quinta-feira, abril 30, 2015

Robert C. Koons: Ciência e Teísmo: Concórdia, não conflito.


THE RATIONALITY OF THEISM 

4o. CAPÍTULO: SCIENCE AND THEISM:  Concord, not conflict 

por  Robert C. Koons


É bem comum, ouvirmos que ter crença em entidades sobrenaturais como Deus e a alma é incompatível com o ponto de vista moderno e científico.  Este artigo vai examinar o relacionamento entre religião e ciência na história ocidental, se as conexões entre elas são meramente acidentais ou essenciais.

O que é ciência?

O teísta é aquele que acredita que há um ser pssoal que tem poder ilimitado e inteligência ilimitada, que é fundamentalmente bom e confiável e que é responsável pela criação do resto da realidade. 

Etimologicamente a palavra ciência vem da palavra latina para conhecimento, se a ciência simplesmente significa conhecimento, Há quatro definições para ciência:

1. Ciência refere-se para a explosão exponencial no conhecimento de todas as coisas experimentado na Europa e partes conectadas do mundo pelas últimas centenas de anos, necessitando de uma re-avaliação de todas as crenças prioritárias.

2.  Ciência é uma instituição social que tem desenvolvido na Europa e partes conexas do mundo pelas últimas centenas de anos, consistindo um novo sacerdóco, um magistério do fato, suplantando - ou, ao menos, limitando- o papel de magistério da igreja.

3. Ciência representa uma nova radicalmente e vastamente superior maneira de conhecer, trazendo o método científico que foi descoberto e inventado na Europa durante o sec XVII.

4. Ciência é a história do inexorável avanço da filosofia materialista contra todos os rivais, incluindo teísmo. 

O autor não vai levar em conta as novas descobertas científicas, mas ele acredita que as novas descobertas nunca deixaram o teísmo tão claro e forte com agora.


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O crescimento institucional da ciência tem um grande potencial para o bem e para o mal. A vasta superestrutura da ciência tem permitido um avanço acelerado do aprendizado, mas também carrega um perigo de um totalitarismo intelectual. O sacerdócio da ciência como único magistério de fato.

Os filósofos tem em que adotar uma relação crítica em relação aos pronunciamentos da ciência em questões chave da existência humana, incluindo a existência de Deus. Por vezes, eles têm adotado uma atitude sicofântica, agindo como torcedores para  ciência oficial ao invés de críticos simpáticos.

O mito positivista da singularidade da ciência.

Em contraste com as definições 1 e 2, As definições 3 e 4 estão firmadas não no fato mas na mitologia. A definição 3 pressupõe que a ciência é única, uma nova forma de conhecer, codificada como método científico. Este mito da singularidade têm 3 teses positivistas centrais:

Tese 1: o método científico foi uma criação de um pequeno grupo de pesquisadores do seculo XVII, que romperam com o passado escolástico aristotelico e começaram, pela primeira vez, a interagir com o mundo de uma forma distintivamente científica.

Tese 2: O método científico, eles descobriram que é objetivo, singular, transcultural, consistindo de um método impessoal.

Tese 3: A credibilidade deste método científico como um revelador da verdade tem sido abundantemente validado pelo sucesso pragmático e poderes técnicos nele incorporados.

Todas estas teses tem sido decisivamente refutadas pelos intelectuais contemporâneos. Pierre Maurice Marie Duhem, historiador da ciência, descobriu  precursores medievais e renascentistas para a nova física do século XVII, especialmente no desenvolvimento da teoria e outra alternativas para a noção aristotélica de natureza como em Jordanus de Nemore, Jean Buridan, Oresme e Da Vinci. O trabalho de Duhem fala em continuidade e não em descontinuidade, num refinamento da teoria.  Os historiadores e filósofos da ciência também descobriram que o método científico não é um mecanismo atemporal ou impessoal, mas, que fatores pessoais, tais como julgamento estético, perspectiva cultural e a própria história da ciência tem papéis importantes.

A ciência não é novo modo radical de conhecer descoberto num passado recente.  Como W. V. O. Quine observou que a diferença entre a ciência e o senso comum é uma questão de grau, não de tipo.
Bas van Fraassen e outros argumentam que o sucesso pragmático sozinho não é garantidor da verdade das conjecturas científicas, o fruto técnico da pesquisa científica pode ser explicado em ver a ciência como uma busca efetiva por um fruto técnico e não pela verdade. Diferente dos anti-realistas, acredito que a ciência, em sua maioria, prove para nós conhecimento do mundo real. Contudo, este conhecimento está ligado a todos os outros, através do uso normal de nossas faculdades naturais de observação e razão. Os defensores da teoria científica devem organizar evidência e argumentos para suas reivindicações num fórum público: eles não devem esperar uma deferência de uma mente sem críticas.  Quando somos simplesmente intimidados pelo poderio técnico da cultura científica, ficamos supersticiosos.

Não há tal coisa como um método científico. Existe é um conjunto de regras e avisos tirados do senso comum e tradição e, por outro lado, um conjunto específico de métodos e aproximações para definir programas específicos de pesquisa na ciência.

Como Etienne Gilson argumenta em Realismo Metódico, que cada domínio de fatos pede por seus próprios conjuntos de métodos de investigação. Assim como é inapropriado para os aristotélicos medievais aplicar métodos biológicos para a física, é também inepto para as ciências sociais e biológicos podem ser distorcidos "veneno físico".


Muito da filosofia da ciência na metade do século XX foi tomada numa tentativa quixotesca de encontrar uma linha de demarcação entre ciência e metafisica/senso comum. Cada tentativa dessa encontrou condições necessárias e suficientes para ser encarada como uma investigação científica ou uma teoria científica terminou em fracasso. Os candidatos de sempre- verificabilidade, falseabilidade, testabilidade, repetibilidade - se tornaram nas melhores regras, guias úteis para mente mas longe de caracterizar  todas as ideias científicas.

O critério da falseabilidade foi tomado como uma sine qua non da teoria genuinamente científica. Há, pelo menos, três razões porque isto não pode servir como um delimitador da ciência genuína. Primeiro, é claro da história dos cientistas que praticam boa ciência, que eles não lançam fora uma teoria diante do primeiro problema, mesmo quando há previsões falsas nela. É claro, mesmo em retrospectiva, que a adesão rígida ao dogma falsificacionista  teria impedido o processo científico através de uma rejeição prematura das teorias que pareciam estar em conflito com os resultados experimentais. Por exemplo, a órbita desviante de Urano parecia contradizer as predições de Newton, até que o planeta Netuno foi descoberto e a teoria newtoniana foi vindicada.

Segundo, como Duhem e Quine ambos demonstraram, nenhuma teoria é simplesmente falsificada pelo resultado. Ao invés disso, cada teoria é testada em conjunção com um auxílio de hipóteses auxiliares, a falsidade de qualquer um pode ser responsável por resultado negativo. Num certo sentido, não são as hipóteses individuais mas todo o corpo da teoria científica que está sendo testada em cada observação e mensuração. A tarefa de encontrar a parte responsável quando um resultado negativo é encontrado pode nunca ser reduzida a uma receita mecanicista. Finalmente, já que nenhum resultado empirico é totalmente conclusivo, isto também impossibilita a falsificação de algo absolutamente, já que a falsificação absoluta deve ser baseada numa fundação conclusiva absoluta.

Isto nãoé negar que há um valor real para os brometos de Popper. Nós somos realmente tentados a segurar ideias familiares e queridas, para ficarmos em lugares seguros.


A insistência acrítica na falseabilidade que favorece o quantitativo sobre o qualitativo, o atomismo e analítico acima do holístico e sintético, a causa eficiente sobre a causa final.  Isto pode levar a um desdém da metafísica. Se a ciência realmente é um modo distinto do conhecimento, há o dever intelectual de baseiar todas as crenças na ciência somente. Contudo, já que a ciência não pode ser demarcada do resto do conhecimento, nossos modos ordinários para garantia das crenças não podem estar sob suspeita e deve permanecer inocente até que prove a culpa.

O MITO MATERIALISTA  DA UNIDADE DA CIÊNCIA.

A definição 4 assume que a história da ciência desde de Tales e Demócrito até o nosso passado recente foi uma sucessão na elaboração de uma teoria materialista e reducionista do mundo. Resistência a este programa de explicar tudo em termos de força física  e micropartículas tem sido fútil. O teísmo é o último oponente, os teólogos tem sido forçados a recuar dando território à ciência materialista e reducionista, deixando Deus cada vez para ser uma hipótese extravagante que ninguém precisa.

