quarta-feira, junho 25, 2014

Romanos 1:1-17: Introduzindo o Evangelho




ROMANOS 1:1-17: Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus, 1.2   o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, 1.3   acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, 1.4   declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, — Jesus Cristo, nosso Senhor, 1.5   pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, 6   entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo. 7   A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.  8   Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.  9   Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, 10   pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. 11   Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, 12   isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha. 13   Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios. 14   Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. 15   E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma. 16   Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. 17   Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.



Esta carta e verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro. É de grande valor para um Cristão não somente para memorizar palavra por palavra, mas também para o ocupar com isso diariamente, como se fosse o pão diário da alma. É impossível ler ou meditar nesta carta {tão pouco}. Quanto mais alguém lida com ela, mais preciosa ela se torna e melhor ela saboreia. Por esta razão, eu quero completar meu serviço e, com este prefácio, prover uma introdução para a carta, a medida que Deus me dá habilidade, de maneira que qualquer um possa obter o mais profundo entendimento dela. Até agora ela tem sido escurecida{colocada em trevas} pelas interpretações [notas de explicação e comentários que acompanham o texto] e por muitos um comentário sem uso, mas está dentro dela própria uma luz resplandecente, quase resplandecente o suficiente para iluminar toda a Escritura. ( MARTINHO LUTERO, Prefácio à Carta de Romanos)



Romanos é uma carta sobre o Evangelho, foi escrita por um homem que teve a vida e a obra envolvida pelo Evangelho, mostrando a diferença que traz e faz o evangelho.Sem surpresa, o começo desta carta já fala do Evangelho.


SEPARADO PELO EVANGELHO (Rm 1:1).


Paulo se coloca como servo (escravo) de Jesus Cristo. Ele está sob a autoridade do seu Mestre. 


Ele também é um apóstolo, um enviado por Jesus para pregar o Evangelho para os gentios.  Em Atos 9:1-15, lemos sobre esta chamada de Jesus.


Na igreja primeva, alguns discordavam do apostolado de Paulo. Por que?


Paulo era um perseguidor dos cristãos, então para alguns que não aceitavam sua mensagem, ele não poderia ser considerado como um dos apóstolos.


Outra razão é que para ser considerado um apóstolo, teria de ser alguém que fosse uma testemunha ocular da vida de Jesus 



Atos 1:21-26 É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição. Então, propuseram dois: José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias. E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido para preencher a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar. E os lançaram em sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com os onze apóstolos.

Mas, Paulo recebeu seu testemunho acerca de Jesus do próprio Senhor. Como vemos em Gálatas:

Gl 1.18-24:  Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze dias. 1.19   E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. 1.20   Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. 1.21 Depois, fui para as partes da Síria e da Cilícia. 1.22   E não era conhecido de vista das igrejas da Judeia, que estavam em Cristo; 1.23   mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia, agora, a fé que, antes, destruía. 1.24   E glorificavam a Deus a respeito de mim.

O EVANGELHO DE DEUS (Rm 1:2-4).

"O recado que Paulo tem para entregar é o “Evangelho de Deus”; é transmitir aos homens a inaudita, boa e alegre verdade de Deus! Justamente de Deus! Não se trata de mensagem religiosa, ou de notícia ou instrução sobre a divindade ou a divinização do homem, mas da mensagem de um Deus totalmente diferente do qual o homem, como tal, nunca virá a ter conhecimento, ou ter parte, mas de quem, por isso mesmo, vem a salvação; não é algo a ser entendido diretamente, uma coisa a ser compreendida, de uma vez, entre as demais coisas, mas é a Palavra sempre nova que precisa ser percebida sempre de novo, com temor e tremor; é a Palavra sempre reiterada, da origem de todas as coisas." (KARL BARTH, COMENTÁRIO DE ROMANOS,p. 28)

O Evangelho não é uma construção do apóstolo Paulo, mas é algo que ele recebeu de Deus. O Evangelho também não são bons avisos, mas são as boas novas daquilo que Deus fez por nós em Jesus Cristo.

O versículo 2 fala que foi prometido pelos seus profetas nas Sagradas Escrituras. Toda a Bíblia fala a respeito de Jesus.  O Evangelho não é um conceito, mas é uma pessoa.



Jesus é o verdadeiro Adão, que passou no teste do Jardim.


Jesus é o verdadeiro Abel, cujo sangue verteu para a salvação.
Jesus é o verdadeiro Abraão, que respondeu ao chamado de Deus, deixando seu lar, para fazer um novo povo.
Jesus é o verdadeiro Isaque, que foi sacrificado por seu Pai, e agora sabemos que Deus nos ama.
Jesus é o verdadeiro Jacó, que foi ferido por Deus para que possamos ser abençoados.
Jesus é o verdadeiro José, que está à direita do Rei e intercede por nós que o lançamos a morte


O conteúdo do Evangelho é o Filho de Deus.

Totalmente homem (nascido da descendência de Davi (vs.3))

Aquele que cumpre as promessas das Escrituras. 

