quarta-feira, julho 22, 2015

Um povo sem rei (Juízes 19-21)

Os levitas eram descendentes de Levi, um dos doze filhos de Jacó. Eram a única tribo de Israel que não tinha terra em Canaã. Ao invés de trabalharem a terra,eles tinha que viver e trabalhar para o tabernáculo e na adoração a Deus - eles eram sustentados com dízimos e ofertas do resto do povo - Nm 18:20-24. Os sacerdotes eram levitas que descendiam de Arão (Nm 3:10), enquanto que o resto dos levitas assistiam aos sacerdotes no serviço do tabernáculo. Os levitas eram considerados por Deus como consagrados para este serviço e ministério (Nm 3:5-13) e tinha uma responsabilidade especial de serem santos.

O que seria uma concubina? Um segunda esposa adquirida por compra ou como cativa de guerra, e era permitido numa sociedade poligâmica. Uma concubina era essencialmente uma escrava que não era uma prostituta, mas também não era uma esposa no sentido completo do termo. Era uma esposa de segunda classe. É por isto que nesta passagem o levita é chamado de senhor de sua concubina (Jz 19:27), mas também de seu marido (19:3). Enquanto que Deus deixa claro no começo e no ensino de Jesus que o casamento é somente entre um homem e uma mulher, muitos crentes tiveram muitas esposas e concubinas contrariando o propósito de Deus. Mas, em toda a história bíblica, vemos que a poligamia causou diversos danos e dores nas famílias sem exceção.  O que vemos aqui em Juízes é que um levita, que deveria permanecer santo, foi moldado pela cultura pagã em torno, comprando uma concubina e tratando-a como uma peça de sua propriedade.


Naquela época não havia rei em Israel. Aconteceu que um levita que vivia nos montes de Efraim, numa região afastada, tomou para si uma concubina, que era de Belém de Judá.
Mas ela lhe foi infiel. Deixou-o e voltou para a casa do seu pai, em Belém de Judá. Quatro meses depois,
seu marido foi convencê-la a voltar. Ele tinha levado o seu servo e dois jumentos. A mulher o levou para dentro da casa do seu pai, e quando seu pai o viu, alegrou-se.
O sogro dele, pai da moça, o convenceu a ficar ali; e ele permaneceu com eles três dias; todos eles comendo, bebendo e dormindo ali.
No quarto dia, eles se levantaram cedo, e o levita se preparou para partir, mas o pai da moça disse ao genro: "Coma alguma coisa, e depois vocês poderão partir".
Os dois se assentaram para comer e beber juntos. Mas o pai da moça disse: "Eu lhe peço que fique esta noite, e que se alegre".
E, quando o homem se levantou para partir, seu sogro o convenceu a ficar ainda aquela noite.
Na manhã do quinto dia, quando ele se preparou para partir, o pai da moça disse: "Vamos comer! Espere até a tarde! " E os dois comeram juntos.
Então, quando o homem, com a sua concubina e com o seu servo, levantaram-se para partir, o seu sogro, pai da moça, disse outra vez: "Veja, o dia está quase acabando, é quase noite; passe a noite aqui. Fique e alegre-se. Amanhã de madrugada vocês poderão levantar-se e ir para casa".
Não desejando ficar outra noite, o homem partiu rumo a Jebus, isto é, Jerusalém, com dois jumentos selados e com a sua concubina.
Juízes 19:1-10
Naquela época não havia rei em Israel. Aconteceu que um levita que vivia nos montes de Efraim, numa região afastada, tomou para si uma concubina, que era de Belém de Judá.
Mas ela lhe foi infiel. Deixou-o e voltou para a casa do seu pai, em Belém de Judá. Quatro meses depois,
seu marido foi convencê-la a voltar. Ele tinha levado o seu servo e dois jumentos. A mulher o levou para dentro da casa do seu pai, e quando seu pai o viu, alegrou-se.
O sogro dele, pai da moça, o convenceu a ficar ali; e ele permaneceu com eles três dias; todos eles comendo, bebendo e dormindo ali.
No quarto dia, eles se levantaram cedo, e o levita se preparou para partir, mas o pai da moça disse ao genro: "Coma alguma coisa, e depois vocês poderão partir".
Os dois se assentaram para comer e beber juntos. Mas o pai da moça disse: "Eu lhe peço que fique esta noite, e que se alegre".
E, quando o homem se levantou para partir, seu sogro o convenceu a ficar ainda aquela noite.
Na manhã do quinto dia, quando ele se preparou para partir, o pai da moça disse: "Vamos comer! Espere até a tarde! " E os dois comeram juntos.
Então, quando o homem, com a sua concubina e com o seu servo, levantaram-se para partir, o seu sogro, pai da moça, disse outra vez: "Veja, o dia está quase acabando, é quase noite; passe a noite aqui. Fique e alegre-se. Amanhã de madrugada vocês poderão levantar-se e ir para casa".
Não desejando ficar outra noite, o homem partiu rumo a Jebus, isto é, Jerusalém, com dois jumentos selados e com a sua concubina.
Juízes 19:1-10
JUÍZES 19:1-10: Aconteceu também, naqueles dias em que não havia rei em Israel, que houve um homem levita, que, peregrinando aos lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina, de Belém de Judá. 2   Porém a sua concubina adulterou contra ele, e foi dele para casa de seu pai, a Belém de Judá, e esteve ali alguns dias, a saber, quatro meses. 3   E seu marido se levantou e partiu após ela, para lhe falar conforme o seu coração e para tornar a trazê-la; e o seu moço e um par de jumentos iam com ele, e ela o levou à casa de seu pai, e, vendo-o o pai da moça, alegrou-se ao encontrar-se com ele. 4   E seu sogro, o pai da moça, o deteve e ficou com ele três dias; e comeram, e beberam, e passaram ali a noite. 5   E sucedeu que, ao quarto dia pela manhã, madrugaram, e ele levantou-se para partir; então, o pai da moça disse a seu genro: Conforta o teu coração com um bocado de pão, e depois partireis. 6   Assentaram-se, pois, e comeram ambos juntos, e beberam; e disse o pai da moça ao homem: Peço-te que ainda esta noite queiras passá-la aqui, e alegre-se o teu coração. 7   Porém o homem levantou-se para partir, mas seu sogro o constrangeu a tornar a passar ali a noite. 8   E, madrugando ao quinto dia pela manhã para partir, disse o pai da moça: Ora, conforta o teu coração. E detiveram-se até já declinar o dia e ambos juntos comeram. 9   Então, o homem levantou-se para partir, ele, e a sua concubina, e o seu moço; e disse-lhe seu sogro, o pai da moça: Eis que já o dia se abaixa, e já a tarde vem entrando; peço-te que aqui passes a noite; eis que já o dia vai acabando; passa aqui a noite, e que o teu coração se alegre; e, amanhã de madrugada, levantai-vos a caminhar, e vai-te para a tua tenda. 10   Porém o homem não quis ali passar a noite, mas levantou-se, e partiu, e veio até defronte de Jebus (que é Jerusalém), e com ele o par de jumentos albardados, como também a sua concubina.Aconteceu também, naqueles dias em que não havia rei em Israel, que houve um homem levita, que, peregrinando aos lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina, de Belém de Judá.

