As dinâmicas da renovação espiritual.
Richard F. Lovelace.
Parte 1 Dinâmicas de Renovação
1. Modelos Biblicos de renovação
Modelo cíclico
1. O aparecimento de uma nova geração, 2. A apostasia e aculturação popular, 3. O sofrimento nacional, 4. O arrependimento popular e a oração desesperada e 5. O surgimento de nova liderança e restauração- acontece nos mandatos de Otoniel – Jz.3:7-11 -, Eúde e Sangar-Jz. 3:12-31-.
A compreensão de Jonathan Edwards é que “o reino de Deus é como um circulo de luz em expansão na escuridão do mundo, que, alternadamente, encolhe em períodos de declínio e se expande pulsando numa circunferência cada vez maior” (p.32)
“O cristianismo vital tem sido como um córrego fino de água que por vezes corre subterrânea, para, depois, emergir de novo e se alargar como um rio represado, exapandindo durante despertamentos para formar um reservatório que refresca e transforma um cultura por uma geração” (p. 38).
Pré-condições para a renovação continua
a. Percepção da santidade de Deus- Sua Justiça e Seu amor.
b. Percepção da profundidade do pecado – em sua própria vida e em sua comunidade.
Elementos primários da renovação.
a. Justificação : você é aceito.
b. Santificação: você está livre do jugo do pecado
c. O Espírito que o habita: você não esta sozinho.
d. Autoridade em conflito espiritual: você tem autoridade
Tudo isto em Cristo.
Elementos secundários da renovação.
a. Missão – Seguindo Cristo ao entrar no mundo, na proclamação- apresentando seu evangelho em demonstração social.
b. Oração- expressando sua dependência do poder de seu Espírito- individualmente e coletivamente.
c. Comunidade- estar em união com seu corpo- em microcomunidade e em macrocomunidade.
d. Desculturação- estar liberto de amarras culturais- destrutivas ou protetoras.
"Os crentes são, portanto, cobertos pela justiça perfeita de Cristo que lhes é atribuída na justificação: fortalecidos pelo poder da vida de Cristo, pela morada interior do Espírito, e equipados com a autoridade de Cristo no resistir, expor e expulsar as forças das trevas" (p.42)
"A aceitação de Cristo e apropriação de cada elemento na redenção dependem da percepção da santidade de Deus e da convicção da profunidade do nosso pecado" (p. 47)
Antigo e Novo Testamento.
" O Antigo Testamento precede o Novo Testamento por um motivo espiritual importante. Como Lutero disse: "A fome é o melhor cozinheiro", e a obra da lei do Antigo Testamento, como os puritanos a chamariam, foi designado para despertar a fome de todas as dimensões da redenção. A experiência do povo de Deus sob a Antiga Aliança foi um tutor para Cristo, e o grau de vitalidade espiritual presente entre os israelitas era diretamente proporcional ao seu temor do Senhor e no arrependimento (...) Os israelitas, cujo coração estava assim preparado pela aplicação da lei, estavam especialmente sintonizados com a importância dos sacrifícios. Portanto, foram capazes de reconhecer o Cordeiro de Deus quando ele veio e foram avivados por seu ministério" (p. 48)
Conhecer a Deus e nos conhecermos.
São condições da vida espiritual porque o avivamento compreende despertamento: a ligação é tão forte que os termos são usados como sinônimos neste livro. Aquilo para o qual os homens acordam na luz de um avivamento, é sua própria condição e a natureza do verdadeiro Deus.
Justiça e Amor.
"a tensão entre a justiça santa de Deus e a misericórdia compassiva não pode ser resolvida legitimamente ao se remodelar o caráter dele e transformá-lo numa imagem de pura benevolência, como a igreja fez no sex. XIX. Só há uma maneira de remover esta contradição: através da cruz de Cristo que revela a severidade da ira de Deus contra o pecado e a profundidade de sua compaixão em pagar a penalidade desse pecado, por meio do sacrifício vicário de seu Filho" (p.53)
A Carne
Lutero tinha razão, o que existe por trás de todas as outras manifestações do pecado é uma incredulidade compulsiva- nossa escuridão voluntária a respeito de Deus, de nós mesmos, do relacionamento dele com o mundo degradado e seu propósito remidor. Por essa razão, a entrada numa nova vida espiritual e o desenvolvimento dela envolvem romper com essa nossa esfera de escuridão da fé arrependida na verdade remidora. Se a queda ocorreu por abraçar mentiras, o processo para recuperar a salvação precisa, na verdade, concentrar-se na fé para reverter essa condição (p. 57)
O Mundo
(...)o que se compreende é o sistema total da carne corporativa, operando na Terra sob controle satânico, com todos os seus incentivos de recompensa e coibições para perdas, suas configurações comportamentais características, e suas estruturas, métodos, alvos e ideologias anticristãos. É, em grande parte, idêntico ao símbolo bíblico da meretriz Babilônia e da Cidade do Homem de Agostinho.