A história da ciência não tem sido só de vitória do materialismo sobre seus rivais. A história real é mais complicada. Se olharmos a questão da unidade da ciência, ela tem sido negada, não há como derivar as ciências especiais como a biologia e psicologia da física.  Informação e entidades não-físicas tem um grande papel na biologia, psicologia e linguística. Mesmo os materialistas tem abandonado as reivindicações de que as propriedades mentais  e eventos podem ser reduzidos a fisiologia e física. Mesmo as estratégias reducionistas em relação a filosofia da mente não respeitam o tipo de unidade da ciência visgiualizado por Putnam e Oppenheim em 1958,

Quando olhamos para a história da ciência, vemos que a tendência materialista é uma das quatro linhas maiores: 1. o realismo matemát.ico platonico-pitagórico, 2. teleo-mecanismo aristotelico 3. especulação hermética neo-platônica sobre poderes ocultos e princípios vitais e 3. materialismo nas versões de Demócrito -atomista- e Empedocles - não-atomista-.  Para o autor, a tendência predominante na história foi o realismo platônico-pitagórico.  Foi o platonismo cristão que influenciou Roger Bacon como Galileu, Copérnico, Kepler e Newton.

Diferente do demiurgo platônico, o Deus cristão criou  a matéria em si mesma e poderia import uma ordem perfeita e exata a ela. Na medicina, o progresso de Andreas Vesalius and William Harvey era um projeto de continuar a construir sob as fundações que Aristoteles deixou.

Mesmo na física, a tradição teleológica permanece nos princípios de Leibniz e no último princípio de refração de Fermat.  Toda a óptica e mecânica de Newton pode ser derivada de  Willliam Rowen. A termodinâmica moderna tem seu princípio advindo da idéia de Aristoteles de um lugar natural.

O Neo-platonismo hermético e mesmo mágico tem um papel no surgimento da química e da física do eletromagnetismo. A postulação de Newton sobre uma força universal de atração também saiu dessas raízes.

De fato, o materialismo não é um fator significativo para o pensamento ocidental até o movimento materialista em 1840. Este movimento inspirado por fatores políticos.

Mesmo a mecânica quântica mostra marcas de uma herança platônica:  a primazia de um formalismo matemático exato e a rejeição da necessidade para uma explanação mecanicista. Este último aspecto é mais evidente em abraçar da teoria causal não-localizada. A distância entre o atomismo clássico grego e o rigor matemático é enorme.  As quatro características principais do materialismo clássico: ausência de realismo matemático, a insistência em termos de interações físicas paradigmáticas, a rejeição de uma explicação teleológica e um compromisso para um pluralismo ontológico, todas estas estão excluídas da teoria quântica. Isto que poderia mostrar o triunfo do materialismo é sua aniquilação.

De fato, a forma de materialismo que tem mais efeito na ciência não é ateísta ou agnóstica, mas um materialismo teísta.  Para Duhem, o começo da revolução científica é 7 de março de 1277, quando Etiene Tempier, bispo de Paris, condenou um conjunto de teses da física de Aristóteles como equivocadamente impondo limites a onipotência de Deus. Duhem chama este ato de um chamado para os cristãos aplicar seus intelectos para o desenvolvimento de uma nova física.

Para o autor deste texto, Boyle e Newton são os maiores símbolos deste materialismo cristão.  Filosoficamente, o materialismo teísta é mais coerente que o ateísta. Os ateístas tem que aceitar fatos brutos como coincidências extraordinárias inexplicáveis em seus princípios. Primeiro, ateístas não tem explanação para a unidade do universo físico. Segundo, o ateísta não explicação para a consistência maravilhosa através do espaço e tempo  do número relativamente pequeno de coisas para observar.

A noção que há um conflito significado entre ciência e religião é produto de propagandistas do começo do século vinte, especialmente, John Wiliam Draper, Andrew Dickson White.

O teísmo provê um complexo e sútil modo de ver o mundo, em contraste as percepções fechadas do materialista. O teísmo ocidental exibiu um tipo de genius em estabelecer uma tensão equilibrada e criativa entre tradições distintas, mantendo as polaridades do atomismo e da teleologia, forças vitais e relações espaciais, razão e empirismo.


A DEPENDÊNCIA DA CIÊNCIA DO TEÍSMO.

Longe de minar a credibilidade do teísmo, o sucesso da ciência nos tempos modernos é uma confirmação da verdade do teísmo. Se a fé na inteligibilidade racional do mundo e a vocação divina dos seres humanos para lidar com isto, a ciência moderna não poderia nunca ser possível ou mesmo hoje  continuar a ser um empreendimento racional que depende de convicções que só podem ser baseadas numa metafísica teísta.


Há sete elementos do teísmo ocidental que são condições necessárias para o engendramento da ciência moderna:

1. A crença na inteligibilidade e exatidão matemática do universo, como o artefato da perfeita Mente, trabalhando com material que foi criado ex nihilo e intimamente conectada com conceito hebraico de Deus como legislador. A ideia de uma lei da natureza foi primeiro explicitamente formulada no quarto século de Basílio de Cesárea, aplicando o modelo bíblico de Deus como doador da lei a figura grega de um cosmos ordenado.

2. A crença na aptidão da mente humana, criada na imagem de Deus para a tarefa da investigação científica ,concebida como uma vocação dada por Deus.

3. A necessidade da observação e do experimento para descobrir como de fato Deus tem exercido sua liberdade soberana e absoluta onipotência em moldar para a criação, uma liberdade incompatível com a completa determinação da vontade divina a partir restrições a priori.

4. A concepção da natureza como livro divino, paralelo a Bíblia. O modelo de dois livros era o tema de Galileu, Kepler, Bacon,etc.

5. O desencantamento do mundo pelo teísmo, livrando de semi-deuses ou animismo. Isto aboliu os intervalos entre céu e a terra, deixando possível a explicação newtoniana de movimento.

6. A visão linear de tempo, começando com a criação ao invés de uma ordem cíclica temporal.

7. A elevação da dignidade da matéria e do trabalho manual, uma consequência da doutrina teológica da encarnação.


Alvin Plantinga mostra que o materialismo científico sem um designer que pensou o homem com aptidão para a verdade,  leva inexoravelmente para uma catástrofe epistemológica.  O materialista não tem uma opção real senão acreditar que a humanidade é somente o produto de um processo darwiniano indireto e não planejado. A seleção natural cuida apenas de comportamento que promove sobrevivência e reprodução: não tem nenhum interesse na verdade como tal. Aqui não há razão para acreditar que uma aptidão para verdade é o único modo, ou mesmo um especialmente como mecanismo, para produzir sobrevivência- um comportamento reforçado. (Por exemplo, seres humanos geralmente acreditam que seus companheiros humanos tem uma dignidade e valor intrínsecos e que valores morais objetivos e há obrigações. No naturalismo, estas crenças devem ser falsas- mesmo se tendo tais crenças ajudariam os humanos a sobreviver melhor). O conhecimento de caminhos causais levam para as nossas crenças presentes falta qualquer propensão intrínseca para promover a verdade nos dá uma razão indefesável para duvidar de todas as libertações de nossas faculdades cognitivas, seja da percepção, memória, raciocínio lógico ou inferência científica. Assim, o materialista científico não pode razoavelmente, no final, alegar saber que os resultados da ciência são de fato verdade.

Se o materialismo for verdade, qualquer crença formada científicamente sobre física fundamental para ser conhecido ou mesmo ser verdade. O materialista deve adotar um  relato causal ou informação-teorético de sentido das proposições da teoria científica, e um relato similar da natureza do conhecimento. Estes relatos requerem um conexão justa entre semântica e epistemologia: isto é impossível para as nossas teorias tem informação sobre o mundo a menos que nossas inferências para as teorias são amplamente confiáveis. Desde que simplicidade, simetria e outras qualidades quase estéticas da teoria desempenham um papel indispensável na prática teórica, nossas inferências para a teoria científica não pode ser confiáveis a menos que há uma explanação causal para a conexão entre simplicidade e verdade. Contudo, nenhum relato materialista com tal conexão causal é possível, já que qualquer explanação causal de uma ligação entre simplicidade e verdade teria de envolver referência a um fator que cause as leis fundamentais do mundo sendo simples, e qualquer causa da lei fundamental da matéria deve em si mesmo ser imaterial. Já que, o materialista não pode consistentemente acreditar seja que a ciência prove com conhecimento ou que as teorias científicas são realmente sobre o mundo.

O argumento depende crucialmente do ponto anterior- que julgamentos estéticos sobre simplicidade e elegância provisionam um painel através do qual as teorias devem passar antes que nós a levamos a sério.  Contudo, o argumento não dependem em supor que os padrões relevantes de  julgamento estético são inatos ou a priori. O materialista está em problema mesmo se o universo atua por acaso, ineficiente em uma máquina de ensinar de longo prazo efetiva. Isto é crucial para que estes critérios estéticos nos guiem de forma confiável em direção a novas descobertas sobre as leis fundamentais, o fato que as leis não descobertas compartilhem características estéticas ensináveis com aquelas que já sabemos não pode ser uma coincidência bruta.

