domingo, julho 28, 2013

Salvando juntos.



Efésios 4.24-32: 24   e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade. 25   Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. 26   Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. 27   Não deis lugar ao diabo. 28   Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. 29   Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. 30   E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção. 31   Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós. 32   Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.

A partir do texto paulino, quero neste texto desafiar algumas verdades que temos como certas, como dogmáticas em nossas vidas que, na verdade, não são tão verdadeiras: 
1. A salvação é índividual.
2. A comunhão é a soma das pessoas. 
3. Nada muda neste mundo.


A Salvação é individual.



“Isso está absolutamente fora de questão”, disse um Fantasma-mulher para uma das Luminosas. “Não posso nem cogitar de permanecer aqui se tiver de encontrar-me com Roberto. Estou pronta a perdoá-lo, naturalmente. Mas qualquer coisa além disso é impossível. Como ele chegou aqui... mas, isso é com vocês.”
“Mas, se você o perdoou”, disse a outra, “certamente...”
“Eu o perdôo como cristã”, falou a Fantasma. “Mas há coisas que a gente nunca pode esquecer.”
“Mas, não compreendo...”, começou o Espírito-Mulher.
“Exatamente”, replicou com uma pequena risada. “Você nunca entendeu.
Sempre achou que Roberto não podia errar. Eu sei. Por favor, não me interrompa por um momento. Você não tem a mínima idéia do que passei com o seu querido Roberto. Quanta ingratidão! Fui eu quem fez dele um homem! Sacrifiquei-me toda a minha vida! E qual foi a recompensa? Egoísmo puro e absoluto. Não, ouça apenas.
Entendo, que quando a pessoa se refere à sua salvação ser individual, ela está pensando no fato de sua responsabilidade pessoal perante Deus, de que ela dará contas por aquilo que faz e deixou de fazer, seus pecados e bênçãos. C.S. Lewis, O Grande Abismo.

Aqui, mora o perigo, este tipo de frase esconde um pensamento que pode ser ruim de dois modos:

De um lado, pode se pensar que a salvação é conquistada sozinha mediante o esforço pessoal e, por outro lado, tem uma visão egoísta como que estivesse em concorrência com a salvação ou perdição do outro.

Em primeiro lugar, a salvação cristã não é individual, ela começa num relacionamento com Deus. Ninguém pode salvar-se a si mesmo, somente a fé em Jesus Cristo pode levar alguém para a salvação e isto concedido pelo Espírito Santo e por Deus Pai. A base da salvação não é alguém sozinho, mas alguém com quem Deus começou um relacionamento.

A salvação não é individual, ela é relacional.

Se pensarmos na cruz, podemos dizer que a salvação tem dois planos: horizontal e vertical. No plano horizontal, está nosso relacionamento com Deus, a fé e no plano horizontal está nosso relacionamento com o outro. Fé e obras, fé e amor, santidade e justiça.


"Cristã é aquela pessoa que já não busca a sua salvação, a sua redenção e a sua justificação em si mesma, mas exclusivamente em Jesus Cristo. Ela sabe que a palavra de Deus em Jesus Cristo a condena, mesmo que ela não tenha consciência da própria culpa e que a palavra de Deus em Jesus Cristo a absolva e a declare justa, mesmo que ela não tenha consciência de sua própria justiça"  Bonhoeffer, Vida em Comunhão, p.13

A comunhão é a soma das pessoas.


Amor líquido é um amor “até segundo aviso”, o amor a partir do padrão dos bens de consumo: mantenha-os enquanto eles te trouxerem satisfação e os substitua por outros que prometem ainda mais satisfação. O amor com um espectro de eliminação imediata e, assim, também de ansiedade permanente, pairando acima dele. Na sua forma “líquida”, o amor tenta substituir a qualidade por quantidade — mas isso nunca pode ser feito, como seus praticantes mais cedo ou mais tarde acabam percebendo. É bom lembrar que o amor não é um “objeto encontrado”, mas um produto de um longo e muitas vezes difícil esforço e de boa vontade. Zigmunt Baumamm, entrevista para ISTOÉ (link)

A soma das pessoas não gera a comunhão espiritual, ela gera uma comunhão de interesses, onde as regras são a mentira, o furto, a ira e o maldizer. Os seres humanos são especialistas em criarem grupos que separam, tem o grupo dos casados e o dos solteiros, os gordos e magros, os fracos e os fortes, os santos e pecadores.

