domingo, dezembro 30, 2018


Erwin Raphael McManus Uncertainty CHAPTER 3
SUMMARY

Erwin McManus opens up the idea of uncertainty by proclaiming that although we don’t control how we die, we choose how we live. Choosing to live in relationship to God means choosing a life of uncertainty. McManus discusses how we as people fear the unknown, but in the unknown is where God moves. We often wait for guarantees, but with God, nothing is guaranteed except his love and faithfulness, which lay a strong foundation of trust.

Erwin talks about the difference between the 1st and 2nd dimensions of faith, the 1st relating to experiences outside our comfort zone, internal changes, and obedience, and the 2nd relating to miracles and experiences outside the explainable. We need to journey into places where we won’t succeed without the help of God, because otherwise we would be denying our need for Him. We can’t expect miracles from the 2nd dimension without having 1st dimension faith. We can live in uncertainty while still being certain in the goodness of God!

God will always call you to more; your sacrifices of today may not suffice for what is needed the next day. Living in relationship with God isn’t a way of escape, but a way of growth and faith, in order to move us forward into the unknown. Let’s go into the unknown together!


DISCUSSION QUESTIONS
• What doors have you closed or feared going through that may need to be opened?

• How have you seen God move in the unknown in your life?

• How have you strengthened your 1st level faith since you began walking with Jesus?

• How is God calling you to live a life of 2nd level faith and what steps are you taking to get there?

CHAPTER SCRIPTURE
1 Samuel 14:6, 1 Samuel 7:3, Isaiah 38:5-6, Hebrews 11:8, Judges 6:5-6, 2 Timonthy 1:8-9, Ephesians 2:10, Galatians 5:13, Galatians 4:17, Luke 22:42,  Hebrews 11:35-39, John 9:3 & 9:11, Exodus 14:16, Joshua 3:12-13, Romans 16:20, Psalm 23:4,  Jeremiah 20:7-8, Jeremiah 1:7-8, Jeremiah 1:19, Amos 4:12, Amos 5:4-6,   Daniel 3:16-18.


“As long as your life is in your control, your life is not in God’s control.” - Erwin Raphael McManus

sexta-feira, dezembro 28, 2018

SABENDO O QUE VOCÊ NÃO SABE - 1Sm 14:1-6


Disse, pois, Jônatas ao moço que lhe levava as armas: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura operará o Senhor por nós, porque para com o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos.








Numa era de paz e estabilidade tem causado em nós conclusões erradas sobre o que o espírito humano precisa. Você poderia pensar que você precisa de certeza, a promessa de que tudo está indo muito bem, a garantia que nós ficaremos seguros. 



Jonatas estava certo sobre algumas coisas, e ao mesmo tempo, estava aberto e desejoso para operar no terreno da incerteza. Ele chama seu armeiro e diz: “Vamos ao destacamento daqueles incircuncisos. Talvez o Senhor aja em nosso favor “1 Samuel 14:6

É como se ele estivesse dizendo vamos brigar com eles, talvez Deus nos ajude!

Jonatas entendia que nada estava garantido, que você não pode esperar até que tudo se resolva. Existem algumas coisas que você pode saber e outras que você não sabe. Então, ele diz:  pois nada pode impedir o Senhor de nos salvar, seja com muitos ou com poucos.

Ele tinha uma clara perspectiva da realidade. O que ele sabia com certeza de Deus era poderoso o basta para realizar a empreita, não importava se era dois contra milhares de filisteus.  Saul, seu pai, estava apreensivo de ir à guerra com 600 soldados, e isso era bem razoável, mas não o suficiente para negligenciar o proposito de Deus.

Muito antes disto, Deus havia falado através de Samuel:

Se vocês querem voltar-se para o Senhor de todo o coração, livrem-se então dos deuses estrangeiros e dos postes sagrados, consagrem-se ao Senhor e prestem culto somente a ele, e ele os libertará das mãos dos filisteus". 1 Samuel 7:3

Deus tinha prometido a Israel a libertação da mão opressora dos filisteus, e o meio como Ele iria fazer isto seria levantando um exercito de homens que iriam confiar em Deus e ir para a guerra contra os filisteus. Jonatas estava certo sobre uma coisa: ele sabia claramente que nada poderia parar Deus de salvar , e Deus poderia usar um monte de pessoas ou poucas pessoas. As probalidades são irrelevantes para Deus.

Jonatas tinha uma confiança inabalável na capacidade de Deus. Ele tinha uma crença absoluta no caráter de Deus. Ele parecia resoluto sobre o que Deus poderia fazer. Ele estava decidido por Ele.

O FOCO DE JONATAS NÃO ERA:

QUAL É A VONTADE DE DEUS PARA A MINHA VIDA?

COMO DEUS PODE ME DAR UMA VIDA QUE EU CUMPRA SEUS PROPÓSITOS?

Ele não tinha certeza a respeito de seu bem estar pessoal. Ele estava se movendo de acordo com o proposito de Deus, e esta era a única certeza que ele precisava. Ele não presumia que Deus poderia ser confiável por coisas que Ele nunca prometeu. Ele entendia que mover com Deus é aceitar uma vida cheia de incertezas.

O FATOR JONATAS é expressado quando temos uma confiança absoluta em Deus em meio às incertezas e estamos desejosos para nos movermos com Deus mesmo sem a garantia de um sucesso pessoal.

Imagine que você é o escudeiro de Jonatas. Ele acorda você dizendo que vamos escalar algumas montanhas para lutar com os filisteus numa batalha.  No seu convite, ele explica que sua maior esperança é que talvez Deus pode ajudar. Se você fosse o escudeiro, talvez você diria: me acorde quando tiver certeza que Deus vai nos ajudar!

Quão certo você está?

Nossas riquezas e recursos nos colocaram o paradigma de que a provisão precede a visão. Este é o paradigma da fé sem riscos. Esta é uma tragédia quando uma parte da aventura é a descoberta que a visão sempre precede a provisão. Existem momentos que Deus nos chama para fazermos a coisa certa, sabendo que os outros irão responder da maneira errada. Jesus fez a coisa certa quando abandonaram no Getsemane enquanto ele lutava com o Pai para finalizar sua jornada até a cruz.  Se a cruz pode nos ensinar algo aqui é por vezes Deus vem depois apenas que estamos mortos!

Se você quer viver momentos divinos em sua vida, você deve aceitar que não tem controle sobre muitas coisas. Não tem controle sobre quando irá morrer e nem como irá morrer. Devemos tomar responsabilidade sobre aquilo que podemos controlar- como escolher viver.

Jonatas não escolheu morrer, mas ele estava escolhendo como gostaria de viver. Ele deixou as consequências de suas ações nas mãos de Deus. ELE ESCOLHEU FAZER AQUILO QUE ELE SABIA QUE ERA CERTO. De novo, Deus estava fazendo algo na historia, e Jonatas deu a sua vida para isto. Este lugar das incertezas é o lugar dos milagres. Algumas vezes, os milagres está contido na pessoa que nos tornamos, a coragem e nobreza expressadas numa vida bem vivida.

A vida de uma pessoa não requer algum evento extraordinário para ser uma vida distinta. Uma vida bem vivida pode ser igualmente inspiradora e sua contribuição grandiosa.  Algumas vezes esta transformação é melhor vista num fracasso, derrota ou mesmo numa morte. Outras vezes, o milagre é visto em como Deus vem a tona de tudo em meio a toda incerteza.

QUANDO VOCÊ MOVE COM DEUS, ELE SEMPRE APARECE. É DIFÍCIL PREDIZER O QUE ELE IRÁ FAZER OU COMO ELE IRÁ FAZÊ-LO. SE VOCÊ ESPERA POR GARANTIAS, A ÚNICA COISA QUE PODE SER GARANTIDA É QUE VOCÊ IRÁ PERDER MUITAS DIVINAS OPORTUNIDADES- QUE VOCÊ SABIA COM CERTEZA.

O MILAGRE DA INCERTEZA

O livro de Hebreus nos diz que a fé é estar certo sobre o que esperamos e crer naquilo que não podemos ver, e por isto que os antigos foram aprovados. Isto não significa que eles tinham pressupostos em relação a Deus. Isto significa que eles acreditavam em Deus para tudo que Ele tinha prometido. Então, é importante saber que Deus promete e o que Ele não promete. Ele promete que podemos estar certos sobre quem Ele é e sobre que podemos ter um relacionamento com Ele, mas como a jornada vai acontecer é cheio de incertezas- o fim da história não é. O último capítulo da história humana já foi escrito, Jesus vence! E todos que o seguem estarão junto com Ele. Ele vencerá o mal, o sofrimento, a morte, a solidão, o desespero, como também o príncipe das trevas e seus seguidores.

A fé tem duas dimensões práticas. A primeira dimensão da fé está envolvida quando nos andamos para fora de área de confiança em Deus fora da nossa experiência, mas o desafio perante nós está claramente dentro do lugar das probabilidades. Deus está nos pedindo para fazer algo que Ele fez na vida dos outros, e nós ainda não experimentamos isto. algumas vezes isto é algo prático como Deus nos chamar para fora de nossa experiência pessoal ou zona de conforto. Na vida da igreja, esta dimensão de fé evoca uma resposta: Nós nunca fizemos isto antes.

A maior parte dos desafios da vida são testes da primeira dimensão da fé- confiando em Deus com os nossos relacionamentos, confiando em Deus com as nossas finanças, confiando em Deus com as nossas carreiras, e tomando decisões baseadas em Seu caráter em meio a estas arenas. A textura desta dimensão de fé tem tudo a ver com caráter. Ela é sobre confiar no caráter de Deus e em Deus testar o nosso caráter. É por isto que você não pode falar sobre fé sem falar a respeito de obediência.

Por vezes, a fé é confundida com emoção ou desejo. Fé é então mensurada em quão fortemente nos sentimos ou acreditamos que algo vai ocorrer. A crença que é se nossa fé é grande o suficiente, nós teremos aquilo que pedimos. De fato, por vezes, somos ensinados que nossas orações não são respondidas porque não temos fé necessária. Simplesmente não cremos o bastante. A mais consistente característica daqueles que seguem Deus é que sua fé uma expressão de sua confiança em Deus. A necessidade não [e de trabalhar nossa fé em Deus, mas de aprofundar nossas confiança em Deus. A promessa de Jesus de que se pedirmos algo em seu nome, Ele irá fazer, é alimentada não por quão fortemente acredito em algo, mas pelo quanto represento bem o propósito e a intenção de Deus. Se o proposito ultimo de uma oração é completar a vontade de Deus, podemos nos mover com confiança, mesmo se Deus não responder aquela oração do modo como esperamos. Mais aproximadamente refletimos o coração de Deus em nossas orações, mais vezes o nossos pedidos serão iguais a sua resposta.

A primeira dimensão da fé é sobre obedecer aquilo que Deus já falou, sobre construir nossas vidas e caminharmos com a confiança abastecida pelo compromisso com a verdade de Deus. Ao mesmo tempo, o foco de nossas orações devem sair de tentar fazer aquilo que Deus nos pede ou mesmo perguntar para Deus o que Ele quer que a gente faça; como os primeiros discípulos no livro de Atos, nós pedimos a Deus para nos dar coragem para fazer o que já sabemos.

Em Hb 11, um capítulo cheio de homens e mulheres descritos como pessoas que viveram pela fé, nós achamos a característica comum é que Deus falou com eles, os chamou para uma jornada, disse a eles o que deveriam fazer, eles fizeram. A descrição de Abraão é um bom sumário: 

Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo.  Hb.11:8

Repare que a dinâmica é exatamente a mesma como foi com Jonatas. Aqui há tanto certeza quanto incerteza. O que Abraão sabia era que Deus havia chamado ele para ir a um lugar, e então, ele obedece e vai. Jonatas foi chamado para ser um guerreiro de Deus contra a opressão dos filisteus. As nuances de como isto poderia acontecer permanecem fechadas.  Mas o que ele não sabia era tudo o mais! Ele nem mesmo sabia onde ele estava indo, ainda assim foi. Parece ridículo, começar uma jornada quando você nem sabe para onde vai. Deus chamou Abraão para uma jornada para o reino da incerteza.  Ele chamou Israel para uma batalha que eles não sabiam se poderiam ganhar. Deus tem feito isto por vezes através da história humana. Eles nos chama de nosso conforto para o desconforto. Fé é sobre caráter, confiando no caráter de Deus, estando certos de quem Deus é e seguindo Ele para o desconhecido.

O relacionamento entre clareza e incerteza é acentuado na vida de Gideão. Deus o chama para libertar Israel das mãos dos midianitas. No encontro com Deus, Deus o descreve como um poderoso guerreiro. 

Quando finalmente Gideão se compromete a ir, ele reúne 32 mil homens para guerrear. Neste ponto, Deus continua intimamente envolvido no processo, mas era um tipo de envolvimento que talvez não gostaríamos. Deus diz para Gideão que a vitória seria muito fácil para ele, então Gideão instrui cada homem que está com medo para ir embora para casa. Seu propósito era assegurar que nenhum levaria crédito pela vitória a não ser dando glória a Deus, então 22 mil homens foram embora e ficaram 10 mil. Movendo-se para certeza para incerteza, Deus diz que ainda há muitos homens, Ele manda os homens irem para a água beber, sobram 300 homens.

Deus chama Gideão para lutar com os 300 homens. O livro de Juízes descreve estes inimigos descrevendo o poder opressivo que detinham, tudo estava empobrecido e devastado pela ocupação. 

Quando estava com os 300, Deus não deu instruções passo a passo sobre como eles alcançariam a vitória. O que vemos é que Gideão tomou seus 300 homens e moveu adiante na força que tinham, como Deus o havia ordenado. 

Uma das maravilhas da incerteza é que lá é o ambiente onde Deus nos convida para sermos criativos. A jornada,  que podemos descrever como partindo do conforto para a incerteza, tem a intenção de ser uma aventura do chamado até a criatividade. Somos chamados por Jesus para sermos pescadores de homens, fazer discípulos de todas as nações, todos nós temos o chamado de dar nossa vida para sua glória, para levarmos adiante seu amor neste mundo.

Em João 13, aprendemos que todo o poder foi colocado debaixo de sua autoridade, Jesus amarra uma toalha em sua cintura e lava os pés dos discípulos. Depois, instrui seus discípulos a fazerem o mesmo. Suas instruções são claras: Deus mesmo veio para nos servir. Agora, nós vamos e servimos ao mundo. Se tudo o mais permanece incerto, fique claro este ponto: existe um chamado na sua vida. Há um nível de clareza que você pode ter sobre o que fazer agora. Servir aos outros funciona como uma bussola no meio de uma neblina. O modo singular com que Deus desenhou você- com seu talento, habilidade, intelecto, personalidade e paixões -mostra para você como este serviço deve ser realizado. Contudo, não olhe para Deus para preencher todos os vazios. Não espere que Ele  vai remover toda a incerteza. Entende que Ele vai na verdade aumentar a incerteza e todas as chances contra você, apenas para que você saiba no fim, que não foram seus dons mas seu poder através dos seus dons que cumpriram o propósito dele na sua vida.

A primeira dimensão da fé não é apenas sobre acreditarmos no caráter de Deus, mas também sobre a transformação do nosso próprio caráter. Muito  da primeira dimensão da fé é fazer a coisa certa apesar  das circunstancias e da consequências. É sobre ter fé que Deus vai com você quando você não vai tão bem. 

QUANDO A FÉ PARECE FIDELIDADE


Se você busca experimentar momentos com Deus, você deve aceitar que está numa missão divina.

  Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus, Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;  2 Timóteo 1:8,9

Ver também Ef 2:10, Gl 5:13 e Tg 4:17.

Se você vai embarcar numa jornada com Deus, você deve escolher uma vida correta. Devemos viver a nossa fé nas realidades concretas da vida. Quando sacrificamos nosso caráter, quando escolhemos um caminho que não tem integridade, tentamos tomar nossas vidas em nossas mãos. Esta é uma declaração de que não confiamos em Deus. Estamos tentando controlar aquilo que nunca foi designado para ser controlado, ao mesmo tempo, que abandonamos o controle daquilo que deveríamos ser responsáveis. 

A aventura da fé começa  com fidelidade. Ser fiel é tomar a responsabilidade pelo bem que você conhece. é sobre tratar mesmos as tarefas menores para nós como importantes merecedoras do nosso melhor esforço. A fidelidade no reino de Deus é o caminho para oportunidades maiores, responsabilidade e aventuras. 

Se deseja viver uma vida que honre a Deus e reflita seu caráter

UMA NOVA DIMENSÃO DO VIVER

A primeira dimensão da fé nos leva para fora da nossa experiência ordinária, a segunda dimensão nos leva para o inexplicável. A primeira busca realidades no reino das possibilidades, a segunda busca realidades no reino das impossibilidades.  Na primeira, o contexto do milagre é interno, Deus está trabalhando em nós e através de nós. Na segunda, o contexto é por vezes externo. É a mão de Deus trabalhando ao redor de nós.

A vitória que Jonatas experimentou naquele dia foi Deus trabalhando através de Jonatas e sua espada. Isto não foi uma coisa pequena, que um homem com uma espada possa ferir inúmeros homens armados. Então, Deus enviou um terremoto, e as coisas começaram a ficar interessantes. Quando escolhemos ficarmos seguros, tiramos Deus da nossa vida. Apenas vamos e conhecemos aquilo que pode dar certo, e então, removemos a necessidade de Deus de nossas vidas.  Quando vivemos aquilo que Deus quer, autossuficiência não é uma opção.

Daniel viveu sob o domínio da Babilonia. Quando foi ordenado a orar apenas para Dario, Daniel se recusou, foi para sua casa, com as janelas abertas orava para o verdadeiro Deus. 

A primeira dimensão da fé era que ele orava todo dia, mesmo quando isto ia contra a lei. Ele fazia o que era certo, sem se importar com a consequência. Sua segunda dimensão foi evidente quando o rei o jogou na cova dos leões e Deus interveio resguardando Daniel. Se Daniel não fosse fiel na primeira dimensão, não haveria a intervenção da segunda.

(...)

Quando Deus intervêm e lá não há realmente nenhuma explicação humana, nossa vida aponta para Deus, e sua mão é inquestionável.

Homens e mulheres com esta fé são aqueles que temos como heróis da fé. Todos que são seguidores de Deus é parte de uma comunidade de fé. Fé é um requerimento para a cidadania no reino de Deus. Logo, cada pessoa que é uma seguidora de Jesus é uma pessoa de fé. 

Na primeira dimensão, há a tarefa da fidelidade. na segunda, há a intervenção divina.

(...)

O relacionamento entre fé e incerteza é inescapável. A fé que foi pedida para você ontem talvez se torne lugar comum hoje. 

Um poder vem de Deus é conhecido apenas quando nós andamos. Jesus começou sem ministério publico nos convidando  a seguir a Ele. Há um grande conforto em tal convite intimo, ainda assim não devemos esquecer que Deus está numa jornada em que nenhum de nós pode andar sem a ajuda Dele. 

O Deus das luzes insiste em viajar por lugares escuros. O Deus da Paz  continuamente se envolve nas guerras dos homens. O Deus que é bom se engaja na profunda maldade humana. Apenas um Deus que pode libertar e salvar ao custo de sua própria vida vai até o calabouço da perdição humana para libertar aqueles que estão presos. Seguir a Jesus é entrar no desconhecido, abandonar segurança, e trocar certeza por confiança Nele.

(...)

A certeza que Deus chamou você e a confiança que Ele vai realizar sua vitória na sua vida não garantias de uma jornada segura e a salva. 

fonte:
ERWIN MCMANUS - CHASING DAYLIGHT



domingo, outubro 21, 2018

Oliver O´Donovan: The Desire of the Nations


THE DESIRE OF THE NATIONS
Recovering the roots of political theology
Oliver O´Donovan
Cambridge University Press, 2003







Capítulo 1: Além da suspeita

Oliver O´Donovan começa seu livro falando sobre duas suspeitas que existem em torno da teologia política, que separam a política da teologia.

A primeira seria a compreensão de que na política não há espaço para a moralidade, a não ser aquela que é usada para fins políticos.  O moralista é apenas visto como alguém que usa da moral para fins nada morais, então, não há espaço para uma moralidade verdadeira.  Os políticos são sempre vistos como corruptores do discurso moral, seus sentimentos morais são cunhados em moeda de troca, de pouco valor pronto a desvalorizar-se.  A ideia, vindo de Kant, é que esta moralidade apenas serve a conveniência da ordem política. quando a verdadeira moralidade deveria ditar seus termos para os políticos. Assim,a política é historicamente contingente, e assim, arbitrária. Apenas quando subordinada a moralidade pode levar um peso com ela. 

A segunda suspeita não é a corrupção da moralidade ou da teologia pelos políticos, mas a corrupção da política pelos teólogos. O medo foi vocacionado pelos advogados da causa imperialista no século 14, baseado no relato classicista de autoridade (Aristóteles, Lei Romana e feudalismo) que deriva ela da vontade das pessoas. A ansiedade era: poderia a autoridade divina intervir na política  que poderia sobrepor a autoridade das estruturas políticas? 

No século 17, a filosofia perdeu a confiança na objetividade das causas finais. As comunidades políticas  mesmo quando criadas a partir debaixo, devem acreditar que foram ordenadas pela Providência para servir a perfeição terrena, mas agora surge uma tradição para explicar as sociedades inteiramente pela referência às causas eficientes, dizendo que cada cidadão individual deve ter rendido sua soberania sobre sua própria pessoa em retorno de certas proteções. Os agentes individuais tem os seus fins, mas as estruturas objetivas apenas tem suas origens. Propósitos morais ou objetivos morais, questões sobre a virtude humana ou completude parecem intrusivas, outra forma de uma intrusão teocrática. A internalização da moralidade  leva a modernidade a radicalizar estas suspeitas.

Para O´Donovan, a escola do sul é mais efetiva para desafiar o consenso liberal da modernidade tardia a respeito da separação entre teologia e política. Mas, ela baseou seu desafio a partir de correntes secundárias da modernidade. A tradição idealista derivada de Hegel,  reafirma a alegação de Aristóteles que a moralidade é uma subespécie da política.  Isto foi reconciliado na tradição moderna da suspeita através da concepção de história, a história é a história da sociedade que abrange tanto os padrões da ordem social e do direito social como os momentos de desmascaramento destes padrões. O consenso iluminista e sua tentativa de estabelecer uma ética pura (seja teológica ou racional) em luz do que todos os dinamismos políticos podem ser vistos. Criticismo  pode se tornar numa crítica ad infinitum. Pelo criticismo, também, é a estratégia de algum autor com polifonia social-histórico, o discurso representativo de algum grupo histórico. Com este movimento, as duas vertentes de suspeição da tradição moderna estão resguardadas, mas elas estão tecidas numa harmonia maior em que ética e política são um de novo.Mas a matriz agora é política, não ética. Por isto, os dinamismos sociais da história geram o contexto em que os compromissos morais se tornam inteligíveis. O autonomo auto-justificador caráter da política é preservado, e assim, é o papel crítico do pensamento moral. O filósofo é liberado para ser cético de toda alegação de autoridade, mas isto não mais implica uma distância perpétua do processo político, ao invés, isto parece mais criar uma contribuição util para isto.

Mas para esta tentativa de reintegrar política e ética, o idealismo moderno pagou um alto preço. O processo histórico da sociedade,  ofereceu como matriz que poderia unificar eles, não deixa nenhum deles intacto, aparentemente. A ética, por um lado, é privada da autoridade quando ela é feita para servir meramente como uma função crítica reativa. Ela se degenera nem algo um pouco maior que uma retórica do ceticismo. Podemos ver isto no dilema característico que envolve as causas favoritas do idealismo liberal: como alegar uma licença moral para si mesmo sem licenciar seus opostos. Cada movimento de criticismo social desenha para si um contra-movimento, e não há um espaço lógico para dar mais ou menos respeito a um do que ao outro. Por exemplo, a consciência negra requer (logicamente), convida (historicamente) e autoriza(moralmente) um movimento de consciência branca, assim como feminismo o chauvinismo, homofilia a homofobia. 

Por outro lado, o processo social, que poderia supostamente preencher o lugar assinalado para a política por Aristóteles, não é a mesma coisa que política. O relato da sociedade que nos dá sociologia, e embora, a sociologia era obviamente um movimento classicista do pensamento nas suas origens no seculo 18,  ela nunca foi algo clássico. Ela não poderia recobrar uma inocência clássica que foi concebida como um objeto de estudo tanto da ordenação natural da sociedade como da arte do governo. Ela deveria tomar dentro de seu sistema a desconstrução crítica da arte de governar,  e isto significa que a sociedade em que se espera reunir política e ética foi gerada sem cabeça, despojada de suas capacidades de tomada de decisão, um organismo que errou salva indiretamente pela dinamica inconsciente que trabalha com ela. Por isso, a acusação recorrente que sociologia era anti-política. Uma política que não contém a direção da sociedade deixa de ser política. mas não há espaço para direção numa sociedade regulada pelo imperativo da suspeição universal.


Quanto a TdL ou TMI:

A verdadeira fraqueza não está em tomar a causa do pobre de uma maneira preferencial, mas em conceber parcialmente garantias teológicas para fazer algo em conformidade a dialética histórica do idealismo. Para sustentar sua rejeição do secularismo liberal, a teologia política se encontrou numa combinação insustentável de afirmação política e suspeição universal.

O criticismo não pode dar um conhecimento do mundo. A teologia cristã deve assumir a tarefa do profeta e aceitar historia como uma matriz em que a política e a ética tomam forma, afirmar que é a história da ação de Deus, não apenas contingência mas propósito.



Conceitos políticos

CONHECIMENTO GANHO DA AÇÃO: o ato de transformar o mundo poderia dar um ponto de vista privilegiado, um pensamento que foi cunhado de práxis.

CONHECIMENTO GANHO DO SOFRIMENTO: fazendo a solidariedade com o oprimido como uma categoria primária de epistemologia.

CONHECIMENTO GANHO DA OBEDIÊNCIA: um conceito autêntico e profético (Jo 7:17), no qual o idealismo tardio não encontrou espaço devido a referência transcendente na idéia de obediência.

A teologia política deve preceder a ética política enquanto disciplina teórica.

Conceitos desvelam as estruturas elementares da realidade em relação na qual podemos começar as questões para o desenvolvimento teorético. Conceitos deve ser compreendidos, nossa busca é por conceitos verdadeiros politicamente, mas a noção de um teologia política não é uma quimera, ela deve ser autorizada pela Escritura. A teoria deve responder aos conceitos encontrados na Escritura, e sua adequação como teologia deverá ser mensurada por quão bem ele responde a eles. Conceitos identificadores vem antes da construção da teoria.

Uma tese  central é que a teologia, ao desenvolver seu relato do reino de Deus, pode recuperar o terreno tradicionalmente assegurado pela noção de autoridade. Ao colocar a história política com a história do reino de Deus, três elementos são adicionados:

primeiro, a história da regra divina salva e redime os bens da criação. A regra divina não é potentia absoluta que baseia o fato bruto da criação em si mesma, mas a potentia ordinata que trabalha com a aliança que é estabelecida através da criação. Quando falamos da regra divina, falamos do cumprimento prometido de todas as coisas. Julgar política à luz da regra divina é estar seguro de afirmar o mundo e o caráter humano.

segundo, quando a regra divina forma a base para falarmos sobre a autoridade política humana, somos forçados a desnudar as modas institucionais que o Oeste tem revestido a ideia de autoridade. Ao invés de falar  da autoridade das instituições, somos forçados a falar primeiro do ato humano, o ato político realizado por alguém ou alguns em benefício de muitos. O ato político é o ato divinamente autorizado. A teologia política vai procurar entender como e por quê a regra de Deus confere autoridade sobre tais atos.

terceiro, a história da regra divina é apresentada para nós como uma história revelada que toma forma bem particular como a historia de Israel.  Contra esta história canônica nosso entendimento da geral e universal história como um todo deve ser mensurado. As implicações disto para a teologia política são extensivas.

ISRAEL E A LEITURA DAS ESCRITURAS

Na experiência política de Israel do preceito de YHWH, a palavra iluminava o entendimento para as questões práticas do dia a dia.

A hermenêutica política é descoberta e explorada num contexto particular de discipulado, contudo não pertence somente a este contexto, nem é este o contexto que impõe isto em primeiro lugar. Isto pertence às Escrituras e é imposto pelo exercício  da leitura da Palavra.

As Escrituras em sua inteireza

Quase todo o vocabulário da salvação no Novo Testamento tem uma pré-histórica política de algum tipo: salvaçaõ, justificação, paz, fidelidade e Reino de Deus. O conhecimento das bênçãos de Deus eram do começo ao fim, um conhecimento político.  A proclamação do reino de Javé nos Salmos é diferente do anúncio do Reino de Deus nos Evangelhos.

Um dos fatores principais, a própria língua, a tradução do hebraico para o grego. Quanto das palavras cunhadas originalmente em hebraico carregaram para o grego do novo testamento. Não se trata apenas de uma questão de equivalência semântica ou mesmo de um contraste suposto entre as cosmovisões. É a questão teológica sobre a substância da esperança religiosa  em Israel e na igreja primitiva. A palestina do tempo de Jesus mudou desde que Davi celebrou seu Deus.


quinta-feira, outubro 18, 2018


Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.

Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.

Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá.

Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.

Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.

É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho.

Dêem a cada um o que lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra.



Romanos 13:1-7



Não podemos entender o capitulo 13 de Romanos sem primeiro entender o capitulo 12, que começa com um chamado a não conformidade, motivado pela memoria das misericórdias de Deus, e encontra a expressão desta vida transformada primeiro na nova qualidade dos relacionamentos na comunidade cristã.

Um dos modos de entendermos a instituição do governo por Deus é alegar que qualquer seja o governo existente, este é por virtude um ato de instituição, e assim, uma ação providencial especifica de Deus,  que veio a existir. Este conceito da doação de um governo particular como constituindo a si mesmo sua legitimidade, poderíamos chamar de visão positivista.  Esta visão tem bastante aceitação no meio luterano.

A fraqueza da visão positivista, segundo Yoder, é que o texto de Romanos não faz qualquer afirmação de julgamento moral na existência de um governo particularmente, e nada diz sobre que será Cesar e como suas políticas devem ser.



A outra visão é da tradição calvinista, o que é ordenado não é um governo em particular mas o conceito do próprio governo, o principio  da governança.  Enquanto, um governo viver de acordo com um mínimo de um conjunto de requerimentos, então este governo pode ser propriamente chamado de uma instituição divina. Se, contudo, um governo falha em cumprir adequadamente as funções divinamente assinaladas para ele, ele perde sua autoridade. Então, se torna um dever do pregador ensinar que este se tornou um governo injusto. Se torna o dever dos cidadãos cristãos se levantarem contra ele, não porque são contrários ao governo como tal mas porque são a favor do governo “próprio”. O conceito de rebelião justa, em que o pregador como tal não se torna revolucionário, mas seria a pregação da obrigação moral contra um governo injusto em nome do governo que deveria ser realizado apropriadamente.

Existe o problema de quem poderá julgar  se um governo é bom ou não?  E a grande fraqueza deste conceito é que não há nada no texto de Rm 13 que justifique o conceito de rebelião justa.



Para Yoder, o apostolo esta fazendo uma declaração moral, e não metafisica. Ele está falando sobre a situação presente dos cristãos romanos como representantes dos cristãos e não sobre a natureza de toda a realidade politica.

“Não se diz que Deus cria ou institui ou ordena os poderosos do dia, mas sim que apenas os organiza, os põe em ordem, soberano a enquadrá-los, a dizer qual é o lugar deles. Não é que, no passado, tenha existido uma época na qual não havia governo e em seguida Deus tenha criado o governo por meio de nova intervenção criadora; desde que a sociedade humana existe há hierarquia e poder. O exercício deles, desde a existência do pecado, vem envolvendo dominação, desrespeito pela dignidade humana e violência real ou em potencial. Nem é que, ao colocar em ordem especificamente essa dimensão, Deus aprove moralmente o que os governos façam. O sargento não cria os soldados que treina; o bibliotecário não cria ou aprova o livro que cataloga e coloca na prateleira. Assim também Deus não assume responsabilidade pela existência dos ‘poderosos do dia’ rebeldes nem por sua forma ou identidade; eles já existem. O que o texto diz é que Deus os põe em ordem, os coloca em linha, providencial e flexivelmente os enfileira com objetivos divinos.”

quarta-feira, setembro 26, 2018

A CRUCIFICAÇÃO: O SACRIFICIO DE SANGUE


O SACRIFÍCIO DE SANGUE

O motivo do sacrifício e, especialmente, um sacrifício de sangue é central para a historia da nossa salvação através de Jesus Cristo, e sem este tema a proclamação cristã perde muito do seu poder.
Algumas referencias do Novo Testamento a respeito:
At 20:28
Cl 1:19-20
1Pe 1:18-19
Hb 13:11-12
Olhando para estas passagens como representativa de muitas outras, podemos ver que o motivo não é descartável. Se removermos o sacrifício, perdemos o coração de tudo isto.
O SANGUE DE CRISTO COMO METÁFORA
Uma razão para a reação contra o motivo sacrificial é claramente o literal.  Para a cultura moderna, isto parece de mau gosto, politicamente incorreto, etc. Entretanto, não devemos ter uma leitura exclusivamente literal, devemos ver o poder metafórico que há ali.
No Novo Testamento, ao invés de se ater ao aspecto físico, mas ele é entendido quanto aos seus efeitos, sua significância interna, a conquista de Jesus.
Hebreus é um bom exemplo. O autor, conhecido por seu tratamento do tema  do sacrifício, não fica preocupado com os detalhes do sacrifício do Antigo Testamento. Uma compreensiva e fluida imaginação trabalha ali. Os motivos do Antigo Testamento são combinados num modo completamente novo. A ideia geral é suficiente. O ponto saliente era que Deus, conhecendo que os israelitas não podiam se aproximar dele enquanto eles estão na culpa, proveu os meios para eles viverem em sua presença. Uma outra vida, sem manchas, foi oferecida. O sangue aspergido de um animal ofertado pelo sacerdote como meio para obter remissão do pecado.
Em Romanos 5:9-10, Paulo diz pelo seu sangue como sinônimo da morte de Jesus. Em 1Co 5:7, ele diz que Cristo é o nosso cordeiro pascoal que foi sacrificado. Em 1Co 10:16, fala de nossa participação no sangue de Cristo.
No Novo Testamento, as referencias para o sangue de Cristo são três vezes mais frequentes que as da morte de Cristo. Por séculos, o sistema sacrificial de Israel preparado para o povo de Deus para entender que sem o derramamento de sangue não existe perdão dos pecados (Hb 9:22).
Em suas próprias palavras, Jesus se refere ao seu sacrifício, este é o meu sangue que é derramado por muitos (Mc 14:24). O testemunho bíblico consiste de muitos temas e muitas variações  e não há duvida que a morte de Jesus deve ser interpretada como sacrifício pelo pecado.

O sangue de Cristo não é uma descrição do acontecimento físico no Golgota. É uma metominia ou sinédoque- o uso de uma ideia por outra, ou parte pelo todo, para alargar seu significado.
O SANGUE: VIDA OU MORTE?
Existe uma grande debate sobre se o sangue representa vida ou morte.
Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma. Levítico 17:11
Outras passagens sustentam que a vida de cada criatura está no sangue dela – Gn 9:4, Dt 12:23. O argumento é que o sangue significa derramamento da vida. Isto se torna quase que um artigo de fé para muitos estudiosos. Nesta visão, o elemento essencial na morte sacrificial é o derramamento da vida. Morte é quase que incidental no processo que busca obter sangue. O assunto aqui é de extrema importância. Se toda a ênfase é na doação da vida de Jesus, então ficamos sem uma explicação dele ter sido abandonado ou estar sobre alguma maldição, que é um dos aspectos mais profundos da crucificação. É claramente correto dizer que a essência do sacrifício de Cristo é a doação de sua vida, mas a insistência destes estudiosos nos deixa longe de outros assuntos como representação, substituição, propriciação, sofrimento vicário.
A divisão entre vida e morte é desnecessária, as duas ideias estão presentes no sacrifício.

O CONCEITO DE SACRIFICIO
Algo de valor é deixado
O proposito é obter um bem maior
Quando vemos Jesus, ele toma sobre si o papel sacerdotal, oferecendo sacrifício em ir deliberadamente para Jerusalem onde sabia que a morte o aguardava. Ele então permite que tomem a si mesmo como sacrifício, recusando em resistir, e dando a si mesmo, ele mesmo se torna o sacrifício.
A OFERTA PELO PECADO EM LEVITICO
O motivo bíblico do sacrifício ofertado para  Deus é um tema maior nos Testamentos.
Precisamos lembrar que os códigos de Levitico foram dados para o povo de Deus para viver num território estrangeiro. O que foi verdade para o povo de Israel na maioria da historia bíblica. O período quando estiveram em casa foi de todo breve. Isto ainda é verdade para os cristãos, ou deveria ser, porque o povo de Deus sempre esta mal situado, vivemos como exilados num território cercado por deuses estrangeiros. A igreja deveria sempre tem um senso de ser numa terra estranha, e se não sentirmos esta tensão, não estamos sendo realmente igreja: Ai dos que vivem sossegados em Sião (Amós 6:1).
O código sagrado começa no capitulo 18 de Levítico, o código foi desenhado para diferenciar o povo de Deus do povo da Babilonia e das outras terras da Diáspora. Essa diferenciação tem um proposito: a comunidade santa é para ser uma testemunha perpetua de Deus (1 Co 8:5).

Disse o Senhor a Moisés: "Diga o seguinte aos israelitas: Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Não procedam como se procede no Egito, onde vocês moraram, nem como se procede na terra de Canaã, para onde os estou levando. Não sigam as suas práticas. Pratiquem as minhas ordenanças, obedeçam aos meus decretos e sigam-nos. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Obedeçam aos meus decretos e ordenanças, pois o homem que os praticar viverá por eles. Eu sou o Senhor.  Levítico 18:1-5
Santidade cuja raiz significa viver separadamente. O proposito de viver separado é para glorificar a Deus no meio de uma cultura pagã. O único modo que isto poderia ser feito é por um modo distinto de viver. O povo de Deus adere a um diferente modo de existir no mundo, um que proclama o verdadeiro Deus contra os muitos deuses e muitos senhores que Paulo fala a igreja de Corinto.
Esta distinção não significa desdém pelas pessoas em volta:
O estrangeiro residente que viver com vocês será tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês. Levítico 19:34
A separação não é um encorajamento para um senso de superioridade do povo de Deus, é Deus que é superior e não seus servos.
Em Levítico 1:3, lemos: “Se o holocausto for de gado, oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à entrada da Tenda do Encontro para que seja aceito pelo Senhor”.

A pressuposição básica aqui é que não somos aceitos perante Deus do modo como somos, existe uma distancia entre a santidade de Deus e a pecaminosidade humana que é assumida por um sacrifício.
As instruções no começo de Levitico dizem que o adorador deve ofertar um macho sem defeito, ele deve apresentar a porta da Tenda do Encontro para que seja aceito pelo Senhor, e porá a mão sobre a cabeça do animal do holocausto para que seja aceito como propiciação em seu lugar (Lv 1:3-4). 
O colocar das mãos tem o efeito de declarar que o animal será o representante vicário do adorador. Há uma clara sugestão da substituição. De alguma forma, o animal toma o lugar da pessoa que precisa do perdão e da restituição. O sangue do animal substituto é recebido como reparação ou para cobrir o pecado:
Em paralelo: "Para a ordenação de Arão e seus filhos, faça durante sete dias tudo o que lhe mandei. Sacrifique um novilho por dia como oferta pelo pecado para fazer propiciação. Purifique o altar, fazendo propiciação por ele, e unja-o para consagrá-lo. Durante sete dias faça propiciação pelo altar, consagrando-o. Então o altar será santíssimo, e tudo o que nele tocar será santo. Êxodo 29:35-37
As provisões para a oferta pelo pecado começam no capitulo 4. Há menções tanto individuais como coletivas. Havendo o sacrifício de sangue, os pecados serão perdoados. Há uma pressuposição fundamental colocado em Lv 3, sobre a necessidade de reparação para o pecado. O pecado não pode ser simplesmente perdoado e deixado de lado como se nada tivesse ocorrido. Mesmos aqueles que são querer (Lv 4:2,13,22,27)
A ideia básica da reparação é que o pecado tem um custo. Alguma coisa de valor deve ser oferecida em restituição. A vida do animal sacrificado representa este pagamento (Hb 9:22). O sangue representa o maior custo para o doador.
O sacrifício de Cristo não foi uma reação de Deus para o pecado, mas um movimento original e inerente de Deus para si mesmo. É da própria natureza do próprio Deus ofertar a si mesmo sacrificialmente.

O BODE EXPIATÓRIO E O DIA DA EXPIAÇÃO EM LEVITICO.
Levitico 16 tem duas descrições do Dia da Expiação. Há uma versão curta (Lv 16:6-10) e uma longa (11-28).  Na longa, há dois bodes, um para ser morto e outro para ser levado para fora.
"Então sacrificará o bode da oferta pelo pecado, em favor do povo, e trará o sangue para trás do véu; fará com o sangue o que fez com o sangue do novilho; ele o aspergirá sobre a tampa e na frente dela.  Assim fará propiciação pelo Lugar Santíssimo por causa das impurezas e das rebeliões dos israelitas, quaisquer que tenham sido os seus pecados. Fará o mesmo em favor da Tenda do Encontro, que está entre eles no meio das suas impurezas. Levítico 16:15,16
"Quando Arão terminar de fazer propiciação pelo Lugar Santíssimo, pela Tenda do Encontro e pelo altar, trará para a frente o bode vivo. Então colocará as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo e confessará todas as iniqüidades e rebeliões dos israelitas, todos os seus pecados, e os porá sobre a cabeça do bode. Em seguida enviará o bode para o deserto aos cuidados de um homem designado para isso.  Levítico 16:20,21
O novilho e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido ao Lugar Santíssimo para fazer propiciação, serão levados para fora do acampamento; o couro, a carne e o excremento deles serão queimados com fogo. Levítico 16:27

Há dois tipos de animais aqui, um que é oferecido pelo pecado e outro que é o bode expiatório. Temos muitas dificuldades em relacionar os dois com Jesus, já que nenhum deles é um cordeiro, Jesus nunca foi chamado de o bode de Deus. Mesmo o autor de Hebreus, diz por cima que o sangue de touros e bodes eram usados como oferta pelos pecados.
Para Rutledge não podemos fazer um caso claro de Jesus como bode expiatório no Novo Testamento.
Para alguns,  Jesus seria um antítipo do bode expiatório, reconhecendo que ele foi o inocente em quem projetamos todos os nossos anseios e medos. Jesus realmente entrou nos nossos pecados, assim funcionando como um bode expiatório que é enviado para o deserto ou fora do arraial carregando o fardo do pecado para ser assaltado pelos poderes demoníacos.
Rutledge cita Girard e James Alison, o mecanismo expiatório é a transferência do pecado de alguém para uma vitima inocente, o termo é derivado de Lv 16:20-22. Trata-se de um fenômeno universal humano

O sacrifício consiste em descarregar sobre um bode expiatório, vítima inocente e indefesa, os ódios e tensões acumulados que ameaçavam romper a unidade social. Estes ódios e tensões, por sua vez, surgem da impossibilidade de conciliar os desejos humanos. A razão desta impossibilidade reside no caráter mimético do desejo: cada homem não deseja isto ou aquilo simplesmente porque sim, porque é bonito, porque é gostoso, porque satisfaz alguma necessidade, mas sim porque é desejado também por outro ser humano, cujo prestígio cobre de encantos, aos olhos do primeiro, um objeto que em si pode ser inócuo, ruim, feio ou prejudicial. O mimetismo é o tema dominante da literatura, assim como o sacrifício do bode expiatório é o tema dominante, se não único, da mitologia universal e do complexo sistema de ritos sobre o qual se ergue, aos poucos, o edifício político e judiciário. A vítima é escolhida entre as criaturas isoladas, inermes, cuja morte não ofenderá uma família, grupo ou facção: ela não tem vingadores, sua morte portanto detém o ciclo da retaliação mútua. Mas a paz é provisória. Por um tempo, a recordação do sacrifício basta para restabelecê-la. Nesta fase a vítima sacrificial se torna retroativamente objeto de culto, como divindade ou herói cultural. Ritualizado, o sacrifício tende a despejar-se sobre vítimas simbólicas ou de substituição: um carneiro, um boi. Quando o sistema ritual perde sua força apaziguante, renascem as tensões, espalha-se a violência que, se não encontrar novas vítimas sacrificiais, leverá tudo ao caos e à ruína. A sociedade humana ergue-se assim sobre uma violência originária, que o rito ao mesmo tempo encobre e reproduz. (OLAVO DE CARVALHO,  Girard: a revolução).

O TEMA DO SACRIFICIO NA EPÍSTOLA AOS HEBREUS
Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel com relação a Deus e fazer propiciação pelos pecados do povo.  Porque, tendo em vista o que ele mesmo sofreu quando tentado, ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados. 
Hebreus 2:17,18
O papel assinado para Cristo é o do sumo sacerdote. A morte de Cristo é identificada como um sacrifício na mesma linha dos sacrifícios do Antigo Testamento, mas com diferenças  tão grandes que são incomparáveis, tanto em relação ao sacerdote como ao sacrifício:
Hb 4:15- Cristo é diferente dos antigos sacerdotes, não tem pecado
Hb  7:16- Cristo é o sumo sacerdote não por causa de ancestrais terrenos
Hb 7:23-26 – Cristo nunca morrerá e sempre está em sacerdócio intercedendo
Hb 8:6-7 – Cristo representa uma melhor aliança – Jr. 31:31-34
Hb 9:24- Cristo não entra num santuário feito com mãos, mas no próprio ceu – 8:2, 10:1
Hb 10:3-4,12- Cristo não precisa oferecer sacrifícios diários, ele ofertou-se para todo o tempo uma vez só – 7:27, 9:25-26
Hb 10:11-12- Cristo é o sacrifício eficaz e poderoso
Hb 9:12-14- Cristo não está na oferta de animais, mas do seu próprio sangue.
A palavra uma vez por todas (ephapax) é repetida 4 vezes em Hebreus (7:27,9:12,9:26, 10:10). O evento único da crucificação é totalmente suficiente.
Em sua obediência e autosacrificio, Cristo abole as primeiras ofertas pelo pecado, aqueles em que Deus não tinha prazer (10:6). Na morte sacrificial de Jesus, o sacerdote e a vitima se tornam um.