COMO ELA DEIXOU ELE.

Ela fez duas coisas. Primeiro, ela foi infiel para com ele. Literalmente, o hebraico diz que ela fez de meretriz.  Segundo, ela deixou ele e retornou para sua família. A razão  que sabemos é que ela era muito distante dele e deixou seu mestre- o que não era permitido naquela sociedade. Ela estava com raiva e desgostosa com ele. Isto não causa surpresa. Uma concubina era uma coisa pior que as amantes modernas.  Hoje, se um homem tem uma amante, mas se recusa a assumir ela ou casar com ela, ambos tem suas vidas em separado e tem a oportunidade de ver outras pessoas. Mas, uma concubina  não era uma esposa, mas era propriedade de seu amante. 

 QUANTO TEMPO ELE ESPEROU PARA IR ATÉ ELA.
O atraso do levita é uma evidência de que a afeição dele por ela não era muito forte. Ele, evidentemente, não queria ela de volta, por raiva ou indiferença, mas começou a sentir desejo por tê-la de novo. Mais um vez, vemos que esta relação é dirigida por paixões, não por um compromisso mútuo como num casamento real.

POR QUE ELA RETORNOU PARA ELE? 

Pelo que vemos o levita foi à sua família com um burro sem montaria para ela e tentou persuadir ela. É interessante que nada que ele diz a mudou. Não há referência para sua resposta exceto que ela tomou ele quando encontrou seu pai. Não ouvimos nada que aconteceu a casa do pai, o texto simplesmente diz que o homem saiu com sua concubina (vs.10).

 O pai estava com medo da pena de adultério, que poderia levar a morte e a desgraça de sua família.  A pressão para que a concubina voltasse foi enorme. O pai não permitiu que ela ficasse. Esta mulher é simplesmente um objeto, um pedaço da propriedade que produz favores sexuais para seu senhor. Não é um relacionamento pessoal. 

JUIZES 19:11-25: Estando, pois, já perto de Jebus, e tendo-se já declinado muito o dia, disse o moço a seu senhor: Caminhai agora, e retiremo-nos a esta cidade dos jebuseus e passemos ali a noite. 12   Porém disse-lhe seu senhor: Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel; mas passaremos até Gibeá. 13   Disse mais a seu moço: Caminha, e cheguemos a um daqueles lugares e passemos a noite em Gibeá ou em Ramá. 14   Passaram, pois, adiante e caminharam, e o sol se lhes pôs junto a Gibeá, que é cidade de Benjamim. 15   E retiraram-se para lá, para entrarem a passar a noite em Gibeá; e, entrando ele, assentou-se na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali passarem a noite. 16   E eis que um homem velho vinha à tarde do seu trabalho do campo; e era este homem da montanha de Efraim, mas peregrinava em Gibeá; eram, porém, os homens deste lugar filhos de Benjamim. 17   Levantando ele, pois, os olhos, viu a este passageiro na praça da cidade; e disse o velho: Para onde vais e de onde vens? 18   E ele lhe disse: Passamos de Belém de Judá até aos lados da montanha de Efraim, de onde sou, porquanto fui a Belém de Judá; porém, agora, vou à casa do SENHOR, e ninguém há que me recolha em casa, 19   ainda que há palha e pasto para os nossos jumentos, e também pão e vinho há para mim, e para a tua serva, e para o moço que vem com os teus servos; de coisa nenhuma há falta. 20   Então, disse o velho: Paz seja contigo; tudo quanto te faltar fique ao meu cargo; tão somente não passes a noite na praça. 21   E trouxe-o a sua casa e deu pasto aos jumentos; e, lavando-se os pés, comeram e beberam. 22   Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos. 23   E o homem, senhor da casa, saiu a eles e disse-lhes: Não, irmãos meus! Ora, não façais semelhante mal; já que este homem entrou em minha casa, não façais tal loucura.24   Eis que a minha filha virgem e a concubina dele tirarei para fora; humilhai-as a elas e fazei delas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façais loucura semelhante.25   Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então, aquele homem pegou da sua concubina e lha tirou para fora; e eles a conheceram, e abusaram dela toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a deixaram.

O pai da concubina é um exemplo normal da hospitalidade do Oriente Médio.  Era importante prover uma completa hospitalidade não apenas para  os conhecidos, mas para aqueles estrangeiros que viesse a sua porta. Isto era especialmente necessário num tempo quando não havia hotéis. Todas as sociedades, culturas e religiões aceitavam isto. Então, era muito incomum que o levita e seus dois servos não encontrassem alguém que os recebesse. O que aconteceu com a decência da cidade? Isto representa uma quebra no acolhimento, mas também mostra algo pior que egoísmo e indiferença. O homem de Efraim diz: Paz seja contigo; tudo quanto te faltar fique ao meu cargo; tão somente não passes a noite na praça.(vs.20).  Ele sabia quão profundamente estava destruído o caráter em sua cidade. 

