quarta-feira, dezembro 30, 2009


"Se o culto de domingo, o sermão aponta primeiramente para o evangelismo isto vai aoborrecer os crentes. Se aponta somente para o ensinamento vai aborrecer e confundir os não crentes. Contudo, se apontar para louvar a Deus que salva por graça vai instruir o santo e desafiar o pecador"

Timothy Keller.

terça-feira, dezembro 29, 2009

Timothy Keller: Dinamica da Renovação Espiritual


Existem duas patologias espirituais. Alguns cristãos tem uma limitada compreensão do seu pecado. Necessitam ver seu pecado desde uma perspectiva em que Deus é o centro. Outros se sentem insuficientes, contudo, tem uma conceito teórico com respeito a justificação pela fé. Necessitam ver com a justificação chega a ser base para suas atividades cotidianas. Se faltar a consciência do pecado como também a aceitação do amor de Deus, o evangelho não pode operar. Quando chamamos as pessoas para o evangelho, nos a fazemos ter um arrependimento radical e a descansar completamente em Cristo por meio da fé.
A renovação é uma obra divina na qual a igreja é embelezada e revestida de poder pois as operações normais do Espirito Santo são intensificadas. Estas são: a. convicção do pecado, b. deleite/segurança da graça e do amor do Pai e c. acesso a presença de Deus.
Para poder experimentar estas operações , o primeiro fundamento é ter uma sã doutrina, já o que o evangelho é verdade. A menos, que a verdade seja entendida de maneira intacta e completa, não pode conferir seus efeitos renovadores. A outra condição é uma vida de oração persistente e disciplinada, em que não somente se levantam petições, mas também se busque o rosto de Deus para conhecê-Lo. Quando o poder de Deus se faz evidente, começam a ocorrer certa dinâmicas. Corporativamente, o derramar divino se comprova em uma paixão marcante e uma liberdade na adoração. Uma segunda marca é a profundidade do ensinamento e educação cristã. O amor pela Palavra é uma marca distinguível da obra do Espirito. Outra evidencia da presença divina é um visível amor nas relações entre os crentes. Ademais, os membros de uma igreja renovada se sentem entusiasmados de compartilhar com os outros acerca de Deus e sua glória. Finalmente, o avivamento produz vários indivíduos comprometidos com a ação social e a reforma da cultura.
Para ser um ministro do evangelho eficaz, o plantador de igrejas deve descobrir e aplicar continuamente o evangelho. Isto trará crescimento e renovação – Cl 1:6-. A renovação espiritual é um encontro com o Deus vivo, a verdade do evangelho incendiada dentro de nós. Contudo, como o evangelho nos renova? Quais são as condições para sua operação? Quais são as dinâmicas por meio das quais opera? .
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Que marcas mostra ao operar?
Cada uma das duas condições básicas para o avivamento podem ser chamadas como um eixo, sendo que cada um equilibra ao tratar do coração humano.
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Eixo Lei do Amor
O primeiro balanço é a lei do amor, devemos enfatizar tanto a santidade como a justiça de Deus e seu amor e misericórdia absolutos. A essência da renovação é compreender a graça de Deus em toda sua verdade – Cl. 1:6- e a essência da experiência cristã é glorificar a gloriosa graça de Deus – Ef. 1:6-. A única maneira para ver a gloria da graça é ver tanto a lei e o amor de Deus cumprir-se plenamento na cruz. Estes não devem ser ensinados como se fossem coisas opostas, mas como complementados perfeitamente em Cristo.
Primeiro, deve ver a absoluta santidade de Deus, a magnitude de sua deidade, a categórica necessidade do justo castigo de Deus sobre o pecado, e assim a completa desesperança da sua condições de inabilidade. Por que? Se você não se vê assim, então, o conhecimento do perdão e libertação não serão eletrizantemente maravilhosos. Por outro lado, necessitamos ver que sua salvação é um ato absolutamente gratuito, deve ver que a absoluta liberdade da sua salvação – somos santos perante Deus- e a riqueza – somos adotados- e sua permanência- não há condenação-. Por que? A menos que não vejamos assim, não teremos segurança em nossa alma e consciência para enfrentar o pecado que está em nossos corações.
Muitas pessoas não aceitam a completa verdade da santidade de Deus ou do nosso pecado , como também nem a nossa total e permanente aceitação. Estas atitudes indicam uma perca tanto da compreensão como da experiência da graça de Deus, e despedaçam as dinâmicas da renovação espiritual. Todas as marcas únicas da vitalidade crista: coragem ainda que humilde, forma ainda que liberdade, verdade ainda que amor, fluem desta perspectiva de amor e da lei de Deus levadas a cabo de uma vez para sempre por Jesus na cruz. A sentença da graça é expressada perfeitamente nas palavras do filho prodigo: Pai ...já não sou digno de ser chamado teu filho (Lc 15,21). Não somos dignos de ser filhos, mas sabemos que temos um direito absoluto de nos aproximarmos de Ele como Pai. Esta é a experiência essencial transformadora do evangelho! Se pensarmos que somos dignos por nossas obas obras, não teremos poder espiritual em nossas vidas. As dinâmicas da renovação requerem que tenhamos em vista e nos apropriamos destas ambas perspectivas.
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O eixo da Teologia- espiritualidade.
O segundo eixo está entre a teologia e a espiritualidade. O evangelho é primordialmente verdade, um corpo com conteúdo. Mas, devemos enfatizar tanto a necessidade de compreender e estudar a verdade crista como nossa experiência desta verdade por meio da presença e poder do Espírito Santo. A idéia da renovação espiritual pode ser comparada a uma combustão. Se há combustível – a madeira- e calor- uma chama- se dará a combustão. Na renovação espiritual, o combustível é a verdade do evangelho e a chama é o Espirito Santo aplicando a verdade ao coração. Ocorre , então, um encontor com o Deus verdadeiro ao qual a verdade assinala. O fogo resultante é o que lemos no livro de Atos: vidas e igrejas cristãs vibrantes.
O cristianismo é muito racional para o misticismo e muito místico para o racionalismo. Quando um cristão ou uma igreja enfatiza o cognitivo excluindo o experimental, ou o experimental excluindo o cognitivo, se perde a dinâmica da renovação. Ambos devem ser enfatizados com a mesma intensidade sem confrontar-se um com o outro pois são complementares. A verdade que experimentamos!!! Sem mais delongas, é essa mesma experiência que nos desperta o apetite por mais verdade.
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Nota: Já que os avivamentos tem tanto poder que muitas vezes criam tensões dentro da igreja em geral. Como o avivamento é ortodoxia viva, ameaça quem quer se fixar em um dois extremos. Algumas pessoas tem uma ortodoxia morta, isto é, são doutrina mas teme em enfatizar a experiência e a atividade. Outros vivem numa heterodoxia, pessas que tem tanta preocupação com a vida e a sociedade que rechaçaram a idéia de autoridade bíblica e de fé ortodoxa. Um lado criticaram as igrejas renovadas porque estas eram muito radicais e outro lado a combatia como muito primitivas. Esta polarização é inevitável. E, sem mais, as igrejas renovadas podem agravar esta tensão – e assim afetando a renovação- quando se deixam levar pelo orgulho espiritual.
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Dinamicas individuais.
No coração do homem o evangelho opera da seguinte maneira:
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Arrependimento.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo conduz a pessoa a um nível profundo de arrependimento. Uma parte do arrependimento é localizar a vontade contra as atitudes pecaminosas. Contudo, na renovação espiritual seus olhos se abrem para ver formas mais profundas e sutis de carnalidade em seu coração, donde surge a conduta pecaminosa, atitudes enraizadas em sua alma e valores que servem como formas de obras de auto justificação e vontade carnal. Todos os cristãos conservam formas de tentativas de controlar suas próprias vidas por meio de estratégias residuais da auto salvação, maneiras de continuar a busca de serem aceitos por nossos esforços. Para isto, fixamos nossos corações em coisas criadas como o trabalho, amor, posses, romance, fama e outras como tais.
Por que os cristãos fazem isto? Pela mesma razão que fazem os não-cristaos. O mundo afasta idéia a idéia de que a. somos pecadores completamente inábeis e impotentes e que b. a salvação é totalmente gratuita e imerecida. Se isso é verdade, então, Deus é senhor absoluto. Romanos 1 nos diz que o conhecimento de Deus é inato, mas que os homens desejaram manter oculto os segredos de suas próprias vidas de maneira que impediram dar a deus um nível de agradecimento que Ele merecia. Em seu lugar louvaram aquilo que foi criado como se fosse sua salvação, desviando da verdade da nossa absoluta dependência dEle.
A renovação espiritual não começa simplesmente quando nos damos conta que um que se preocupa muito, outro nem se preocupa, ou que um é egoísta ou que tem maus hábitos. A renovação espiritual não começa quando o Espirito nos mostra por que temos esse pecado particular. Começa quando começamos a ver que nossos problemas vem pór nossa resistência a idéia de graça, que estamos cheios de auto justificação e, portanto, de uma vontade carnal. O avivamento sempre requer que se abandone os ídolos- Jz 10:10-16 e Ex 33:1-6-. Na medida que esta obra de arrependimento progride, o cristao começa a sentir uma fome maior pelo amor e pela presença de Deus.
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Em segundo lugar, a renovação se completa quando o Espirito Santo dá ao cristão, uma nova compreensão e experiência de sua posição frente a Deus, isto é, de ser completo, amado e adotado em Cristo. As dinâmicas da renovação individual são como um pendulo. Quanto mais vemos que temos oscilado quando havia pecado faz com que seja maior a experiência da graça e amor de Deus ! Quanto mais nos vemos em nossa pecaminosidade e duvida, mais precioso e maravilhoso será para nós o valor da cruz.
Isto quer dizer que o cristão se renova por meio da comunhão com Deus- IJo 1:3 - . Esta é uma experiencia real de sua presença que ocorre quando o espírito transforma a verdade da palavra em uma realidade vivida afetando o coração. Paulo orava pelos efésios: para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior, que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.(Ef. 3:16-19). Isto quer dizer que os conceitos intelectuais podem afetar nossas emoções e vontade de modo permanente.
Mas também quer dizer que um cristão é renovado por meio de experimentar o amor da adoção. Pois, a renovação nos conduz a certeza de que realmente pertencemos a família de Deus. Quando experimentou o Espirito Santo escutou uma voz que dizia: E veio uma voz dos céus que dizia: Tu és meu filho amado, em que me comprazo” (Mc 1:11). Todos os cristãos experimentam o poder do Espirito Santo da mesma maneira. Sua tarefa é poderosamente afirmar para nós que somos filhos amados de Deus – Rm 8.15-16-. Derrama seu amor em nossos corações – Rm 5.5-. Esta certeza do amor adotivo se dá em vários modos. Algumas vezes pode ser um Tsunami e vamos com um arrojo incrível na pregação (At. 4.31). outras vezes, é como um suave gotejar que debilita e acaba com o nosso temor. Mas um cristão renovado sempre vive por fé como um filho ou filha de Deus. Nos dirigimos a Ele como nosso Pai, e não a um patrão, tirano, ou um alguém com poder distante de nós.
Uma maneira pela qual o Espírito aplica o evangelho a toda a igreja pode ser comparada a um motor de dois tempos. O primeiro tempo é o da tomada de compreensão. Neste o pistão move para cima até o cilindro injetando uma mescla de ar e combustível e o comprime. Logo, por meio de uma faísca a mescla explode. Isto causa um segundo tempo é a força. Neste o pistão é empurrado pra baixo pela combustão. Isto cria o movimento. O pistão transfere esse movimento por meio de barra até as rodas.
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Tempo de partida.
Dentro das atividades que conduzem ao avivamento em uma igreja estão: 1. A oração centrada no reino, 2. A proclamação do evangelho com profundidade. A oração centrada no reino se concentra na necessidade da igreja de poder e da presença de Deus, da gloria e o reinado de Deus,antes que os pedidos por necessidades pessoais. Esta permanentemente cheia de arrependimento, contudo, intercede a Cristo ascendido como seu advogado e o diretor do seu reino no mundo. A oração de coragem, humildade e nunca programada. Deve ser um movimento pelo qual caminha a congregação e sua gente.
Ademais, a igreja deve apresentar o evangelho as pessoas por meio da pregação, ensino e conselho. Como foi mencionado anteriormente, esta é uma ênfase intecional tanto na santidade/lei de Deus como também no amor/misericórdia do Pai ao mesmo tempo, provendo um balanceado realce na sã doutrina como na aplicação pessoal da verdade até o coração e a vida. Se traçarmos um eixo e compararmos cada ponto de balanço poderemos avaliar marcando num gráfico quanto a comunicação do evangelho da igreja está servindo como uma condição para o avivamento. Somente quando a marca esta no centro dos extremos, o calor espiritual pode ser gerado. Esta comunicação e oração chegam a ser a mescla de combustível com que o ar que é Espírito poderá acender.
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Combustão
Como já tínhamos dito, as dinâmicas da renovação espiritual são como um pêndulo, quanto mais profundo é o arrependimento, mais nos carrega a uma maior confiança e segurança no amor. Esta é a experiência filial – Rm 8.15-16-. Quando esta dinâmica individual é 1. Forte- sujeita a graduações- e 2. Disseminada na congregação, então, esta combustão pode acontecer em toda a igreja. Se desata uma dinâmica de renovação corporativa.
Esta combustão é vista em duas explosões que sempre estão presentes em algum lugar. 1. Primeiro há um embelezamento da igreja, Moises desejava que a presença de Deus baixasse no meio de Israel de modo que o mundo pudesse ver a gloria de Deus em suas vidas distinguidas das demais- Ex. 33.16. Em Atos 2.42-47, nos diz que uma comunidade cristã avivada está cheia de pessoas humildes, sensíveis e seguras e também valentes, generosas, sinceras e alegres, tendo o favor de todo o povo da comunidade em volta. Havia uma preciosa paz na igreja. Como conseqüência: 2. A igreja crescia significativamente por meio das conversões. Por que? Os não cristãos se sentiam atraídos aos cristãos e a sua comunidade. Por outro lado, os cristãos em sua sensação de certeza não tinham temor de dar testemunho de sua fé. Como resultado, o crescimento da igreja pode ser explosivo como testemunha Atos 2.47, E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.
Note: Muitas pessoas pensam que qualquer derramamento emocional é um avivamento espiritual. Somente quando a emoção é o resultado das dinâmicas da renovação pessoal (uma experiência do evangelho lei-amor), então, o resultado será o embelezamento que o mundo percebe e que conduz a troca rela do caráter e significativo crescimento da igreja.
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Tempo de força
Posteriormente, se as dinâmicas de renovação são fortes, estas impulsionam aos novos cristãos a comunidade. A medida que o numero de cristãos cresce e se incrementa sua compreensão das implicações do evangelho para toda a vida, duas atividades que podem mudar o mundo ao redor da igreja vem como resultado. Primeiro, o evangelho implica uma vida de serviço as pessoas em necessidade. Portanto, os avivamentos historicamente vem acompanhados de boas obras, isto é, cristão que respondem as necessidades sociais, juntando-se ao seu meio, para resolver os problemas sociais de suas comunidades.
Isto leva os cristãos a estabelecer novos ministérios de misericórdia e justiça para ajudar e edificar aqueles em necessidade. A medida que os cristãos se convertem, seus recursos são usados generosamente, e assim, os que não tem Cristo são convertidos, isto vai transformando seu caráter trazendo uma esperança de serem capazes de melhorar sua situação social e econômica. Como também, o evangelho implica que devemos colocar nossas vidas por inteiro a seu serviço. Desta maneira, os cristãos começam a usar valores do reino ao conduzir seus negocio, ciência, arte, atividades acadêmicas. Esta renovação cultural tem um efeito profundo em toda sociedade.
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Marcas Individuais.
A renovação espiritual nasce de contemplar a obra de Cristo, que satisfez plenamente a lei e o amor de Deus. William Cowper descreve maravilhosamente seu impacto.
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Ao ver a Lei por Cristo satisfeita
E ouvir sua voz de perdão,
Transforma o escravo em filho e o dever em eleição

