domingo, junho 16, 2013

Ninguém pega Deus de surpresa.


Hebreus 4:12-16:  Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. 13   E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar. 14   Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15   Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16   Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.

  • Deus conhece todas coisas e pessoas.


Não há nada que esteja oculto para Deus. Ele conhece todas as coisas que ocorrem neste mundo, conhece até mesmo as intenções e pensamentos que acontecem por trás dos fatos.

Nós, muitas vezes, somos surpreendidos pelos fatos, pelas intenções e pelos pensamentos dos outros ou até de nós mesmos, mas Deus nunca é pego de surpresa. Ele conhece a cada um de nós como somos, fomos e seremos. 

Nós amamos aqueles que nos são agradáveis, temos nossas razões e interesses para amar, amamos aquilo que conhecemos, Deus ama aquilo que conhecemos e aquilo que escondemos, Ele ama de verdade, pois sabe exatamente o que somos, o que fazemos, o que desejamos e o que pensamentos.

Tudo está claro diante de Deus, todas as falhas e as manchas, toda maquiagem, toda beleza, todo valor e mediocridade estão diante dele claramente.

  • Jesus, nosso sacrifício, nosso passado.


Apesar disto, temos alguém que viveu a nossa vida, que mesmo antes da fundação do mundo sofreu as nossas dores, como lemos em Hebreus 9:26

Doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.

Jesus foi feito sacrifício porque suas intenções, pensamentos e desejos são puros diante de Deus. Deus nunca é pego de surpresa, muito antes do mundo ser mundo, ele já sofria as nossas dores, o nosso pecado para aniquilar o mal em nós.

Os nossos erros estavam debaixo da ira de Deus, todos nós nascemos destinados para a morte e o pecado, mas o próprio Deus tomou sobre si a nossa morte e o nosso pecado para que o nosso passado, a nossa própria condição fosse purificada por Ele.

O nosso pecado não surpreende a Deus, o pecado que fazemos ou sofremos não surpreende a Jesus, Ele já sofreu por eles.

"O sacrifício de Jesus é o momento no qual a raça humana, na pessoa de um único homem, se oferece plenamente ao criador" N.T. Wright, Seguindo Jesus, p.21
  • Jesus, nosso sacerdote, nosso futuro.


E Jesus também é o nosso sacerdote, temos alguém que intercede por nós, Jesus não faz outra coisa no céu a não ser interceder pela sua vida. Ele sabe das suas tentações, ele conhece suas falhas, suas traições, mas mesmo assim Ele que sofreu por você está disposto hoje a estender a ajuda de Deus para você.

Hb 7.25   Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Podemos ter confiança, pois temos um Deus que não é estranho ao que vivemos no dia a dia, Ele sabe a nossa dor, conhece a tentação, sofreu o pecado em sua pele.  

Jesus é o nosso homem no céu, que está junto ao Pai intercendo por nossa vida e enviando o ESpírito para nos ajudar a caminhar.

Há misericórdia para nós: em Jesus, podemos não receber aquilo que merecíamos por nosso pecado.

Há graça para nós: em Jesus, podemos receber aquilo que não merecíamos por nosso pecado.

quarta-feira, junho 12, 2013

Algumas colagens sobre Revelação Geral e Especial



REVELAÇÃO GERAL E ESPECIAL.
“Visto que realidade de Deus é premissa para a veneração humana de Deus, religião tem por ponto de partida o conhecimento de Deus. Conhecimento de Deus, porem, pode ser conhecimento verdadeiro, correspondente à realidade de Deus, somente sob a condição de ter sua origem na própria divindade(PANNENBERG, Wolfhart Teologia Sistemática Santo André:Editora Paulus/Academia Cristã,2009, Vol. 1, p. 261)

Neste texto, será apresentado alguns conceitos a respeito da Revelação Geral e da Revelação Especial. O método que será utilizado vem de cinco textos bíblicos citados pelo professor Franklin Ferreira em sua obra Teologia Cristã, quando trata a respeito do tema da revelação geral. Que são: Gn 1:1, Sl 19:1-6, At. 17:22-31, Rm 1:18-23 e Rm 1:24-32.
Este é um trabalho inicial, não tem pretensões de criar teoria, mas tentar expor diversos pensamentos a respeito do tema seguindo como guia o primeiro do livro Teologia Cristã.

O que seria Revelação.
Alister McGrath, em seu livro Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica, aponta quatro formas como podemos entender o que significaria revelação:
a.       Doutrina: se refere à informação relativa à natureza de Deus dada pela Bíblia (Carl Henry, J.I.Packer, Karl Barth)
b.      Presença: seria a junção das informações e a presença pessoal de Deus (Brunner, Buber).
c.       Experiência: Deus se revela através da experiência pessoal (Schleirmacher, Ritschl)
d.      História: revelação seria um evento histórico notório e universal reconhecido e interpretado como um ato divino (Pannenberg).

     A Revelação Geral
A revelação geral é a revelação de Deus para todos os seres humanos, sendo que os meios tradicionais de revelação geral são três: a natureza, a história e a constituição do ser humano segundo vaticina Millard Erickson.

a.       No princípio, criou Deus os céus e a terra (Gênesis 1:1)
A Escritura sagrada não busca provar a existência de Deus, ela parte do pressuposto que Deus já existe e se comunica aos homens.
“Contra a tendência universal das religiões primitivas de deificar a criação. Genesis 1 apresenta um quadro totalmente diferente. Os vários aspectos da criação, como o mar, o ceu, as estrelas, são apresentados como criações inanimadas que servem aos propósitos de Deus. Não são seres vivos e muito menos divinos. Não tem poder de determinar o que será o futuro e não merecem o temor, nem o louvor do homem. A criação dos animais também aponta sua inferioridade a Deus. Os animais não são objeto de louvor. A criação revela a glória de Deus, mas não deve jamais ser confundida com o divino. Deus é distinto da criação”  (FERREIRA,Franklin e MYATT, Alan Teologia Sistemática, p.69)

b.      Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, O qual é como um noivo que sai do seu tálamo, e se alegra como um herói, a correr o seu caminho. A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até à outra extremidade, e nada se esconde ao seu calor.  (Salmos 19:1-6)
Segundo Karl Barth, que não aceitava o conceito de revelação geral:
a revelação é uma automanifestação de Deus. Ele se dá a conhecer a si mesmo. A revelação apresenta ao homem, como suposto e como confirmação, o fato de que as tentativas humanas para conhecer a Deus por seus próprios meios são vãs. Isto não é um principio teórico, senão uma realidade prática. Na revelação, Deus diz ao homem que é Deus e que, como tal, Senhor do homem. Com isto a revelação diz ao homem algo completamente novo. Algo que, se a revelação, não pode nem saber, nem dizer aos outros. Que o homem possa conhecer a Deus, somente pode afirma-lo com verdade a revelação” (BARTH, Karl Revelação de Deus como sublimação da religião Fonte Editorial, p.44)

A revelação geral na natureza
A revelação geral é geral em dois sentidos, segundo Bernard Ramm, primeiro, porque ela é uma revelação geral para todos os homens sem diferenciar algum homem ou povo especificamente. E também porque é uma classe geral da revelação, é aquela que se dá sem linguagem verbal, como vemos no verso 4 do Salmo 19.