Visto que somos inextricavelmente comprometidos com o pecado coletivo, pela nossa participação em nações e instituições, não há como evitar a implicação na culpa do mundo decaído, pois santos bíblicos confessam pecados de sua comunidade juntamente com os pecados que cometeram pessoalemente ( Ed. 9:5-15, Ne 1:4-11, Dn 9:3-19).
Expiação
a expiação substitutiva é o cerne do evangelho, justamente porque dá a resposta ao problema da culpa, escravidão e alienação de Deus
Justificação
justificação (a aceitação de crentes como justos à vista de Deus pela justiça de Jesus Cristo lançada em seu favor) e santificação ( progresso em santidade real expressa em suas vidas)
"Muitos outros têm um compromisso teórico com essa doutrina, mas no dia-a-dia confiam em sua santificação para a justificação, à maneira agostiniana, baseando sua segurança de serem aceitos por Deus por meio da sua sinceridade, de sua experiência de conversão no passado, de seu desempenho religioso recente, ou da relativamente infrequente desobediência consciente, proposital .São poucos os que sabem o bastante para começar cada dia com uma posição como a de Lutero: você é aceito, olhando para fora, em fé, e reivindicando toda a justiça completamente alheia, isto é, de outrem, de Cristo; como base única da aceitação, descansando nessa qualidade de confiança que produzirá cada vez maior santificação à medida que a fé atua em amor e gratidão
(...)
Uma consciência que não é plenamente iluminada para ver tanto a seriedade de sua condição perante Deus como a grandeza da provisão misericordiosa da redenção de Deus, inevitavelmente acabará presa da ansiedade, do orgulho, da sensualidade e de todas as outras expressões de desespero" (p. 70)
Santificação
"Ter fé é receber a Palavra de Deus como verdade e descansar sobre ela em confiança dependente, arrepender-se é ter uma nova disposição mental para com Deus, para si mesmo, para com Cristo e com o mundo, entregando o coração a uma nova obediência a Deus" (p.71)
Uma fé não-arrependida é uma crença teórica que se origina fora da esfera da iluminação do Espírito, num coração que ainda está no escuro com respeito à sua própria necessidade, à graça e à grandeza de Deus.
"Como Romanos 6 esclarece, o alicerce da santificação é nossa união com Cristo em sua morte e ressureição, na qual a velha natureza foi destruída e uma nova natureza foi criada com o poder de crescer em novidade de vida. O Espírito Santo começa, na regeneração, a aplicar essa obra completa na vida do crente e continua a fazer isso numa esfera progressivamente maior de renovação da personalidade. Essa renovação será completa só na ressureição final". (p. 73)
Regeneração
"A regeneração é o recriar da vida espiritual naqueles que estão mortos em transgressões e pecados (Ef. 2:1). Ocorre nas profundezas do coração humano, nas raízes do consciente, infundindo nova vida que é capaz de percepção espiritual e reação/resposta, e que não é mais separado da vida de Deus (Ef. 4:18). Os efeitos conscientes da regeneração se resumem na conversão, a resposta de voltar-se para Deus em fé arrependida que acompanha o ouvir do evangelho. Nossa tarefa como evangelistas é, pois, a de parteiras, e não a de pais. Não é responsabilidade nossa tornar as pessoas regeneradas, mas é tarefa nossa apresentar um testemunho coerente na vida e na palavra e apelar por um compromisso com Cristo, confiantes no reconhecimento interior que suas ovelhas ouvirão sua voz e o seguirão, porque o Espírito dele abrirá seus corações para que assim façam". (p.77)
"A anestesia da graça é necessária no processo de cura da santificação, juntamente com o ministério cirúrgico da lei. Por esta razão, muitas áreas da igreja que contêm muito falatório e esbravejado, expondo pelo menos as superfícies do pecado estão cheias de pessoas desesperadamente ansiosas e amarguradamente briguentas. A lei sem graça provoca o pecado, ao mesmo tempo em que expõe e o agrava assumindo algumas de suas expressões mais feias". (p.83)
Santificação e graça
"O poder que o pecado tem de dominar a vida dos crentes foi destruído na cruz de Cristo; nós já morremos com Cristo, e fomos erguidos junto com ele em novidade de vida. Sendo assim, não nos cabe propor as estimativas de nosso poder de vencer o pecado, segundo experiências passadas de nossa força de vontade, mas, ao contrário, cabe-nos fixar nossa atenção em Cristo e no poder de sua vida resurreta da qual participamos; porque nós morremos, e nossa vida está oculta com Cristo em Deus" (p.85)
Espírito Santo que habita o interior
"O principal trabalho do Espírito ao aplicar a redenção está em fazer-nos santos, e ser enchidos com o Espírito simplesmente significa ter todas as nossas faculdades sob seu controle, em vez de sob o controle do pecado" (p. 96)
Dons do Espírito Santo.