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Este processo de transformação é explicado nas obras de Jonathan Edwards, em The Distinguishing Marks of the Spirit of God e The Religious Affections . Resumindo o que ele disse que a renovação verdadeira tem 3 marcas :
1. Há uma mente iluminada. A verdade é iluminada por uma luz divina e sobrenatural. Todo receptor sabe que é assim, a verdade começa a pressionar sobre o coração de maneira que possamos: a. ter um sentido de sua beleza; b. ver suas implicações pessoais.
2. Há um coração que responde. Como vemos a lei e o amor de Deus satisfeitos, nos humilhamos e nos decidimos corajosamente que já é hora de conhecermos quem somos através da graça. Isto é algo único. Sem evangelho, a humildade e a coragem somente podem crescer a cargo de uma ou de outro.
3. acontece uma vida transformada. A única maneira de saber que a renovação não é uma mera experiência emocional, é saber se ela está enraizada na verdade, de coração, é ver que acontecem transformações permanentes no caráter e na conduta. Estas serão graduais, mas sempre permanentes.
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Marcas Corporativas
Assim como a experiência da tensão lei-amor conduz a respostas únicas dentro do individuo, também produz tais na igreja renovada.
1. Doutrinal e também relacional. Sem o evangelho, as igrejas tem que enfatizar a verdade e os princípios que concernem as necessidades das pessoas. Mas, nas igrejas renovadas há uma ênfase tanto no ensino como na aplicação da verdade, como sobre ser companheiro e as relações interpessoais em geral. Não se faz uma escolha entre verdade e amor, ambos acontecem.
2. Palavra e ação. As implicações do evangelho conduzem os cristãos ao amor tanto em palavra como em ação. Por ser o evangelho verdade é natural que o desejo de espalhá-lo, desta maneira as igrejas renovadas são fortemente evangelísticas. Contudo, como somos salvos pelas riquezas de Cristo apesar da pobreza moral nossa, os cristãos sentem compaixão pelas pessoas que são materialmente pobres também.
3. Tanto formal como livre. Uma igreja renovada evita os problemas das igrejas moralistas e pragmáticas. Muitas igrejas conservadoras atribuem a Bíblia, costumes que são meramente culturais. Por outro lado, muitas igrejas liberais atribuem a ensinos bíblicos, um imperativo absoluto de elemento cultura. As igrejas renovadas se sujeitam as verdades bíblicas, contudo, são culturalmente flexíveis e criativas pois vivem na liberdade do evangelho.
4. Adoração em espírito e em verdade. Uma igreja renovada evita ter uma adoração do tipo escola dominical – orientada somente ao cognoscitivo- tanto como ao estilo oprimido - orientado ao emocionalismo-. Acontece uma adoração tanto espiritual como baseada na verdade. Será tanto meditativa como dinâmica.
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Resumo: a renovação e o avivamento não ocorrem como conseqüência de que algumas pessoas se voltem a valores tradicionais, mas somente quando por meio Espírito Santo, as pessoas veem a si mesmas como pecadores perdoados, ímpios justificados em Cristo – Rm 4.5-. Isto é o que traz o poder. Esta experiência galvaniza e embeleza a igreja. A igreja pode ter afirmado a verdade em geral, mas as verdades bíblicas sozinhas são como palhas sem chama. Com a convicção do Espírito Santo, o fogo desce sobre a palha. As pessoas experimentam sua adoção, isto as leva a ter cultos de adoração cheios da presença de Deus. O que por sua vez conduz ao crescimento da igreja por meio de conversões, saúde social e renovação cultural.
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fonte: KELLER, Timothy et THOMPSON, J. Allen Manual para plantadores de Iglesias, p. 178-185