“Em essência, é a idéia de que Deus nos deu uma revelação objetiva, valida e racional acerca de si mesmo por meio da natureza, da história e da personalidade humana. Ela é acessível a todas as pessoas que queiram observá-la. A revelação geral não é a natureza interpretada por aqueles que conhecem a Deus por outros meios, ela já está presente, pela criação e pela providência contínua de Deus” (ERICKSON, Millard Introdução a Teologia Sistemática, São Paulo: Edições Vida Nova, 1997, p.49)

Teologia Natural.
A revelação geral não faz com que o descrente possa chegar até Deus, não existe a possiblidade de uma teologia natural, que é uma acomodação do motivo básico graça-natureza conforme Dooyeweerd:
"Na esfera natural, uma autonomia relativa foi atribuída à razão humana, que supostamente seria capaz de descobrir as verdades naturais por sua própria luz. Na esfera sobrenatural da graça, pelo contrário, o pensamento humano era considerado dependente da autorrevelação divina" (DOOYEWEERD, Herman No Crepusculo do Pensamento Ocidental Editora Hagnos p. 96)
Contudo,
 "A tentativa tomista de sintetizar os motivos opostos de natureza e graça, e a atribuição de primazia ao último, encontrou uma clara expressão no adágio: gratia naturam non tollit, sed perfecit ( a graça não cancela a natureza, mas a aperfeiçoa) (...) Qualquer ponto de conexão entre as esferas natural e sobrenatural foi negado. Isso foi a introdução para uma transferência da primazia para o motivo da natureza. O processo de secularização da filosofia havia começado" (DOOYEWEERD, Herman No Crepusculo do Pensamento Ocidental Editora Hagnos p. 97)

Por causa da razão continuar ser autônoma e não foi afetada pelo pecado, o conhecimento da criação e da história é possível para todas as pessoas. Na Teologia Sistemática, Franklin e Myatt apontam cinco caminhos tomistas para Deus: a. o caminho da mutação, b. o caminho da causalidade eficiente, c. o caminho da contigencia, d. o caminho dos graus de perfeição e d. o caminho do finalismo.

“Na teologia natural, a razão usurpa o lugar da fé. Seu resultado é um conhecimento abstrato e impessoal. Em vez de chegar a Deu, ela agarra um sonho fabricado pelo diabo. Por outro lado, a cruz de Cristo significa o fim de toda especulação sobre a natureza invisível de Deus” (FERREIRA, Franklin MYATT, Alan Teologia Sistemática, São Paulo: Edições Vida Nova,  p. 60)


c.       E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.  (Atos 17:22-31)

Transcendência, imanência e cognoscibilidade.
“Devemos notar que um dos argumentos centrais desse sermão é: todas as coisas foram criadas por Deus, e esse Criador é distinto de toda a criação – aliás, o argumento é contundente. Ainda que todas as coisas cridas sejam impressionantes, o Senhor do céu e da terra está acima de toda a criação. E Deus  também não pode ser alcançado pelos seres humanos. Não é o esforço religioso ou piedoso que leva Deus a incluir os seres humanos em sua aliança”  (FERREIRA, Franklin Teologia Cristã,  São Paulo: Vida Nova, p. 39)
Existe a necessidade da revelação por causa da transcendência de Deus e da sua incompreensibilidade. Para entender a transcendência divina, devemos lembrar que Deus é transcendente e imanente, assim, sabemos que Deus é o Senhor da Aliança e que está envolvido com suas criaturas, mas Deus não é aquele que está infinitamente distanciado da criação e também não é idêntico à criação.
Quanto a incompreensibilidade, John Frame nos ensina que “não é inapreensibilidade (ié., incognoscibilidade), porque a incompreensibilidade pressupõe que Deus é conhecido. Dizer que Deus é incompreensível é dizer que o nosso conhecimento jamais é equivalente ao conhecimento que Deus tem, que nunca o conhecemos precisamente como ele se conhece” (FRAME, John M. A doutrina do conhecimento de Deus Cultura Cristã, p. 37)
O que existe é a descontinuidade entre nossas ideias e as de Deus, os pensamentos de Deus são incriados e eternos e os nossos são criados e limitados, por exemplo. Por outro lado, há uma continuidade, os pensamentos humanos somente são verdadeiros na medida de sua conformidade às normas divinas para o pensar o humano.
“Porque ele controla perfeitamente a nossa obra interpretativa, todo o nosso pensamento é uma revelação dele e uma manifestação da sua presença. Assim, não temos necessidade de temer que a obra da mente humana esteja necessariamente competindo com a autoridade de Deus, porque o Senhor se revela em nosso pensar e por meio deste. Dai, a liberdade humana não tem necessidade de bloquear a revelação de Deus” (FRAME, John M. A doutrina do conhecimento de Deus Cultura Cristã, p. 45)

d.      Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.  (Romanos 1:18-23)
Por que todos os homens conhecem a Deus?
Já vimos que há conhecimento ainda que não regenerador de Deus na natureza externa e na história, contudo, há também este conhecer no interior do ser humano, como se fosse um conhecimento intuitivo de Deus. A passagem paulina é clara os homens conhecem a Deus mas sufocam este conhecimento com a idolatria. Como é este conhecimento interior?
Mais uma vez, Dooyeweerd complementa dizendo que:
Uma vez que a imagem de Deus no homem relaciona-se com a radix, ou seja, o centro religioso e raiz de nossa existência temporal total, segue-se que a queda no pecado pode apenas ser entendida no mesmo sentido bíblico radical. A queda no pecado pode ser resumida como uma ilusão surgida no coração humano,  quando o eu humano creu possuir uma existência absoluta como o próprio Deus. Essa foi a falsa insinuação de satanás à qual o homem deu ouvidos - serás como deus". Essa apostasia em relação ao Deus vivo implicou na morte espiritual do homem, pois o eu humano não é nada em si mesmo e pode apenas viver da palavra de Deus e na comunhão amorosa com seu Criador divino. Entretanto, o pecado original não poderia destruir o centro religioso da existência humana e o seu impulso religioso inato de buscar a sua origem absoluta. Ele poderia apenas conduzir esse impulso central para um direção falsa, apóstata, desviando-o em direção ao mundo temporal com sua rica diversidade de aspectos, os quais, entretanto, têm apenas um sentido relativo" (DOOYEWEERD, Herman No Crepusculo do Pensamento Ocidental Editora Hagnos p. 260)