São grupos movidos pela ira, cólera, blasfêmia e gritaria. 

Para entender os pecados alistados por Paulo, tenha sempre em mente o valor coletivo deles:

  • Mentimos para que as pessoas se sintam mais más que nós.
  • Iramos para que pessoas se sintam mais fracas que nós.
  • Furtamos para que pessoas se sintam mais pobres que nós.
  • Maldizemos para que pessoas se sintam piores que nós.
A verdadeira comunhão nasce da decepção, nasce da desunião e desilusão com nós mesmos. Quando realizamos que somos trevas juntando com mais trevas. Apenas através da luz de Cristo pode haver uma comunhão com o outro, apenas do amor divino e do Espírito poderá haver uma real paciência, bondade, longaminidade, paz, enfim,amor.

A verdadeira comunhão não nasce da soma das pessoas, a verdadeira comunhão nasce na cruz, quando Deus uniu todos nós em nossos pecados e lançou sobre seu Filho. Quando o Evangelho chega até nós, nasce a comunhão, estamos agora garantidos não por causa da nossa força, mas por causa do selo do Espírito Santo.

"Não entramos na comunhão com os outros crentes colocando exigências, mas com gratidão e como agraciados, porque Deus já colocou o único fundamento de nossa comunhão, porque há muito tempo, mesmo antes de entrarmos em comunhão com outros cristãos. Deus já nos uniu com eles num só corpo em Jesus Cristo. Agradecemos a Deus pelo que fez por nós. Agradecemos a Deus por ele nos dar irmãos que vivam sob seu chamado, seu perdão e sua promessa. Não nos queixamos por aquilo que Deus não nos dá, mas agradecemos pelo que ele nos dá diariamente." Dietrich Bonhoeffer, Vida em Comunhão, p. 19

Nada muda neste mundo.


Há uma coisa que precisamos entender na igreja, ela é uma comunidade que irá durar para sempre. A comunidade que Paulo semeou, foi uma das endereçadas de João de Patmos.

João fala que Deus sabe do zelo pela verdade, das obras e sofrimentos da igreja. Mas, Deus também está descontente com o abandono do primeiro amor (Ap. 2:4). Quando deixamos de lado esta transformação, quando acreditamos que tudo é uma questão pessoal sem o outro, deixamos de lado Deus, viramos às costas à Jesus e ao próximo e, assim, somos deixados de lado por Deus.

A promessa para Eféso é que nossa maldição já foi mudada, que um dia poderemos comer da árvore da vida. A árvore da vida é aquela que dá frutos que vencem a morte (Gn 3:22-24) Porque Jesus venceu a morte, ele venceu a distância e a agora pode nos dar a vida eterna.

A tragédia mundo começa numa refeição escondida do primeiro casal, mas termina no grande banquete celestial de Jesus com sua noiva. Tudo será transformado, tudo será mudado neste mundo eternamente.


Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. (Efésios 5:1-2)
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.

Efésios 5:1-2
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.

Efésios 5:1-2
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.

Efésios 5:1-2

domingo, julho 14, 2013

Mundanismo por Iain Murray.

MUNDANISMO é se afastar de Deus. É um modo de pensamento centrado no homem, propõe objetivos que não requerem um rompimento radical com a natureza pecaminosa do homem; julga a importância das coisas de acordo com resultados presentes e materiais, mede o sucesso por meio de números; deseja a veneração humana e busca a popularidade; não conhece nenhuma verdade pela qual vale a pena sofrer, recusa ser um tolo por causa de Cristo. O mundanismo é a mentalidade das pessoas não regeneradas, que adota ídolos e está em guerra com Deus"


Iain Murray in MAHANEY, C.J. Mudanismo, p. 22

quinta-feira, julho 11, 2013

Tim Keller: O Chamado para a Cidade

 

No capítulo 13 de Center Church, Keller continua o estudo sobre o relacionamento entre o evangelho e as cidades. Ele volta a enfatizar o ministério urbano que caracteriza o cristiansimo primitivo na missiologia paulina.