RONALDO LIDÓRIO: Konkombas

Konkombas é um maravilhoso relato onde podemos ver Deus intervindo na vida de um povo africano ainda sem o Evangelho.
Este livro conta uma história não centrada em missionários com relatos puramente pessoais, mas sim em Deus levando o Seu evangelho a romper barreiras e enfrentar perseguições.
Konkombas prova como é possível ocorrer conversões, transformação de vidas e mentes, livramentos e milagres no nascer da Igreja. como resultado do conhecimento do sacrifício de Cristo.
No nordeste da Gana, África, um povo vivendo em meio à escuridão espiritual e sem o conhecimento do evangelho. Em nosso continente, a igreja brasileira envia um casal missionário com a proposta de comunicar a Palavra de Deus àquele povo. Assim, Ronaldo e Rossana Lidório chegam até uma região que pela primeira vez ouve a Palavra do Senhor.
O evangelho rmpeu barreiras, e a igreja nasceu em uma tribo africana. Essa é a história da ação de Deus entre os Konkombabimonkpeln.
Ao longo do relato do pastor Ronaldo Lidório em Konkombas, maravilhe-se com a graça de Deus, veja como o Senhor está construindo a sua igreja em nossos dias, observe o Senhor fazendo o impossível acontecer. E aproveite para refletir sobre quem é você nas mãos de Deus e sobre como o Senhor deseja usá-lo, seja perto seja longe.

Pr. Ronaldo Lidório é bacharel em Teologia e doutor em Antropologia Cultural pela Universidade de Londres. É missionário da Missão AMEM (A Missão de Evangelização Mundial) e da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais (APMT), e antropólogo envolvido com o desenvolvimento sustentável em projetos sociais. Também é autor de Testuarando o Ardor Missionário, publicado pela CPAD.
Trecho:
"A igreja não isola ou aliena o convertido, mas sim o leva a ser mais sensível com as lidas diárias da sociedade. Ela é uma comunidade sem fronteiras e, portanto, missionária. Sua missão principal é glorificar a Deus, e ela a cumpre não apenas por meio da invocação, Palavra e louvor, mas também mantendo os olhos abertos e chorando com os que choram. Sua missão não é fazer, mas ser. Ser sal da terra e luz do mundo" p.60

domingo, dezembro 27, 2009

RENE GIRARD: A violência e o Sagrado


O SACRIFÍCIO


"a própria violência vai deixá-las de lado, assim que o objeto inicialmente visado sair de seu alcance e continuar a provocá-la. A violência não saciada procura e sempre acaba por encontrar uma vítima alternativa" p. 14
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CAIM E ABEL
"Só é possível ludibriar a violência fornecendo-lhe uma válvula de escape, algo para devorar. Talvez seja este, entre outros, o significado da história de Caim e Abel. O texto bíblico oferece uma única precisão sobre os dois irmãos. Caim cultiva a terra e oferece a Deus os frutos de sua colheita. Abel é um pastor e sacrifica os prmogênitos de seu rebanho. Um dos irmãos mata o outro, justamente o que não dispõe deste artifício contra violência, o sacríficio animal. Esta diferença entre o culto sacrificial e o culto não-sacrificial é na verdade inseparável do julgamento de Deus em favor de Abel. Dizer que Deus acolhe favoravelmente os sacríficios de Abel, o que não ocorre com as oferendas de Caim, é redizer em outra linguagem, a do divino, que Caim mata seu irmão, ao passo que Abel não o mata".p. 17
...
"A substituição sacrificial pressupõe um certo desconhecimento. Enquanto permanece vivo, o sacrifício não pode tornar explícito o deslocamento no qual se baseia. Mas eletambém não pode esquecer completamente nem o objeto inicial, nem o deslizamento realizado deste objeto para a vítima realmente imolada" p. 18
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"O sacrifício polariza sobre a vítima os germens de desavença espalhados por toda parte, dissipando-os ao propor-lhes uma saciação parcial" p.21
...
"O princípio da substituição sacrificial baseia-se na semelhança entre as vítimas atuais e as vítimas potenciais, e essa condição pode ser perfeitamente preenchida, quando, nos dois casos, trata-se de seres humanos. O fato de que algumas sociedades tenham sistematizado a imolação de certas categorias de seres humanos com o objetivo de proteger as outras categorias não tem nada de supreendente" p. 25
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"O desejo de violência é dirigido aos próximos; mas como ele não poderia ser saciado às suas custas sem causar inúmeros conflitos, é necessário desviá-lo para a a vítima sacrificial, a única pode ser abatida sem perigo, pois ninguém irá desposar sua causa" (...) Os homens obtem tanto mais exito na eliminação da violência quanto mais este processo de eliminação não for reconhecido como seu, mas sim como um imperativo absoluto, como a ordem de um deus cujas exigências são tão terríveis quanto minuciosas. O pensamento moderno, ao expulsar completamente o sacríficio para fora do real, continua a ignorar sua violência" p.27
...
"A vingança constitui portanto um processo infinito, interminável. Quando a violência surge em um ponto qualquer da comunidade, tende a se alastrar e a ganhar a totalidade do corpo social, ameaçando desencadear uma verdadeira reação em cadeia, com consequencias rapidamente fatais em sua sociedade de dimensões reduzidas. A multiplicação das represálias coloca em jogo a própria existência da sociedade. Por este motivo, onde quer que se encontre, a vingança é estritamente proibida" p.28
...
"O sacrifício oferece ao apetite de violência , que a vontade ascética não consegue saciar, um alívio sem dúvida momentâneo, mas indefinidamente renovável, cuja eficácia é tão sobejamente reconhecida que não podemos deixar de levá-la em conta. O sacrifício impede o desenvolvimento dos germens de violência, auxiliando os homens no controle da vingança" (...) A hipotese que levantamos confirma-se: é as sociedades desprovidas de sistema judiciário, e por isso mesmo ameaçãdas pela vingança que o sacrifício e rito em geral devem desempenhar um papel essencial. Mas é incorreto afirmar que o sacrifício subtitui o sistema judiciário. Em primeiro lugar, porque é impossível substituir algo que com certeza nunca existiu, e em seguida porque, na ausência de uma renúncia voluntária e unânime a quqlquer violência, o sistema judiciário é insubstituível em seu domínio". p.32
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Nas sociedades primitivas não exite, entre a não-violência e a violência , o freio automático e onipotente de instituições que nos determinam tão mais intensamente quanto mais seu papel é esquecido (...) O religioso primitivo domestica a violência, regulando-a, ordenando-a e canalizando-a para utilizá-la contra qualquer forma de violência propriamente intolerável. em um ambiente geral de não-violência e apraziguamento. Ele define uma estranha combinação de não-violência e violência. p.34
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O sistema judiciário racionaliza a vingança, conseguindo dominá-la e limitá-la a seu bel-prazer . Ele a manipula sem perigo , transformando-a em uma tecnica extremamente eficaz de cura e secundariamente de prevenção da violência" p. 36

sábado, dezembro 26, 2009

C.S. Lewis : O Grande Abismo 2


“Milton estava certo”, afirmou meu Professor. “A escolha de toda alma perdida pode ser expressa nas palavras: ‘E melhor reinar no inferno do que servir no céu’. Existe sempre algo que insistem em guardar, mesmo ao preço do sofrimento. Existe sempre algo que preferem à alegria — isto é, à realidade. Você pode observar tal coisa na criança mimada que prefere perder a brincadeira e o jantar a pe-dir desculpas e voltar às boas. Deram a essa atitude o nome de Zanga ou Amuo, mas na vida adulta ela possui uma centena de nomes refinados a ira de Aquiles, o orgulho de Coriolano, Vingança, Mérito e Auto-Respeito Injuriados, Grandeza Trágica e Orgulho Justo.


(...)

“Você acha?” perguntou o Professor com um olhar penetrante. “Está mais perto disso do que pensa. Houve homens que se interes-saram de tal forma em provar a existência de Deus que acabaramse desinteressando por completo do próprio Deus... como se o bom Senhor nada tivesse a fazer além de existir! Houve alguns tão ocu-pados em espalhar o cristianismo que jamais deram um pensamen-to a Cristo. Amigo! Você pode ver isso nas pequenas coisas. Você já conheceu um amante de livros que com todas as suas primeiras edições e obras autografadas tivesse perdido o poder de lê-Ias? Ou um organizador de obras de caridade que perdesse todo amor elos pobres? Trata-se da mais sutil de todas as armadilhas.”

p. 51-52
...
“Sim. O Inferno inteiro é menor do que um pedregulho do seu mundo terrestre: mas é ainda menor do que um átomo deste mun-do, o Mundo Real. Olhe para aquela borboleta. Se ela engolisse o inferno inteiro, ele não seria bastante grande para prejudicá-la de modo algum nem teria qualquer sabor.”
“Parece bem grande quando estamos dentro dele, senhor.”
“Todavia, toda solidão, ira, ódio, inveja e desejos nele contidos, se combinados numa só experiência e colocados na balança em oposição ao menor momento de gozo sentido pelo menor de todos no céu, não teria peso algum que pudesse ser registrado. O mal não pode ter êxito mesmo em ser mau, com tanta realidade como o bem é bom. Se todas as misérias do inferno viessem a colocar-se juntas diante daquele pequenino pássaro amarelo no ramo ali adiante, seriam engolidos sem deixar vestígios, como uma gota de tinta derramada no Grande Oceano do qual o seu Atlântico celestial não passa de uma simples molécula.”
“Entendo”, disse eu finalmente, “Ela não caberia no inferno.”
Ele assentiu. “Não há espaço para ela. O inferno não poderia abrir até esse ponto a sua boca.”“E não poderia ela diminuir? — como Alice?”
“Não o bastante. Pois uma alma condenada é praticamente nada: ela é encolhida, fechada em si mesma. O bem bate sobre os conde-nados incessantemente como as ondas de som batem no ouvido dos surdos, mas eles não podem recebê-las. Seus dedos estão dobrados, seus dentes cerrados, seus olhos fechados. Em primeiro lugar eles não querem, e no fim não podem abrir as mãos para receber as dá-divas, a boca para serem alimentados, ou os olhos para ver.”
“Então ninguém poderá jamais chegar até eles?”
“Somente o Maior de Todos pode tomar-se suficientemente peque-no para entrar no inferno. Pois quanto mais elevada é uma coisa, tanto mais baixo pode descer — o homem pode ter simpatia por um cavalo, mas este não terá simpatia por um rato. Somente Alguém desceu ao inferno.”
p.88-89