Por fim, a conclusão de FERREIRA e MYATT leva a questão do ponto de contato entre o regenerado e o não regenerado:
“mediante uma iluminação que atinge todos os homens, cada pessoa percebe claramente a existência, o poder e a justiça de Deus. Entretanto, nenhuma delas louva e serve a Deus, por causa do pecado que reina no coração humano. Alias, todos sabem que Deus existe e reconhecem que ele é o criador, o Rei soberano, pefeito, infinito e o juiz do mundo. Existe “terreno comum” entre o descrente e o crente, porque todos têm em comum esse conhecimento de Deus. Conhecimento que pode ser usado como base para evangelizar o não-crente e para a apologética. Essa revelação não é suficiente para salvar porque não revela o evangelho, mas é suficiente para condenar justamente todos os homens” (FERREIRA,Franklin MYATT, Alan  Teologia Sistemática, p. 63)
Em Apologética para o século XXI, Alister McGrath buscando fundamentar um ponto de contato em Calvino diz:
“Calvino afirma que é possível discernir um conhecimento geral de Deus por intermédio de sua criação: na humanidade, na ordem natural e no processo histórico em si. Esse conhecimento consiste em duas áreas principais: uma, subjetiva, outra objetiva. A primeira área é definida como “senso da divindade” (sensus divinitatis) ou “semente da religião” (semem religionis), implantada em todo ser humano por Deus (I,iii, I.v.1). Deus dotou os seres humanos de uma percepção inata ou pressentimento de sua existência. É como se alguma coisa acerca de Deus tivesse sido gravada no coração de cada ser humano (I,x,3). Calvino aponta três consequências dessa consciência inata da divindade: a universalidade da religião (que, se permanecer não informada pela revelação cristã, degenera em idolatria (I,iii,1), uma consciência perturbada (I.iii.2) e um temor servil de Deus (I.iv.4). Todas essas coisas, segundo Calvino, podem servir de ponto de contato para a proclamação cristã” (MCGRATH, Alister Apologética para o século XXI, Editora Vida, p. 41-42)

O ponto de contato entre crentes e descrentes é um fato de divisão na apologética contemporânea, de um lado, há os evidencialistas, que afirmam existir um terreno comum e, por outro lado, há os pressuposicionalistas, que não admite um ponto de contato, entretanto, aceitam a ideia de uma revelação geral.
Vejamos o que diz John Frame, um pressuposicionalista:
"O ponto não é se os descrentes são simplesmente ignorantes da verdade. Antes, Deus se revelou a cada pessoa com evidente claridade, tanto na criação - Sl 19, Rm 1:18-21- quanto na natureza do homem - Gn 1:26ss-. Em certo sentido, o incrédulo conhece a Deus (Rm 1:21). Em algum nível de sua consciência ou inconsciência permanece tal conhecimento.  A despeito desse conhecimento, o incrédulo intencionalmente distorce a verdade, substituindo-a pela mentira (Rm 1:18-32, 1Co 1:18-2:16- observe especialmente 2:14-,2Co 4:4). Portanto, o descrente é enganado (Tt 3:3). Ele conhece a Deus (Rm 1:21)e, ao mesmo tempo, não conhece a Deus (1Co 1:21, 2:14). Evidentemente, esses fatos suportam o ponto de que a revelação de Deus tem de governar  a nossa aproximação apologética. O descrente não pode ( e não quer) chegar à fé  à parte do evangelho da salvação revelado na Bíblia. Nós também não saberíamos a respeito da condição do incrédulo à parte da Escritura. E não poderemos alcançá-lo apologeticamente a menos que estejamos dipostos a ouvir os princípios apologéticos da própria Escritura" (FRAME, John Apologética para a glória de Deus São Paulo: Cultura Cristã, p.17)

e.      Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm; Estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem. (Romanos 1:24-32)

Por que todos os homens não conhecem a Deus?
Os seres humanos não conseguem agir à altura da revelação que eles carregam interiormente, no coração. O fato de termos sido criados como seres morais nos torna indesculpáveis perante Deus (FERREIRA, Franklin Teologia Cristã, p. 42)

“A natureza moral e espiritual da humanidade reflete, mesmo de forma bastante inadequada, o caráter moral de um Criador santo e perfeito. Uma consciência universal (por mais distorcida) da conexão entre a humanidade e Deus é afirmada repetidas vezes nas Escrituras. Que o diga o teste¬munho dos missionários e antropólogos.30 Romanos 2 confir¬ma a validade da revelação divina através da natureza hu¬mana, mesmo à parte de qualquer revelação especial (Rm 2.11-15). Os que não possuem a Lei Mosaica "fazem natural¬mente as coisas que são da lei", pois "mostram a obra da lei escrita no seu coração" (Rm 2.14,15). Até mesmo os que se acham alienados de Deus por causa do pecado não estão destituídos da consciência moral e dos impulsos que refletem as normas de conduta. A graciosa revelação moral de Deus ao coração humano tem preservado a raça adâmica de irrefreada autodestruição”.  (HORTON, Stanley  Teologia Sistemática Rio de Janeiro:CPAD, p.40)

A doutrina da revelação geral nos mostra que Deus já se revelou no mundo, sendo conhecida a verdade da criação para todas as criaturas na natureza, na história e no coração (ou mente) do homem, contudo por causa do pecado, há uma interpretação distorcida destes fatos que leva a todos à condenação por termos transformado a verdade em mentira, servindo às criaturas e não ao Criador.
A revelação geral nos leva ao conhecimento do Deus criador, enquanto que somente a revelação especial pode nos levar ao conhecimento do Deus redentor e salvador.
Outra questão é a própria natureza finita do ser humano:
“Sendo os seres humanos finitos e Deus, infinito, não podemos conhecer a Deus, a menos que ele se revele para nós, ou seja, a menos que ele se manifeste aos humanos de tal forma que estes possam conhecê-lo e ter comunhão com ele” (ERICKSON, Millard Introdução a Teologia Sistemática, São Paulo: Edições Vida Nova, 1997, p.41)

