quinta-feira, março 15, 2018

Exclusividade: Só existe uma religião?

Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro. Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.



Hoje em dia, muitos dizem que a grande barreira para a paz mundial é a religião. Especialmente, a exclusividade religiosa. De certa forma, há uma verdade aqui, se dizemos que temos a verdade, e esta verdade vem do nosso comportamento, isto gera uma divisão entre as pessoas, um senso de superioridade e marginalização das pessoas que possuem outra crença.

Então, se busca uma solução colocando que todas as religiões são a mesma coisa, todas são caminhos para Deus. 

Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. 1 João 4:1



O que esta passagem está dizendo que ao contrário de opiniões políticas, a religião não é simplesmente uma questão racional, há algo espiritual por trás das opiniões.  Então, devemos testar os espíritos, por trás de cada profeta, ou há o Espírito de Deus ou o diabo.

A incredulidade (não deis crédito a qualquer espírito) pode ser sinal de maturidade espiritual, tanto como a fé. Precisamos manter o equilíbrio bíblico, evitando por um lado a extrema superstição que crê em tudo, e por outro a desconfiança extrema, que não crê em nada  (John Stott, Comentário, p.132-133)

Veja 1Ts 5:19-22, Dt 18:20-22, Dt 13

Neste sentido, qualquer um que causar divisão entre irmãos, também é visto como instrumento do anticristo - 1Jo 3:10-12-. 

O falsos profetas também são reconhecidos pelos seus ouvidos (1Jo 4:5-6). Os falsos profetas buscam ouvir aquilo que está no mundo. Sua língua e seus ouvidos fazem um conjunto. Espíritos mentirosos falam vindo do mundo, e seus ouvidos também são mundanos. E o mundo os ouve porque também é mundano, então, um teste para o falso ensinamento é perguntar-se quem ouve eles?

Claro que sucesso não é sinal de falso ensino, Jesus reunia multidões para ouvir suas mensagens. Mas, se um profeta recebe aprovação das pessoas que vivem de acordo com a carne, que estão dominadas pela luxúria e pelo orgulho, isto é um sinal de que é um falso profeta. 

Por outro lado, falsos profetas abrem seus ouvidos para ouvir outras coisas além do ensino dos apóstolos, "aquele que conhece a Deus nos  ouve" (1Jo 4:6). Ouvir os apóstolos é um teste se eu sou um filho de Deus ou não. 

Por exemplo, para tentar fundamentar a ideia de que todas as religiões são iguais, há uma parábola do elefante, quatro cegos vão tatear um elefante, cada um em uma parte, cada um tem uma ideia diferente do que seria o elefante. Contudo, para saber que ali há um elefante, para assumir que cada um tem uma parte do conhecimento, alguém deve ter todo o conhecimento. Então, aquilo que parece humilde, na verdade, é arrogante e imperialista.


A segunda tentativa é deixar a religião como um assunto privado, deixar a religião fora da esfera pública. 

Isto não funcionaria, porque a religião é um conjunto de repostas para grandes questões: o propósito de vida, o que há de errado com a raça humana, como devemos viver a vida. São crenças de fé que moldam o nosso modo de viver. 

Há um paralelo bíblico aqui, a história da estátua de ouro em Babilônia, ela foi erigida para todos os deuses que havia lá, não somente para um deus específico, mas para todos. O que significava que você poderia ter seu deus de maneira privada, mas na esfera pública deveria se curvar a todos os deuses. (Dn 3)

A SINGULARIDADE DO CRISTIANISMO.

Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; 1 João 4:2


ORIGEM DA SALVAÇÃO

"VEIO EM CARNE": toda outra religião tem seu fundador, um ser humano. O que o texto quer dizer é que antes da encarnação, Jesus já existia como Deus, e também, há a singularidade da encarnação. 

 A confissão é que o horsem Jesus de Nazaré não é outro que o Cristo ou o Filho encarnado, que é a doutrina que Cerinto e os seus discípulos negavam. O tempo perfeito,- veio (elõluthota), comparado com o tempo presente em 2 João 7 (erchomenon), parece acentuar que a carne que o Filho de Deus assumiu na encarnação tornou-se Sua posse permanente. Longe de vir sobre Jesus no batismo e deixá-lo antes da cruz, o Cristo veio realmente em carne e nunca a deixou de lado. Esta confissão de fé é suficiente para mostrar que o espírito inspirador é de Deus. A doutrina cristã fundamental, que nunca pode ser transigida, é a da Pessoa divino-humana e eterna de Jesus Cristo, o Filho de Deus. (John Stott, Comentário, p.133)

"VEIO EM CARNE":  a redenção final de toda a carne, ao contrário de outras religiões, que buscam um escape do mundo material, o cristianismo prega uma redenção para o mundo material.

GRAÇA
Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. 1 João 4:10

O método da graça nos diz que nenhum de nós pode ser salvo através de seu próprio comportamento, se colocando numa corrida em busca de superioridade. O texto diz claramente que não amamos a Deus, mas Ele nos amou e enviou seu Filho para nos salvar.

Isto nos livra de qualquer sentimento de superioridade, o evangelho nos leva a esperar que pessoas que não são cristãs podem ser melhores que nós, porque não é a nossa capacidade que gera salvação,  mas a morte de Jesus por nós.

Jesus é Deus vindo em carne, 

A Pessoa de Cristo é central. Nenhum sistema pode ser tolerado, por mais estrondosas sejam as suas pretensões ou por mais cultos sejam os seus adeptos, se nega que Jesus é o Cristo vindo em carne, isto é, se nega ou a Sua divindade eterna ou a Sua humanidade histórica. Os seus mestres são falsos profetas e a sua origem é o espírito do anticristo. Os que negam o Filho não têm o Pai nem o Espírito. (John Stott)


bibliografia


John Stott- Comentário 1,2,3 João

Peter J. Leithart - From Behind The Veil 

Leslie Newbigin, Gospel in Pluralistic World

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