ED RENE KIVITZ: O Livro mais mal humorado


"O aprendizado do prazer é a libertação do desejo. Quem vive se consumindo pelo desejo do que não tem não é capaz de desfrutar o que tem. Vive da falta, desperdiça a posse. O Eclesiaste ensina que, se você não aprender a desejar o que possui, o que está à mão agora, você poderá ganhar um milhão- ou dois, ou três- mas nunca ficará satisfeito" p.112


"Se alguma mensagem afirma que Deus deve ser usado como meio, e nãom como fim em si mesmo, não é o evangelho de Jesus Cristo. O evangelho de Jesus prega a satisfação da alma em Deus. O evangelho apresentado como fonte de acesso aos desejos da alma é um evangelho distorcido. Usar Deus para obtenção de objetos de desejo é perverter a relação, porque na verdade, a nossa experiência com Deus deve nos dar a satisfação naquilo que possuímos, e não acesso àquilo que desejamos" p. 115


O Livro mais mal humorado da Bíblia.

sexta-feira, dezembro 25, 2009

ANNE ENRIGHT: O Encontro

Em "O encontro", a premiada escritora Anne Enright constrói um texto cheio de fúria e de poesia para narrar a história de uma numerosa família irlandesa que é obrigada a se reunir, depois de muito tempo afastada, para o funeral de um de seus membros. Através dos olhos de Veronica - mãe de duas meninas e casada com um homem que lhe é cada vez mais distante -, iremos conhecer o passado conturbado da família Hegarty e os dramas que envolveram sua avó, Ada, sua mãe e seus tios, e finalmente seus incontáveis - e desajustados - irmãos.Assombrada por lembranças que se fundem e se transformam ao longo dos anos, aniquilada pela morte trágica de Liam, seu irmão mais próximo, Veronica irá refazer a história da família para descobrir que, mesmo atormentada pela dor da perda e pela loucura, é possível alcançar a redenção. "O encontro" é um épico familiar, revelado pelas lentes de Anne Enright. É uma obra que ecoa os mestres do passado em um texto apaixonado e inesquecível.Anne Enright é uma das vozes mais originais da atual literatura irlandesa. E, ao receber o Man Booker Prize de 2007, o conceituado prêmio literário de língua inglesa, ela se confirma como uma das mais importantes autoras da atualidade. Seu estilo é único, sua narrativa é furiosa, vibrante, e o livro que compõe é um retrato de dor, mas ao mesmo tempo de esperança

segunda-feira, dezembro 21, 2009

LEONARD MLONDINOW: O Andar do Bêbado




Olhando pela lente da aleatoriedade
Lembro-me de, quando adolescente, ver as chamas amarelas das velas do sabá dançando aleatoriamente sobre os cilindros brancos de parafina que as alimentavam. Eu era jovem demais para enxergar algum romantismo na luz de velas, mas ainda assim ela me parecia mágica - em virtude das imagens tremulantes criadas pelo fogo. Moviam-se e se transformavam, cresciam e desvaneciam sem nenhuma aparente causa ou propósito. Certamente, eu acreditava, devia haver um motivo razoável para o comportamento da chama, algum padrão que os cientistas pudessem prever e explicar com suas equações matemáticas. "A vida não é assim", disse meu pai. "Às vezes ocorrem coisas que não podem ser previstas." Ele me contou de quando, em Buchenwald, o campo de concentração nazista em que fi cou preso, já quase morrendo de fome, roubou um pão da padaria. O padeiro fez com que a Gestapo reunisse todos os que poderiam ter cometido o crime e alinhasse os suspeitos. "Quem roubou o pão?", perguntou o padeiro. Como ninguém respondeu, ele disse aos guardas que fuzilassem os suspeitos um a um, até que estivessem todos mortos ou que alguém confessasse. Meu pai deu um passo à frente para poupar os outros. Ele não tentou se pintar em tons heroicos, disse-me apenas que fez aquilo porque, de qualquer maneira, já esperava ser fuzilado. Em vez de mandar fuzilá-lo, porém, o padeiro deu a ele um bom emprego como seu assistente. "Um lance de sorte", disse meu pai. "Não teve nada a ver com você, mas se o desfecho fosse diferente, você nunca teria nascido." Nesse momento me dei conta de que devo agradecer a Hitler pela minha existência, pois os alemães haviam matado a mulher de meu pai e seus dois filhos pequenos, apagando assim sua vida anterior. Dessa forma, se não fosse pela guerra, meu pai nunca teria emigrado para Nova York, nunca teria conhecido minha mãe, também refugiada, e nunca teria gerado a mim e aos meus dois irmãos.
Meu pai raramente falava da guerra. Na época eu não me dava conta, mas anos depois percebi que, sempre que ele partilhava conosco suas terríveis experiências, não o fazia apenas para que eu as conhecesse, e sim porque queria transmitir uma lição maior sobre a vida. A guerra é uma circunstância extrema, mas o papel do acaso em nossas vidas não é exclusividade dos extremos. O desenho de nossas vidas, como a chama da vela, é continuamente conduzido em novas direções por diversos eventos aleatórios que, junta- mente com nossas reações a eles, determinam nosso destino. Como resultado, a vida é ao mesmo tempo difícil de prever e difícil de interpretar. Da mesma maneira como, diante de um teste de Rorschach, você poderia ver o rosto da Madonna e eu um ornitorrinco, podemos ler de diversas maneiras os dados que encontramos na economia, no direito, na medicina, nos esportes, na mídia ou no boletim de um filho na terceira série do colégio. Ainda assim, interpretar o papel do acaso num acontecimento não é como interpretar um teste de Rorschach; há maneiras certas e erradas de fazê-lo.
Frequentemente empregamos processos intuitivos ao fazermos avaliações e escolhas em situações de incerteza. Não há dúvida de que tais processos nos deram uma vantagem evolutiva quando tivemos que decidir se um tigre-dentes-de-sabre estava sorrindo por estar gordo e feliz ou porque estava faminto e nos via como sua próxima refeição. Mas o mundo moderno tem um equilíbrio diferente, e hoje tais processos intuitivos têm suas desvantagens. Quando utilizamos nossos modos habituais de pensar ante os tigres de hoje, podemos ser levados a decisões que se afastam do ideal, e que podem até ser incongruentes. Essa conclusão não é surpresa nenhuma para os que estudam o modo como o cérebro processa a incerteza: muitas pesquisas apontam para uma conexão próxima entre as partes do cérebro que avaliam situações envolvendo o acaso e as que lidam com a característica humana muitas vezes considerada a nossa principal fonte de irracionalidade, as emoções. Imagens de ressonância magnética funcional, por exemplo, mostram que risco e recompensa são avaliados por partes do sistema dopaminérgico, um circuito de recompensa cerebral importante para os processos motivacionais e emocionais.1 Os testes também mostram que as amígdalas cerebelosas - os lóbulos arredondados na superfície anterior do cerebelo -, também ligadas a nosso estado emocional, especialmente ao medo, são ativadas quando tomamos decisões em meio à incerteza.2
Os mecanismos pelos quais as pessoas analisam situações que envolvem o acaso são um produto complexo de fatores evolutivos, da estrutura cerebral, das experiências pessoais, do conhecimento e das emoções. De fato, a resposta humana à incerteza é tão complexa que, por vezes, distintas estruturas cerebrais chegam a conclusões diferentes e aparentemente lutam entre si para determinar qual delas dominará as demais. Por exemplo, se o seu rosto inchar até cinco vezes o tamanho normal em 3 de cada 4 vezes que você comer camarão, o lado "lógico" do seu cérebro, o hemisfério esquerdo, tentará encontrar um padrão. Já o hemisfério direito, "intuitivo", dirá apenas: "Evite camarão." Ao menos essa foi a descoberta feita por pesquisadores em situações experimentais menos dolorosas. O nome do jogo é suposição de probabilidades. Em vez de brincarem com camarões e histamina, os pesquisadores mostram aos participantes do estudo uma série de cartas ou lâmpadas de duas cores, digamos, verde e vermelho. A experiência é organizada de modo que as cores apareçam com diferentes probabilidades, mas sem nenhuma espécie de padrão. Por exemplo, o vermelho poderia aparecer com frequência duas vezes maior que o verde numa sequência como vermelho- vermelho-verde-vermelho-verde-vermelho-vermelho-verde-verdevermelho- vermelho-vermelho, e assim por diante. Depois de observar o experimento por algum tempo, a pessoa deve tentar prever se cada novo item da sequência será vermelho ou verde.
O jogo tem duas estratégias básicas. Uma delas é sempre arriscar na cor percebida como a que ocorre com mais frequência. Essa é a estratégia preferida por ratos e outros animais não humanos. Ao empregarmos essa estratégia, garantimos um certo grau de acertos, mas também aceitamos que nosso desempenho não será melhor que isso. Por exemplo, se o verde surgir em 75% das vezes e decidirmos sempre arriscar no verde, acertaremos em 75% das vezes. A outra estratégia é "ajustar" a nossa proporção de tentativas no verde e no vermelho conforme a proporção de verdes e vermelhos que observamos no passado. Se os verdes e vermelhos surgirem segundo um padrão e conseguirmos desvendar esse padrão, essa estratégia nos permitirá acertar em todas as tentativas. Mas se as cores surgirem aleatoriamente, o melhor que podemos fazer é nos atermos à primeira estratégia. No caso em que o verde aparece aleatoriamente em 75% das vezes, a segunda estratégia levará ao acerto em apenas cerca de 6 vezes de cada 10.
Os seres humanos geralmente tentam descobrir qual é o padrão e, nesse processo, acabamos tendo um desempenho pior que o dos ratos. Há pessoas, porém, com certos tipos de sequelas cerebrais pós-cirúrgicas que impedem os hemisférios direito e esquerdo de se comunicarem um com o outro - uma condição conhecida como cérebro dividido. Se o experimento for realizado com esses pacientes de modo que eles só consigam ver a luz ou a carta colorida com o olho esquerdo e só possam utilizar a mão esquerda para sinalizar suas previsões, apenas o lado direito do cérebro é testado. Mas se for realizado de modo a envolver apenas o olho direito e a mão direita, será um experimento para o lado esquerdo do cérebro. Ao realizarem esses testes, os pesquisadores descobriram que - nos mesmos pacientes - o hemisfério direito sempre arris- cava na cor mais frequente, e o esquerdo sempre tentava adivinhar o padrão.3
A capacidade de tomar decisões e fazer avaliações sábias diante da incerteza é uma habilidade rara. Porém, como qualquer habilidade, pode ser aperfeiçoada com a experiência. Nas páginas que se seguem, examinarei o papel do acaso no mundo que nos cerca, as ideias desenvolvidas ao longo dos séculos para nos ajudar a entender esse papel e os fatores que tantas vezes nos levam pelo caminho errado. O filósofo e matemático britânico Bertrand Russell escreveu:
Todos começamos com o "realismo ingênuo", isto é, a doutrina de que as coisas são aquilo que parecem ser. Achamos que a grama é verde, que as pedras são duras e que a neve é fria. Mas a física nos assegura que o verdejar da grama, a dureza das pedras e a frieza da neve não são o verdejar da grama, a dureza das pedras e a frieza da neve que conhecemos em nossa experiência própria, e sim algo muito diferente.4
A seguir, olharemos o mundo pela lente da aleatoriedade e veremos que, também em nossas vidas, muitos dos acontecimentos não são exatamente o que parecem ser, e sim algo muito diferente.

