Naturalismo Evolucionário e nossa capacidade noética.
"De acordo com Plantinga, o conhecimento é crença verdadeira garantida, e uma crença tem garantia para algumas pessoas apenas no caso de a crença (apenas em caso significa se e somente se) ter sido formada por faculdades cognitivas que estão funcionando apropriadamente e estão em conformidade com um bom planejamento, num ambiente cognitivo apropriado para a maneira como as faculdades foram planejadas,e, quando o planejamento de nossas faculdades objetiva a obtenção da verdade (....) Como a função apropriada é normativa, não pode ser entendida como mera descrição da maneira estatistica usual.
"se o conhecimento pressupõe uma crença garantida, e se garantia das crenças pressupõem que essas crenças foram produzidas por faculdades que funcionem apropriadamente ,e se a noção de faculdades que funcionem apropriadamente pressupõe a noção de que foi planejada para funcionar de uma certa maneira, logo, o planejamento pressupõe um planejador" (pag 136)
Os Naturalistas nos devem uma explicação do que significaria para os seres humanos ter faculdades cognitivas e sensoriais que funcionem apropriadamente, e que evitasse a idéia de um planejador, segundo Plantinga, essas explicações não foram bem sucedidas. Todos eles, de uma forma ou de outra, definem funcionamento apropriado em termos do funcionamento que é estastisticamente normal, usual ou de uma maneira que intensifique o valor de sobrevivência dos organismos que possuem o orgão ou faculdade em questão. Contudo, não nos dão uma noção normativa das faculdades que funcionam apropriadamente, e,de qualquer modo, o indivíduo pode definir funcionamento apropriado em termos da teoria da evolução e do valor de sobrevivência, pois, se mesmo se a evolução fosse verdadeira, essa é uma verdade contingente ( a evolução poderia ser falsa, na verdade, é mais provável que seja falsa) e não poderia haver faculdades que funcionassem apropriadamente mesmo se a evolução tivesse sido falsa. Portanto, a verdade da evolução não pode ser requerida para o dar o sentido das faculdades que funcionam apropriadamente. Qualquer que seja a explicação que apresentarmos para as faculdades que funcionam apropriadamente, ela deveria se aplicar a mundos possíveis em que a evolução seja verdadeira e a mundos que seja falsa. A definição que capta a essência real de algo, no caso as faculdades que funcionam apropriadamente, não pode aplicar-se acidentalmente à coisa definida, dependende de algum outro fator -evolução- é verdadeiro ou não.,
A questão é a seguinte se o conhecimento existe e se as faculdades que funcionam apropriadamente são condições necessárias para o conhecimento, logo, se a noção de funcionamento apropriado requer a existência de um planejador dessas faculdades e não pode ser adequadamente compreendido em termos estritamente naturalísticos, podemos concluir que o naturalismo metafísico é falso.
Plantinga mostra que o naturalismo evolucionário é falso. De acordo com a teoria naturalista evolucionária, os seres humanos, suas partes e faculdades cognitivas surgiram por meio de processo cego, que a selecionou em virtude de seu valor de sobrevivência e de suas vantagens reprodutivas. Se as nossas faculdades cognitivas surgiram assim, logo o propósito último delas é garantir que nos comportemos de certa maneira, isto é, que nos movimentemos apropriadamente para conseguir alimentação, evitar o perigo, lutar e reproduzir de forma que as possibilidades de sobrevivência sejam intensificadas.
"a probabilidade de nossa faculdades serem confiáveis, dada a verdade do naturalismo evolucionário e a existência das faculdades que possuímos, é ou 1. realmente muito baixa ou 2. algo sobre o que devemos nos manter agnósticos. Por que Plantinga pensa assim? A evolução é provavelmente um comportamento seletivo de adaptação, mas não podemos dizer o mesmo em relação às faculdades que produzem crenças verdadeiras, pois, dado o naturalismo evolucionário, pelos menos cinco cenários distintos em relação a nossas crenças e as nossas faculdades noéticas são possíveis e não podem ser descartados.
1o. os processos evolucionários poderiam produzir crenças que não tivessem relações causais quaisquer com o comportamento, e, portanto, sem propósito nessa função. As crenças não causariam nem seriam causadas por comportamentos, seriam, portanto, invisíveis à evolução.
2o. a evolução poderia produzir crenças que fossem efeitos do comportamento e não causas dele. Nesse caso, as crenças seriam como uma decoração e não fariam parte da cadeia causal que levasse à ação. O despertar das crenças seria muito parecido com os que os sonhos.
3o. a evolução poderia produzir crenças com eficácia causal - elas são causadas por comportamentos e, por sua vez, causam comportamentos, mas não em virtude do que elas essencialmente são como crenças, isto é, não em virtude de seu conteúdo semântico ou mental, mas em virtude das características ou sintaxe físicas associadas a elas - ou à parte delas.
4o. a evolução poderia produzir crenças casualmente eficazes, sintática e semanticamente - em virtude de seu conteúdo- mas tais crenças e sistemas de crenças poderiam, no mínimo de duas maneiras, ser mal-adaptadas - em geral, aspectos mal adaptados como um albino, que pode ser estabelecido em uma espécie e passado à descendência, de forma similar, a presença de um certo sistema de crença ou a propensão para formar crenças, pode ser mal adaptado e ainda se fixar e passar à descendência-. Primeiro, as crenças podem ser distrações que levam uma criatura ocupada com comportamentos focados na sobrevivência a gastar energia de uma forma menos eficiente do qu as conexões causais, que produzem o comportamento, ignorassem emnte a crença.
5o. a evolução poderia produzir crenças casualmente eficazes em virtude de seu conteúdo e do fato de serem adaptativas. Neste caso, podemos perguntar, qual a probabilidade de que as faculdades noéticas, que produzem tais crenças fossem guias confiáveis para se obter crenças seguras?
o naturalismo evolucionário serve como um invalidador destrutivo, que retira os fundamentos na confiabilidade de nossa capacidade noética.
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