A Revelação Especial é uma revelação remediadora?
Para Erickson, não:
“É comum a ideia de que a revelação especial seria um fenômeno posterior à queda, exigido pelo pecado humano. Com frequência, ela é considerada remediadora (...) O relato sobre Deus à procura de Adão e Eva no Jardim, após o pecado deles (Gn 3:8), dá a impressão de que esse foi um de vários encontros especiais que ocorreram. Além disso, as instruções dadas aos homens (Gn 1:28) acerca da posição e da atividade deles na criação insinuam uma comunicação especial do Criador para a criatura; não parece que tais instruções  fossem meramente inferidas pela observação da ordem criada. Sendo assim, a revelação especial foi anterior à queda” (ERICKSON, Millard Introdução a Teologia Sistemática, São Paulo: Edições Vida Nova, 1997, p.57)

Para Ramm, sim:
“A revelação especial é remediadora porque é o meio que Deus emprega para alcançar o pecador com uma verdade que o salve e o restaure; é também, o conhecimento de Deus ajustado e dado aos pecadores, é a muleta remediadora, a bandagem curadora, as lentes corretivas, para o pecadores coxos, feridos e cegos. Para esses pecadores  a revelação geral já não basta. A revelação remediadora é revelação da graça. No pecado há uma terrível perda: perdeu-se o conhecimento valido de Deus (Rm 1:25)” (RAMM, Bernard  REVELAÇÃO ESPECIAL E A PALAVRA DE DEUS, Fonte Editorial, p. 22)


A necessidade de um novo coração.
"Assim, o tema central das Escrituras sagradas, ou seja, a criação, queda no pecado e redenção por Jesus Cristo na comunhão do Espírito Santo, tem uma unidade radical de sentido que está  relacionada à unidade central da existência humana. Ele efetiva o verdadeiro conhecimento de Deus e de nós mesmos. se nosso coração estiver realmente aberto para o Espírito Santo de forma a se encontrar cativo da palavra de Deus e prisioneiro de Jesus Cristo. À medida em que esse sentido central da palavra-revelação estiver em questão, encontrar-nos-emos além dos problemas científicos, tanto da teologia como da filosofia. Sua aceitação ou rejeição é uma questão de vida ou morte para nós, e não uma questão de reflexão teórica. Nesse sentido, o motivo central das sagradas Escrituras é o ponto de partida comum, supracientífico, tanto de uma teologia bíblica quanto de uma filosofia realmente cristã. Ele é a chave do conhecimento, a qual Jesus Cristo mencionou em sua discussão com os escribas e doutores da lei. Ele é a pressuposição religiosa de qualquer pensamento teórico capaz de reivindicar para si, com justiça, a posse de um fundamento bíblico. Mas, como tal, ele nunca poderá se tornar o objeto teórico da teologia, assim como Deus e o eu humano não podem se tornar esse objeto" (DOOYEWEERD, Herman No Crepusculo do Pensamento Ocidental Editora Hagnos p. 188)

Finalmente, a necessidade do novo nascimento para que possamos entender e compreender a revelação de Deus.  Acredito que há pontos em comum, contudo, não são argumentos que transformam o coração do descrente, somente a revelação especial realizada pelo Espírito Santo.
Há um trabalhar da Trindade que deseja ser conhecida por nós. O Pai que conhece tudo e a todos se revela a nós através do seu Filho que mediante a obra do Espírito atua em nosso coração.
Concordo com a noção de James W.Sire a respeito da cosmovisão, que ela “é um compromisso, uma orientação fundamental do coração, que pode ser expresso como uma estória ou num conjunto de pressuposições (suposições que podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas) que sustentamos (consciente ou subconscientemente) sobre a constituição básica da realidade, e que fornece o fundamento no qual vivemos, nos movemos e existimos(SIRE, James W. Dando nome ao Elefante Brasília:Editora Monergismo, 2012, p. 179)
“Chamo piedade à reverência associada com o amor de Deus que nos faculta o conhecimento de seus benefícios. Pois, até que os homens sintam que tudo devem a Deus, que são assistidos por seu paternal cuidado, que é ele o autor de todas as coisas boas, daí nada se deve buscar fora dele, jamais se lhe sujeitarão em obediência voluntária. Mais ainda: a não ser que ponham nele sua plena felicidade, verdadeiramente e de coração nunca se lhe renderão por inteiro.” (CALVINO, João Institutas,1.II.1)

Conclusão
Por fim, termino este trabalho, voltando ao começo, os textos bíblicos. Em sua obra Teologia Sistemática, FERREIRA E MYATT fazem uma concatenação interpretativa dos trechos bíblicos aqui levantados:
“Nossa exegese das Escrituras mostra que Deus é revelado no mundo físico (Sl 19:1-6; Rm 1:18ss), na lei moral presente no coração do homem (Rm 2:14-15) e na história (At 17:26-27). A complexidade do mundo, com suas leis, ordem e beleza, revela os atributos invisíveis de Deus. O invisível é visto através do visível. A racionalidade suprema e absoluta de Deus é revelada na ordem racional da criação. Assim, a eternidade, a divindade, o poder, a sabedoria e a glória de Deus são revelados (sl 29:4, 93:1,4;104:24, Rm 1:20)” (FERREIRA,Franklin MYATT, Alan  Teologia Sistemática, p. 73)
                                                                                                                         

terça-feira, junho 04, 2013

Tim Keller: A tensão e a redenção da cidade


Capitulo 11 – A tensão da cidade.


O capitulo vai analisar a tensão entre a gloria brilhante de Deus e a sombra escura do homem em torno da cidade.

A cidade é uma forma social em que as pessoas ficam próximas. Primeiro, as cidades significam segurança e estabilidade. Segundo, elas tem diversidade. Terceiro, produtividade e criatividade, a cultura humana começou a se desenvolver nas cidades (Gn 4:11).

Numa progressão redentora, o conceito bíblico a respeito de cidades passa a se tornar positivo, começa com a rebelião de Babel e Sodoma e passa a enfatizar a importância e força das cidades como Jerusalém.

Em Babel, a torre foi construída para a cidade ganhar uma identidade a parte de Deus, nesta historia vemos como as cidades podem ser conduzidas pelo pecado para sua auto-glorificação e auto-salvação.

As cidades tem mais imagem de Deus por metro quadrado que qualquer outro lugar do mundo, amar e servir as cidades fortalecer as mãos do povo de Deus, que carrega a mensagem do evangelho no mundo.  O cristão deve enxergar o plano de Deus para as cidades, a historia redentora.


Capítulo 12: Redenção e a cidade.

Deus chamou os judeus exilados (Jr 29:6) para abraçar a tensão na cidade para gloria de Deus, e é exatamente o que os cristãos são chamados para fazer hoje.

A igreja primitiva era um movimento urbano que ganhava as pessoas das cidades romanas para Cristo, enquanto a maioria das pessoas na zona rural permaneciam pagãs. Porque a fé crista capturou o coração das cidades, ela capturou o mundo greco-romano.

O ministério na cidade é crucial do ponto de vista cultural, global e pessoal.