2Sm 7:11-16:   desde o dia em que mandei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel. A ti, porém, te dei descanso de todos os teus inimigos; também o SENHOR te faz saber que o SENHOR te fará casa. 12   Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então, farei levantar depois de ti a tua semente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. 13   Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre. 14   Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens. 15   Mas a minha benignidade se não apartará dele, como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. 16   Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre.

Totalmente Deus ( "declarado com poder para ser Filho de Deus pela ressurreição da morte" (vs.4)

Paulo aqui não está dizendo que Jesus apenas se fez Deus após levantar da tumba. Ao invés disso, Ele está dizendo que a tumba vazia é uma grande declaração de quem Jesus é. Sua ressurreição remove toda a dúvida sobre que Ele é o Filho de Deus.  E sua ascensão demonstra que agora Ele está junto ao Pai (Ef 1:19-22) com poder.


Por isto, Ele é o nosso Senhor, que governa sobre tudo.

A OBEDIÊNCIA PELA FÉ. (Rm 1:5)


Paulo diz que recebeu o apostolado e a graça através de Jesus, para a obediência da fé. Na versão NVI, o texto está mais claro:

Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé (Rm 1:5).

A obediência a Deus vem da fé, é uma consequência da fé salvífica e não uma segunda condição para a salvação. 

 A verdadeira fé em nossos corações leva a uma obediência verdadeira em nossas vidas. Por que? Porque o evangelho é uma declaração que Jesus é o rei prometido, o Filho de Deus ressuscitado e cheio de poder, que agora nos convida a desfrutar das bênçãos do seu reinado.  

A fé verdadeira é uma fé no rei divino para quem nós devemos nossa obediência e de quem somos servos agora. Uma obediência alegre flui de uma confiança verdadeira neste rei. 

PORQUE PAULO ENVIOU A ROMA ESTA CARTA? (1: 6-13)

Há quatro características que Paulo fala a respeito da igreja de Roma que servem para qualquer igreja:

1. Chamados para pertencer a Jesus Cristo.
2. Amados por Deus.
3. Chamados para ser santos.
4. Desfrutar da graça e da paz.

Nos versos 8 a 13, vemos que Paulo nunca esteve com esta igreja.  Mas, ele quer encorajar esta igreja e ser encorajado por ela. 

Os versículos 11 e 12 mostram que a obediência pela fé leva a humildade para servir e ser servido pelas pessoas. No verso 11, vemos que os dons servem para fortalecer as outras pessoas na fé. E no verso 12, devemos permitir que os outros a usarem seus dons para nos ajudar.

"Nunca devemos deixar nossos encontros na igreja, gastando um tempo cercado por pessoas amadas, pessoas diferenciadas pela fé, sem que sejamos encorajados" (Keller, p. 16)
A COLHEITA (Rm 1:13-15)

 Paulo fala de sua dívida em pregar o Evangelho que recebeu de Deus, que deve ser falado tanto para os que estão dentro ou fora da igreja.


Existem duas maneiras de alguém se endividar. A primeira é emprestando dinheiro de alguém; a segunda é quando alguém nos dá dinheiro para uma terceira pessoa. Por exemplo, se eu pegasse R$ 1.000,00 emprestados de você, eu seria seu devedor até que lhe restituísse o dinheiro. Da mesma forma, se um amigo seu me desse R$1.000,00 para lhe entregar, eu estaria em dívida com você até que entregasse o dinheiro ao destinatário. No primeiro caso, eu estaria endividado por tomar emprestado; no segundo, seria o seu amigo que, ao confiar-me os R$ 1.000,00, me poria em dívida com você.
É no segundo sentido que Paulo está endividado. Ele não emprestou nada dos romanos que tenha de devolver. Mas Jesus Cristo lhe confiou o evangelho para ser passado a eles. Várias vezes em suas cartas ele fala de como o evangelho "lhe foi confiado", de como foi "encarregado" de anunciá-lo.2 É verdade que essa metáfora tem mais a ver com mordomia (ou administração) do que com dívida, mas a idéia é a mesma. Foi Jesus Cristo quem fez de Paulo um devedor ao confiar-lhe o evangelho. Agora Paulo tinha uma dívida para com os romanos. Como apóstolo dos gentios, ele tinha uma dívida particular para com o mundo gentílico, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes . Não se sabe ao certo como se deveria entender essa classificação. Pode ser que os dois pares de palavras indiquem contraste dentro de um mesmo grupo, ou então que o primeiro aponte para diferenças de nacionalidade, cultura e linguagem, enquanto o segundo seria uma alusão a diferenças de inteligência e educação. De qualquer maneira, essas duas expressões, juntas, cobrem a totalidade do mundo dos gentios. Foi movido por esse senso de dívida para com eles que Paulo escreveu: Por isso estou disposto a pregar o evangelho também a vocês que estão em Roma (JOHN STOTT, A MENSAGEM DE ROMANOS,p. 28)
A OFENSA DO EVANGELHO (Rm 1:16)

A palavra traduzida por vergonha por também significar no original ofensa. Seria o Evangelho ofensivo?