Há uma comparação com Genesis 19:1-11
Estrangeiros vem para a cidade, um bando de homens cerca a casa e querem ter um sexo grupal com eles.  Os hospedeiros imploram  para que os homens não queiram isto mas eles se recusam e o hospedeiro oferece alguma mulher da casa em troca. 

A diferença são: 

Em Sodoma,  sabemos que todos os homens da cidade era a multidão, enquanto que em Gibeá, apenas alguns homens da cidade (vs.22). Na casa de Ló, os anjos cegam os homens. Enquanto que os homens de Gibeá, eles tomam a concubina e a violentam.

O QUE FAZER COM OS PARALELOS?

A mensagem é clara. Os israelitas tiveram grandes privilégios que nenhuma outra nação na terra teve: os pactos de Abraão e Moisés, a lei e os profetas, o tabernáculo e as promessas, os atos poderosos de Deus para libertar do Egito e a arca da aliança. Ainda assim, os israelitas estão agindo como os cananeus e as nações pagãos que não receberam nada disso. Aqui está o fundo do poço da história de Israel.


JUIZES 19:25-30: Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então, aquele homem pegou da sua concubina e lha tirou para fora; e eles a conheceram, e abusaram dela toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a deixaram. 26   E, ao romper da manhã, veio a mulher, e caiu à porta da casa daquele homem, onde estava seu senhor, e ficou ali até que se fez claro. 27   E, levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e saindo a seguir o seu caminho, eis que a mulher, sua concubina, jazia à porta da casa, com as mãos sobre o limiar. 28   E ele lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos, porém não respondeu; então, pô-la sobre o jumento, e levantou-se o homem, e foi-se para o seu lugar. 29   Chegando, pois, à sua casa, tomou um cutelo, e pegou na sua concubina, e a despedaçou com os seus ossos em doze partes e enviou-os por todos os termos de Israel. 30   E sucedeu que cada um que tal via dizia: Nunca tal se fez, nem se viu desde o dia em que os filhos de Israel subiram da terra do Egito, até ao dia de hoje; ponderai isto no coração, considerai e falai.

POR QUE OFERECEM A MULHER? 

Talvez para honrar e respeitar seu visitante por ser um levita. Como notamos, os levitas eram separados por Deus  como seus representantes. É claro que o mal dos homens de Gibeá estava crescendo  por seu completo descaso com o status de seu visitante. E por que não ofereceram o homem servo do levita que também estava na casa. Eles queriam um homem. Não porque este incidente mostra que todos os homens consideravam as mulheres como propriedade. Isto é contrário a Gn 1:27. 

POR QUE ELA NÃO ENTRA NA CASA?

Uma possibilidade é que ela estava tão moribunda que não teve forças para entrar. Outra possibilidade é que ela ficou imobilizada por desespero e medo por aquilo que seu senhor fez.

O verso 25 não nos conta detalhes do horror daquela noite. Mas, o verso 26 nos mostra um quadro bem específico. Primeiro, ela cai na porta da casa. Depois, vemos que o levita dormiu enquanto ela era violentada e abusada, ele levantou de manhã. Terceiro, sabemos que ele abre as portas com as malas prontas para ir, para seguir seu caminho. E, quarto, sabemos que quando ele vê ela, ele sabe que ela não estava só dormindo e, é bem possível que ele tenha visto quão abusada ela foi. Quinto, sabemos que simplesmente fala para ela levantar e seguir como se fora um animal. Não há expressão de surpresa ou curiosidade nem mesmo simpatia ou compaixão. Sexto, aprendemos que ele mutila seu corpo morto e o corta em doze pedaços para inflamar o resto da nação contra os homens de Gibeá.

O levita quer vingança não por que amava a mulher ou pelo tratamento que deram a ela, ele está preocupado com a perda da propriedade. A resposta de Israel e do narrador no verso 30 mostra que ambos estão errados.



Então todos os israelitas, de Dã a Berseba, e de Gileade, saíram como um só homem e se reuniram em assembléia perante o Senhor em Mispá. Os líderes de todo o povo das tribos de Israel tomaram seus lugares na assembléia do povo de Deus, quatrocentos mil soldados armados de espada. ( Os benjamitas souberam que os israelitas haviam subido a Mispá. ) Os israelitas perguntaram: "Como aconteceu essa perversidade? " Então o levita, marido da mulher assassinada, disse: "Eu e a minha concubina chegamos a Gibeá de Benjamim para passar a noite. Durante a noite os homens de Gibeá vieram para atacar-me e cercaram a casa, com a intenção de matar-me. Então violentaram minha concubina, e ela morreu. Juízes 20:1-5

Israel se une desde Otniel, mas a união é por vingança e repugnância por algo feito por israelenses dentro de suas fronteiras, não porque ouviram a Deus ou para julgarem.


O relato do levita do que aconteceu é totalmente editado,  ele esconde as partes que o comprometem.  Exagera os malfeitores, dizendo que os homens de Gibeá fizeram o feito, não somente os de Belial, diz pretendiam matá-lo quando de fato queriam abusar dele. Ele omite que sacrificou sua concubina ao invés de lutar para protegê-la,  apenas reporta que a estupraram. Ninguém que ouve este relato conseguiria suspeitar que ele mesmo contribuiu para a morte da mulher.