Através das cidades, os cristãos mudaram a história e a cultura, ganhando as elites e se identificando com os pobres.

Lembrando da consumação, devemos cultivar a cidade. A cidade dos céus, a nova Jerusalém é o mesmo jardim do relato de Gênesis,  que tem um rio central e a arvore da vida (Gn2:8-10// Ap 22:1-3) que foi expandido e refeito na cidade-jardim de Deus.


Muitos cristãos acham que o alvo final da redenção cristã é um retorno ao mundo rural do Edem. Baseado nesta presunção, o trabalho dos crentes é evangelizar e discipular. Contudo, o livro de Apocalipse revela que este não é o caso, a intenção de Deus para o produto humano que ele desenvolvesse cidades que o glorificasse e gerenciasse de modo sustentável as riquezas de Deus.

Tim Keller: Contextualização Ativa

Capitulo 10:

Contextualização Ativa.


A abordagem da contextualização deve ser simpática e confrontadora ao mesmo tempo, lembrando que toda  cultura tem tanto graça comum como idolatria em seu interior. Deve-se buscar evitar tanto um cativeiro cultural, na rejeição de qualquer cultura urbana, como também um sincretismo, valorizar as práticas urbanas dentro do cristianismo.

A contextualização ativa envolve um processo em três partes: entrar na cultura, desafiar a cultura e chamar os ouvintes. Estas partes se relacionam como passos, mas elas podem se sobrepor. E conforme nós procedermos nestes passos, vamos trazer conosco o que aprendemos sobre contextualização até agora. Devemos ser intencionais (cap. 7), equilibrados (cap. 8) e buscar os padrões bíblicos de contextualização (cap. 9).

Como entrar e se adaptar a um cultura: a verdade não pode ser dita no vácuo, deve ser entregue como uma resposta para as questões de pessoas em particular, isto significa que entendemos sua cultura. A primeira tarefa é estar imerso nas questões, esperanças, crenças da cultura para que possamos dar uma resposta bíblica, centrada no evangelho.

O que devemos olhar quando entramos em um cultura? (p.122-123)

Keller cita David Hesselgrave que coloca alguns tipos de cosmovisão:

  • Conceitual: as pessoas fazem decisões e chegam as suas convicções através de analise e logica. Isto envolve um pensamento silogístico cujas premissas são estabelecidas e, então, as conclusões necessárias aparecem.
  • Relacional concreta: as pessoas criam decisões e chegam às suas convicções através dos relacionamentos e prática. Estas pessoas são aquelas que acreditam no que a comunidade crê. Elas também estão preocupadas com suas vidas praticas. Elas irão acreditar num principio apenas quando elas enxergam como aquilo funciona.
  • Intuitiva: são pessoas que fazem suas decisões e chegam às convicções através de insight e experiência. As pessoas intuitivas acham historias e narrativas mais convincentes e transformadoras que proposições provadas pela razão.

É preciso conhecer as cosmovisões dominantes das pessoas, para desafiar esta cultura, conforme o segundo passo, é preciso afirmar algo desta cultura e suas crenças e valores. Com a autoridade da Escritura podemos afirmar uma parte da cultura e criticar outra.

O pecado deve ser visto como idolatria para uma critica cultural.

A mensagem bíblica da idolatria fala bem para as culturas, fazer algo seu ídolo é fazer de algo seu criador e sustentador.  É um modo eficaz de comunicar a cegueira espiritual e a rebelião da pós-modernidade. Keller apresenta alguns pontos de pressão: a mercantilização do sexo, o problema dos direitos humanos, a perda da esperança cultural.

Apelando aos ouvintes.

Keller acredita que o apelo vem de uma linguagem de propiciação ou substituição expiatória do evangelho:
  • 1.       A linguagem do campo de batalha: Jesus lutou no seu lugar contra a morte e o pecado.
  • 2.       A linguagem do mercado: Jesus pagou seu resgate, nos libertou da escravidão.
  1. 3.       A linguagem do exilio: Jesus foi exilado e abandonado para que nós pudéssemos voltar para a casa.
  • 4.       A linguagem do templo: Jesus é o sacrifício que purifica a gente e nos faz aceitáveis ao Deus santo, nos faz limpos e lindos.
  • 5.       A linguagem da corte legal: Jesus foi julgado e tomou a nossa punição, ele nos tirou a culpa e nos faz justos.


A essência da expiação é sempre Jesus atuando como nosso substituto.  O evangelho tem uma visão mais profunda que sentimental da realidade, foi preciso que Jesus viesse em nosso lugar para que pudéssemos ser amados. O evangelho é a consolação mais profunda que se pode ofertar ao coração humano.

Lendo Gênesis a partir de Como Ler Gênesis de Tremper Longman III





Como ler Gênesis,  Tremper Longman III, Edições Vida Nova, 2009.


O livro é uma introdução ao livro de Genesis  e está dividido em cinco partes, Lendo Gênesis: como uma estratégia, como literatura, em seu próprio mundo, como relato de Deus e como cristãos.

1.      Lendo como estratégia.

A primeira parte se concentra em descobrir a intenção do autor humano, nunca esquecendo que o livro de Gênesis faz parte do canon bíblico. Então, a primeira parte apresentará os princípios de interpretação, buscando entender o livro das origens: reconhecendo a natureza literária do livro de Genesis, seu contexto histórico, seu ensino teológico e sua situação social e global. No final deste primeiro capitulo, o autor coloca uma serie de questões que analisam os princípios de interpretação do livro bíblico.

2.      Lendo como literatura.

A segunda parte vai pensar o livro como literatura, em especial, vai buscar sua autoria (capitulo 2) e sua formatação (capitulo 3). Em relação ao autor do livro, a questão é se Moisés o escreveu ou não. Apesar de a própria Escritura se referir a autoria mosaica, como vemos em 2Cr 25:4, Ne 13:1, esta passou a ser confrontada pela metodologia histórico-critica.

Para Airton Barboza e para grande parte da academia, o primeiro a questionar a autoria mosaica foi o filósofo Baruch de Spinoza (1632-1677 d.C.), no seu Tratado Teológico Político de 1670.