domingo, dezembro 20, 2009

ED RENE KIVITZ: Vencendo a injustiça


"Não só o preguiçoso é tolo. Aquele que exagera na medida do esforço para ganhar dinheiro, também é tolo. O Eclesiastes diz que é tolice, algo como correr atrás do vento, obter dois punhados com esforço exagerado se é possível viver com tranquilidade tendo apenas um punhado" p. 74


Ed Rene Kivitz , Livro mais mal humorado da Bíblia

quinta-feira, dezembro 17, 2009

José Ferraz de almeida Júnior

Saudade, o quadro. 1899, autoria de José Ferraz de almeida Júnior, Pinacoteca do Estado de São Paulo. Uma grande historicidade como pano de fundo.

terça-feira, dezembro 15, 2009

C.S. Lewis: Cartas de um diabo a seu aprendiz


"É engraçado como os mortais sempre nos imaginam enfiando idéias em suas cabeças, quando, na verdade, somos peritos em deixar coisas de fora"
Carta 4








Uma vez que você o persuada a considerar o Mundo uma finalidade e a fé um meio, você quase terá vencido o seu homem, já que é muito difícil perceber a pequena diferença entre uma finalidade mundana e o que ele está perseguindo. Uma vez providenciado para que encontros, panfletos, políticas, movimentos, causas e cruzadas comecem a ter muito mais importância para ele do que as orações, ordenanças e a caridade, ele é nosso e quanto mais religioso (nestes termos) ele for, mais seguramente nosso ele se tornará. Eu poderia mostrar a você uma gaiola cheia desse tipo de almas aqui embaixo.

Carta 7



Daí decorre que praticamente todos os vícios tem suas raízes no Futuro. A Gratidão olha para o Passado e o amor enfoca o Presente; mas o medo, a avareza, a luxúria e a ambição sempre estão olhando para frente. Não pense na luxúria e sensualidade como exceções. Quando o prazer presente chega, o pecado (que é unicamente o que nos interessa) já havia acontecido. O prazer é apenas a parte do processo que detestamos, e se pudéssemos, certamente o excluiríamos do processo; ele é exatamente a parte proporcionada pelo Inimigo, e é sempre experimentado no Presente. O pecado que nós conseguimos produzir, encarou o futuro.
Carta 15


a busca por uma igreja que combine com ele faz do homem, um crítico, quando, na verdade, o Inimigo quer que ele seja apenas um aprendiz

carta 16


Primeiro, fazemos d´Ele (Jesus) um simples mestre, e depois escondemos a própria semelhança que existe entre Seus ensinamentos e aqueles de todos os outros grandes mestres morais. Pois não devemos permitir que os homens percebam que todos os grandes moralistas sã enviados pelo Inimigo - não para informar os homens, e sim para relembrá-los , para estabelecere aquelas obviedades morais primordiais, opondo-se ao contínuo obscurecimento que fazemos delas"

carta 23


segunda-feira, dezembro 14, 2009

C.S. Lewis: O Grande Abismo



“Olhe para mim agora”, falou o Fantasma, batendo no peito (mas as batidas não fizeram ruído algum). “Sempre andei direito. Toda a minha vida. Não digo que fosse religioso ou que não tivesse defeitos, longe disso. Mas fiz o melhor que podia a vida inteira. Fiz o máximo por todo mundo, eu sempre fui assim. Nunca pedi nada a que não tivesse direito. Se queria beber pagava pela bebida e se recebia salário, trabalhava pára isso. Está vendo? Eu era assim e não me importo quem saiba disso.”
“Seria muito melhor não ficar repisando esse assunto agora.”
“Quem está repisando? Não discuto. Estou só lhe dizendo como eu era. Não estou pedindo nada senão os meus direitos. Você pensa que pode me olhar de cima só porque está vestido desse jeito (e não estava quando trabalhava comigo) e eu não passo de um pobretão. Mas tenho de ter os meus direitos do mesmo modo que você, está vendo?
“O, não. Não é tão mau assim. Não tenho direitos. Caso contrário não estaria aqui. Você também não irá obter os seus. Vai ganhar algo muito melhor. Não tenha medo.”

“E isso que estou dizendo. Não tenho direitos. E sempre fiz o meu melhor e nunca nada errado. E não vejo porque devo ser considerado inferior a um reles assassino como você.”
“Quem disse que vai? Alegre-se e venha comigo.”
“Por que continua falando desse modo? Só estou dizendo como sou. Só quero os meus direitos. Não estou pedindo piedade de ninguém.”
“Então faça justamente isso. Peça piedade. Tudo aqui é recebido quando se pede e nada pode ser comprado.”
“Isso pode ser muito bom para você, tenho certeza. Se eles deixam entrar um miserável homicida só porque ele pede piedade na última hora, isso é problema deles. Mas eu não estou no mesmo barco que você, percebe? Por que deveria? Sou um homem decente e se tivesse os meus direitos já estaria aqui há muito tempo, e pode dizer isso a eles.”

CESARE MILOSZ: Significado


SIGNIFICADO

Quando eu morrer, verei o avesso do mundo.
O outro lado, além do pássaro, da montanha, do poente.
O significado verdadeiro, pronto para ser decodificado.
O que nunca fez sentido fará sentido,
o que era incompreensível será compreendido.

Mas e se o mundo não tiver avesso?
Se o sabiá na palmeira não for um signo,
Mas apenas um sabiá na palmeira? Se a
seqüência de noites e dias não fizer sentido?
E nessa terra não houver nada, apenas terra?

Mesmo se assim for, restará uma palavra
despertada por lábios agonizantes,
mensageira incansável que corta e corre através de
campos interestelares, galáxias que giram,
e clama, reclama, grita.

EUGENE PETERSON: Fofoca


"O menosprezo do mundo de João estava acontecendo pela fofoca daqueles cujos ensinos aberrantes logo seriam conhecidos como gnosticismo. A natureza essencial da fofoca é que ela fala das pessoas em vez de falar para as pessoas. A fofoca deixa de fora tudo o que é singular e maravilhoso na pessoa e a reduz a uma historieta, a um lugar-comum ou a um estereótipo.. A fofoca nunca é feita por admiração. A fofoca nunca é feita por amor"

Eugente Peterson, Aprendendo a adorar com o Apocalispse de João, in Espiritualidade Subversiva, p.111

terça-feira, dezembro 08, 2009

Eugene Peterson: Espiritualidade Subversiva


Marcos: o texto fundamental para a espiritualidade cristã
"Seguir a Jesus significa não seguir nossos impulsos, apetites, caprichos e sonhos, todo os quais tão prejudicados pelo pecado que passam a ser guias pouco confiáveis para definir qualquer lugar para onde valha a pena seguir. Seguir a Jesus significa não seguir as práticas de procrastinação e negação da morte de uma cultura que, por obsessivamente lutar pela vida sob a égide de ídolos e ideologias, acaba com uma vida tão contraída e apoucada, que mal se pode chamar de vida" p. 24