A real confiabilidade, em oposição a pura sorte, requer um mecanismo causal que faz do mecanismo confiável. Neste caso, tal mecanismo deve ter uma estrutura estética profunda específica impressa que pode ser apreendida suportada por todas as leis fundamentais da natureza. Tal mecanismo não pode em si mesmo ser a causa material, já que estamos suponto que algo é responsável pelas leis fundamentais da matéria, e apenas algo supra-material poderia fazer isto.  Este algo transcendente precisa não ser um deus, mas o fato é que impõe algo que seja reconhecível para essa ordenação racional da forma da beleza claramente sugestiona que há algo pessoal por detrás desde legislador cósmico.

Plantinga argumenta que o materialista não tem uma explicação adequada para como somos constituídos para aprender a verdade, enquanto que meu argumento é que os materialistas não tem uma explicação adequada para como as leis fundamentais da natureza são constituídas para serem apreendidas através da experiência.

O Materialismo tem uma base falsa e suas teorias são tratadas como ficções utilizáveis sem carregar verdade ou falsidade, precisam encontrar um suporte para suas posições em outro lugar. Em contraste, os teístas podem falar que o sucesso da ciência é uma confirmação da sua posição metafísica,


CONCLUSÃO.

Existe um preço para ser pago pelo realismo científico, pela convicção que nossas teorias providenciam modelos do mundo real, modelos que temos razão de acreditar que são aproximadamente corretos. Este preço é admitir que a esfera física não exaure a realidade, mas ela é um artefato de um Deus racional que nos deu aptidão para a tarefa de investigá-lo.

Este artigo argumento que o teísmo deve preencher a investigação científica, levando a tomar a sério, a possibilidade de uma interferência não detectável de agentes sobrenaturais em todas as configurações experimentais.

Tais temores a respeito de um enganador cartesiano, argumenta-se, pode impulsionar o teísta para exatamente o tipo de crise epistemológica que Plantinga reivindica é o destino do materialista.


Contudo, esta preocupação  é  um mero pesadelo. Não há razão para o teísta levar a sério toda possibilidade que Deus poderia estar maliciosamente pregando peças em nós em nossos laboratórios ou estudos de campo. É verdade, contudo, que um teísta deve tomar seriamente a possibilidade de um milagre excepcional, um evento inexplicável em ternos dos poderes finitos e propensões que podemos ter no estudo científico- não promiscuamente, mas apenas quando existir uma boa razão teológica ou filosófica para tanto. Entretanto, abrir a porta para o miraculoso não significa abri-la para o irracionalismo. Não significa adotar uma atitude de credulidade para cada história maravilhosa- este não era o caso para os primeiros cientistas modernos, que eram teístas.  Dada a ordem racional do mundo natural, temos razão para esperar que qualquer milagre também terá uma forma coerente e racional. Eles não serão meros truques, eles serão a exibição do mesmo tipo de economia, elegância e sentido racional que encontramos em outros lugares na criação. Em sua obra Milagres, C.S.Lewis argumenta que os milagres do Novo Testamento tem exatamente este caráter, mas isto é para outro texto.

quarta-feira, abril 29, 2015

Otniel e Eúde: Esperando o inesperado.



Juízes 3:7-31E os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus; e serviram aos baalins e a Astarote. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos. E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou-lhes um libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele. E veio sobre ele o Espírito do Senhor, e julgou a Israel, e saiu à peleja; e o Senhor entregou na sua mão a Cusã-Risataim, rei da Síria; contra o qual prevaleceu a sua mão. Então a terra sossegou quarenta anos; e Otniel, filho de Quenaz, faleceu. Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor; então o Senhor fortaleceu a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel; porquanto fizeram o que era mau aos olhos do Senhor. E reuniu consigo os filhos de Amom e os amalequitas, e foi, e feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras. E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, dezoito anos. Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor lhes levantou um libertador, a Eúde, filho de Gera, filho de Jemim, homem canhoto. E os filhos de Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas. E Eúde fez para si uma espada de dois fios, do comprimento de um côvado; e cingiu-a por baixo das suas vestes, à sua coxa direita. E levou aquele presente a Eglom, rei dos moabitas; e era Eglom homem muito gordo. E sucedeu que, acabando de entregar o presente, despediu a gente que o trouxera. Porém ele mesmo voltou das imagens de escultura que estavam ao pé de Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta para ti, ó rei. O qual disse: Cala-te. E todos os que lhe assistiam saíram de diante dele. E Eúde entrou numa sala de verão, que o rei tinha só para si, onde estava sentado, e disse: Tenho, para dizer-te, uma palavra de Deus. E levantou-se da cadeira. Então Eúde estendeu a sua mão esquerda, e tirou a espada de sobre sua coxa direita, e lha cravou no ventre, De tal maneira que entrou até o cabo após a lâmina, e a gordura encerrou a lâmina (porque não tirou a espada do ventre); e saiu-lhe o excremento. Então Eúde saiu ao pátio, e fechou as portas da sala e as trancou. E, saindo ele, vieram os servos do rei, e viram, e eis que as portas da sala estavam fechadas; e disseram: Sem dúvida está cobrindo seus pés na recâmara da sala de verão. E, esperando até se alarmarem, eis que ele não abria as portas da sala; então tomaram a chave, e abriram, e eis ali seu senhor estendido morto em terra. E Eúde escapou, enquanto eles se demoravam; porque ele passou pelas imagens de escultura, e escapou para Seirá. E sucedeu que, chegando ele, tocou a buzina nas montanhas de Efraim, e os filhos de Israel desceram com ele das montanhas, e ele adiante deles. E disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor vos tem entregue vossos inimigos, os moabitas, nas vossas mãos; e desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão contra Moabe, e a ninguém deixaram passar. E naquele tempo feriram dos moabitas uns dez mil homens, todos corpulentos, e todos homens valorosos; e não escapou nenhum. Assim foi subjugado Moabe naquele dia debaixo da mão de Israel; e a terra sossegou oitenta anos. Depois dele foi Sangar, filho de Anate, que feriu a seiscentos homens dos filisteus com uma aguilhada de bois; e também ele libertou a Israel. 


Na longa introdução, vimos que Israel falhou em tirar os ídolos da terra também vimos uma tensão entre os mandamentos de Deus e esta falha.  No capítulo 3, vamos conhecer os três primeiros juízes: Otniel, Eúde e (em um verso) Sangar.

O Esquecimento de Coração.

E os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus; e serviram aos baalins e a Astarote. Juízes 3:7

Como já vimos, o que Deus chama de mau é esquecer de Deus e voltar-se para os ídolos.  Na Bíblia, esquecer ter um significado espiritual. Quando o povo é perguntado para lembrar de Deus (Pv 25:6, Is 64:9), eles não acreditavam que Deus poderia ser literalmente esquecido, era uma ordem para viver de acordo com aquilo que Deus é. 

Então, dizer que os israelitas tinham esquecido de Deus é dizer que eles não mais estavam sendo governados por aquilo que eles conheciam de Deus. Eles sabiam que era Deus e o que Ele queria, mas isso não era mais real para eles. A razão porque os israelitas e nós precisamos continuamente de um reavivamento é porque as verdades de Deus que eram vibrantes e  reais podem passarem a serem irreais em nossa vida. Nossos corações podem se esfriar.  Mesmo sabendo as verdades a respeito de Deus, podemos facilmente perder o senso em nossos corações desta realidade.  Assim, os ídolos acabam se tornando a realidade do nosso coração.

O remédio é o inverso de esquecer de coração, é relembrar. 

E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade. 2 Pedro 1:5-7

Como podemos fazer isto, não é tentando mais forte, mas:

Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. 2 Pedro 1:9
E assim:
Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade. 2 Pedro 1:12 

Se o perdão e a salvação de Jesus é real para você, viveremos isto em nossa vida e caráter. Precisamos lembrar o que nós já sabemos, precisamos que estas verdades trabalhem em nosso coração como elas foram entendidas em nossa mente. Como sabemos que estamos lembrando?

1. Jesus nos deu uma imagem visual do que ele fez por nós- a Santa Ceia. Quando Ele diz para fazermos isto em memória dele, ele está nos dizendo que esta refeição é o modo como continuamente nos lembramos da realidade do evangelho em nosso coração.

2. Quando lemos a Bíblia, precisamos não apenas estudar seu conteúdo, mas também aprender a meditar e refletir sobre como as verdades ali nos movem.

3. Jesus queria que a Santa Ceia fosse um evento comunitário. Precisamos nos lembrar das verdades de Deus em grupo. Quando muitas pessoas olham para a verdade, uma pessoa pode espalhar para as outras que estão secas ou estagnadas.