“Para Spinoza, a autoridade da Bíblia não poderia residir em afirmações a priori. Estabelece-la cpomo verdade e divina em base confessionais não provam suas prerrogativas. Assim, a Bíblia passou a ser olhada de uma maneira nova, não mais como um texto divino estabelecido, mas como um texto recebido e que deve, pelo estudo manifestar se é ou não, Escritura Sagrada”
(BARBOZA, Airton Williams Vasconcelos – O MITO E A HISTÓRIA NA CRIAÇÃO: Uma analise literária de Genesis 1:1-2:3 São Paulo: Fonte Editoral,2010, p. 46)

Michael Della Rocca em seu livro sobre Spinoza, explica que o filosofo judeu foi influenciado pelo estudioso judeu, o rabi Ibn Ezra (1089-1164 d.C.) que é citado expressamente no capítulo 8 do Tratactus Theologico-politicus:

“In order to treat the subject methodically, I will begin with the received opinions concerning the true authors of the sacred books, and in the first place, speak of the author of the Pentateuch, who is almost universally supposed to have been Moses. The Pharisees are so firmly convinced of his identity, that they account as a heretic anyone who differs from them on the subject. Wherefore, Aben Ezra, a man of enlightened intelligence, and no small learning, who was the first, so far as I know, to treat of this opinion, dared not express his meaning openly, but confined himself to dark hints which I shall not scruple to elucidate, thus throwing full light on the subject.”
(CHAPTER VIII.: of the authorship of the pentateuch and the other historical books of the old testament. - Benedict de Spinoza, The Chief Works of Benedict de Spinoza, vol 1 (Tractatus-Theologico-Politicus, Tractatus Politicus) [1670] (capturado em 4.6.2013 em http://oll.libertyfund.org/?option=com_staticxt&staticfile=show.php%3Ftitle=1710&chapter=202641&layout=html&Itemid=27)


Outros que tiveram grande impacto no pensamento spinozano são: o calvinista francês Isaac La Peyere (1594-1676 d.C.) e o quacker inglês Samuel Fisher (1605-1665 d.C.), estes dois questionavam já inerrância do texto bíblico e ensinavam em Armsterdã. (DELLA ROCCA, Michael SPINOZA New York, Routlegde,2008, p. 244)

Entre os textos que não poderiam ter sido escritos por Moisés, estão o registro de sua morte em Dt 34, há outros exemplos de fatos posteriores, como os caldeus em Gn 11:28, o registro de Laís como Dã em Gn 14:14. Há indícios de uma atividade editorial após a vida de Moisés.

Há a hipótese de uma autoria múltipla, tanto como editores posteriores como fontes múltiplas para a composição.  Ai, se soma o uso de diferentes nomes divinos, o emprego de dois ou mais nomes distintos para designar as mesmas pessoas, tribos ou lugares. A existência de duplos e de teologias diferentes. Nisto, está baseada a hipótese documental de Joannes Astruc, Julius Welhausen e Karl Heirinch Graf, se identifica quatro fontes para o texto:

·         J (Javista): escrita no Reino de Judá entre 950-850 a.C.
·         E (Eloísta): escrita entre 750-700 a.C. no Reino do Norte.
·         D (deuteronomista): confeccionada  no início do séc. VII a.C. durante o reinado de Josias.
·         P (priest/ sacerdotal): realizada em 550 a.C.


Em resposta a esta hipótese, Temper Longman III diz que devemos ter três princípios para a leitura, conforme pagina 65: 1. Moisés teve uma ligação basilar com a produção do livro de Genesis e o Pentateuco. 2. Ele empregou fontes, orais e escritas, que vinham de uma época anterior e 3. Não é possível separar materiais pré-mosaicos, mosaicos ou posteriores.

Airton Barboza coloca outras questões em favor da autoria mosaica como a familiaridade com o contexto egípcio mais do que com os monarcas palestinos, o texto inicial ser feito em oposição aos mitos egípcios.

“É a um povo misto em sua composição, mas essencialmente ligado à história formativa das 12 tribos oriundas de Jacó, eleitas e formadas pela promessa e pelo pacto firmado entre Deus e Abraão (Gn 12:1-3, 17:1-8), que a narrativa de Gn 1:1-2:3 se destina dentro do desenvolvimento conceitual e teológico da identidade desta nação à luz do seu mundo e de sua relação com o Deus libertador, Yahweh” (BARBOZA, p. 142).


A estrutura do livro de Gênesis é identificada a partir do modelo dos toledot (gerações), sendo a palavra um substantivo feminino, plural, construto que aparece dez vezes no livro (2:4, 5:1,6:9, 10:1,11:10, 11:27, 25:12, 25:19, 36:1(36:9) e 37:2).  Este recurso proporciona ao livro uma unidade e uma progressão geracional.
“Uma toledot expõe primordialmente aquilo que procede da(s) personagem(ens) da(s) qual(ais) ela recebe o nome. A estrutura da toledot de Gênesis começa universalmente com a criação geral, afunila para toda a humanidade e se estreita ainda mais para uma única família e nação: Abraão, Jacó e Israel. Genesis, com a sua estrutura em toledot, destaca o numero dez, o da plenitude, e numero sete, o da perfeição ou completude”  (GREIDANUS, Sidney  Pregando Cristo a Partir de Gênesis São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009, p.34)

Outra classificação, seria a divisão em duas seções: a história primeva (até 11:26) e o restante do livro, cobriria a história de Abraão e sua descendência, sendo esta dividida em narrativas patriarcais (12-36) e a história de José (37-50).

O estilo literário de Gênesis é o da prosa, com trechos poéticos, paralelismo, quiasma e paranomásia.