Permanecer na companhia de Jesus significa contemplar sua glória, interceptar esta vasta conversa entre gerações distantes entre si- gerações que abrangem desde a lei até o evangelho, passando pelos profetas-, uma conversa que se dá em torno de Jesus, e depois ouvir a confirmação divina da revelação corporificada em Jesus. Quando o Espírito de Deus faz sua aparição, para nós é uma aparição repleta de beleza" p.25
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"Os evangélicos vêm interiorizando de forma acrítica os caminhos do mundo e trazendo-os para dentro das igrejas sem que ninguém perceba. Mais especificamente ainda, interiorizamos a fascinação do mundo pela tecnologia e seu entusiasmo pelas atividades. Em vez de ser trazidos diante de Deus (Ó vem, deixa-nos adorar e nos curvamos) e levados a desenvolver um gosto pelos santos ministérios da transcedência em adoração, o que interminavelmente promovem, tentando nos convencer , é que devemos tentar isso e aquilo. Somos recrutados para papéis e posições na igreja nos quais podemos brilhar, validando assim nossa utilidade para aquela nossa função" p.51
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Sobre McLuhan:
Seu insight central, o de que o meio é a mensagem , demonstra que a forma em que uma mensagem é transmitida tem mais efeito sobre - sendo assim mais importante para - a pessoa e sua cultura do que o conteúdo da mensagem. p. 118
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O teólogo leva Deus a sério como sujeito e não como objeto, e toma para si como um projeto para a vida toda a missão de pensar e falar sobre Deus a fim de desenvolver conhecimento e compreensão a respeito de Deus em seu ser e trabalho. O poeta leva as palavras a sério como imagens que relacionam o visível e o invisível, e torna-se um curador que garante que sejam usadas de modo primoroso e preciso. O pastor leva as pessoas de carne e osso a sério como filhos de Deus e fielmente as ouve e fala com elas, tudo o mais passa a ser periférico. Nem sempre os três ministérios convertem numa única pessoa, quando isso acontece, os resultados são extraordinários. É porque João integrava de modo tão completo o trabalho de teólogo, poeta e pastor , que temos o Apocalipse, esse documento concebido de modo tão genial e de utilidade inesgotável" p. 150-151.
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"Calvino via o coração humano como uma fábrica inexoravelmente eficiente para produzir ídolos. As pessoas comumente veem o pastor como o engenheiro de controle de qualidade da fábrica. No momento que aceitamos a posição, desertamos da nossa vocação" p. 185
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PETERSON, Eugene H. Espiritualidade Subversiva Editora Mundo Cristão, 2009.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

HAROLD KUSHNER: Eclesiastes


O Eclesiastes não é um mero professor de sabedoria, ainda que mais honesto e direto que a maioria deles. Não é apenas amigo da afetação e da hipocrisia. É um homem com um medo desesperado de morrer antes de aprender a viver. Nada do que já fez, nada do que fará teria importância, pois um dia morrerá e será como se nunca tivesse vivido. E ele não consegue suportar este medo de morrer e desaparecer sem deixar um traço de si.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

EUGENE PETERSON: Pregação


"Sem a pregação, por mais esplêndido que seja o trono e por maior que seja o número dos anciões e das criaturas, não há certeza de que eu me incluo, e, como consequência, vem desespero suficiente para levar uma pessoa ao pranto. Não basta enxergar o trono glorioso, ouvir os cânticos maravilhosos e entender como são vastas as inclusões. Se não descubro que eu me incluo, não conseguirei louvar, minhas ração será o choro. Se não consigo me ver entre os que jogam a coroa para o alto e gritam de alegria, despreocupados, minha única atitude será curvar a cabeça e chorar"


Eugene Peterson, Trovão Inverso, p. 98

HENRI NOUWEN: Pentecoste

"Sem o Pentecoste, o evento de Cristo- a vida, a morte e a ressureição de Jesus - permanece aprisionado na história como algo a ser lembrado, pensado e refletido. O Espírito de Jesus vem habitar dentro de nós, de modo que nos possamos tornar Cristo vivos aqui e agora. O Pentecostes ergue todo o ministério da salvação de suas particularidades e o transforma em algo universal, que abarca todas as pessoas, países, épocas e eras. É também um momento de autorização. Cada indivíduo pode reivindicar o Espírito de Jesus como o espírito que guia sua vida. Nesse Espírito, podemos falar e agir livremente e com confiança, sabendo que o mesmo Espírito que inspira Jesus está nos inspirando". pg. 70
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"É importante lembrar que a comunidade cristã é uuma comunidade de espera, ou seja, uma comunidade que cria não apenas uma sensação de fazer parte, mas também uma sensação de estranhamento. Na comunidade cristã, dizemos uns aos outros: Estamos juntos, mas não podemos nos completar uns aos outros...ajudamo-nos, mas também devemos lembrar que nosso destino está além de nossa união. O apoio da comunidade cristã é o apoio de uma expectativa em comum. Isso exige uma crítica constante em relação a quem fizer da comunidade um abrigo seguro ou uma panelinha confortável e um constante incentivo à procura do que está por vir." p. 111
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terça-feira, dezembro 01, 2009

HENRI NOUWEN: Integridade


"Afasta a ilusão de que a integridade pode ser dada de um ser para outro. É cirador porque não extrai a solidão e a dor do outro, mas convida a reconhecer sua solidão em um plano em que possa ser compartilhada. Muitas pessoas nesta vida sofrem porque estão procurando ansiosamente pelo companheiro, pelo evento ou encontro que as livrará da solidão Quando entram em uma casa de real hospitalidade, porém, percebem logo que os próprios ferimentos devem ser entendidos não como fontes de desespero e amagura, mas como sinais de que tem de caminhar para frente, obedecendo aos sons do chamado dos próprios ferimentos"


Ricardo Bitum, Henri Nouwen de A a Z, p. 17

domingo, novembro 29, 2009

ENRIQUE VILLA-MATAS: Bartleby


Ser copista, además, es tener el honor de pertenecer a la constelación Bartleby. Con esa alegría he bajado hace unos momentos la cabeza y me he abismado en otros pensamientos. Estaba en mi casa, pero me he quedado medio dormido y me he trasladado a una oficina de copistas de Ciudad de México. Pupitres, mesas, sillas, butacas. Al fondo, una gran ventana por donde más que verse se dejaba caer un fragmento del paisaje de Comala. Y aún más al fondo, la puerta de salida con mi jefe tendiéndome la mano. ¿Era mi jefe de México o era mi jefe real? Breve confusión. Yo, que estaba afilando lápices, me daba cuenta de que no iba a tardar nada en ocultarme detrás de una columna. Esa columna me recordaba al biombo tras el que se ocultaba Bartleby cuando habían desmantelado ya la oficina de Wall Street en la que vivía.
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ADÉLIA PRADO: O poeta ficou cansado


O poeta ficou cansado


Pois não quero mais ser Teu arauto.

Já que todos têm voz,

por que só eu devo tomar navios

de rota que não escolhi?

Por que não gritas, Tu mesmo,a

miraculosa trama dos teares,

já que Tua voz reboa

nos quatro cantos do mundo?

Tudo progrediu na Terra

e insistes em caixeiros-viajantes

de porta em porta, a cavalo!

Olha aqui, cidadão,

repara, minha senhora,

neste canivete mágico:

corta, saca e fura,

é um faqueiro completo!

Ó Deus,

me deixa trabalhar na cozinha,

nem vendedor nem escrivão,

me deixa fazer Teu pão.

Filha, diz-me o Senhor,

eu só como palavras.


(Adélia Prado, Oráculos de maio)

ALESSANDRO ROCHA: Espírito Santo: aspectos de uma pneumatologia solidária a condição humana


"Ninguém pode entrar no reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. Jesus causa impacto com esta afirmação que o Espírito faz renascer o homem e a mulher, ambos renascem à imagem e semelhança de Deus; é o Espírito que age trazendo vida onde havia morte. Esse aceno contínuo na tarefa de vivificar, gerar e regenerar é próprio do universo feminino. Homens e mulheres novos nascem das entranhas de Deus, nascem desse útero divino que é o Espírito" (p. 29)
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"Deus não sabe nada de antemão porque não quer saber de tudo de antemão; ele aguarda as respostas de suas criaturas e faz vir seu futuro. Deus não é impassível, mas se abre em sua shekinah para as dores de amor que quer salvar o mundo. Isso, de certo modo, torna Deus dependente da resposta de suas criaturas amadas" Jürgen Moltmann na pag. 96
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"A bondade de Deus se revela na decisão de criar um universo fora de si, e vice-versa: adecisão revela sua bondade e o modo de toda verdadeira bondade, que é a difusão, airradiação, o dom de si sem dobras e sem cálculos, por pura expansão de generosidade,deixando livre a graça e o agraciado. Há um significado muito especial no modo de decisão,que revela também o modo de bondade: “de-cisão”, etimologicamente, nos conduz à açãode um corte – uma “cisão” – e de um afastamento, uma separação – “de”. Ou seja: Deus, ao criar algo absolutamente distinto de si, “de-limita-se”, de certa forma, se retrai e renuncia a ocupar todos os espaços para que haja algo fora dele, um espaço de outro, o espaço da criação. Esse gesto criador, que pressupõe essa renuncia inicial por parte de Deus, não é arbitrária e sem significado, pois provém de seu amor: Deus ama o distinto de si e se esvazia, renuncia em favor do outro, dando-lhe espaço e também tempo"
Luiz Carlos Susin, na pag. 93
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"Não existe um testemunho mais seguro, que comprove a veracidade da Bíblia, do que a Palavra viva de Deus, na qual o Pai pronuncia o Filho no coração do homem"
Thomas Müntzer na pag. 153
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"A comunidade evangelizadora deve ser sinal desta vida do Espírito que se manifesta em cada um de seus membros. Mas não é só um exemplo de vida, deve proclamar a vida lai onde existe a morte- não unicamente a morte espiritual, mas todas as manifestações de antivida que se fazem presentes em nosso tempo. Onde impera a fome e a miséria, a angústia e a dor, a tortura e o assasinato...a comunidade deve levar, em sua mensagem e em seu testemunho, a vida do Espírito"
Noberto Saracco na pag. 206

terça-feira, novembro 24, 2009

JACOB BURCKHARDT: A cultura do Renascimento na Itália

A cultura do Renascimento na Itália, considerada a obra-prima de Burckhardt, assinala um ponto crucial na historiografia moderna. Publicado em pequena tiragem em 1860, este livro viu sua importância crescer gradativamente, até se tornar, na virada do século, um texto fundamental de referência não só para historiadores, mas também para filósofos e críticos de arte. A significativa influência de Burckhardt deveu-se também aos cursos que ministrou regularmente, primeiro em Zurique e depois na Basiléia, de 1855 até sua morte, em 1897. A suas aulas concorriam alunos de todos os cantos da Europa - entre outros, Friedrich Nietzche e Heinrich Wölfflin, o futuro fundador da escola crítica da visibilidade pura. Burckhardt foi um conferencista brilhante, tanto que Nietzche afirma ter se entusiasmado pela primeira vez numa palestra graças a ele. A extrema vivacidade da escrita desta Cultura do Renascimento parece reter algo da fala encantatória daquelas aulas.