Vivemos num mundo globalizado, e a globalização conecta as cidades com o mundo e as cidades entre elas. O futuro do mundo são as cidades,e estas cada vez mais compactas e funcionais como também muticulturais e globais. Assim, a urbanização transformará o modo como o Ocidente fará missões, nos paises desenvolvidos existe há uma gama grande de igrejas iniciadas por imigrantes.

O crescimento em tamanho e influência das cidades representam uma desafiante possibilidade missionária para a igreja hoje, especialmente, para um cristianismo não muito urbano de nossas igrejas. entre estas oportiunidaes estão:

1. o desafio de uma geração jovem.

2. as elites culturais

3. os grupos de pessoas não alcançadas acessíveis, como os mulçumanos.

4. os pobres.

Rubem Amorese: Icabode


O livro ICABODE: da mente de Cristo à consciência moderna de Rubem Amorese é de 1998. Fala sobre três crises que a modernidade traz a um lugar chamado "Cabo Verde", as crises da pluralização, o império das diferenças, da privatização, o império das indiferenças, e da secularização, o império dos sentidos.

PLURALIZAÇÃO

"trata-se de um fenômeno tanto da realidade sensível quanto da consciência correspondente. Os portadores da modernidade produzem um efeito inescapável de mostrar, como num supermercado uma enorme quantidade de opções para um mesmo produto. Você pode escolher o que lhe mais agradar" (p. 48)

A pluralização tem a ver com o relativismo e com a multiplicidade de escolhas da sociedade neo-liberal, lembrando que o livro foi escrito em 98, é claramente uma critica ao neo-liberalismo, ao mesmo tempo, não há uma diferenciação da pós-modernidade da modernidade e nem de facetas pós modernas mais à esquerda.

PRIVATIZAÇÃO

Amorese cita Os Guinness, dizendo que esta pode ser definidade como a ruptura produzida entre as esferas do privado e do público na vida moderna, havendo uma cristalização da importância do privado como uma esfera da liberdade e da realização individual. (p. 61)

SECULARIZAÇÃO
É a  perda da significância das instituições religiosas e do próprio sagrado. Uma das causas seria o pietismo privatista, individualista e intimista dada a crise de plausibilidade da fé e como também a sua privatização e relativização.


A consciência moderna é a soma das opiniões pessoais, onde há a pluralização de opiniões e juízos sem chegar a qualquer conclusão. 

A igreja diante das crises.

Com os relacionamentos superficiais, as relações ficaram fragilizadas, com a pluralização as relações hoje são predominantemente utilitárias, o que leva à uma crise de autoridade, quando as pessoas deixam de se submeter à alguém, desaparece a autoridade espiritual.

"Uma das causas de enfraquecimento dos valores morais tradicionais é o processo de fragmentação da consciência  do homem moderno. Essa fragmentação advém do pertecimento a diversos grupos cujos nomos são muito diferentes, entre outras causas. Dizendo de outra forma, a fragmentação da consciência provém  do processo de particularização do processo de privatização, que se manifesta numa tentativa de perceber o mundo a partir de uma ótica particular, do tipo a moral feminina, a visão do operário, a perspectiva dos cineastas, o mundo das crianças" (p. 118)

Nessa miríade, falta uma proposta cultural para os evangélicos que se vêem defendendo os mesmos valores culturais da privatização sem saber tecer uma outra cosmovisão. Rubem Amorese coloca duas culturas em oposição a do mercado e a da graça.

"A cultura da graça nos diz que recebemos o que não merecíamos. Por isso, damos graças.Nosso coração se enche de gratidão por havermos recebido algo que absolutamente jamais poderíamos exigir nem reivindicar. A cultura do mercado diz que ainda não recebemos tudo o que merecíamos. Devemos exigir sempre pelo que pagamos. Afinal, você merece" (p. 136)