Peguei minha concubina, cortei-a em pedaços e enviei um pedaço a cada região da herança de Israel, pois eles cometeram essa perversidade e esse ato vergonhoso em Israel. Agora, todos vocês israelitas, manifestem-se e dêem o seu veredicto". Todo o povo se levantou como se fosse um só homem, dizendo: "Nenhum de nós irá para casa. Nenhum de nós voltará para o seu lar. Mas é isto que faremos agora contra Gibeá: Separaremos, por sorteio, de todas as tribos de Israel, de cada cem homens dez homens, de cada mil homens cem, de cada dez mil homens mil, para conseguirem provisões para o exército poder chegar a Gibeá de Benjamim e dar a eles o que merecem por todo esse ato vergonhoso cometido em Israel".E todos os israelitas se ajuntaram e se uniram como um só homem contra a cidade. As tribos de Israel enviaram homens a toda a tribo de Benjamim, dizendo: "O que vocês dizem dessa maldade terrível que foi cometido no meio de vocês? Agora, entreguem esses canalhas de Gibeá, para que os matemos e eliminemos esse mal de Israel". Mas os benjamitas não quiseram ouvir seus irmãos israelitas. Vindos de suas cidades, reuniram-se em Gibeá para lutar contra os israelitas. Naquele dia os benjamitas mobilizaram vinte e seis mil homens armados de espada que vieram das suas cidades, além dos setecentos melhores soldados que viviam em Gibeá. Dentre todos esses soldados havia setecentos canhotos, muito hábeis, e cada um deles podia atirar uma pedra com a funda num cabelo sem errar. Israel, sem contar os de Benjamim, convocou quatrocentos mil homens armados de espada, todos eles homens de guerra. Juízes 20:6-17


Israel está unido em seu propósito de dar o troco. Mas, antes, eles enviam homens a Benjamin, perguntando sobre quem fez estes atos, para eliminar o mal de Israel.  Os de Benjamin não ouvem e se juntam aos homens de Gibeá somando 26 mil soldados para lutarem contra 400 mil israelitas.


Por que eles não entregaram os malfeitores?


Um ídolo que mais destrói a unidade humana é o ídolo da nossa consanguinidade, aquela atitude de minha familia, meu país. Benjamin recusa a dar a qualquer de fora o direito de julgar os homens de Gibeá. Eles colocam seus laços sanguíneos acima de uma ordem moral transcendente. 


O fracasso em obedecer a voz de Deus e conquistar Canaã leva agora a uma guerra civil.



A maior contribuição do livro de Juízes é a clara mensagem de que Israel necessitava de um Messias que estivesse presente e ativo... Israel, apesar de haver alcançado a herança prometida e de poder desfrutar de todos os benefícios dessa posse, ainda estava em extrema necessidade de um sacerdócio santificado, uma voz profética fiel e, finalmente, um servo real obediente (VAN GRONINGEN, Gerard. Messianic revelation in the Old Testament. Eugene: Wipf and Stock, 1990, p. 268)


Fonte

JUDGES FOR YOU de Timothy Keller

terça-feira, julho 21, 2015

Robert G. Hamerton-Kelly: Violência Sagrada - Paulo e a hermenêutica da Cruz


Notas de leitura

"A cruz é um símbolo de violência contra uma vítima, e a teologia cristã tornou a interpretação da cruz uma tarefa central." p. 48

"A violência  é, portanto, o relacionamento entre o desejo e o mediador-tornando-se-obstáculo (mediator-becoming-an-obstacle) durante o processo de desenvolvimento da rivalidade mimética, que é o processo do movimento dos planos relativos entre mediador e sujeito, mutuamente relacionados" - p. 57


"A violência, portanto, é a atualização da propensão mimética do desejo em direção à rivalidade, por meio de um processo no qual o mediador se transforma progressivamente em obstáculo. A violência é a extensão completa dessa deformação do desejo - do início em rivalidade ao clímax na execução da vítima substituta - não apenas a óbvia coerção física. É a energia mantenedora do sistema social. Ela assume formas muito mais sutis do que a mera força física" p. 58

"O nome dado a essa deformação do desejo é idolatria e seu antídoto é a fé no Deus invisível. Sua expressão ética é eros, cujo antídoto é agápe. Assim, quando descrevemos o desejo como deformado, fazemos um julgamento teológico à luz da graça em ágape" p. 59




domingo, julho 19, 2015

PROVA DE FOGO: Seção 2- Ele nos amou primeiro.



Como posso demonstrar amor a alguém que me rejeita constantemente?
- Você não pode amá-la pois não pode dar a ela aquilo que você não tem.
(trecho do filme)

Hoje em dia, as razões para a separação cada vez mais fáceis.  A pessoas buscam a dor do divórcio  como se fosse um chiclete que perdeu o sabor e virou borracha.




E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo; Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. Efésios 5:18-21

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros. Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.  Gálatas 5:13-26


CASAMENTO ESPIRITUAL


"Se eu tiver a expectativa de que meu casamento preencha o vazio espiritual do tamanho de Deus em meu coração, não serei capaz de servir ao meu cônjuge. Somente Deus pode preencher esse espaço que é do tamanho dele. Enquanto Deus não ocupar o devido lugar em minha vida, estarei sempre me queixando de que meu cônjuge não me ama, não me respeita e não me apoia como deveria" (Timothy Keller, Significado do Casamento, p. 89)


Antes de tudo, devemos nos lembrar que o casamento tem um aspecto espiritual.  Paulo em Efésios 5:18-21 nos coloca que antes de tudo, devemos ser cheios do Espírito Santo.  

Todo casamento vai precisar de algumas coisas que os cônjuges não podem dar. Em algum momento desta união, vão precisar ir até Deus para preencher o vazio que descobrem um no outro.

Se o casamento é um ambiente onde o amor não para, não será fácil criar este ambiente.



CASAMENTO GUIADO PELO ESPÍRITO.


SUJEIÇÃO MÚTUA


Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.



O propósito de sermos cheios do Espírito é para nos capacitar a vivermos uma vida de sujeição mútua no temor de Deus.  O casamento depende de que cada um abra mão de sua própria força e confiança, para sujeitar-se um ao outro num vínculo que vai além dos seus gostos e interesses pessoais. 