"Esse conceito de doação espiritual salienta o fato de que todos os dons e graças são manifestações do amor e poder de Jesus Cristo, brilhando através da experiência humana, para incentivar e iluminar seu povo" (p.99)
Comunidade dos Crentes
"Á medida que a igreja de desenvolvia, esse papel passivo no culto tornou-se mais uma vez a experiência normal do povo de Deus. A graça materializava fora do corpo dos crentes, especificamente no clero e no sistema sacramental, e sua entrada em cada vida tornava-se uma questão entre o indivíduo e a igreja, que não era mais vista como a comunidade dos santos"
"Nas igrejas reformadas tradicionais, a vida da igreja local tornou-se a única forma de comunidade normalmente disponível aos crentes. Logo ficou aparente que não era suficiente. Ensino e comunhão mais intensos eram necessários para transformar a massa de leigos não doutrinados em paróquias espiritualmente vivas. No prefácio de seu livro sobre o assunto, The German Mass, Lutero sugeriu uma forma pela qual a igreja poderia ser transformada era através de ecclesiolae in ecclesia, pequenas igrejas dentro da igreja, constituídas de grupos de leigos sinceros e motivados a buscar, reunindo-se para oração e instrução nos lares" (p.141)
Santa Ceia
"Eu creio que uma vota a uma visão mais forte da Ceia, e a Comunhão mais frequente defendida pelos reformadores seria de imenso auxílio à vida espiritual do protestantismo (...) Isso é verdade porque o servir da Comunhão é a incorporação mais gráfica dos elementos primários da renovação espiritual assegurada na morte e ressureição de Cristo, especialmente sua obra justificadora por nós e sua santificadora em nós, mais concreta possível. Também indica e celebra a comunhão dos santos um com o outro. Ao mesmo tempo, é a perfeita realização e extensão da páscoa judaica e dos sacrifícios da Antiga Aliança" (p. 147)
Integração Teológica
"O processo de integração teológica é abreviado e a vitalidade da operação do Espírito Santo, na mente da igreja, se reduz, quando as palavras de homens são recebidas com se fossem a Palavra de Deus sem que fossem testadas biblicamente, ou quando a Palavra de Deus é recebida como se fosse só palavras de homens"
Renovação da Congregação Local.
Renovação Individual
" O lugar inicial para a renovação, na maioria das congregações é o ministério da pregação e ensino que enfatiza os elementos primários da dinâmica espiritual: proclamação do evangelho em profundidade. O objetivo do pastor deve ser encorajar cada membro da igreja uma resposta de fé inteligente, reivindicando aas provisões da obra redentora de Cristo; colocar-se diariamente sobre as quatro plataformas: Somos aceitos, somos libertados, não estamos sozinhos e temos autoridade". (p.188)
Pregação e ensino para a renovação individual
"Igrejas que foram alimentadas com uma dieta pessada de terrores legais ou moralismo terão de receber uma mensagem com uma forte ensase positiva na graça de Deus na linha da tradição luterana, antes de serem conduzidas a um exame mais profundo dos antecedentes mais escuros ou mais apavorantes do evangelho que lhe dásentido. As igrejas que foram criadas com graça barata podiam se ver às voltas com a abordagem típica puritana, a apresentação da majestade de Deus e um penetrante trabalho "jurídico", levando à convicção do pecado que despertará uma fome do evangelho e uma apreciação plena da obra salvifíca de Cristo. Mas, isto poderia criar um sério problema de credibilidade entre o pregador e seu público,uma vez que tal pregação pudesse ser extinta, a não ser no avivalismo de outros tempos. Provavelmente, a fórmula de Concord luterana estivesse correta ao recomendar que uma explanação completa da graça preceda a pregação da lei, a fim de estabelecer na igreja suficiente confiança, para que ela possa ser levada à luz plenamente" (p.189)
"Todos nós inevitavelmente tendemos a presumir de modo automatíco, que somos justificados pelo nosso nível de santificação e, quando se adota esta postura, voltamos nossa atenção não para Cristo, mas para a adequação de nossa própria obediência. Começamos cada cida com nossa segurança pessoal descansada, não no amor receptivo de Deus e no sacrifício de Cristo e, sim, em nossos sentimentos atuais ou realizações recentes na vida cristã. E como esses argumentos não tranquilizam a consciência humana, somos levados ao desânimo e à apatia, ou então a uma justiça própria que falsifica a informação para atingirmos um sentimento de paz.