COMO DEUS TRAZ AVIVAMENTO.


Então a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos. Juízes 3:8

Mesmo em seu julgamento, Deus está agindo com ternura, se não fosse o sofrimento e a dificuldade, o povo não veria a realidade que estavam vivendo. Eles não teriam percebido como estavam escravizados espiritualmente.


Sob a escravidão, o povo finalmente, depois de oito anos, clamou a Deus e pediu por salvação:


 E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou-lhes um libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele. Juízes 3:9

A única coisa que o povo contribuiu para seu resgate foi em clamar a Deus. Isto implica que eles deixaram os ídolos e voltaram-se para Deus- eles se arrependeram. O arrependimento é crucial para o avivamento e restauração. O povo não espera o problema ir embora, buscam lembrar porque tudo aquilo aconteceu para com eles, vendo como a mão de Deus estava trabalhando.


Depois enviar um problema, Deus manda um libertador. Otniel, é um discípulo de coração devotado que vimos em 1:13, o tipo de líder que poderíamos esperar que Deus enviasse. Otniel junto com Josué é o único homem em que em sua vida não há qualquer coisa errada. 



E veio sobre ele o Espírito do Senhor, e julgou a Israel, e saiu à peleja; e o Senhor entregou na sua mão a Cusã-Risataim, rei da Síria; contra o qual prevaleceu a sua mão. Então a terra sossegou quarenta anos; e Otniel, filho de Quenaz, faleceu. Juízes 3:10-11
Deus também envia seu Espírito, ele fortalece Otniel para sua obra.  Aqui Deus manda o Espírito apenas sobre um homem, e não sobre todo o povo como em Atos 4:31.


Como resultado deste avivamento espiritual, a terra ficou em paz por 40 anos, neste tempo Israel ficou sem idolatria.




ELE SALVA...ELE MORRE.



O episódio nos mostra que a paz de Deus vem quando Deus nos salva através de seu escolhido,  a paz vem junto com a libertação da idolatria. A segunda coisa que podemos notar é que as coisas vão bem até que Otniel morre. A salvação e a paz estavam na liderança do juiz de Deus. Otniel é um bom juiz, a paz é real, mas ela não pode durar para sempre, já que Otniel não viverá para sempre. Isto nos aponta para a necessidade que temos de um verdadeiro libertador que nunca nos deixará, em Jesus a paz será eterna como Ele o é.




UM SALVADOR CANHOTO.


Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor; então o Senhor fortaleceu a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel; porquanto fizeram o que era mau aos olhos do Senhor. E reuniu consigo os filhos de Amom e os amalequitas, e foi, e feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras. E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, dezoito anos. Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor lhes levantou um libertador, a Eúde, filho de Gera, filho de Jemim, homem canhoto. E os filhos de Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas. Juízes 3:12-15
Com a morte de Otniel, o ciclo começa de novo para o povo de Israel: idolatria/esquecimento-julgamento- arrependimento-libertação. 


Desta vez, Deus dá o povo para Eglom, rei dos moabitas. Mas, agora, o povo não é apenas sujeito a um rei, mas a uma aliança de inimigos. E a sujeição é pior- eles tomaram a cidade de Jericó, este era o lugar onde Deus havia dado vitória para um povo obediente junto com Josué (Js 6), agora é o lugar onde Deus dá a vitória para Eglom. E além disso, a sujeição vai durar uma década a mais: 18 anos.



O povo clama a Deus, que manda Eúde, um homem canhoto. Isto é algo interessante. Se vermos na Bíblia, Deus jura por sua mão direita, seus escolhidos ficam na sua mão direita (Is 62:8-9, Sl 16:11). Já que a maioria das pessoas é destra, a mão direita é um símbolo de poder e habilidade. Lutamos com a espada na mão direita. Mas Juízes 3:15, está dizendo que Eúde era incapaz de usar sua mão direita, é possível que ela seja paralisada ou tenha algum problema.



Se Otniel era o típico líder, um guerreiro de uma família de homens fiéis, da tribo de Judá.  Eúde é uma escolha surpreendente, numa sociedade cada vez mais cruel, um deficiente poderia ser considerado ineficiente, incapaz. Ninguém o buscaria para este papel.


O DIREITO HOMEM CANHOTO.

Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor lhes levantou um libertador, a Eúde, filho de Gera, filho de Jemim, homem canhoto. E os filhos de Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas. E Eúde fez para si uma espada de dois fios, do comprimento de um côvado; e cingiu-a por baixo das suas vestes, à sua coxa direita. E levou aquele presente a Eglom, rei dos moabitas; e era Eglom homem muito gordo. E sucedeu que, acabando de entregar o presente, despediu a gente que o trouxera. Porém ele mesmo voltou das imagens de escultura que estavam ao pé de Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta para ti, ó rei. O qual disse: Cala-te. E todos os que lhe assistiam saíram de diante dele. E Eúde entrou numa sala de verão, que o rei tinha só para si, onde estava sentado, e disse: Tenho, para dizer-te, uma palavra de Deus. E levantou-se da cadeira. Então Eúde estendeu a sua mão esquerda, e tirou a espada de sobre sua coxa direita, e lha cravou no ventre, De tal maneira que entrou até o cabo após a lâmina, e a gordura encerrou a lâmina (porque não tirou a espada do ventre); e saiu-lhe o excremento. Então Eúde saiu ao pátio, e fechou as portas da sala e as trancou. E, saindo ele, vieram os servos do rei, e viram, e eis que as portas da sala estavam fechadas; e disseram: Sem dúvida está cobrindo seus pés na recâmara da sala de verão. E, esperando até se alarmarem, eis que ele não abria as portas da sala; então tomaram a chave, e abriram, e eis ali seu senhor estendido morto em terra. E Eúde escapou, enquanto eles se demoravam; porque ele passou pelas imagens de escultura, e escapou para Seirá. E sucedeu que, chegando ele, tocou a buzina nas montanhas de Efraim, e os filhos de Israel desceram com ele das montanhas, e ele adiante deles. E disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor vos tem entregue vossos inimigos, os moabitas, nas vossas mãos; e desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão contra Moabe, e a ninguém deixaram passar. E naquele tempo feriram dos moabitas uns dez mil homens, todos corpulentos, e todos homens valorosos; e não escapou nenhum. Juízes 3:15-29

Eúde foi escolhido por Deus, ele deveria levar um tributo para Eglom, Este não sabia que Eúde tinha uma espada de dois gumes, que ele havia escondido na sua coxa direita, debaixo de suas vestes. 

Nos versos 17 e 18, mostra que ele não conseguiu chegar perto suficiente de Eglom, por isto, no verso 19, ele diz que tem uma mensagem secreta para o rei. Eglom não esperaria que um deficiente significasse qualquer perigo para ele. 

No verso 20, vemos que Eúde se aproxima do rei, que estava sozinho. No verso seguinte, vemos que foi por ser canhoto que Eúde conseguiu atacar ao tirano.  E foi a obesidade do rei que selou seu destino (vs. 22).  Eúde sai, fecha as portas do pátio, e os soldados presumem que o rei estava fazendo suas necessidades por causa do cheiro.  Mais adiante, quando abrem a porta, finalmente, viram o rei morto, mas neste momento Eúde já estava distante.

Deus nem sempre trabalha pelo que a gente poderia chamar de métodos normais. por causa disto, Eúde reune o povo e luta contra os moabitas e o povo de Israel experimenta uma paz por 80 anos.

Todos os juízes apontam para Jesus. Diferente deles, ele não usou de engano (Eúde), precisou de ajuda (Débora), mostrou ambição egoísta (Gideão), imprudência( Jefté) ou fraqueza sexual (Sansão).  Ele era sem falhas como Otniel, mas como os outros juízes ele era um estranho, alguém que o mundo não poderia acreditar mas foi o escolhido de Deus para ser o nosso libertador - Lc 23:35-39, 1Co 1:18,22-23-. 

PENSANDO EM QUEM SOMOS.

Eúde aponta para Cristo, mas também para nós. Deus usa libertadores canhotos para salvar pessoas canhotas.

Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 1 Coríntios 1:26,27
Deus é  um Deus de graça, não de obras. Ele toma e usa pessoas que estão a margem da sociedade, para mostrar que a salvação vem dele, não de nossa habilidade humana. Paulo diz que Deus tende a escolher e usar pessoas que são fracas socialmente, fisicamente e mesmo moralmente. Por que?

Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 1 Coríntios 1:29

Na idolatria, estamos tentando estar no controle de nossas vidas, negociando com o deus-ídolo, dando aquilo que ele quer para que ele nos dê o que queremos. Isto não é uma submissão de amor, é uma manipulação cínica. Neste contexto, é fundamental que a adoração seja confiável, uma técnica consistente. Temos que fazer  X para o ídolo, para que Y aconteça. Como é fácil tratar o verdadeiro Deus da mesma forma.

Contudo, quando nos voltamos realmente para o verdadeiro Deus, nós vemos que ele exige uma entrega de coração, sem concessões parciais ou negociações. Não fazemos acordos com Deus, porque não temos nada para oferecer para Ele. Já aprendemos que Ele já nos salvou e nos abençoou de uma forma inesperada. Apenas podemos depender totalmente Dele.

Fonte bibliográfica:

JUDGES FOR YOU de Timothy Keller  - thegoodbook, 2013.





terça-feira, abril 28, 2015

Paul K. Moser: Inspiração Cognitiva e Conhecimento de Deus

No terceiro capítulo  Cognitive Inspiration and Knowlegde  of God do livro The Rationality of Theism, Paul K. Moser vai abordar a questão do conhecimento de Deus  Eis aqui um resumo deste capítulo:


Morte e vida.

O autor começa falando da inevitabilidade da morte para todos os seres humanos e se haveria um propósito para a vida ou mesmo para além vida.  Precisamos de um poder de fora, uma ajuda além da morte, um Deus todo poderoso que nos salve da morte. Se o comprometimento com um Deus todo poderoso é um mero desejo, então Deus não é real e é incapaz de nos salvar da morte. Deus deve ser real, não meramente possível ou imaginário, Deus deve exercer um poder real para nos livrar da morte, 

Deus e as expectativas humanas.

A respostas para a questão se é racional acreditar em Deus é real são previsíveis. Alguns dizem que sim, outros que não, e alguns dizem que não tem nada a dizer.  As respostas também dependem do significado do termo Deus,  se isto significa um ser digno de louvor, é racional acreditar que existe um ser digno de louvor? Louvor e Dignidade falam da excelência moral de um ser independente dos status moral dos outros.  Deve ser possuído por si mesmo, de outra forma, sua fonte seria a merecedora do louvor. O louvor não fala apenas de veneração, adoração e reverência. Seres moralmente deficientes não merecem tal comprometimento com eles. A deficiência moral em um ser não prescreve uma confiança total neste ser. Um ser adorado deve ser deficiência moral.

A excelência moral não é apenas uma questão de fazer coisas certas e evitar coisas erradas. Ela envolve um tipo de caráter, motivação e vontade que está debaixo das ações. A verdadeira excelência moral envolve um amor não egoísta mesmo com os inimigos. Um pessoa egoísta carece de excelência moral. A excelência moral numa pessoa carrega o fardo de um amor irrestrito para todas as pessoas. 

Já que a dignidade do louvor requer excelência moral, apenas um ser que é todo amoroso é digno de louvor. Isto consideravelmente diminui o campo de candidatos, mesmo entre todas as religiões mundiais. O candidato mais promissor é aquele que prometeu a redenção humana, um deus que promete confiavelmente nos dar a oportunidade de sermos salvos de nossa moral e mortal condição, incluindo nossa deficiência ética e morte iminente.  Um Deus todo amoroso que poderia buscar o que é melhor moralmente para nós cmo pessoas e nos daria uma oportunidade de tal redenção. 

A história humana só tem um candidato para estas categorias: o Deus de Abraão, Isaque, Jacó e Jesus. 

É racional acreditar que este Deus é real?

Muitas pessoas suspeitam que se Deus é real, isto é muito obscuro para ser conhecido apenas racionalmente.  Eles pensam que esta evidência é inadequada para um compromisso racional. John Baillie coloca algumas objeções: "quando você fala em confiar em Deus, em orar para Ele e fazer sua vontade, mas tudo isto é de um lado só, nós falamos com Deus, mas Ele nunca fala conosco". 

Nossas expectativa de Deus podem distorcer nossas reflexões cognitivas sobre Deus. Eu poderia esperar um evidência fácil da realidade de Deus, muitos filósofos como Bertrand Russell e N. R. Hanson buscaram esta evidência. Mas tal evidência não é, de fato, disponível para nós, eles recomendam o ateísmo ou agnosticismo. 

Todas as nossas expectativas de Deus, evidenciais ou outras, devem se conformar ao caráter e aos propósitos distintos de Deus. De outra maneira, eles iriam refletir mais a respeito de nós do que sobre Deus. Em particular, nossas expectativas deve se acomodar ao fato de que Deus deve é digno de adoração e deve ser todo amoroso. 

Como moralmente excelente, Deus pode buscar o que é melhor moralmente para nós. Isto requer que Ele preserve nossa capacidade para liberdade em nosso processo de  decisão e não governar por coerção. O amor genuíno não pode ser coagido. Então, Deus deve se abster de oferecer evidência de sua divina realidade que extinguiria nossa liberdade. A evidência da realidade divina deve acomodar a liberdade humana na busca de Deus para provocar o amor nos seres humanos. (P.58)


As expectativas divinas e o julgamento do amor.

O amor genuíno requer uma atitude de serviço humilde para com os outros. Então, um Deu de excelência moral poderia suprir um tipo de evidência da realidade de Deus que não encoraja um orgulho egoísta, e talvez o desencoraja.

Se  a evidência da realidade de Deus fosse sofisticada, muitas pessoas sofisticadas teriam orgulho em compreender isto. Intelectuais tratariam tal conhecimento como uma posse privilegiada ao invés de um presente gracioso a ser recebido com humildade. 

O Deus todo amoroso quer que sejamos como ele tendo em vista nosso caráter moral. Para tanto, devemos desenvolver nosso caráter através de um relacionamento com Deus, a fonte e sustentador do amor entre os homens. O amor divino busca amizade entre todas as pessoas, não com um grupo exclusivo. Esta amizade é amor verdadeiro. 


A necessidade de nossa transformação de caráter vêm do nosso fracasso em amar a Deus como ele nos ama. Vemos esse fracasso em nosso tratamento moralmente negligente com os outros. O verdadeiro amor vai além de nossos próprios desejos para atender. Este fracasso é chamado de DEMANDA DO AMOR. 

Nossa desonestidade sobe nosso status moral nos leva a resistir a esta demanda divina. Isto obscura em nossa mente quão distantes estamos daquilo que Deus quer. 


O Espírito de Deus nos humanos.

Deus oferece um tipo distintivo da evidência de sua divina realidade, que é a inspiração de seu Espírito sobre os homens.  O Espírito dá aos corações garantias que Deus irá completar  transformação que começou. Dá novo poder para a pessoa e este poder é sentido por seu recipiente e mesmo observável pelos outros. 

O Espírito de Deus serve como a âncora cognitiva do conhecimento em primeira mão de Deus. De acordo com o Novo Testamento, este Espírito é o Espírito de Jesus e então é visto mais claramente na vida, morte e ressurreição de Jesus. Nós apreenderemos esta realidade do Espirito apenas se nós buscarmos ter olhos para ver e ouvidos para escutar. Isto é, nós precisamos nos abrir para receber o Espírito de Deus. Mesmo na conexão com conhecimento, Deus busca mover nossas vontades. O verdadeiro Deus, ser todo amoroso, procura acima de tudo que aprendemos a amar como Deus ama, e isto é um alvo irredutivamente volitivo. Deus graciosamente oferece inspiração cognitiva, para esta razão. Conhecer sem amar é ser estranho para este Deus.

segunda-feira, abril 27, 2015

David K. Clark: Faith and Foundationalism


No segundo capítulo da obra THE RATIONALITY OF THEISM, David K. Clark vai expor sobre a relação entre fé e fundacionalismo. 

CRENDO SEM EVIDÊNCIA.

Os naturalistas geralmente argumentam que os crentes não podem saber uma doutrina religiosa a menos que eles possam dar evidências que a apoiem.  Qualquer alegação doutrinária ou religiosa como "Deus existe" necessita de provas para suportá-la. 


Alguns epistemológicos não-religiosos promovem um princípio  que requer que as pessoas religiosas produzam algo que seja objetivamente verificável, empírico ou evidente para suportar aquilo que acreditam. Esse requerimento é o coração do evidencialismo. 

Como representantes dessa corrente  W K Clifford, e hoje temos Michael Martin e Kai Nielsen. 

Muitos relatos de crença são tomados pela fé. O que estes têm em comum é a falta de uma evidência base. As razões positivas  para assegurar as crenças mesmo com a falta de evidência são variadas,  um dos casos é quando você toma algo como verdade porque isto vem de uma fonte de autoridade religiosa.  Isto envolve tomar a palavra de outro. 