Busca a base no temor de Deus e a força no Espírito Santo.



É UMA ESCOLHA
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Gálatas 5:13,14


Quando somos libertos por Jesus, recebemos a liberdade de Deus para vivermos para a glória de Deus. O casamento é a liberdade para amarmos alguém de maneira mais profunda e completa como também é um lugar para satisfazer as necessidades de nossa vida: sexo, afeição, material, etc. 

Podemos usar essa etapa da vida para  dar ocasião à carne, aos nossos próprios desejos ou para servirmos uns aos outros em amor.


DOIS TIPOS DE VIDA
Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros. Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Gálatas 5:15-18

Temos diante de cada um de nós, dois tipos de vida. A vida segundo a carne e a vida segundo o Espírito. 

Não há meio-termo, estes caminhos se opõem um ao outro.

As escolhas são claras e as consequências também. 

Ou somos Espirituais ou Carnais.


O propósito de Deus não é, nem será jamais, reformar a carne mas sim destruí-la. O eu na carne deve ser destruído com a vida de Deus que o crente recebe na regeneração. (W. Nee)

A ESCOLHA DE VIVER POR SI E PARA SI.
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.   Gálatas 5:19-21

O que é ser carnal? 

Viver para a carne é viver uma vida buscando a alegria em si mesmo, sem se importar com o Espírito. 

Alguns procuram domar a carne ou tentam controlá-la.

"Todo dia preciso me reconhecer como morto pra essas coisas e vivo para Deus. Minha satisfação agora está nele somente, não importa quem me procure para fazer uma oferta. Acredito que é por causa do amor e da sua misericórdia que Deus permite esse teste contínuo no nosso viver. O desejo dele é que a certeza de nossa incapacidade de viver longe do Senhor se transforme em uma convicção muito profunda. Também deseja que refutemos a doutrina satanica que diz: Deus não é suficiente" (CARLOS MCCORD, A VIDA QUE SATISFAZ, p. 155)



A ESCOLHA DE VIVER PARA DEUS E POR DEUS.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros. Gálatas 5:22-26

"Ter o Espírito de Cristo significa que o Espírito Santo está habitando em você, que você não está mais na carne, mas no Espírito, que você nasceu de novo, é um novo homem, uma nova criação. O teste final e supremo é a sua relação com o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo- a sua relação com Ele, o seu conceito sobre Ele e a sua atitude para com Ele." (D. Martyn Lloyd-Jones Romanos: Os Filhos de Deus Exposição sobre Capítulo 8:5-17 Editora PEp. 95)


O fruto do Espírito é a semelhança de Jesus em nossa vida que manifesta através do amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. 


O crescimento espiritual é gradual, inevitável, interno  e simétrico.

Gradual: assim como um ser vivo que vai crescendo e amadurecendo 

Inevitável: haverá um crescimento,se alguém tem o Espírito Santo dentro da sua vida, e já crucificou nele sua velha vida na cruz de Cristo, uma nova vida e novos comportamentos irão surgir.

Interno: tendemos a ver os dons  como o sinal único da Obra do Espírito na vida de uma pessoa. Judas e o Rei Saul foram usados por Deus para profetiza, fazer milagres, mas não tinha os corações transformados pelo Espírito.  Muitos de nós confiamos em certos dons e habilidades que temos para tentar manter a felicidade, mas temos que buscar a maturidade

Simétrico: Paulo usa a palavra fruto no singular para descrever uma lista de características, ele nunca fala em frutos.  Porque o fruto real do Espírito e suas características crescem juntas.

Quando olhamos a lista de características, vemos que algumas somos melhores e outras nem tanto devido ao nosso temperamento natural ou nosso interesse pessoal. Mas, isto não é sinal de que é uma obra do Espírito Santo.

Quando realmente estamos com a vida sendo guiada pelo Espírito Santo, não vamos estar buscando o bem do outro por causa de :

DESEJAMOS SER ELOGIADOS (VANGLÓRIA)
PARA IRRITAR OUTRA PESSOA.
PARA PARECER MELHOR QUE OS OUTROS (INVEJA)


Uma vida guiada pelo Espírito tem BASE certa, MODO certo e OBJETIVO certo.

DESEJO DE AGRADAR A DEUS.
DESEJO DE SERVIR A OUTRA PESSOA.
DESEJO DE OUTROS MELHORAREM.


O FRUTO.


AMOR (agape): isto significa servir uma pessoa por causa do valor intrínseco dela, não pela vantagem que você pode ter. O oposto é o medo, a auto-proteção ou o abuso de pessoas. 

GOZO (chara): uma alegria em Deus em ver a beleza e o valor de quem Ele é. Seu oposto é desespero, é aquela alegria baseada apenas nas circunstâncias.

PAZ ( irene): significa uma confiança e um descanso na sabedoria e no controle de Deus ao invés do seu próprio. Seu oposto é ansiedade e preocupação.

PACIÊNCIA (markothumia): uma habilidade para encarar o problema sem explodir ou diminuir, não tendo ressentimento ou cinismo.

BENIGNIDADE (chrestotes): é a habilidade de servir aos outros de maneira que ficamos vulneráveis que vem de uma profunda segurança interna. Seu oposto é inveja, que não permite que nos alegremos com a felicidade dos outros.

BONDADE ( agathosune): zelo pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal, não é viver de modo hipócrita.

FIDELIDADE ( pistis): lealdade constante e inabalável, É diferente de ser oportunista, aquele que é amigo apenas em boas tempos.

MANSIDÃO (prautas): moderação, associada à força e à coragem, significa humildade. O oposto é aquela pessoa que se sente superior.

TEMPERANÇA (egkrateia): a habilidade de procurar o importante ao invés do urgente ao invés de ser impulsivo ou incontrolável, é o domínio sobre os nossos próprios desejos.


Crucificar a nossa natureza pecaminosa é dizer a Deus que o nosso coração tem seus falsos salvadores que precisam ser eliminados da nossa vida nova em Cristo. É olhar para Jesus somente e começar refletir o amor dele em todos os aspectos da nossa vida.