"Como diz P.T. Forsyth : "É um item de fé que somos filhos de Deus, há bastante experiência em nós contra isto". A fé que vence essa evidência e é capaz de se aquecer fogo do amor de Deus, em vez de ter que roubar o amor e auto-aceitação de outras forntes, é realmente a raiz da santidade:
é um erro fatal pensar em santidade como posse, distinta de nossa fé... a fé é a mais alta de todas as formas de nossa dependência de Deus. Nunca a superamos por crescimento... Qualquer outro fruto do Espírito que mostremos, crescem sobre a fé, e fé que seja, por natureza, arrependimento...Toda experiência cristã é uma experiência de ter fé, isto é, é uma experiência daquilo que não temos...Não somos salvos pelo amor que exercemos e, sim, pelo amor em que confiamos"
"A fé justificadora e santificadora envolve morte e ressureição para o crente, envolve ser nascido de novo. Todo pastor que visa a uma congregação renovada deve procurar trazer cada membro para a luz, com respeito à profundidade de sua necessidade de apropriar-se da obra justificadora e santificadora de Cristo, por meio de uma resposta de fé" (p.191-192)
"(...) a exigência de santificação se torna parte da boa nova, pois apresenta compreensão da escravidão que distorceu nossas vidas e da promessa de libertação para uma vida de liberdade e beleza, capacitada pelo Espírito. Ministérios que atacam apenas a superfície do pecado e deixar de basear o crescimento espiritual na união do crente com Cristo produzem a justiça própria ou o desespero, e ambos são condições inimigas para a vida espiritual". (p.193)
Aconselhamento.
"tal aconselhamento (noutético) opera com o modelo pelagiano da vida cristã comum no evangelicalismo moderno, presumindo que problemas de pecado são apenas configurações de hábitos de desobediência que pode ser quebrados aplicando-se força de vontade num processo com o qual não se está habituado" (p.200)
"Os crentes não podem conhcer o Espírito Santo plenamente a não ser que estejam seguros em sua posição de filho por adoção, contendendo com o Espírito contra sua carne, e que sejam capazes de discernir e resistir a forças espirituais que se opõem. Qualquer investida contra os poderes das trevas é inútil, naturalmente, sem o uso de toda a armadura da retidão justificadora e santificadora e sem a dependência vital do Espírito" (p.201)
"Se o aconselhamento não for teonomo, fundamentado na percepção da Palavra e do Espírito de Deus do próprio orientado, ele não traz renovação espiritual, mas uma condição de escravidão e dependência de outros seres humanos.
Renovação coletiva ou individual
"Em ordem de importância, a realização do conceito de Lutero, do sacerdócio de todos os crentes aparece em primeiro lugar. Um dos temas mais claros da história dos despertamentos é a importância crescente de liderança leiga na vida da igreja. Mas ainda é verdade que o modelo de vida congregacional na mente da maioria do cleo e dos leigos, é aquele em que o ministro é um superastro pastoral dominante, que se especializa nos interesses espirituais da comunidade cristã, enquanto que os leigos constituem os espectadores, críticos e recipientes de cuidado pastoral, livres para se ocuparem de seus próprios negócios, porque o pastor está cuidando dos negócios do reino" (p.204)
"Uma segunda área importante de renovação espiritual necessária, dentro da congregação local, é a formação e o fortalecimento de subcomunidades nucleares dentro da comunidade da igreja maior (...) A microcomunidade mais natural na igreja é o lar cristão, e os pastores devem trabalhar para edificar essa unidade para que tenha a força funcional que gozava no puritanismo."
"Sem tais mecanismos para o intercambio de graça e movimento de caminhar da verdade conhecida para ação, o modelo semanal de frequencia nos cultos de domingo pode se tornar uma rotina paralisada, consistindo de recebimento passivo da verdade que nunca se transforma em oração e trabalho em prol do reino" (p.206-207)
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