Companhia de Bolso, 2009, 504 páginas.




ESTADO MODERNO

"A ficção genuinamente moderna da onipotência do Estado: o principe deve cuidar de tudo, construir e manter igrejas e edíficios públicos, conservar a polícia municipal, drenar os pântanos, zelar pelo vinho e pelos cereais, distribuir com justeza os tributos, dar apoio aos desamparados e as doentes e dedicar sua proteção e convívio a eminentes eruditos, uma vez que estes cuidarão da sua glória junto à posteridade" p. 42

VENEZA E FLORENÇA

"Dentre as cidades que preservaram sua independência, duas são da maior importância para toda a história da humanidade: Florença - a cidade em constante movimento, que nos legou testemunho de todas as idéias e propósitos individuais e coletivos daqueles que, ao longo de três séculos, tomaram parte nesse movimento- e Veneza- cidade da aparente ausência de movimento e do silêncio político. A contraposição das duas revela os mais gritantes contrastes imagináveis, ambas, porém, não admitem comparação com nada neste mundo" p. 87

sábado, novembro 21, 2009

Dilma é inocente


Dilma é inocente
seg, 09/11/09
por Guilherme Fiuza

fonte: http://colunas.epoca.globo.com/guilhermefiuza/2009/11/09/dilma-e-inocente/

Ela não tem culpa. Está sendo só ela mesma. Passeia de mãos dadas com o padrinho, reclama da imprensa burguesa, fuxica informações do governo anterior. Isto é Dilma Rousseff.
O problema são os outros. A opinião pública brasileira é comprável com meio slogan. Caetano Veloso, querendo criticá-la, sem querer abençoou a fraude. O mal de Dilma, segundo o compositor, é ser apenas uma gestora, sem experiência política.
Haja paciência. A única verdade incontestável no currículo de Dilma Rousseff – fora as que ela mesma cria – é ser uma militante. Venerável Caetano: política é a única coisa que a ministra-chefe da Casa Civil fez até hoje.
Quem lhe disse que Dilma é gestora? Lula? Os jornais? Procure saber você mesmo. Descubra, se puder, uma única experiência de gestão bem-sucedida da suposta dama de ferro.
A auto-intitulada companheira de armas de José Dirceu fez na vida o que dez entre dez políticos da DisneyLula fazem: buscar o poder, grudar nele, abrir espaços para a companheirada na sombra do Estado brasileiro.
Avalie a gestão mais conhecida de Dilma Rousseff, à frente do Ministério das Minas e Energia (na Casa Civil ela só conspira, faz campanha e brinca de mãe do PAC, portanto não conta). Caetano, você ouviu falar que as concessionárias de energia elétrica estão devendo bilhões de reais ao consumidor, por cobranças excessivas na conta de luz?
Pois bem: isso é uma das obras-primas da famosa gestora Dilma Rousseff.
Copiando o populismo tarifário argentino, a candidata de Lula baixou na marra o preço da energia – como sempre, em nome do povo. É o crime perfeito: o povo fica feliz agora, e se dá mal mais tarde, com a falência das empresas do setor, que acabarão sendo socorridas pelo Tesouro – isto é, por todos nós.
Desta vez, as empresas deram um jeitinho, dentro do fantástico modelo criado pela gestora Dilma, de já ir abatendo o prejuízo no caminho. O contribuinte vai se ferrar lá na frente, e o consumidor já vai se ferrando agora. Um lembrete: ambos são a mesma pessoa – você –, vítima da grande gestora.
Alguém tem notícia de que a cobrança exorbitante e ilegal será devolvida às vítimas? Alguém ouviu alguma garantia nesse sentido da ministra mais poderosa do governo?
Ninguém tem, ninguém ouviu. Por uma razão simples: Dilma Rousseff não é uma autoridade de fato, não está administrando (gerindo!) os problemas do Brasil. Está cuidando do seu projeto eleitoral. Fazendo política – que é o que se dispõe a fazer.
Nada disso aparece na pasmaceira que é o debate político brasileiro. Todos os gatos por aqui têm status de lebre. Maluf inventa o “gestor” Celso Pitta, e a manada só grita depois do cofre arrombado. E lá vamos nós de novo, Caetano.
O verdadeiro analfabeto brasileiro é o eleitor.

A santidade cristã não é uma façanha de Prometeu. Não temos de escalar os muros dos céus e de lá trazer o fogo de Deus, não temos de invadir suas salas de tesouros para obter boas coisas que reservou para nós. Prometeu é o herói de um mito que exprime a profunda desesperança de todas as religiões pagãs. Mas Cristo desceu, realmente, dos céus, tomou nossa carne, re-uniu a raça humana em Si mesmo, iluminou os homens com Sua luz, enviou Seu Espírito ara unir-nos ao Pai. vendo que jamais iriamos a Ele. Deus veio a nós. Sabendo que nunca, por nossas forças, poderíamos ter uma idéia certa sobre Sua verdadeira natureza, ele próprio Se revelou para nós, e mostrou-nos como conquistá-Lo; não pelo conhecimento, mas pelo amor. São segredos que só Deus poderia revelar-nos e Ele o fez, dando-se a nós"


Thomas Merton, Espiritualidade, Contemplação e Paz, p. 113

sexta-feira, novembro 20, 2009

GRACILIANO RAMOS: Angústia











A realidade, nos romances de Graciliano Ramos, não é deste mundo. É uma realidade diferente. Após ter lido Angústia até o fim, é preciso reler as primeiras páginas, para compreendê-las. É um mundo fechado em si mesmo. Que mundo é?
"Há nas minhas recordações estranhos hiatos. Fixaram-se coisas insignificantes. Depois um esquecimento quase completo" — confessa Luís da Silva em Angústia. E depois: "Como certos acontecimentos insignificantes tomam vulto, perturbam a gente! Vamos andando sem nada ver. O mundo é empastado e nevoento." E acrescenta: "Não sei se com os outros se dá o mesmo. Comigo é assim." É assim com todos nós outros, quando entramos no mundo empastado e nevoento, noturno, onde os romances de Graciliano Ramos se passam: no sonho. Os hiatos nas recordações, a carga de acontecimentos insignificantes com fortes afetos inexplicáveis, eis a própria "técnica do sonho", no dizer de Freud. Álvaro Lins, no melhor artigo que se escreveu sobre Graciliano Ramos, observou agudamente a abstração do tempo — "Mas no tempo não havia horas", cita o crítico —, e acrescenta: "Os outros personagens são projeções do personagem principal. Julião Tavares e Marina só existem para que Luís da Silva se atormente e cometa o seu crime. Tudo vem ao encontro do personagem principal — inclusive o instrumento do crime". Estas palavras do crítico constituem a chave da obra do romancista: descrevem perfeitamente a nossa situação no sonho, em que tudo é criação do nosso próprio espírito. Explica-se assim o extremo egoísmo dos heróis de Graciliano Ramos: é o egoísmo daquele que sonha e para o qual, prisioneiro dum mundo irreal, só ele mesmo existe realmente. A mentalidade inteiramente amoral do sonho exclui, decerto, toda "generosidade"; mas a substitui por um sentimento mais vasto de identificação quase mística com as criaturas da própria imaginação, até a cachorrinha Baleia: "Tat twam asi."
O extremo egoísmo do sonho engendra o motivo principal do romancista: cobiça de propriedade. Propriedade de terra, de mulher, em São Bernardo; aqui e em Angústia, a forma extrema desta cobiça, o ciúme. Por isso, nos romances de Graciliano Ramos, esses afetos ultrapassam toda medida; sugerem, ao lado dos afetos análogos na vida real, a impressão de sentimentos patológicos. E quando o autor considera os monstros da sua angústia de sonho, lança o seu grito mais elementar: "Dinheiro e propriedade dão-me sempre desejos violentos de mortandade e outras destruições."
"Ai quando virá o anjo da destruiçãop’ra acabar com a minha memória..."
(Murilo Mendes).
Todos os romances de Graciliano Ramos — e este é o sentido do seu experimentar — são tentativas de destruição; tentativas de "acabar com a minha memória", tentativas de dissolver as recordações pelos "estranhos hiatos" dum sonho angustiado. Trata-se de saber que mundo de recordações se dissolve assim.
A resposta é bastante difícil. Surge, ainda uma vez, o clichê do "sertanejo culto" e sugere aos críticos a idéia de que o romancista está furioso contra o ambiente selvagem do seu passado. Mas não é assim. Não é o sertão o culpado; Vidas secas é o seu romance relativamente mais sereno, relativamente mais otimista. O culpado é — superficialmente visto, numa primeira aproximação — a cidade. O herói de Graciliano Ramos é o sertanejo desarraigado, levado do mundo primitivo, imóvel, para o mundo do movimento. É o vagabundo ("um pobre nordestino..."); e explica-se o seu ódio balzaquiano ao mundo burguês, que conseguiu a estabilidade relativa do comércio de secos e molhados. Esta vagabundagem é o aspecto sociológico do egoísmo do sonho quando se choca com a realidade. É o desejo violento do vagabundo de restabelecer-se na terra: "Como a cidade me afastara de meus avós!" Mas é apenas uma explicação em primeira aproximação: pois Paulo Honório consegue o seu fim, e, contudo, é uma vida malograda. Por quê? Porque o seu criador quer mais do que terra, casa, dinheiro, mulher. Quer realmente voltar aos avós. Voltar à imobilidade, à estabilidade do mundo primitivo. E para atingir este fim, deve antes destruir o mundo da agitação angustiada, à qual está preso.
Os romances de Graciliano Ramos são experimentos para acabar com o sonho de angústia que é a nossa vida. Uma lenda budista conta dum homem que correu, ao sol do meio-dia, para fugir à sua sombra, que o angustiava; correu, correu, sempre perseguido pelo companheiro sinistro, até que encontrou o grande Sábio, que lhe disse: — "Não continues a fugir! Assenta-te sob esta árvore!" E como ele parou, a sombra desapareceu. A sombra sobre o mundo de Graciliano Ramos não é a sombra da árvore da salvação, mas a do edifício da nossa civilização artificial — cultura e analfabetismo letrados, sociedade, cidade, Estado, todas as autoridades temporais e espirituais, que ele convida ironicamente — no começo de São Bernardo — a colaborar na sua obra de destruição. Mas eles mostram-se incapazes de cometer o suicídio proposto. Entrincheiram-se na "dura realidade", imposta a todas as criaturas do Demiurgo, e que se arroga todos os atributos da eternidade. O romancista, porém, não se conforma. Transforma esta vida real em sonho — pois do sonho, afinal, se acorda. Então, as disposições funestas do Demiurgo seriam revogadas, e o destruidor poderia dizer, com o Gide das Nouvelles Nourritures: "Table rase. J’ai tout balayé. C’en est fait. Je me dresse nu sur la terre vierge, derrière le ciel à repeupler."6
O fim é o estado primitivo do mundo — o céu repovoado. Então, a angústia já não assusta.
"Black is night’s cope;But death will not appalOne who, past doubting all,Waits in unhope."
Foi a última sabedoria poética do romancista Thomas Hardy, versos duros, populares e clássicos ao mesmo tempo, rimados em sinal da concordância resignada com o mundo. É possível que o romancista Graciliano Ramos escreva também, um dia, tais versos, duros, populares e clássicos ao mesmo tempo, versos tradicionais, como o velho Hardy. Mas não serão rimados. Serão versos brancos. Pois a primeira rima de Graciliano Ramos já anunciaria o Fim do Mundo.

