na criação de informação.
 A evolução normalmente é descrita como mudança, essa maneira de definir o assunto torna possível caracterizar qualquer exemplo de mudança como sendo evolução. 

Seguindo neste pensamento, o darwinista pensa que todos os organismos partilham determinados fatores bioquímicos,  isso indicaria que eles advém de um ancestral comum. Entender isto é compreender que a descendência evolutiva é uma extensão do processo de acúmulo de mudanças que ocorreram durante milhões de gerações. 

Darwinistas rejeitam a criação especial de cada espécie.  Contudo, a evolução criativa somente podem ser produzida com inteligência. 

O grande problema hoje é que se criou uma separação de dois campos, de um lado a ciência e de outro, a teologia. A ciência somente pode ser ciência se for com base no naturalismo. Uma tentativa de conciliar as coisas foi o NOMA-  magistérios não-interferentes de Stephen Jay Gould, que colocou dois campos de conhecimento com objetivos distintos e verdades distintas.

Para Johnson, a grande questão é do darwnismo da mente, em que o status quo estabeleceu o darwinismo como uma ideologia dominante que não pode ser questionada.  A ciência e a teologia tem que romper com este paradigma imposto do naturalismo e materialismo.