segunda-feira, abril 13, 2015

Cornelius Van Til: O Pastor Reformado e o pensamento moderno

O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno

Cornelius Van Til

Editora Cultura Cristã


"O homem não poderá ser um pecador contra Deus ao menos que conheça Deus no sentido indicado em Romanos 1. Entretanto, o homem não poderá ser resgatado do pecado, isto é, ao menos que conheça a Deus em um sentido  redentor através da morte e ressurreição de Cristo, que lhe é aplicada pelo poder regenerador do Espírito Santo" p. 18


"A Escritura providencia os óculos:somente o Espírito Santo no coração dos homens abre os olhos para que vejam através das lentes" Calvino, p. 19

Diferenças entre Calvino e Aquino.

1. Diferem quanto à natureza da revelação.

 Para Calvino, é sempre clara em qualquer lugar, através da indicia divinitatis - marcas da divindade- nas Escrituras ou na natureza.  Para Aquino, "a revelação de Deus ao homem não é inerentemente clara. Sendo finito, o homem vive no limiar do não-ser- em tal mistura, o conhecimento do homem é derivado dos sentidos. O homem, portanto, vive inserido em um ambiente que não é exclusivamente determinado pelo plano de Deus, mas, antes uma combinação de forças de Deus e do caos" (p. 21)

teologia natural de Aquino.
"A ideia da teologia natural assume que, sem a Escritura e o testemunho do Espírito Santo, os homens poderão, geralmente, ter uma medida moral espiritualmente aceitável do conhecimento de Deus. Ela assume que poderá haver uma interpretação da revelação natural de Deus com a qual ambos, crentes e descrentes, estariam em concordância" (p.21)

A diferença do conhecimento seria uma questão de grau.

Aquino teria a posição de Calvino como racionalista porque o inato conhecimento do homem de Deus leva a um contacto com a verdade.  Por outro lado, também o consideraria como irracionalista, pois apenas os eleitos poderiam ter qualquer conhecimento de Deus. 

Calvino pensaria a posição de Aquino como irracionalista, pois ela não é baseada na distinção entre o criador e a criatura, sem a ideia da inevitabilidade do conhecimento de Deus da parte do homem, seria impossível para o homem desculpar-se de não conhecer Deus. Por outro lado, há também uma consideração como irracionalista, pois Aquino atribuiu a mente do homem a habilidade de determinar até certo ponto a natureza de Deus à parte dos conteúdos da revelação divina. 



"Os homens em geral são, portanto, supressores da verdade. Não são primeiramente faltos do conhecimento da verdade. De fato, pensam como se o conhecimento tivesse de vir da Escritura, mas, mesmo sendo possuidores ou conhecedores da verdade, tornam-se supressores da verdade por causa do pecado.  Tomando a si o direito de definir a natureza de Deus e de si mesmos, eles misturaram a idéia de seu novo deus com a ideia do Deus que conhecem em virtude de sua criação. Em sua teologia natural- isto é, aquela que, como pecadores, colocam como sua visão sobre Deus- eles jamais declaram a verdade sem alguma adulteração. No entanto, não conseguem suprimir a totalidade da verdade, e jamais conseguem afirmar toda a verdade sem sobrepor uma mistura de erro. O deus dos filósofos jamais é o Criador deles e Criador do universo. Ele é sempre, necessariamente, jungido à criação, eles sempre o degradam ao nível da criatura" p. 25

contra arminianos e católicos.

"O arminiano e o católico romano falham em apresentar ao incrédulo um desafio que o faça ver sua necessidade de uma conversão radical. Nem o arminiano nem o católico romano dão ao incrédulo uma oportunidade para ver o que o evangelho realmente é. Eles não dirigem em sua direção o foco da luz toda reveladora da Escritura. Nem mesmo, mostram-lhe a face do Grande Médico, para que este lhe diga que o coração do homem natural é desesperadamente corrupto, e que nenhum homem conhece as profundezas da própria impiedade senão o Grande Médico, afim de curá-lo de todas as suas enfermidades" p. 69


Kant 

"A tradicional doutrina da expiação, para Kant, é inaceitável:"ninguém pode, em virtude da superabundância de sua própria boa conduta e mediante seu próprio mérito, tomar o lugar de outrem, ou se tal expiação vicária for aceita, teremos de assumi-la apenas do ponto de vista moral, uma vez, que, para o raciocínio, será fantástico mistério" p.118

"Toda a existência objetiva tem de ser vista como a projeção do eu todo-suficiente. De conformidade, até mesmo, a existência objetiva do eu como fenomenal teria de ser uma projeção do eu numenal. Todas as leis do espaço-tempo do mundo, relativo aos objetos do espaço-tempo entre si, devem ser projeções do eu numenal. Assim vendo, essas leis são puramente formais. São, em consequência, material puramente correlativo para puramente contingentes" p. 119

Tillich // Kroner

"O princípio protestante de Tillich é padronizado segundo aquilo que Koner chama de princípio da razão prática na filosofia e religião de Kant. Tillich e Kroner construíram o mesmo túnel, ambos totalmente conscientes e inconscientes da significância básica de seus próprios esforços. Ambos tinham absoluta certeza que nada poderia ser identificado na História. Isto é, ambos sabiam que ninguém saberia nada sobre nada. Segundo esse emblema, o protestantismo histórico seria contraditório e demoníaco. Deus, Cristo e Escritura, morte e ressurreição, justificação, regeneração, fé e esperança. regeneração de todas as coisas, nada poderia ser aquilo que os reformadores pensavam que fosse. Então, embora ninguém saiba por que a profundidade do ser é totalmente misteriosa, o homem sabe pela fé, como em um salto reverso para dentro das profundezas do ser, que haverá progresso em relação aos ideais que amoral coloca diante dele. É assim que o princípio protestante, refeito após o padrão da filosofia de Kant, segundo se pensa, destruiu completamente as reivindicações de Deus, o criador, e de Cristo, o redentor dos homens" p. 165

Nenhum comentário: