domingo, dezembro 09, 2012

Timothy Keller: O Propósito do Natal


O PROPÓSITO DO NATAL
O CREDO DOS APÓSTOLOS: TENDO UM VOCABULÁRIO PARA A FÉ.

Texto original:

Transcrição de sermão, 19 de Dezembro de 1999.

1 João 1:1-4: O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.

O natal fala a respeito da palavra encarnação. Nós cantamos isto em cada ano em nossos cânticos natalinos, especialmente no "Hark! The Herald Angels Sing.” Charles Wesley  escreveu isto e uma das estrofes nos diz: “Velada em carne, a deidade é vista, glória a encarnada deidade".

Se você entender a palavra encarnação, você irá entender sobre o que é o Natal. O Credo dos Apóstolos não usa a palavra encarnação, mas nos ensina a doutrina da encarnação quando lá diz: “concebido pelo Espírito Santo, nascido da virgem Maria”.

Onde nós devemos ir para entender o que é o Natal? Os primeiros dois versos do nosso texto nos dão o ensino do Natal, e os dois seguintes nos dão o propósito do Natal.

Vamos olhar os dois primeiros versos. Nós vemos aqui o ensino do Natal em duas coisas. Isto é claramente doutrinário e vigorosamente histórico. Nós temos que entender isto antes que nos movamos para como isto muda as nossas vidas.

NATAL É SINCERAMENTE DOUTRINÁRIO.

O que eu quero dizer com sinceramente doutrinário?  Eu utilizei a palavra doutrinária de propósito, sei que é uma palavra negativa, sendo rígida e fechada. Faz parte de uma família de palavras com conotações negativas. Doutrina ou dogma dão uma conotação de ser estreito rígido ou fechado. A palavra doutrina tem também este aspecto.

Doutrinária é ruim. É ruim por ser estreita. É ruim por ser fechada. É ruim por ser altiva. É ruim por não estar aberta a razão. É ruim por não ouvir os outros.

Contudo, em nosso medo de sermos doutrinários, não somos francos- não somos honestos- sobre o fato que nós todos somos doutrinários. A doutrina é uma crença em que nós baseamos nossas vidas sobre, algo pelo qual que nós contendemos, nós insistimos nisto. Em outras palavras, a doutrina, antes de tudo, é uma posição de fé. Não é algo que nós podemos provar cientificamente. Não é algo que podemos provar empiricamente. Segundo, é algo pelo qual vivemos, nós nos comprometemos com isto, nós baseamos nossas vidas nisto. E terceiro, é algo que nós forçamos, que nós discutimos com outras pessoas a respeito. Isto é uma doutrina. E mesmo até quando não sejamos doutrinários, nós todos somos doutrinários.

Eu vou ter dar um exemplo. Senhor A é um cristão. Seu amigo, Senhor B não é. O Senhor Há um dia senta junto com o Senhor B e diz, “eu gostaria que você acreditasse que Jesus é o Senhor e Salvador. Deixe-me tentar convencer você”. O Senhor B diz, “ninguém pode saber nada definitivo sobre Deus. E, em segundo lugar, você deveria não tentar persuadir outras pessoas para verem as coisas do seu jeito. Isto não é certo”.

Quando o Senhor B diz, “você não pode saber nada definitivo sobre Deus”, o que é isto? Isto é uma posição de fé.  Não é cientifico. Não é empírico. É uma crença. E, também, quando ele diz que você não deve tentar convencer outras pessoas que sua forma de pensar a realidade spiritual é a correta, ele está neste momento tentando dizer para o Senhor A, “você deve ver como eu vejo”. Em outras palavras, ele está dizendo, “eu tenho uma posição relativista sobre a realidade espiritual, e você deveria ter ela”. Eles estão fazendo aquilo que ele está proibindo quando está proibindo.

Tanto o Senhor A e o Senhor B estão sendo doutrinários. Eles têm uma posição de fé não empírica. Eles estão apostando suas vidas nisto. O Senhor B tem apostado seu destino eterno na ideia de que ninguém pode saber algo em definitivo a respeito de Deus. E eles estão contendendo sobre isto. Eis aqui a diferença. O Senhor A está sendo abertamente doutrinário. Está sendo franco sobre sua doutrina. O Senhor B não é. Ele está em negação.

Vamos tentar não sermos doutrinários. Mas, nós não conseguimos evitar sermos doutrinários. Todo mundo tem algumas de fé em relação a Deus, sobre eternidade, sobre a natureza humana, sobre a verdade moral. Nós apostamos nossas vidas nisto e pressionados por isto e não há nenhum jeito de evitarmos sermos doutrinários.

O natal é sinceramente doutrinário. O texto diz que o invisível se tornou visível. O incorpóreo se tornou corpóreo. Em outras palavras, Deus se tornou homem. O absoluto se tornou particular. O ideal se tornou real. O divino tomou sobre si a natureza humana.

Esta não é apenas uma doutrina muito especifica, mas é também única. Doutrina sempre distingue você. Uma das razoes que nós temos medo de falar sobre doutrina é porque isto nos distingue dos outros. Aqui é o porquê a doutrina do Natal é única.

Por um lado, você tem muitas religiões que dizem que Deus é tão iminente em todas as coisas que a encarnação é normal.  Se você for um budista ou hindu, por exemplo. Deus é iminente em tudo. Deus é a fagulha divina em tudo e, então, a encarnação é normal.  Deles é encarnado em todos os tipos de pessoas e coisas. Cristãos dizem que Jesus é o Deus-homem, e as pessoas desta linhagem vão dizer “é claro”. Por outro lado, a família de religiões tais como o Islão e o Judaísmo dizem que Deus é tão transcendente sobre todas as coisas que a encarnação é impossível. Jesus como Deus-homem é uma blasfêmia.
Contudo, o cristianismo é singular. Ele não diz que a encarnação é normal, mas, não.
Diz que isto é impossível. Ele diz que Deus é tão iminente que isto é possível, mas ele tão transcendente que a encarnação de Deus na pessoa de Jesus Cristo é um evento do tipo de romper o universo, alterar a história, transformar a vida, mudança de paradigma. Cristianismo tem uma visão absolutamente única nisto que o coloca a parte de todo o resto.

NATAL É VIGOROSAMENTE HISTÓRICO.

Natal não é apenas sinceramente doutrinário; é também vigorosamente histórico. Olhe para o que João diz sobre Jesus: “Nos vimos isto. Nós ouvimos isto. Nossos próprios olhos. Nossos próprios ouvidos. Nós sentimos isto, a vida eternal”.

Aqui o que ele está dizendo, “quando nós damos estes relatos sobre Jesus andando sobre as aguas, Jesus ressuscitando da morte ou Jesus falando estas palavras, isto não são lendas. Não são coisas que foram fabricadas. Não são maravilhosas parábolas espirituais. Estas são coisas que vimos. Nós o vimos fazendo isto. Nós o ouvimos fazendo isto. Nós o sentimos fazendo isto”.

Isto vai completamente contra o que a pessoa comum acredita. A pessoa comum diz, “estas são histórias maravilhosas, mas elas são como parábolas. Como lendas. Elas não aconteceram realmente”.

Aqui está uma coisa que o Natal pressiona a gente. Primeira de João 1:1-2 diz que o que você lê no Novo Testamento, você deve decidir se são mentiras ou relatos de testemunhas oculares, mas, eles não podem ser lendas. Muitos acadêmicos de literatura antiga tem nos dito que a ficção moderna joga com detalhes que dão um senso realístico, contudo, as antigas lendas nunca foram escritas assim.

Por exemplo, a historia de Jesus andando sobre ás aguas em João 6 diz, “Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco;” (vs. 19). Você pode não ser um expert em literatura antiga, mas, pense na Ilíada ou na Odisseia. Você pode imaginar Homero dizendo, “e Aquiles encontrou com Heitor num combater homem a homem, e eles estavam de três a três milha e meia da muralha de Troia?” Ele não poderia ter dito isto, porque nas lendas antigas, eles não colocavam detalhes que não ajudariam o enredo ou o desenvolvimento do personagem. Então, quando um homem lá de trás estava escrevendo uma lenda, ele não poderia dizer, “eles estão a três ou três milhas e meia”. Isto não poderia ter acontecido com ele a menos que estivesse escrevendo um relato testemunhal ocular.

Quando João diz “eu vi Ele, eu senti Ele, eu o ouvi com meus próprios ouvidos. Eu vi Ele com meus próprios olhos”, todo mundo poderia saber imediatamente que ele estava alegando ser uma testemunha. Então, cada leitor do Novo Testamento sabia que estava diante de mentiras deliberadamente fabricadas ou eram relatos verdadeiros de testemunhas oculares, mas não poderiam ser lendas.

Se eles fossem mentirosos, eles seriam o tipo mais estupido de mentiroso que já existiu. Aqui está o porquê. Estes relatos foram escritos durante o tempo de vida de pessoas que estavam lá. Se você vai escrever que 500 pessoas viram Jesus surgir dos mortos no Vale do Cédron, você não poderia escrever isto quarenta ou cinquenta anos depois, como os evangelhos foram escritos. Você poderia escrever isto 100 anos depois, quando todo mundo que viveu no Vale do Cédron estivesse morto na ocasião. Se você vai escrever falsamente que 500 pessoas viram Jesus no Vale do Cédron, e muitas pessoas ainda vivem no Vale do Cédron, que estavam lá naquele tempo, você nunca poderia ter uma religião que saia do zero. Mas se ela foi para frente é porque eles escrevem estes relatos e não foram contestados.

O ponto do Natal é que Jesus Cristo realmente viveu, e Ele realmente morreu. Isto aconteceu na historia. Ele fez estas coisas. Ele disse estas coisas.

Você poderia pensar, “mas qual é importância? Você está sendo doutrinário aí”. Não. As pessoas dizem, “eu gosto dos ensinos de Jesus. Eu gosto do sentido das historias. O significado destas histórias é que amemos uns aos outros, servimos uns aos outros. Eu gosto disto. Mas, não importa se estas coisas realmente ocorreram. Doutrina não importa. O que importa é você ser uma boa pessoa”.

A grande ironia é que isto é doutrina, mas, eles não estão sendo sinceros sobre isto. É a chamada doutrina da justificação pelas obras. Quando alguém diz que, eles estão dizendo que não importa que Jesus realmente viveu a vida que nós deveríamos ter vivido e morreu a morte que nós deveríamos ter morrido. Tudo que importa é que nós podemos seguir seus ensinamentos.  Esta que é a doutrina que diz “eu não sou tão mau que eu precise de alguém venha e seja bom por mim. Eu posso ser bom. Eu não estou tão desligado de Deus e Deus não é tão santo que existe uma punição para o pecado. Isto não importa”.

O evangelho não que Jesus veio para terra, nos falou como viver a vida, nós vivemos uma boa vida e, então, Deus nos deve abençoar. O evangelho é que Jesus veio para terra, viveu a vida que nós deveríamos viver e morreu a morte que nós deveríamos ter morrido, então quando nós acreditamos nEle, nós aceitamos e vivemos uma vida de gratidão e alegria por Ele.

Em outras palavras, se estas coisas não aconteceram, não podemos ser salvos pela graça totalmente. Se estas coisas não aconteceram- se elas são apenas parábolas- o que você está dizendo é que você acredita na doutrina da salvação pelas obras: que se você tentar duro o bastante, Deus irá aceitar você. Veja você não consegue evitar doutrina.
A doutrina do Natal é que Jesus realmente veio. Se não tivesse vindo, a história do Natal é mais paradigma moral para chocar você. Se Jesus não veio, eu não iria querer estar em qualquer em torno destas historias de Natal que dizem que nós precisamos ser sacrificiais, precisamos ser humildes, precisamos ser amorosos. Tudo isto iria esmaga-lo no chão porque se não é verdade que João o viu, o ouviu e o sentiu – que Jesus realmente veio fazer estas coisas- então o cristianismo é depressivo. Cada ano, eu vejo histórias nos jornais dizendo que o Natal é uma época do ano para depressão. É verdade, mas não se você acreditar que estes dois primeiros versículos. Natal é mais que uma historia inspiradora – é sinceramente doutrinário e vigorosamente histórico.

NATAL FAZ VOCÊ PROFUNDAMENTE MÍSTICO.

Os versículos 3 e 4 nos dizem que se você entender esta ideia- que o Natal não é uma historia doce, mas, que Jesus veio a terra, Deus se tornou carne e viveu a vida que você deveria viver, morreu a morte que você deveria morrer, como um salvador, não apenas como um mestre ou um exemplo- então, o Natal irá fazer quatro coisas em você. Você será profundamente místico, materialmente feliz, corajosamente relacional e livre para ser emocional.

Primeiro de tudo, o Natal fará você profundamente místico. Primeira Carta de João 1:3 diz “nossa comunhão com o Pai e com o seu Filho”. A palavra “comunhão”, que é koinomia, significa que se Jesus Cristo veio- se o Natal é verdade-, então, nós temos uma base para um relacionamento pessoal com Deus. Deus não é mais uma ideia remota ou apenas uma força que nos faz acovardar, mas nós podemos conhecê-Lo pessoalmente, ele se tornou apreensível.

Deixe me dar um exemplo. O professor A e o professor B estão ambos, tentando escrever a biografia de Sir João Ninguém. Sir João Ninguém viveu em East Anglia e morreu em 1721. Tanto o professor A como professor B acreditam que sir João Ninguém escreveu cinco cartas para sua esposa, e que eles podem aprender muito através delas. Contudo, então há uma autobiografia de 500 páginas, ela diz que foi escrita pelo Sir João Ninguém. O professor A diz, eu acredito que isto é genuíno, o professor B, diz que não. Então, eles começam a escrever suas biografias. Estas biografias estão indo de um jeito muito diferente entre si. A biografia do professor A do Sir João Ninguém está contendo muito mais detalhes, muito mais pessoal. Quando você terminar de lê-la, dá até para sentir que conhece este sujeito. Contudo, a biografia do professor B vai sendo muito mais remota, mais generalizada, muito mais especulativa. Você se sente que dificilmente conhece o biografado de todo. Tudo se resume em saber se a autobiografia é genuína.

Aqui está o ponto. Se Jesus Cristo é realmente Deus que veio em carne, você vai saber muito mais sobre Deus.  Ele será apreensível. Ele será alguém com que você pode se relacionar. Você o vê chorando. Você o vê chateado. Você o vê perseguido. Você o vê exaltado. Se Jesus é quem Ele diz que é, nós temos uma autobiografia de 500 paginas de Deus, em um sentido. E nosso entendimento será muito mais pessoal e especifico que qualquer filosofia ou religião pode nos dar.

Olhe para o que Deus tem feito para você conhece-lo pessoalmente. Se o Filho veio todo este caminho para ser uma pessoa real para você, não pense que o Espírito Santo faz qualquer coisa em seu poder para fazer Jesus se tornar uma pessoa real em seu coração?  Natal é um convite para ser místico. Natal é um convite para conhecer Cristo pessoalmente. Natal é um convite de Deus pra dizer, “olhe, o que eu fiz para me aproximar de você. Agora estou perto de você. Eu não quero ser um conceito. Eu quero ser um amigo”.
NATAL FAZ VOCÊ FELIZ MATERIALMENTE.

Os leitores gregos e romanos deste versículo ficariam maravilhados quando João diz que ele sente o eterno; ele viu o eterno. Gregos e romanos e mesmo as pessoas religiosas tradicionais hoje acreditam que a matéria é ruim, o divino é bom.

A religião tradicional diz que a salvação é um escapa deste mundo para o reino de Deus, mas o evangelho do Natal diz que o reino de Deus está vindo para este mundo. A religião tradicional diz que o mundo é ruim. Vamos sair deste câncer. Vamos sair da pobreza que está em nossas cidades. Não, o evangelho é que a salvação é o reino de Deus vindo a este mundo.  O corpo é importante. Matéria é importante. O mundo é importante. Ele tomou uma carne física, então, cristão sabem em nome de Cristo que nos compartilhamos nossa fé, mas o em nome de Cristo nós também ajudamos as pessoas pobres a terem uma casa decente. Esta é a parte do testemunho do evangelho do Natal. O reino de Deus está aqui para reabilitar este mundo, não para salvar-nos para um paraíso etéreo.  O futuro da religião tradicional é um paraíso. O futuro do evangelho é um novo céu, uma nova terra.

NATAL FAZ DE VOCÊ FEROZMENTE RELACIONAL.
Terceiro, não apenas o evangelho do Natal faz de nós profundamente místicos e felizes materialmente, mas nos faz ferozmente relacionais. A encarnação coloca em nós uma atitude a respeito dos relacionamentos. João diz, “eu quero comunhão com você”. O teste que você sabe qual o sentido do Natal é que você se torna mais e mais desejoso de relacionamentos íntimos e pessoas com outras pessoas e melhor chega a eles, porque a encarnação é o segredo para bons relacionamentos pessoais.

Quando duas pessoas são diferentes culturalmente e linguisticamente, como elas podem ter um relacionamento?  Um precisa aprender a língua do outro, falar num dialeto quebrado, e se tornar vulnerável e fraco. Se você entra no mundo de outra pessoa, você se torna fraco, e outra pessoa guarda o poder. Contudo, aí você tem um relacionamento.

Se você segue o caminho de Jesus, você diz, “eu não vou trabalhar muito para ser entendido, mas para entender. Eu não vou me esforçar para ter as minhas necessidades, mas para satisfazer as necessidades. Eu vou me esforçar para entrar no mundo dela ou dele, dando o que aquela pessoa considera como amor, não o que eu considero como amor”. Encarnação, se isto está impresso em você – se você vê o que Jesus Cristo fez- vai leva-lo você a relacionamentos inacreditavelmente bons em suas relações pessoais.

NATAL FAZ VOCÊ LIVRE PARA SER EMOCIONAL.

Olhe para o versículo 4, Joao diz, “eu quero ter comunhão com vocês. Eu quero que você acredite que nós estamos dizendo. Eu quero que você entenda a doutrina do natal. Eu quero que nos sejamos unidos em uma comunidade. Eu quero que sejamos unidos na fé”.

E, então, ele diz, “eu estou fazendo tudo isto” – por quê? – “para minha alegria seja completa”.

Ele não diz, “eu preciso que suas vidas estejam certas para eu tenha alegria”. Ele já tem alegria. Ele diz, “você precisa agir junto para que minha alegria seja completa”. Aqui está o equilíbrio. Ele já tem alegria não importa o que eles façam. Natal dá a você uma alegria subterrânea.

Kathy e eu tínhamos uma casa em Filadélfia. Era sempre úmido no porão e sempre tinha musgo no quintal. Alguém disse, “você não sabia disto antes de comprar a casa? Existe um rio subterrâneo que vai debaixo de todas as casas desta rua. Está sempre fluindo, mesmo na época seca”.

Por um lado, o natal lhe dá um rio subterrâneo de alegria, e não importa quão ruim está na superfície, não importa quão ruim sejam as circunstancias, a alegria sempre está lá. Isto te mantém verde. Isto te mantem fresco. Depois de tudo, Jesus desceu. O Senhor abriu uma fenda nas paredes impiedosas do mundo, e o reino de Deus está vindo, venha o inferno ou o diluvio. Existe a alegria subterrânea.
Contudo, por outro lado, João diz, “eu não posso ter alegria completa a menos que vocês acreditem”. Isto significa que muitos de nós temos medo de enredar-nos nas vidas de outras pessoas, porque não podemos suportar a ideia de amarrar nossos corações com a vida de outras pessoas. Se eles estão infelizes, então estamos infelizes. Então, isto nos puxa para trás. Retiramos-nos. Não queremos nos envolver com a vida de outras pessoas. Contudo, a encarnação significa que Jesus Cristo, Deus em si mesmo, se envolveu com a nossa fragilidade.  Ele entrou, e ele sofreu, tinha pregos em suas mãos.

Entretanto, aqui está o grandioso. Existe uma alegria subterrânea. Esta alegria não pode sair, e vai dar a você liberdade para se envolver na vida de outras pessoas. Natal faz de você livre para ser emocional. Faz você perceber a emoção da tristeza, da dor, mas não vai leva-lo até o fim, porque você tem uma alegria subterrânea.

Se você acreditar na doutrina do Natal, isto fará de você profundamente místico. Faz de você feliz materialmente. Força você a ser ferozmente relacional. Dá a você uma liberdade para ser emocional. O que mais você quer? Pense a respeito disto na próxima vez que você dizer para alguém, “tenha um feliz natal”.

Vamos orar.

Pai, nós queremos a alegria que vem da doutrina do Natal. Não é um alegria sentimental, não é uma alegria boba. Não é um sentimento generalizado de inspiração. Certamente não é apenas outra historia que temos viver de acordo. É uma afirmação histórica robusta- que Jesus Cristo veio para ser nosso Salvador. E nós pedimos, então, que toda a grande teologia do Natal que nós cantamos a respeito todo ano em nossos cânticos natalinos encontre um lar em nós- então, para que pudéssemos lutar como loucos para chegar perto de você, de modo que pudéssemos estar profundamente engajados nas necessidades dos pobres e doentes e o que estão morrendo, de modo que seja o padrão para os nossos relacionamentos depois da Encarnação e encontremos nós mesmos rompendo e formando amizades que nunca formamos antes, e então que pudéssemos ser livres para sermos emocionalmente envolvidos porque por baixo de tudo não temos o que temer. Nós pedimos que nós sejamos totalmente transformados pela grande doutrina do Natal. No nome de Jesus, Amém.

Copyright © 2010 by Timothy Keller, Redeemer Presbyterian Church. This transcript is based on the audio recording and has been lightly edited. The original audio can be found at http://sermons.redeemer.com.
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