Devemos adorar a Cristo com a ajuda do Espírito Santo, adorando a Ele com seus coração  buscando em Deus mais beleza  que tudo que tenho. Enquanto faço isto, estou colocando a morte minha velha natureza, a carne, limpando o espaço para que o Espírito cresça e assim o fruto vai crescendo e me transformando.

"Paulo não cria uma represa contra o rio do prazer, ele cria um canal para ele. Ele diz: "maridos e esposas, reconheçam que no casamento vocês se tornaram uma só carne. Se vocês viverem para seu prazer particular à custo do seu cônjuge, vocês vão viver contra si mesmos e destruir seu prazer. Mas se vocês se dedicarem de  todo seu coração ao prazer santo do seu cônjuge, vocês estarão vivendo para seu prazer também e vivenciando o casamento de acordo com a imagem de Cristo e sua igreja". É isto o que Deus para o casamento: expor a glória de Cristo ao buscar seu prazer no prazer santo do seu amado"  John Piper, Plena Satisfação em Deus,  p. 69

terça-feira, julho 14, 2015

A ESTRANHA E COMUM FAMÍLIA DE MICA

O livro de Juízes se concentrou até agora nos tempos que Deus interveio para salvar Israel de seu declínio espiritual e queda na idolatria. Cada episódio da narrativa segue um padrão cíclico de rebelião, retribuição, arrependimento e resgate.  Vimos que a rebelião vai se aprofundando e cada vez mais há menos arrependimento. Como também, a salvação é tida com uma menor cooperação da parte dos israelitas. Finalmente, o último juiz, Sansão sozinho. 

Os quatro últimos capítulos parecem não seguir uma ordem cronológica. Eles relatam em mais detalhes como era a vida do povo de Israel durante o período de Juízes. 


QUEM É MICA?
Havia um homem chamado Mica, dos montes de Efraim, que disse certa vez à sua mãe: "Os treze quilos de prata que foram roubados de você e pelos quais eu a ouvi pronunciar uma maldição, na verdade a prata está comigo; eu a peguei".Disse-lhe sua mãe: "O Senhor o abençoe, meu filho!" (Jz 17:1-2)

Micá roubou três quilos (mil e cem moedas) de prata que sua mãe tinha acumulado. Ela não sabia que ele havia roubado isto, e então proclamou uma maldição sobre o ladrão. Ele, ouvindo a maldição, confessou que roubou de sua mãe e devolveu a quantia. 

E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Juízes 17:1,2
E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Juízes 17:1,2
E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Juízes 17:1,2
E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Juízes 17:1,2
E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Juízes 17:1,2
E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Juízes 17:1,2
O que isto nos conta sobre o caráter de Mica? Nos fala que ele não é nem uma pessoa ruim nem boa. Se ele fosse ruim, não devolveria o dinheiro. Se ele fosse bom, não teria roubado. Ele é um homem sem muita substância, uma pessoa de fraco caráter e sem princípios.

Nestes tempos, uma maldição era tomada a sério. Uma maldição bíblica era uma predição da quebra da lei que traria destruição. Mas no mundo pagão, a maldição tinha algo de mágico, isto é o padrão da família de Mica, a maldição, segue-se uma bênção.


COMO ERA ESTA MÃE?

De uma certa forma, ela era boa para perdoar. Ela imediatamente perdoa ele com uma bênção assim que recebe de volta seu tesouro. Mas, isto nos dá um vislumbre da razão do vazio de Mica. A rapidez da mudança da mãe sem qualquer processo ou limpeza para remover a infecção, não um processo de arrepedimento, apenas de medo em relação a maldição. Não existe uma análise de coração para discernir as razões e as motivações para o roubo e nem uma mudança humilde ou graça para mudar.

E havia um homem da montanha de Efraim cujo nome era Mica, 2   o qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa deitavas maldições e também as disseste em meus ouvidos, eis que esse dinheiro eu o tenho, eu o tomei. Então, disse sua mãe: Bendito seja meu filho do SENHOR. 3   Assim, restituiu as mil e cem moedas de prata à sua mãe; porém sua mãe disse: Inteiramente tenho dedicado este dinheiro da minha mão ao SENHOR para meu filho, para fazer uma imagem de escultura e de fundição; de sorte que agora to tornarei a dar. 4   Porém ele restituiu aquele dinheiro a sua mãe, e sua mãe tomou duzentas moedas de prata e as deu ao ourives, o qual fez delas uma imagem de escultura e de fundição, e esteve em casa de Mica. 5   E tinha este homem, Mica, uma casa de deuses, e fez um éfode e terafins, e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote. 6   Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos. 7   E havia um jovem de Belém de Judá, da tribo de Judá, que era levita e peregrinava ali. 8   E este homem partiu da cidade de Belém de Judá para peregrinar onde quer que achasse comodidade; chegando ele, pois, à montanha de Efraim, até à casa de Mica, seguindo o seu caminho, 9   disse-lhe Mica: De onde vens? E ele lhe disse: Sou levita de Belém de Judá e vou peregrinar aonde quer que achar comodidade. 10   Então, lhe disse Mica: Fica comigo e sê-me por pai e sacerdote; e cada ano te darei dez moedas de prata, e vestuário, e o teu sustento. E o levita entrou. 11   E consentiu o levita em ficar com aquele homem; e este jovem lhe foi como um de seus filhos.
E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica.
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho.
Assim restituiu as mil e cem moedas de prata à sua mãe; porém sua mãe disse: Inteiramente tenho dedicado este dinheiro da minha mão ao Senhor, para meu filho fazer uma imagem de escultura e uma de fundição; de sorte que agora to tornarei a dar.
Porém ele restituiu aquele dinheiro à sua mãe; e sua mãe tomou duzentas moedas de prata, e as deu ao ourives, o qual fez delas uma imagem de escultura e uma de fundição, que ficaram em casa de Mica.
E teve este homem, Mica, uma casa de deuses; e fez um éfode e terafins, e consagrou um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote.
Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem aos seus olhos.
E havia um moço de Belém de Judá, da tribo de Judá, que era levita, e peregrinava ali.
E este homem partiu da cidade de Belém de Judá para peregrinar onde quer que achasse conveniente. Chegando ele, pois, à montanha de Efraim, até à casa de Mica, seguindo o seu caminho,
Disse-lhe Mica: Donde vens? E ele lhe disse: Sou levita de Belém de Judá, e vou peregrinar onde quer que achar conveniente.
Então lhe disse Mica: Fica comigo, e sê-me por pai e sacerdote; e cada ano te darei dez moedas de prata, e vestuário, e o sustento. E o levita entrou.
E consentiu o levita em ficar com aquele homem; e o moço lhe foi como um de seus filhos.
Juízes 17:1-11

