quinta-feira, novembro 06, 2014

Andy Crouch: Culture Making




Este é um resumo do livro Culture Making: Recovering Our Creative Calling de Andy Crouch, o livro está dividido em três partes: Cultura, Evangelho e Chamado. 

1. Cultura.


Andy Crouch começa dizendo que cultura será tratada como tendências,  modas e gestos que atraem a atenção coletiva. Ele busca se conectar a cultura a partir do nascimento, da história e do relato da criação bíblica como horizontes possíveis.

"Cultura não é apenas o que os seres humanos  fazem do mundo, também não é apenas como os seres humanos encontram sentido no mundo, é de fato parte do mundo que cada novo ser humano tem que fazer alguma coisa com" (p. 25)

Neste sentido a cultura não é uma opção, é incondicional a cada um de nós.


Na segunda parte, Crouch fala dos mundos culturais. 

"Cultura requer um público: um grupo de pessoas que te sido suficientemente afetadas por um bem cultural que seus horizontes de possibilidade e impossibilidade foram de fato alterados, e sua própria criatividade cultural tem sido estimulada pela existência desses bens" (p. 38)

Culture Making?

"Os criadores de cultura são pessoas (plural de algo no mundo- nunca é uma coisa solitária. Apenas os artefatos que deixam a solidão do estúdio e da imaginação de seus inventores podem mover os horizontes da possibilidade e se tornarem matéria prima para mais criação cultural" (p. 40)

Se a criação cultural exige pessoas, ela vai acontecer em esferas e em escalas dentro de cada esfera cultural. Quanto maior a escala em cada esfera, mais as pessoas serão necessárias para criar e menor será o impacto residual, pois é algo mais comum. 

Para ele, "não existe tal coisa como A Cultura, qualquer tentativa de falar sobre Cultura, especialmente em termos de transformar cultura é engano e enganosa. A criação cultural real , não significa a transformação cultural, começa com a decisão sobre em que mundo cultural - ou melhor, mundos- nós tentaremos fazer algo" (p. 49)

Na terceira parte, Crouch fala sobre a relação entre cosmovisão e cultura:

"O que é privilegiado acima de tudo no mundo da cosmovisão é análise. A cosmovisão é um conceito trazido do mundo da filosofia, e no mundo da filosofia, o filósofo é rei. Talvez inevitavelmente, as pessoas com grande dons analíticos e filosóficos olharam para o evidente problema da disfunção cristã e propõe não um profundo programa de encarnação mas mais pensamento como solução. E depois que tivermos feito um monte de pensamento, como exatamente o mundo muda? Bem, então um milagre acontece.
Cosmovisões são importantes. Elas espreitam sobre dois importantes questões diagnósticas - O que a cultura assume como o modo de mundo? O que a cultura assume como o mundo deveria ser? Não há dúvida que estes valores e crenças ocultas tem uma parte importante nas escolhas humanas sobre o que a cultura deveria produzir. De fato, você poderia dizer que o segundo sentido dessa frase - o que os seres humanos deveriam fazer com o mundo- o sentido ou significado do que fazemos no mundo- é tudo que a cosmovisão é do modo como Walsh e Middleton descrevem ela.
Mas, a cosmovisão quando ela significa um conjunto de preposições filosóficas é muito limitadora como modo de analisarmos a cultura.(...) O perigo de reduzir cultura para cosmovisão é que poderíamos perder a coisa mais distintiva sobre cultura, que é os bens culturais que tem uma vida em si mesmos. Eles remodelam o mundo de formas imprevisíveis. " (p. 63-64)

Na quarta parte, Crouch fala sobre cultivo e criação.  Sendo que o único modo de mudar cultura é produzir mais dela. Porque a cultura é uma acumulação de coisas muito tangíveis- as coisas que as pessoas fazer no mundo. E também porque há um senso de plenitude das culturas humanas, nenhuma cultura se sente incompleta ou fina.  Então, se quisermos mudar a cultura, devemos criar algo novo, algo que irá persuadir nossos vizinhos  a colocarem de lado parte dos bens culturais em troca de nossa nova proposta. 


"Não podemos criar cultura sem cultura. E isso significa criação com cultivo- ter cuidado de boas coisas que a cultura tem já dado a nós. A primeira responsabilidade dos criadores de cultura não é fazer algo novo mas se tornar fluente naquilo que são responsáveis. Antes que possamos ser criadores de cultura, devemos ser guardiões de cultura. (...)  Cultivo é uma palavra menos atraente de alguma forma, eu acho, que criação. Criação apela para nossa insaciedade moderna mas também a simples jornada humana em busca do novo e do inesperado. Cultivo tem a forma de uma outra geração, desde que as economias pós-industriais pode deixar o cultivo literal de campos e jardins para uma pequena minoria de fazendeiros e jardineiros."(p. 74-75)

A criatividade cultural requer uma maturidade cultural.