3.      Lendo em seu próprio mundo.
A terceira parte do livro vai estudar o contexto cultural-histórico de Genesis.
Começa no capitulo quatro com uma comparação entre o Gênesis e o Enuma Elish, especialmente o texto dos dois primeiros capítulos sobre a cosmogênese.
“O Enuma Elish descreve como Marduque criou o cosmo a partir do corpo de Tiamat (o mar). O mito de Baal presumivelmente seguiu esse modelo com Baal criando o mundo a partir de Yam (que também é o mar), ao passo que nos mitos egípcios a elevação ou montículo primevo emana de Nun, que são as aguas primevas” (LONGMAN III, p. 89)
O relato bíblico da criação em relação ao Enuma elish, apresenta a distinção do monoteísmo, do único Deus criador sem oposição, o conflito que acontece no mundo não advém das divindades, mas da própria escolha humana (Gn 3).
Sobre a influência dos vizinhos no texto bíblico, Airton Barboza responde que:
Se Israel não produziu literatura mítica por causa do caráter monoteísta de sua fé, este mesmo caráter teria influído no sentido de não permitir que se tomasse alguma coisa da cultura pagã em sua volta que fosse ofensiva ao caráter do seu Deus. De forma geral, é inconcebível que os profetas e poetas de Israel tencionassem buscar apoio para sua visão nas obras mitológicas pagãs, as quais eles indubitavelmente detestavam e abominavam” (BARBOZA, p. 128)
Aqui, também há a questão do dialogismo e da interdiscursividade. Para os liberais, trata-se da apropriação e descolamento dos escritos babilônicos no exilio realizado pela fontes documentais, para a ala conservadora, que atribui a autoria mosaica, o ambiente (Sitz in Lebem) é o Egito.
“Por Sitz im Lebem, portanto, não se entende o ambiente histórico, politico, social ou econômico no qual o texto foi composto, e sim uma situação padrão ou regular que motiva o surgimento dos gêneros literários. Não se trata de um evento histórico isolado, e sim de uma atividade generalizada e exercida em circunstancias típicas, uma experiência partilhada e, a principio, repetível” (Cassio Murilo Dias da Silva in BARBOZA, p.135)
Há uma interdiscursividade em Genesis, na contraposição do relato hebreu aos seus vizinhos em relação a cosmogonia, funcionalidade, soberania divina e antropologia que refletem na distinção de Deus e do próprio homem em relação às culturas circunvizinhas.
Um bom argumento a favor da diferenciação são os três eixos da estrutura ética no Antigo Testamento elaborado por Christopher J.H.Wright que diz:
“A mensagem de redenção de Deus por intermédio de Israel não foi simplesmente verbal, foi visível e tangível. Os próprios israelitas, como agentes, eram parte da mensagem”. (WRIGHT, Christopher J.H. O Povo, Terra E Deus, São Paulo: Abu Editora,1991, p.41)
No capítulo 5, Tremper Longman III faz uma comparação entre a historia dos sobreviventes Noé e o Utnapishtim. Este é contado nos três relatos sobre o diluvio deixados na Mesopotâmia: o Eridu, o Gilgamesh e Atrahasis.
No capítulo 6, há outra comparação entre Abraão e Nuzi. A primeira coisa que ele busca é datar a vida de Abraão e dos patriarcas, chega ao período de 2100- 1500 a.C. A partir de 1Reis 6:1:  E sucedeu que, no ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de zive (este é o mês segundo), Salomão começou a edificar a Casa do SENHOR. Tremper Longman III chega a data de 2166 a.C. para o nascimento de Abraão, em 2091 a.C. sua chegada à Palestina.
A datação é importante devido ao achamento no outeiro de Nuzi,nordeste do Iraque, de uma historia que apresenta semelhanças com o patriarca judeu tais como a adoção de um escravo para ser o herdeiro, o casamento com sua “irmã”, o direito de vender os direitos de primogenitura (LONGMAN III, p. 109). Nuzi fornece um paralelo a um costume patriarcal, não pode ser lido como fonte assim como os outros mitos já citados, contudo:
“Aqui estamos examinando a vida dos patriarcas em contraste com o pano de fundo de material cronologicamente relevante. Nosso objetivo é aferir se tais descrições dão a impressão de serem autenticas. A pressuposição é que, se os patriarcas foram pessoas de carne e osso, então, agiram como seus contemporâneos. Nossa conclusão é afirmativa. Embora, no passado, tenha havido exagero na identificação de semelhanças, o que na atualidade sabemos estimula a ideia de que os patriarcas são descritos de modo a estarem em consonância com os que viveram naquele tempo” (LONGMAN III, p. 115)

4.      Lendo como relato de Deus.
Em sua penúltima parte, vai ler Gênesis como um relato divino, a historia do relacionamento entre Deus e sua criação, em especial, os homens. Ele volta à divisão entre história primeva, dos patriarcas e de José.
Uma curiosidade é que o período coberto pela história primeva até Abraão é mais longo que o pai da fé até os dias de hoje.
“A narrativa bíblica apresenta o Deus verdadeiro, santo e onipotente. O Criador existe antes da criação e é independente do mundo. Deus fala e os elementos passam a existir. A obra divina é boa, justa e completa. Depois que a família humana se rebela, Deus tempera seu julgamento com misericórdia. Mesmo quando um relato possui elementos em comum com formas  de pensamento de culturas circunvizinhas, a natureza distintiva do Criador brilha através da narrativa”
(LASOR, William S.,HUBBARD, David A. e BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento Sao Paulo: Edições Vida Nova, 2009, p.23)
Genesis 1-2: a criação.
Há tradicionalmente a divisão do trecho em duas pericopes, a primeira vai de Gn 1-2:4a e a segunda do 2:4b até final do capítulo segundo.
Há uma controversa sobre final da primeira pericope, para Airton Barboza, seria mais consistente que ela terminasse em 2:3: porque a parte b se constitui o objeto da parte a do verso 4 do capítulo 2. Outra razão é por causa da estrutura do toledot que aparece no verso 2:4, que abre uma nova seção ali passando a falar das descendências citadas anteriormente (BARBOZA, p. 171)
Qual é a natureza literária do texto de Gn1:1-2:3?
A interpretação mitológica surgiu com Robert Lowth, em sua obra De Sacra Poesi Hebraeorum (1753) Seguido de C.G. Heyne, J.G. Eichorn,  J.P. Glaber e G. Bauer.
Porque o texto não é um mito? Porque, segundo Barboza, Israel nunca produziu uma literatura mítica, os textos bíblicos não se parecem aos mitos em sua estrutura formal, há uma fusão de prosa e poesia, mas o texto não apresenta nem as características principais da poesia hebraica (parallelismus membrorum, métrica e linguagem figurada).
“A historiografia israelita é um querigma ideológico, fruto da sua  experiência religiosa, que se transmite por meio de narrativas descritivas dos eventos fundantes de sua fé monoteísta e pactual. Todavia, como historia ideológica, portadora de uma proclamação salvifica, é equivocado concluir que tais narrativas não se fundamentem em historias verdadeiras, uma vez que por trás dos eventos descritos existiu todo um trabalho seletivo na composição orgânica do relato” (BARBOZA,p.123)
A tradição tende a ler o texto como uma criação ex nihilo, como os textos de Hb 11:3 e Ap. 4:11. Tremper Longman III diz que o texto de Gênesis 1:1 não é definitivo a respeito. A primeira coisa a ser criada seria a própria matéria que era sem forma e vazia.
Existe um paralelismo narrativo:
“Os três primeiros dias descrevem a criação das esferas de habitações. Os três seguintes narram a criação dos moradores dessas esferas, de modo que as esferas criadas no dia um (luz, trevas) são preenchidas no dia quatro (sol, lua, estrelas), as do dia dois (céu, agua) são preenchidas no dia cinco (aves, peixes), e as do dia três (terra) são preenchidas no dia seis (animais terrestres, seres humanos)” (LONGMAN III, p. 127)