A mãe de Micá invoca o nome do Senhor (vs. 2-3), e aqui o nome invocado é o de Yahweh, não um deus pagão Dagon ou Baal. Eles adoravam ao Senhor pelo seu nome.

Ele estabelece um santuário (vs.5) tem tanto um efode - uma estola sacerdotal - e um sacerdote. Até mesmo mais tarde, houve um esforço para contratar um Levita para ser o sacerdote mostra que externamente eles estavam seguindo as regras básicas para adoração dadas pela lei mosaica.  Eles tinham um tabernáculo, um sacerdote levita e um efode.


COMO ISTO CONTRADIZ A LEIS DE DEUS?

Primeiro, a mãe de Mica mostra sua gratitude para Deus criando dois ídolos (vs.4).  Isto é um flagrante desrespeito ao segundo mandamento - Ex 20:4-5, Dt 4:16-. onde Deus não permite que se faça imagem dele. Deus diz que não deve ser adorado uma forma criada e moldada. No Santo dos Santos, acima do trono de Deus, a arca da aliança, existe nenhuma imagem ou estátua ou algo que se aparenta como Deus. Mas, a mãe de Mica está sendo incongruente. Isto demonstra quão vazia a religião em Israel se tornou. 

Em adição, Mica colocou este altar em seu lar.  Deus não permite que os israelitas adorarem a Deus no lugar onde eles querem, mas Mica coloca faz um santuário para sua própria conveniência. Isto nos mostra que a religião de Israel se tornou algo de conveniência pessoal.

Mica faz de seu filho um sacerdote. De novo, isto contradiz a revelação mosaica que diz que apenas a tribo de Levi poderia dar os sacerdotes. Mica e sua mãe, contudo, querem levantar sua família para o sacerdócio. Quando um levita vem junto a eles, eles consideram uma ascensão - vs. 7-13, porque eles conheciam a lei mosaica. Isto nos mostra que eles consideravam a obediência a lei de Deus como opcional.

Todos estes são maneiras diferentes de violar um princípio fundamental, a fé de Israel é uma fé revelada em que Deus revela a si mesmo na sua Palavra, não a descobrimos através de nossa razão ou experiência.  Em resumo, Deus diz, me adore como eu sou, não como você quer que eu seja.  Me adore como meu coração direcione,  e não como seu coração dirige. A família de Mica molda um Deus que é conveniente para adorar. Eles seguem as leis que querem e ignoram as que não querem.

 O primeiro dos 10 mandamentos nos proibe de adorar outros deuses, mas o segundo nos proibe de adorar a Deus por imagens que fazemos. Qual é a diferença?


A diferença entre adorar imagens dos outros deuses e adorar Deus com imagens?  No primeiro, a idolatria é bem clara, mas no segundo a coisa é mais sútil, fazemos Deus de acordo com os nossos deuses internos.  Eles gostam de Urim e Tumim, para saber sim ou não, mas não gostam da ideia de que existe apenas um éfode e um santuário central. 


 O Catecismo Maior de Westminster nos explica o segundo mandamento:

Os deveres exigidos no segundo mandamento são - o receber, observar e guardar, puros e inalterados, todo o culto e todas as ordenaças religiosas que Deus instituiu na sua Palavra, especialmente a oração e ações de graças em nome de Cristo; a leitura, a prédica, e o ouvir da Palavra; a administração e a recepção dos sacramentos; o governo e a disciplina da igreja; o ministério e a sua manutenção; o jejum religioso, o jurar em nome de Deus e o fazer os votos a Ele; bem como o desaprovar, detestar e opor-nos a todo o culto falso, e, segundo a posição e vocação de um, o remover tal culto e todos os símbolos de idolatria.

Cada cultura luta com o Deus bíblico de formas distintas,  porque Deus contradiz cada sociedade e cada coração de maneiras diferentes. As culturas antigas eram supersticiosas e mágicas, Deus as contradiz ao mostrar que ele não deveria ser adorado como um deus da casa ou através de encantos mágicos. 

O verso 13 nos mostra que o alvo ultimo da religião: Então, disse Mica: Agora sei que o SENHOR me fará bem, porquanto tenho um levita por sacerdote.  Em outras palavras, o propósito desta religião é ter acesso a Deus para ter algo dele para aquilo que queremos. O alvo da verdadeira fé é dar acesso a Deus para que ele nos dê o que ele quer... O propósito da religião é ter Deus para servir você, o propósito da fé no evangelho é ter um coração para servi-Lo. O alvo da religião idolátrica é sempre controlar Deus e assegurar seu favor apertando os botãos certos. 

Os versos 4 e 5 mostra que eles estavam procurando comprar o favor de Deus com sua boas obras e atividades. 

O verso 6 nos mostra o padrão para este comportamento e prática,  cada um faz o que é certo aos seus próprios olhos.  O padrão para o que era certo e o que estava errado era suas próprias sensibilidades, sentimentos e experiência. Em outras palavras, eles estavam julgando a Deus a partir de sua própria experiência, ao invés ao julgar sua própria experiência a partir de Deus.  