1. O evangelho por nos falar que a nossa salvação é livre e imerecida, é realmente um insulto. Ele nos fala que nós estamos tão falidos espiritualmente que a única forma de sermos salvos é pela graça. Isto ofende pessoas moralistas e religiosas que pensam que sua decência dá a eles uma vantagem em relação a pessoas imorais.

2. O evangelho também é um insulto quando nos fala que Jesus morreu por nós. Nós diz que estávamos tão perdidos que apenas a morte do Filho de Deus poderia nos salvar. Isto ofende a crença moderna da auto-estima que acredita que as pessoas têm uma bondade inata.

3. O evangelho, ao dizer para nós que tentar ser espiritual ou bonzinho não será o suficiente. Ele insiste que nenhuma pessoa boa será salva, a não ser que aqueles que venham a Deus através de Jesus. Isto ofende a crença moderna que a pessoa pode encontrar Deus em qualquer lugar do seu próprio jeito. Não gostamos de perder nossa autonomia.

4. O evangelho nos diz que a nossa salvação foi conquistada pelo sofrimento e serviço de Jesus, não por conquista ou destruição. E que seguir a Ele significa que vamos sofrer e servir com Ele. Isto ofende as pessoas que querem salvação para ter uma vida fácil, isto também ofende as pessoas que querem que suas vidas estejam seguras e confortáveis.

Ainda assim, Paulo não tem vergonha deste evangelho que nos envergonha. 

Porque Ele é o poder de Deus:  o evangelho não são só palavras, mas palavras com poder. A mensagem do evangelho é sobre o que Deus fez e fará por nós. É o poder que pode transformar e mudar as coisas em nossas vidas.

O poder de Deus é visto na sua habilidade de transformar completamente as mentes e os corações. É poderoso porque nenhum outro poder na terra pode nos salvar, nos reconciliar com Deus e garantir um lugar no reino de Deus para sempre.

O que é requerido é crer, este poder está oferecido para todos que crerem. Apenas a fé é o verdadeiro canal para o poder de Deus. Esta oferecido para todos, mas só pode ser experimentado para quem crer.

A JUSTIÇA REVELADA (Rm 1:17)

O que faz o Evangelho tão poderoso? É porque nele está revelada a justiça de Deus, aquilo que Jesus conquistou para a humanidade. 


A justiça de Deus pode ser referida para o caráter justo de Deus que nos é revelado pelo Evangelho, por aquilo que Jesus fez e faz por nós. 


"a justiça de Deus" é a iniciativa justa tomada por Deus ao justificar os pecadores consigo mesmo, concedendo-lhes uma justiça que não lhes pertence, mas que vem do próprio Deus. "A justiça de Deus" é a justificação justa do injusto, sua maneira justa de declarar justo o injusto, através da qual ele demonstra sua  justiça e, ao mesmo tempo, nos confere justiça. Ele o fez através de Cristo, o justo, que morreu pelos injustos, como Paulo explica mais adiante. E ele o faz pela fé quando confiamos nele, clamando a ele por misericórdia" (JOHN STOTT, A Mensagem de Romanos, p. 31)
Esta justiça vem para nós através da fé, e uma fé do começo até o fim.  A justiça, a retidão é apenas recebida através da fé.  

Algumas pessoas pensam que Jesus morreu para nos perdoar apenas. Isto é verdade, mas não é tudo. Agora, que fomos perdoados temos que sair da cadeia e viver uma vida digna por nós mesmos. Contudo, no Evangelho nós descobrimos que Jesus tomou sobre si toda a nossa vida, dependemos dele para viver ela.

Como não viver pela fé? 
Quando tentamos viver sendo o nosso próprio salvador.

1. Quando pessoas licenciosas rejeitam a religião e Deus, sua rebelião é realmente uma recusa em acreditar no evangelho - a mensagem que nós somos tão pecadores, que apenas Jesus pode ser o nosso salvador.

2. Quando pessoas moralistas tomam a religião e o moralismo e  se tomar ou ansiosas (porque não conseguem viver de acordo com as regras que estabeleceram ) ou orgulhosas (porque acham que conseguem).  A ansiedade ou o orgulho é uma amostra que recusam o evangelho.

3. Quando o crente peca, isto sempre envolve um esquecimento de que não podem salvar a si mesmos. Busca em outra coisa aquilo que apenas Deus pode dar.



O evangelho sempre nos causa ofensa, porque ele nos revela que temos uma necessidade que não podemos completar. Nós precisamos lembrar que ele é o poder de Deus. Nós precisamos lembrar que ele revela a justiça de Deus. Isto é o que fundamentalmente reverte nossa atitude em compartilhar o evangelho. O oposto de ser envergonhado é disposição e vontade. Nos tornamos dispostos quando nós sabemos a verdade, o poder e a maravilha do evangelho tão profundamente que nós anunciamos isto não porque nós devemos fazer, ou porque nós nos sentimos que teríamos que fazer, mas porque nós queremos e amamos fazer para a glória do nome Dele. (KELLER, p. 23)



BIBLIOGRAFIA

ROMANS 1-7 FOR YOU de TIMOTHY KELLER

A MENSAGEM DE ROMANOS de JOHN STOTT





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