terça-feira, novembro 17, 2009

Justiça Social e Igreja: um modo bem prático.

FRANK VIOLA: Reimagining Church 2





Capítulo 3 Reimaginando a ceia do Senhor.


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Em alguns aspectos, na ceia do Senhor, estamos participando da Comunidade trinitária, uma leitura cuidadosa da bíblia nos leva a pensar assim - Mt 4.4, Jo 4.3ss, 6.27- . Assim, Deus filho é o alimento para nós - Jo. 1,29, 6,27;. Ele também é a bebida - Jo 4,10; 6,53, 1Co 10,4,12,13, Ap. 22,17-.

Através da eternidade, o Pai e o Filho tem coparticipado em sua vida divina repartindo. O pai é a porção do Filho, e o Filho é a porção do Pai. Na mente divina, cada membro coparticipa na vida divina e está entre eles.



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Capítulo 4: Reimaginando um lugar de encontro
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"A escolha de ekklesia como a designação para a comunidade cristã sugere que os crentes do novo testamento acreditavam que a igreja não era nem um edíficio e nem uma organização. Eles erão pessoas- unidas pelo Espírito Santo- um povo que carregava um ao outro através de Cristo" Stanley Grenz, p. 83
Frank Viola defende o conceito de igreja no lar, como é o conceito chave da igreja orgânica, através do lar, se encontra a humildade de Cristo, reflete a família como natureza da igreja, sendo também o lugar onde há compromisso das pessoas com Deus e também com um ao outro.
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Capítulo 5 - Reimaginando a família de Deus
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A realidade de se viver como família de Deus pressupõem que: os membros tomem conta uns dos outros, gastando tempo entre si, demonstrando afeição, e como sempre se tudo vai bem,naturalmente, uma família cresce
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Capítulo 6- Reimaginando a unidade da igreja.
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"Healthy organic church life is nonsectarian, nonelitist, and nonexclusive. Such churches meet on the ground of Christ alone. Therefore, if Christians in organic churches are willing to go to the cross and refuse to divide from one another over doctrinal differences, God can knit their hearts and minds together" p. 133
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Capítulo 7- Prática da igreja e o eterno propósito de Deus.
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"The older man is the founder of organized religion. Organized religion is built on human ritual and hierarchy. By contrast, Christianity began as organic. But as time went on, it adopted the hierarchical structure of the Roman Empire. All of our denominations have adopted that same organizational structure. This structure can be traced to the old man. It originally came from the Babylonians and was passed on to the other cultures, including the Romans" p. 142
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terça-feira, novembro 10, 2009

PHILIP ROTH: Indignation



"I never heard that said about me before, sir", said I at the very instant I inwardly sang out the most beautiful word in English language: Indig-na-tion!". I suddenly wondered what it was in Chinese. I want to learn it and go around the campus shouting it at the top of my lungs"


Vintage, 2008, p.95





Neste romance, Philip Roth surpreende críticos e leitores com uma história que escapa completamente à temática de seus últimos trabalhos, como Homem comum e o Fantasma sai de cena, que versavam sem meios tons sobre o fim da vida e suas mazelas físicas e espirituais. O que temos agora é a experiência iniciática de um jovem de dezoito anos, Marcus Messner, nascido e criado em Newark, Nova Jersey, esbanjando vigor, ambição, ousadia e desejos irrefreáveis ao ingressar na vida adulta.Filho único de um açougueiro kosher superprotetor, Messner busca uma faculdade do Meio-Oeste americano, bem longe de casa, o que lhe permite escapar da sufocante vigilância do pai, da medíocre universidade local onde cursara o primeiro ano e de suas funções como ajudante no açougue. Corre o ano de 1951, e os Estados Unidos enfrentam uma guerra cruenta na Coreia, conflito que paira como ameaça letal sobre o agora segundanista de direito em risco de ser convocado para lutar no front, caso não consiga se destacar nos estudos acadêmicos e no curso para o oficialato. Furtando-se, pois, a vícios, prazeres e uma vida social universitária, o personagem-narrador se entrega aos estudos de forma a jamais tirar menos que 10 em todas as matérias.Entretanto, um poderoso obstáculo se interpõe nos planos de Messner: seu próprio temperamento, irredutível a convenções hipócritas, como assistir a preleções obrigatórias sobre a Bíblia na igreja evangélica do campus e participar do mundinho das fraternidades. Isso sem contar a irrupção anárquica do sexo e do amor em sua vida, na figura tão adorável quanto enigmática de sua colega de classe Olivia Hutton.Indignação demonstra com sutil maestria as vias insuspeitas que conduzem eventos e escolhas aparentemente banais na vida de um jovem a resultados de uma gravidade desproporcional. Roth exibe neste romance curto, mas de enorme densidade humana, social, política e literária, um inconformismo explosivo de adolescente em busca de seus próprios caminhos na vida, alguns dos quais poderão incitar a ira vingativa de uma sociedade conservadora gerida por mentes tacanhas.


fonte http://www.meiapalavra.com.br/showthread.php?tid=3145

domingo, novembro 08, 2009

After Philip Roth, where next?


Guardian Books


It's sobering to think about how small the world of American letters will look without him



He's just published a new novel, and another is finished and due for publication next year, but the memorialisation of Philip Roth has already begun. The towering American novelist has recently had his works published by the Library of America, giving him an immortal status usually reserved for dead authors. At age 76, his birthdays are now "commemorated" rather than celebrated, with his achievements discussed by awestruck admirers. And Roth himself has been batting off curious journalists probing into his recent meditations on death in The Dying Animal, Everyman and Exit Ghost – are these novels an attempt to come to terms with his own mortality, they ask?But in a sense, those aren't the most interesting questions. Many writers turn instinctively in their later years to the bewilderments of old age. Among Roth's contemporaries, Saul Bellow dealt with the humiliations of dying in his final novel Ravelstein; while John Updike's Seek My Face was as much concerned with ageing as art history. In Roth's case, this shift resulted in one of his best novels. Devoid of the humour which usually leavens his narrators, the stripped down and deadly serious voice in Everyman was dense, lyrical and overwhelmingly powerful.
And this points to the more urgent question that will crop up increasingly in coming years. Despite Roth wanting to have them all shot, critics will be asking: can we imagine a world without Roth? "I can't see an American writer coming along who is replacing Roth," says Jay Prosser, who teaches American literature at the University of Leeds. "He writes with his ear – his novels are completely driven by his voice." There is a singularity of voice in Roth's work which is hard to find elsewhere. The current crop of high-profile American writers – such as Dave Eggers, Jonathan Safran Foer and the late David Foster Wallace – have raised technicality to an art form, but it would be hard to argue that they drive their novels home with the same ferocious intensity.
And a piece of American history will also fall into the sea when Roth goes. Now the last one standing from the big-hitting male American writers who shot to fame alongside him, Roth came of age when writing the Great American Novel was still an embodiment of the American dream. Tom Wolfe wrote in 1972 that the novel was "one of the last of those superstrokes, like finding gold, through which an American could, overnight, utterly tranform his destiny".
Now that novels have to compete in the attention economy along with everything else, younger American writers have found themselves emerging on lower pedestals. David Foster Wallace argued in the 1990s that American fiction writers under 40 operate in a media-saturated realm which separates them from the likes of Roth, Updike and Bellow. It could well be that American novelists never again achieve the same level of mythology as Roth.