Já que na religião nos colocamos como nossos próprios salvadores, também nos colocamos como nossos próprios senhores. A religião está centrada no eu, e como Deus pode me dar aquilo que eu sei que é bom e direito.


 Why did a Levite, a man charged with teaching and maintaining the law, consent to serve a group of sacred images? Why did Micah set them up in the first place, and why did the Danites jump at the chance to steal them for themselves? The answer almost certainly is that popular religion, the religion of the local villages, was not the pure monotheism required by the law at Sinai. Recent excavations at Tell Qiri, a settlement dating to the period of the judges, revealed a similar household shrine with incense burners and a large number of animal bones. A substantial percentage of the bones proved to be the right foreleg of goats. This is reminiscent of the law in Exod 29:22, which calls for the sacrifice of the “right thigh” of the ram. (Manners & Customs of the Bible, p.76)

O CORAÇÃO DA MÃE

A mãe de Mica promete todo seu dinheiro para o Senhor, mas guarda a maioria para si (vs.4).  Isto mostra que ela não tinha Deus como soberano de sua vida.  Vemos que no verso 3, ela consagra toda a soma para Deus, mas ela apenas usa 2/11 para adorar e guardar o resto para si (vs.4). Isto é hipocrisia.  

Da mesma maneira, muitas pessoas usam uma linguagem religiosa, falando sobre Deus e Jesus como Senhor, mas na realidade, eles obedecem apenas em alguns setores das suas vidas, preservando outras áreas em que vivem como querem. Isto, algumas vezes, pode ser pura hipocrisia, mas é normalmente é uma falha  em pensar as implicações do evangelho para cada area da vida.  Em Galatas 2:14, Paulo confronta Pedro sobre sentimentos racistas. 


O POVO DE DÃ

Juízes 18:1-2: Naqueles dias, não havia rei em Israel, e nos mesmos dias a tribo dos danitas buscava para si herança para habitar; porquanto até àquele dia entre as tribos de Israel lhe não havia caído em herança bastante sorte.  E enviaram os filhos de Dã da sua tribo cinco homens dos seus confins, homens valorosos, de Zorá e de Estaol, a espiar e rastejar a terra; e lhes disseram: Ide, rastejai a terra. E vieram à montanha de Efraim, até à casa de Mica, e passaram ali a noite.

Quem é Dã? O escritor de Juízes já nos respondeu isto no começo do livro. Dã tinha recebido uma parte específica de Canaã. Sua herança foi prometida em Js 19:40-46. E Deus disse a todo Israel que se eles obedecessem e o amassem  e se lutassem corajosamente, ele iria expulsar os cananeus diante deles (Js 23:4-11).  Mas, em Jz 1:19-36 nos conta que várias tribos de Israel falharam em cumprir esta obrigação. 

Dã, contudo, foi diferente, vemos em 1:34 que eles falharam na sua obrigação militar, nem conseguiram entrar na terra. Foram forçados a viver numa vida semi-nomadismo nas montanhas. 

Os homens de Dã são como Mica. Primeiro, eles desobedecem a Deus. Segundo, ele mostra nos versos 5-6 e 14-2 uma visão idolatra, supersticiosa de Deus. Eles querem ser guiados e abençoados, mas esperam encontrar isto através da atividade religiosa ao invés de arrependimento e graça. 

Nos versos 7-10, eles encontram uma boa terra onde podem ficar por suas próprias forças, sem precisarem de Deus. Os danitas que recusavam ouvir a Deus, decidem que seu Deus os abençoou e vão para tomar a terra (vs. 10-12)

No caminho, eles passam pela casa de Mica. Acreditam que a estátua é um sinal divino, e a tomam por especial (vs. 15-18). O levita que lá está diz que está disposto a ser sacerdote de todos eles ao invés de uma casa apenas. É uma grande promoção para um homem que estava vagando sem casa. Feliz, ele se junta aos danitas (vs. 20)

Vemos que o levita serve apenas a si mesmo. Ele serve a quem o pagar, fala ao povo o que eles querem ouvir e se move por coisas que o impressionam.  Suas decisões são movidas por auto-interesse


Ele respondeu: "Vocês estão levando embora os deuses que fiz e o meu sacerdote. O que me sobrou? Como é que ainda podem perguntar: ‘Qual é o seu problema? ’ " Os homens de Dã responderam: "Não discuta conosco, senão alguns homens de temperamento violento o atacarão, e você e a sua família perderão a vida". E assim os homens de Dã seguiram seu caminho. Vendo que eles eram fortes demais para ele, Mica virou-se e voltou para casa. Juízes 18:24-26

Mica e seus vizinhos vão a guerra contra os danitas por causa dos deuses e do sacerdote.  Tudo que ele confiava era nas coisas e não em Deus. 

No final, a religião feita pelo homem vai desapontar. Aquilo que colocamos como o nosso deus- dinheiro, prazer, poder- não vai dar o que queremos. A pessoa que coloca isto como alvo vai terminar sendo bloqueada por alguém ou algo mais forte que ela para ser abençoado,


Os versos 25-31 nos mostram o desejo claro por poder pessoal como o fundamento de tudo que fazem.


E os filhos de Dã levantaram para si aquela imagem de escultura, e Jônatas, filho de Gérson, o filho de Manassés, ele e seus filhos foram sacerdotes da tribo dos danitas, até ao dia do cativeiro da terra. Assim, pois, a imagem de escultura, que fizera Mica, estabeleceram para si, todos os dias que a casa de Deus esteve em Siló  (Jz 18:30-31)

É chocante percebemos que o levita que participa de tudo isto é o neto de Moisés. 

A história nos dá um grande exemplo da banalidade do mal. O mal não faz as pessoas incrivelmente ruins e violentas, mas ele nos deixa vazios.  São homens guiados pelos desejos de ganho ou poder, pelos medos e raivas, que nada escolhem por si mesmos.