Genesis 3: a tragédia da queda.
A melhor interpretação para o ato de comer do fruto proibido é o da afirmação da autonomia moral. “O padrão narra (1) um pecado, seguindo de (2) uma fala de juízo vinda da parte de Deus. No entanto, antes de (4) Deus executar o juízo, ele (3) lhes dá um sinal de sua graça” (LONGMAN III,p.139)
Na Introdução ao Antigo Testamento,  Longman III e Dillard, colocam uma tabela sistemática deste padrão:
Pecado: 3:6, 4:8, 6:2. 6:5, 11ss e 11:4
Sentença: 3:14-19, 4:11-12, 6:3, 6:7,13-21 e 11:6ss
Mitigação: 3:21, 4:15, 6:8,18ss, 6:8.18ss e 10:1-32
Castigo: 3:22-24, 4:16, 7:6-24, 7:6-24 e 11:8
(DIILARD, Raymond B. e LONGMAN III, Introdução ao Antigo Testamento, Sao Paulo: Edições Vida Nova, p. 53)
Aqui está a base da cosmovisão cristã: a criação, a queda, a rendenção e a consumação. Todo o texto bíblico está conectado a este começo na progressão histórico-redentora.
A seguir, há uma interpretação da historia de Caim e Abel, Noé e o diluvio e a torre de Babel.
“Em Gênesis 1-11 somos apresentados ao tema central do livro e, alias, um que permeia todas as Escrituras: a bênção de Deus sobre suas criaturas humanas. Não é a mera existência, mas uma vida abundante que se leva na própria presença de Deus. Essa condição abençoada é caracterizada pela vida de Adao e Eva no jardim. Entretanto, a rebelião humana perturbou o relacionamento da humanidade com Deus. Assim mesmo, desde lá no início (Gn 3:15), com sua graça, Deus busca os seres humanos. Ele deseja restaurar o relacionamento com eles e voltar a abençoá-los plenamente” (LONGMAN III, p.152)
O capítulo 8 irá tratar das narrativas patriarcais, sendo os três homens Abraão, Isaque e Jacó que Deus usa para renovar a visão de Genesis 1 e 2 e estabelecer um povo dedicado ao seu serviço.
Seguindo a linha dos toledot, chega-se ao ultimo de Genesis, o de Jacó (37:2), os capítulos 37 a 50 contarão a história dos filhos de Jacó, em especial, José. Lembre-se a narrativa mosaica é para o povo que saiu cativo do Egito, por isto, tantos capítulos dedicados a José.

5.      Lendo Gênesis como cristão.
A ultima parte do livro está colocada na diferença cristológica. Tremper Longman III faz um relato das aparições do evangelho no livro de Gênesis, a partir da historia rendentora:
1.      3:15: o protoevangelho.
2.      12:1-3: a semente de Abraão
3.      14:17-20: Melquisedeque
4.      37-50: José e Jesus.
Há um uso de Gênesis no novo testamento, de forma literal e histórica, como podemos ver o apostolo Paulo em Romanos 5.
Para Greidanus, há algumas maneiras de se pregar a Cristo no texto mosaico: a progressão histórico-redentora, promessa-cumprimento, tipologia, analogia, temas longitudinais, referências no Novo Testamento e contraste.
A unidade da historia redentora implica a natureza cristocêntrica de cada texto histórico. A historia redentora é a historia de Cristo. Ele permanece no seu centro, e não menos no seu inicio e seu fim...A Escritura desvenda o tema e a amplitude de sua historiografia logo no começo, Gn 3.15 Van´t Veer diz,`coloca todos os eventos subseqüentes sob a luz da tremenda batalha entre Cristo nascido no mundo e Satanas, o príncipe deste mundo, e isso situa todos os acontecimentos à luz da vitória completa que a semente da mulher alcançará. À vista disso, torna-se imperativo que nem uma única pessoa fique isolada desta historia e se mantenha a parte dessa grande batalha. O lugar de ambos oponentes e colaboradores só pode ser determinado cristo logicamente. Apenas no que concerne aos que receberam seu lugar e tarefa no desenvolvimento desta história é que aparecem na historiografia da Escritura. Desse ponto de vista, os fatos são selecionados e registrados
(CHAPEL, Brian Pregação Cristocentrica São Paulo: Editora Cultura Cristã, p. 317.)


Jesus é o verdadeiro e melhor Adão, que passou pelo teste no jardim e cuja obediência é imputada a nós. Jesus é o verdadeiro e melhor Abel que, apesar de inocentemente morto, possui o sangue que clama, não para nossa condenação, mas pela absolvição.Jesus é o verdadeiro e melhor Abraão que respondeu ao chamado de Deus para deixar todo o conforto ea família e saiu para o vazio sem saber para onde ia, para criar um novo povo de Deus.Jesus é o verdadeiro e melhor Isaque, que foi não somente oferecido pelo Seu Pai no monte, mas foi verdadeiramente sacrificado por nós. E quando Deus disse a Abraão: "Agora eu sei que você me ama, porque você não poupou o seu filho, teu único filho a quem você ama de mim," agora podemos olhar para Deus levando Seu Filho até a montanha e sacrificá-lo e dizer: "Agora sabemos que nos ama, porque você não poupou o seu filho, teu único filho, a quem você ama de nós."Jesus é o verdadeiro e melhor Jacó que lutou e sofreu o golpe de justiça que merecemos, por isso, como Jacó, só recebêssemos as feridas da graça para nos despertar e disciplinar.Jesus é o verdadeiro e melhor José que, na mão direita do rei, perdoa àqueles que o venderam e traíram e usa seu novo poder para salvá-los.Jesus é o verdadeiro e melhor Moisés que se põe na brecha entre o povo e Deus e que é mediador de uma nova aliança.Jesus é a verdadeira e melhor Rocha de Moisés que, golpeada com a vara da justiça de Deus, agora nos dá água no deserto.Jesus é o verdadeiro e melhor Jó, sofredor verdadeiramente inocente, que então intercede e salva os seus tolos amigos.Jesus é o verdadeiro e melhor Davi, cuja vitória torna-se a vitória do Seu povo, apesar deles nunca terem movido uma única pedra para conquistá-la.Jesus é a verdadeira e melhor Ester que não apenas arriscou deixar um palácio terreno, mas perdeu o definitivo e divino, que não apenas arriscou sua vida, mas deu sua vida para salvar seu povo.Jesus é o verdadeiro e melhor Jonas que foi expulso na tempestade, para que nós pudéssemos ser trazidos para dentroJesus é a verdadeira Rocha de Moisés, o verdadeiro Cordeiro pascal, inocente, perfeito, desamparado, sacrificado para que o anjo da morte vai passar sobre nós. Ele é o verdadeiro templo, o verdadeiro profeta, o verdadeiro sacerdote, o verdadeiro rei, o verdadeiro sacrifício, o verdadeiro cordeiro, a verdadeira luz, o verdadeiro pão.A Bíblia não é realmente sobre você - é sobre ele.