Outra forma é tomar a crença religiosa como uma propriamente básica. Uma forma de crença básica na pessoa quando esta pessoa sabe isto diretamente sem inferir ou deduzir isto de outras crenças. Se uma crença básica se forma corretamente- se nada no processo de formação da crença vai errado- etão, isto é propriamente básico. 

Outra forma de "tomada pela fé" para cristãos, é conhecendo diretamente em confiando no testemunho interno do Espírito Santo- sensus divinitatis-. Este tipo de conhecimento é divinamente facilitado. Este é um caso especial de crença básica propria. O testemunho do Espírito tem um significado especial para Calvino. Ele ensinava que os crentes conheciam que Bíblia é a Palavra de Deus- que Deus, pela sua inspiração, é o autor da Bíblia- porque o Espírito Santo ensina isto. A Bíblia diz que o Espírito testifica os crentes que eles são filhos de Deus - Rm 8:16. Agora se isto é possível, então, talvez, os crentes podem saber certas coisas diretamente de Deus.

Estes são exemplos de tomadas pela fé. Mas, entende que na bíblia, fé não significa aceitar uma ideia sem evidência. Como a Bíblia conecta salvo pela fé com a ideia de conhecer pela fé. Em inglês, fé funciona gramaticalmente como um nome. No grego neo-testamentário, pisteo é um verbo que denota uma confiança pessoal em algo. Fé é como o eu aceito do casamento. Não é primeiramente um processo do pensamento ou do conhecimento, é mais uma promessa de lealdade junto uma vida de fidelidade cumprindo esta promessa.

Os reformados distinguem notitia, assensus e fiducia. Notitia denota o conteúdo da fé, as grandes doutrinas bíblicas. Assensus indica o ato mental de aceitação desses ensinos como verdade. E fiducia significa o ato de toda a alma do crente de compromisso pessoal naquilo e prometendo lealdade ao ser divino pessoal descrito nestas doutrinas.

As verdades da notitia denotam o ser divino pessoal- Deus- e o crente que aceita estas verdades no assensus. Mas a chave é esta: salvação- relacionamento com Deus - acontece quando o crente vai além do assentimento mental para uma confiança e lealdade pessoal. Biblicamente, fé é intrinsecamente conectada em acreditar nas verdades centrais sobre Deus,  mas a fé definitivamente não é idêntica a acreditar nelas.

Este texto vai falar sobre o assensus. Os naturalistas insistem que ele é um vazio, insistem que se crenças não evidentes são legítimas, a epistemologia deixa de ter sentido. 

Suponha que eu alegue que eu posso corretamente tomar isto pela fé que Deus me ama. 

Alvin Plantinga coloca que as crenças cristãs essenciais são um ponto de começo apropriado para o pensamento. O pensamento cristão pode começar com as ideias religiosas. Não é necessário inferir que todas as ideias religiosas vem de ideias não-religiosas. Mas, Michael Martin pensa que isto é errado. Ele descreve a afirmação de Plantinga como defeituosa, que a crença religiosa pode ser justamente o ponto de base ou de partida para pensar. Para ele, é uma visão relativista, que coloca qualquer crença para funcionar neste nível básico. Para Lane Craig, os cristãos podem justamente saber que Deus existe por causa do testemunho do Espírito Santo. 
Martin diz que Craig não consegue explicar como tal experiência poderia ser diferente.

DIFERENTES PROJETOS EM EPISTEMOLOGIA.

O objetivo do processo de conhecimento é compreender verdadeiramente. Isto tem dois lados, primeiro, as pessoas querem e precisam saber o que é verdade. 

1. Como posso acreditar de forma legítima com muitas crenças verdadeiras sendo possíveis?

Uma forma para responder esta pergunta é acreditar em qualquer coisa ou em tudo. Contudo, essa estratégia pode produzir muitas crenças verdadeiras, mas isto poderia levar alguém a aceitar algo ilegítimo ou falso. Então, para compreender o mundo, os seres humanos também precisam escapar do erro.

2. Como posso evitar de acreditar com muitas crenças falsas sendo possíveis?

Uma forma de responder a esta pergunta é adotar um ceticismo global, se alguém não acredita em nada, então, nada pode ser falso. Mas, é claro a pessoa iria ignorar muitas crenças que são verdadeiras e importantes. Assim, a necessidade de conhecer o mundo exige um verdadeiro equilíbrio entre as questões 1 e 2.  Isto desafia um conhecedor maximizar o as verdadeiras crenças e minimizar as crenças falsas.

Em busca deste objetivo, os epistemologistas se direcionam a dois diferentes assuntos.

3. O que eu quero dizer por "conhecimento"?

O ponto é dar um relato, desenvolver uma teoria ou oferecer uma descrição do conceito de conhecimento. 

4. Como eu posso identificar instâncias particulares de conhecimento e casos de erro?

Aqui é catalogar, avaliar e coordenar procedimento para escolher instâncias de genuíno conhecimento. Se alguém deseja avaliar o que algo é realmente um caso de conhecimento. 

FUNDACIONALISMO E SUA ALTERNATIVA.

O modo tradicional para responder esta questão é este: uma instância de conhecimento é uma ideia que possui três características: Primeiro, ela é verdadeira. Segundo, alguém acredita nela. E terceiro, algum fato legitima a crença em questão para esta pessoa. Mas o que está errado em definir conhecimento como uma crença verdadeira? Porque alguém pode tem crenças verdadeiras por puro acidente e isto não é conhecimento. O conhecimento requer algum tipo de fato legitimador que distingue da mera crença verdadeira - como um palpite sortudo- para um conhecimento real.  Este terceiro fato é muito controverso.

Como exatamente alguém pode entender e localizar este fato legitimador? Um método importante para pensar sobre o fato legitimador é que ele muda uma crença meramente verdadeira para um conhecimento genuíno é chamado fundacionalismo. A palavra fundacionalismo tem diferentes conotações. Alguns pensadores, especialmente, na teologia contemporânea, identificam um método holístico ou uma fonte de verdade autoritária como uma fundação. Para o autor, seria um fundacionalismo-fonte. Neste tipo de fundacionalismo, a fundação do conhecimento é alguma lógica ou linguagem transcultural, algum método universal como a ciência ou uma tradição religiosa autoritária ou um livro como o Corão. Fundacionalismo-fonte é aquela noção típica modernista que o conhecimento é uma reflexão da verdade e que nós podemos descobrir um fundamento estável para isto em Deus, na Historia ou na Razão.  Para o ponto de vista pós-moderno, o fundacionalismo-fonte não produz a liberdade e progresso que prometem. Ironicamente,  de acordo com esta crítica, a sede moderna por liberdade humana através de objetividade na verdade ou certeza no conhecimento leva para um estilo absolutista filosófico que escraviza ainda mais.

Por contraste, fundacionalismo-crença, assunto deste texto, é uma classe de teorias sobre os relacionamentos entre as crenças individuais com o sistema de crenças da pessoa. Com a estrutura das crenças da pessoa, as crenças básicas fazem o terreno para as crenças não-básicas.  A pessoa conhece as crenças básicas diretamente, ela conhece as não-básicas indiretamente ou por inferência. Qualquer teoria da epistemologia  que distingue as crenças básicas das não-básicas é um membro da classe que estou chamado de fundacionalismo-crença.

No fundacionalismo-crença, o fato legitimador pode ser transferido de uma crença básica para uma crença não-básica. Agora, o fundacionalismo implica que as crenças básicas provisionam o fato legitimador para uma não-básica. O fato legitimador se move apenas nessa direção. Esta é uma característica chave de qualquer fundacionalismo-crença.
Essencialmente, o fundacionalismo-crença é um modo para bloquear o regresso infinito. Se um conhecedor deve voltar para a crença com outra crença, então ele vai ter que voltar a uma cadeia infinita.

Fundacionalismo-crença é sujeito a crítica. Aqueles que objetam optam pelo Coerentismo, que denota uma classe de teorias em que o fato legitimador surge inteiramente do encaixe lógico de várias crenças com outras.  Isto é, a crença x implica na y, e  y em z, etc. Aqui, todas as crenças são parte de um argumento circular amplo.  Nesta rede de crenças, a conexão entre elas não transfere meramente o fato legitimador como no fundacionalismo-crença, mas gera ele. Este fato legitimador vai em ambas as direções. No coerentismo, satisfaze o princípio da coerência é necessário e suficiente para o conhecimento.

Duas características do coerentismo parecem estar corretas. A primeira é que evitar a incoerência é necessário para qualquer conjunto de crenças verdadeiras. A segunda é que o coerentismo corretamente enfatiza o princípio de independência: crenças não-básicas são legítimas pela conexão com um grande número de crenças independentes e coerentes mutuamente, e estas legitimizadas por algumas crenças.

Apesar destas vantagens, contudo, coerentismo sofre duas dificuldades fatais. A primeira, é o problema do input, se coerência sozinha legitima as crenças, isto parece fazer da experiência algo desnecessário. Certamente, crenças sobre o mundo natural tem seu fato legitimador da experiência da percepção real.

Segundo, o problema dos sistemas alternativos de coerência. O coerentismo faz a coerência não apenas necessária mas um verdadeiro conjunto de crenças interconectadas, mas suficientes como um indicador de verdade. O coerentismo vai além de fazer do princípio  da coerência como um critério para verdade. A coerência termina sendo o que é a verdade.  Assumindo uma unidade da verdade, qualquer conjunto de crenças verdadeiras é suficiente para justificar sua verdade. É possível construir um infinito número de conjuntos de crenças onde os conjuntos são internamente coerentes entre si, mas mutuamente exclusivos de cada um. O coerentismo nos deixa sem jeito para julgar estes conjuntos.

REFINANDO FUNDACIONALISMO-CRENÇA

Que tipo de crenças eu poderia considerar como básicas? Uma resposta é encontrada no fundacionalismo clássico,  eles viam que certas crenças estão enraizada em outras mais básicas. Mas, diferente do fundacionalismo-crença, este defende regras estritas sobre que tipos de crenças são legitimamente básicas.  Numa versão clássica do fundacionalismo, as crenças básicas precisam ser auto-evidentes (3+4=7) ou incorrigíveis ( eu sinto sede). 

Em contraste, outras formas de fundacionalismo-crença são mais modestas. O fundacionalismo modesto é qualquer membro de um conjunto de visões tem critérios mais flexíveis para ser basicamente próprio. Um tipo de fundacionalismo modesto é a epistemologia reformada, representada por Plantinga, Alston, Wolterstorff. A epistemologia reformada insiste que mesmo as crenças religiosas são corretamente construídas como básicas por certas pessoas. E as pessoas que acreditam que Deus existe é propriamente básico, eles conhecem pela fé que Deus existe. E não há nada defeituoso inerentemente em conhecer deste modo. 

Dada a visão cristã destas coisas, os conhecedores não estão cometendo nenhum pecado epistêmico. Eles formam suas crenças através de um processo formativo de crença confiável. Mas, estas asserções atiçam a ira dos naturalistas.

A segunda questão é a seguinte: se o conhecimento é distinguido da mera crença verdadeira por um fato legitimador, os conhecedores deve ter um claro conhecimento deste fato? Ou é suficiente que o fato legitimador exista? Aqueles que dizem que os conhecedores precisam conhecer o fato legitimador, vão se inclinar para o internalismo.  Em geral, um internalista usa a palavra justificação para denotar o fato legitimador. Isto forma o plano de fundo para uma visão clássica desta matéria- conhecimento significa uma crença verdadeira justificada.  Falando geralmente, o relato internalista de epistemologia coloca algum tipo de dever nos conhecedores para descobrir o que justifica suas crenças. Conhecedores tem uma obrigação de desmascarar aquilo que distingue  seu conhecimento genuíno das crenças verdadeiras por coincidência.  Se eles não cumprem isto é errado dizer que conhecem. Agora o evidencialismo é um tipo de internalismo em que a evidência justifica a crença. O conhecedor precisa encontrar a evidência que muda a mera crença em conhecimento.

Aqueles que dizem que é suficiente que um fato legitimador exista, mesmo se os conhecedores não estão cientes disto, vão adotar o externalismo. Tipicamente, um externalista usa a palavra garantia para denotar um fato legitimador. Nesta visão, a verdadeira crença é formada através de um processo confiável de formação-crença que possui garantia, e também isto conta como um conhecimento genuíno. As teorias externalistas dizem que alguma garantia deve existir para que a crença possa contar como um conhecimento. Mas, eles não insistem nisto em cada caso de genuíno conhecimento, o conhecedor em si mesmo deve investigar ou se tornar ciente deste fato. Agora há  pouco acordo sobre a exata natureza destas distinções entre a justificação e a garantia ou entre internalismo e externalismo. 

Por que religiosos pensam que é certo, em alguns casos, acreditar pela fé?  Segundo Plantinga, se Deus existe, então o conhecimento da existência de Deus pode ser propriamente básico.  Obviamente, este é um relato externalista. Se Deus existe e criou os humanos com processo confiável de formação de crenças. O conhecimento de Deus está baseado na direta experiência com Deus. Se   Plantinga está certo, isto é uma instância de conhecimento legítimo de uma crença fundacional pela fé no sentido de acreditar em Deus sem evidência.

Naturalistas dizem que este relato de conhecer pela fé não tem como separar crenças verdadeiras das falsas.  Falham em encontrar as verdades garantidoras que possibilitam minimizar as crenças falsas.  Os crentes religiosos que pensam que tomar pela fé é legítimo epistemologicamente  tendem a maximizar a questão 1, mas falham miseravelmente na questão 2.  Claro, que os religiosos tem o dever de produzir algo além de uma asserção subjetiva como o Espírito Santo me falou. Este algo a mais é a evidência segundo os evidencialistas. 




Evidencialismo como um princípio universal

A questão é a seguinte: é racional requerer que os crentes religiosos tenham evidência para cada crença?  Um modo de refutar o evidencialismo é um ataque frontal. O evidencialismo está sujeito a dificuldades. Plantinga argumenta que a única razão para manter o evidencialismo é que ele é uma dedução do fundacionalismo clássico.  Contudo, o fundacionalismo clássico é errado e por duas razões. Por exemplo:

Uma crença é propriamente básica se e somente se ela é auto-evidente ou incorrigível.

A crítica explora a declaração da razão para crer. Plantinga argumenta que esta declaração em si mesmo não é auto-evidente nem incorrigível. Como também não se pode inferir premissas disto. Detalhes mudados não resolvem o problema.  Então, o fundacionalismo clássico é auto-referencial, incoerente e não está em posição para dar qualquer peso para o evidencialismo.  Do mesmo jeito, o evidencialismo é semelhantemente auto-refutando. Tomado como um princípio epistêmico universal, falha em satisfazer suas próprias demandas.  Assim como não há argumentos evidentes que levam ao fundacionalismo clássico, também não há que possam demonstrar o evidencialismo. A segunda parte da crítica é esta: o fundacionalismo clássico criou padrões rígidos e estritos para o conhecimento em tentar assegurar que não haja erros na estrutura do pensar. O fundacionalismo clássico elimina muito dos que as pessoas normalmente e legitimamente conhecem. De fato, isto toma o ceticismo muito sério. 



Conhecendo Deus pela fé

Os crentes religiosos alegam conhecer Deus, reconhecem sua voz. Como Jesus disse, a ovelha conhece a voz de seu pastor (Jo 10:4). Quando Deus fala, os crentes escutam. 

Uma grande parte do que sabemos não é suportada pela evidência, e ainda isto é corretamente chamada de conhecimento.  A epistemologia reformada diz que um crente que conhece Deus e discerne sua voz é perfeitamente certo para formar a crença. 

Qual é o fato legitimador que faz que a crença da pessoa seja um caso de legítimo conhecimento? A epistemologia reformada exemplificada em Plantinga diz que isto é corretamente chamado de conhecimento em todo caso em que a pessoa sabe que acredita através de um processo confiável de formação de crença, mesmo se a pessoa não está ciente ou pensando a respeito do processo. A crença, não o crente, é a garantia. Aqui é o relato de Plantinga. Se uma crença é produzida em S pelas faculdades cognitivas funcionando propriamente num ambiente cognitivo que é apropriado para as faculdades cognitivas de S, de acordo com um plano desenhado que é bem sucedido em encontrar a verdade, então esta crença tem garantia para S. Este não é um conjunto preciso de condições necessárias e suficientes. Desde que há várias extensões análogas e níveis de exatidão nas crenças humanas, isto parece improvável que um poderia especificar tal conjunto universal de tais condições. mas, em geral, se estas características estão presentes quando estou formando uma crença, então, estou tendo conhecimento.

De novo, a questão aqui não é a questão 4: que estratégias vão apontar para os casos de conhecimento ? Naturalistas focam na questão 4,  não consideram a crença em Deus como uma crença básica, pensam que o fundacionalismo não tinha esta intenção.  Fundacionalismo era uma tentativa de prover ferramentas críticas para ter um conhecimento objetivo e prover uma base não relativista para o conhecimento. 

A questão 4 demanda uma caixa de ferramentas epistêmicas, não somente a evidência.  Se os conhecedores estão limitados para uma grande ferramente que o evidencialismo requer, então o conhecer humano é desnecessariamente restringido. Uma consistente aplicação de um evidencialista requer todas os tipos de cisas que desde já sabemos, isto tende a maximizar a questão 2, mas a questão 1 desaparece no fundo. Isto poderia implicar que o conhecimento de Deus que existe não conta como conhecimento.  Se Deus existe, entretanto, qualquer estratégia epistemológica que opõe-se ao conhecimento do fato é  profundamente fraco. Então, se Deus existe, a exigência evidencialista é muito forte.

O Poder do Conhecimento de Plano de Fundo (Background)

O princípio da evidência é um recurso não negociável de cada caso de conhecimento.  Ele elimina muito do que é corretamente chamado de conhecimento, até a si mesmo.  Mas, tem alguma verdade, como os fatos de fundo que dão evidência para crenças.

Para os crentes religiosos, conhecimento que alguém toma pela fé depende de uma variação do princípio de credulidade. 

Quando algo parece para alguém ser verdade, isto provavelmente é verdade, e pode ser tomado como verdade, a menos que saiba-se de alguma circunstância especial de desqualificadora ou uma evidência de que aquilo que parece verdade não é realmente verdade.
Isto se aplica para o conhecimento enraizado na experiência sensória. Algumas boas razões podem, algumas vezes,  contar contra alegações de conhecimento particular mesmo quando elas estão firmadas na evidência produzida pelos sentidos. E se o mesmo é verdade se eu conheço através do testemunho do Espírito ou de uma forma direta e básica.

A informação especial de desqualificação é, em geral, uma evidência, um arrazoado ou uma experiência que leva alguém a pensar que uma crença original não é garantida ou verdadeira.  Ela a verificar a garantia e dar uma evidência mais forte ou fraca para a crença.

Um Papel Limitado para um Princípio Evidencialista.

Um problema com a estratégia evidencialista é a confusão das questões 3 e 4. Quando eu tento descobrir a verdade de uma alegação para isto tenho tem alguma contra-evidência, e isto é correto em alguns casos que busco por um confirmação evidencial. A questão 4: como eu posso identificar uma instância particular de conhecimento? Quando temos um conhecimento de plano de fundo grande, posso deixar certas alegações como implausíveis. 

A crítica do autor deste texto é que para os naturalistas, a suspensão da evidência é possível para as questões do dia a dia, mas não quando se tratar de crenças religiosas.


Como alguém sabe que Deus falar às pessoas é radicalmente implausível, completamente fora do comum, e inteiramente contrário para tudo que sabemos sobre o mundo?  Os crentes precisam apontar isto da experiência base da crença cristã,  que há razão para pensar que o Espírito falar com as pessoas é inteiramente plausível, normal e completamente consistente com o que é verdade sobre o mundo. Dado o conhecimento de plano de fundo que os naturalistas aceitam, escutar a voz de Deus parece fora de lugar. Mas, talvez, o problema é a base de experiência restrita dos naturalistas.


Se os cristãos estão certos, cada ser humano tem uma primeira ordem de capacidade para conhecer Deus, mas nem todo o ser humano reconhecem Ele.  

Se o teísmo é falso então as alegações que o Espírito fala são implausíveis. Mas se a fé cristã é verdadeira, então é claro que Deus poderia comunicar-se com os crentes. Deus criou o processo de formação de crenças. Então, não é dificil pensar que Deus  criou este processo para sentirmos sua presença.

A verdade do teísmo é que faz a diferença.  Quando alguém diz que a crença teísta é epistemologicamente defeituosa porque falha aos pressupostos de evidência, a realidade da existência de Deus é diretamente relevante para responder. Se Deus existe, então a crença teísta está de acordo.

ESTRATÉGIAS PARA UM CONHECIMENTO GENUÍNO.

O que os religiosos podem fazer com a questão 4, como identificar instâncias genuínas de conhecimento?  Os cristão estão interessados em ancorar suas declarações em verdades que aconteceram. 

Os religiosos precisam de algo mais do que crenças bem garantidas. De um ponto de vista externalista, algumas vezes, eu posso vir a crer em uma verdade, numa crença bem garantida sobre Deus, ainda assim se focar em sua garantia. E outras vezes, eu preciso de uma crença bem garantida para uma crença particular. 

A crença conta como conhecimento enquanto ela permanece como um processo confiável em um ambiente epistemológico que o produz. Mas ainda é possível tem um ponto de apoio, por uma crença de segunda ordem. 

Um religioso pode ter um conhecimento de Deus através de experiências diretas religiosas.  

Duas objeções pode surgir: Primeiro, se a crença em Deus pode ser fundacional ou básica propriamente tendo em vista a garantia, isto não implica que qualquer crença é garantida? Se um conhecimento direto de Deus é aceitável, como o cristão responde às seitas?  A crítica é tentar acreditar que esta visão modesta de crença-fundacionalismo que considera a crença em Deus como uma crença básica pode levar a um caos epistêmico. Se a crença em Deus é propriamente básica, isto abre os portões epistemológicos. Martin diz que se a epistemologia reformada é verdade, ela também é radicalmente relativista.

Mas um fundacionalimo modesto não deixa a coisa ir tão solta. Cada crença que inicialmente parece ser garantida realmente é garantida no final. Para  uma crença ser um conhecimento genuíno, não é suficiente apenas fazer a alegação. Ela tem que ser garantida. E se os crentes pesam ou tem razão para pensar que algo não é garantido, eles podem desafiar suas próprias crenças,  O ponto é que eles não são exigidos para desafiar suas crenças, para responder ao desafio antes disto contar como conhecimento. No mínimo, o fundacionalismo modesto diz que eles não devem ter conhecimento de relevantes fatos que desafiem este conhecimento.  

Segundo, se as crenças religiosas são propriamente básicas, isto não leva as crenças religiosas foram reino da discussão pública? Não faz das convicções teológicas algo imune ao criticismo? O conhecer pela fé leva alguém para além da crítica?  

É possível corrigir uma crença básica que foi aparentemente garantida pela pessoa. A pessoa normalmente acha que seu processo formador de crenças gera crenças verdadeiras. Mas, muitas coisas podem dar errado.  O ambiente pode não levar a produção de uma crença verdadeira. 

Como religiosos podem responder tanto a questão 1 e 2? O fundacionalismo  modesto , em reconhecendo muitas crenças religiosas podem ser propriamente básicas para aqueles que as possue, abre um caminho para uma verdade religiosa garantida.  Se Deus existe, então os crentes podem adquirir um conhecimento de Deus bem garantido. Esta não é uma estratégia para identificar os casos de conhecimento, mas algum tipo de descrição do que é conhecimento. Se Deus existe, o conhecimento de Deus é enraizado na experiência de Deus, isto completa a necessidade para crenças garantidas- questão 1. Mas, nem toda alegação de conhecimento aparentemente bem garantida sobre Deus é realmente bem enraizada. Há algumas crenças falsas que parecem inicialmente ter garantia para o crente, mas ainda assim estas crenças são minadas por outras considerações que as derrotam, esta resposta nos ajuda a evitar erros- questão 2.

CONCLUSÃO

A questão que perguntei se está correto em tomar algo pela é. Um modo de tomar algo pela fé é em aceitar a crença religiosa como propriamente básica.  Fundacionalismo é uma classe de teorias epistêmicas em que algumas instâncias do conhecimento - crenças básicas- são conhecidas diretamente ao invés de inferência. Um versão modesta religiosa do fundacionalismo, a Epistemologia Reformada, diz que as crenças religiosas podem ser propriamente básicas.


Para afastar as falsas crenças religiosas, os naturalistas que são  evidencialistas aplicam sua própria regra básica: toda crença deve ser suportada pela evidência. Eles exigem que toda a crença religiosa deve ser suportada pela evidência ou ser abandonada. Sem tal regra, os naturalistas parece  temer que os epistemologistas religiosos poderiam coroar qualquer e toda alegação religiosa como propriamente básica e além da correção.  Mas a regra evidencialista é profundamente falha. Dentre outras coisas, ela apaga a si mesma desastrosamente. No fim, os conhecedores devem conhecer algumas coisas diretamente. Se eles nunca conhecerem nada diretamente, então eles nunca vão encontrar as primeiras premissas para começar qualquer inferência as coisas conhecidas indiretamente. Se eles não conhecem algumas diretamente, eles nunca vão conhecer nada. Se Deus existe, claro que os crentes religiosos vão tomar algumas coisas pela fé.

Cristãos dizem que tomam pela fé o conteúdo - notitia- do ensino bíblico junto com o assentimento mental - assensus-. Este é o primeiro passo em direção a Deus.  A verdadeira fé que transforma e libera as pessoas espiritualmente é o segundo, um passo distinto- uma confiança existencial em, uma lealdade fiel - fiducia- para com Deus. Esta é a fé que leva para o amor de Deus- o propósito maior da existência humana. 



"Any epistemic standard that disallows the knowledge by which human persons find the Reality they were created to love calls itself radically into doubt." p. 52