Na quinta seção da primeira parte, Crouch vai falar sobre GESTOS E POSTURAS. O autor abre este capítulo sobre como os cristãos têm se relacionado com a cultura. Ao longo do tempo, os cristãos tem diferentes posturas em relação a cultura. 

A postura é aquilo que aprendemos inconscientemente, é natural. Posturas são formas dominantes de nos relacionarmos com o mundo, enquanto os gestos são posições temporárias que temos em relação a cultura. 

A cópia cultural pode ser tanto uma boa como uma má postura. É boa porque honra as coisas boas de nossa cultura. Mas, quando copiar se torna a nossa postura, ficamos passivos, e muita coisa que não queremos vem junto. 

Crouch dá o exemplo do consumo,  se ele se torna uma postura, deixamos que a cultura saiba melhor nossos anseios e desejos mais profundos, que tenham uma solução confortável com os nossos horizontes culturais, e que possamos pagar por isso no final.


SEGUNDA PARTE: EVANGELHO.




"Cultura é o plano original de Deus para a humanidade- e dom original de Deus para a humanidade, tanto dever como graça. Cultura é a cena da rebelião humana contra seu Criador, a cena do julgamento- mas também, a cena da misericórdia. Em Babel, as nações tentaram se isolar de Deus através de uma cidade, onde a cultura ficou numa situação crítica- mas começando com Abraão,  Deus forma uma nação que irá demonstrar a bondade e a fidelidade da dependência em Deus, Jesus em si mesmo, um descendente de Abraão, é tanto um cultivador da cultura,  desfrutando dela e afirmando o que era bom nela, como um criador de cultura, oferecendo dramaticamente novos bens culturais que mudariam os horizontes do possível e do impossível para judeus e gentios. Ele foi esmagado pela cultura, experimentando o peso completo de sua perdidão na cruz- mas sua ressurreição começa uma lenta e inexorável redenção da cultura, ofertando o pagamento para a esperança que a história da cultura não termine em morte, mas um novo começo. Na visão mais alta deste novo começo, a Cidade é central, conduzindo os melhores frutos do amor e do trabalho humano para eternidade" (p.175-176)


Toda cultura define os horizontes, mas o evangelho sempre se coloca como inconformado com estes horizontes, mudando as possibilidades e as impossibilidades. A impossibilidade do evangelho ser uma criação humana o coloca como algo potente culturalmente e sempre relevante, o evangelho sempre desafia cada cultura humana com novos horizontes.

CHAMADO.


Não podemos mudar o mundo, a transformação cultural sempre será em escalas, a partir da produção de novos bens culturais que caracterização o poder cultural.

A criação cultural não deve estar baseada  em nossas habilidades, em privilégios, mas na resposta graciosa de que fomos resgatados do pior de nossas  culturas. Uma maneira é sempre levar poder para os impotentes. 

Toda a criação cultural é local, e todo novo bem cultural começa com um grupo pequeno, sempre uma mudança começa pequena. Porque apenas um pequeno grupo pode sustentar a atenção, energia e perseverança para criar algo que mova os horizontes da possibilidade- Aí, a necessidade de as mudanças serem sempre comunitárias.

As comunidades são as formas que Deus intervem para oferecer um diferente e novo horizonte, ser cristão é estar dividindo as nossas vida porque os unicos bens culturais que valem a pena são aqueles criados quando alguém ama a alguém.

"Se Deus está trabalhando em toda esfera e escala da cultura humana, então esta abundância sobrenatural estão potencialmente presentes quando nós tomamos o risco de criar um novo bem cultural" (p. 254)

quinta-feira, outubro 09, 2014

Romanos 7:7-25: A Guerra com o pecado

ROMANOS 7:7-25: 7.7   Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.  7.8   Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. 7.9   E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri;  7.10   e o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.  7.11   Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou e, por ele, me matou.  7.12   Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom. 7.13   Logo, tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum! Mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem, a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.  7.14   Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.  7.15   Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço; mas o que aborreço, isso faço.  7.16   E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.  7.17   De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. 7.18   Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. 7.19   Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. 7.20   Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. 7.21   Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. 7.22   Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. 7.23   Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.  7.24   Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? 7.25   Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado.



A lei e o pecado

7.7   Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.  7.8   Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. 7.13   Logo, tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum! Mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem, a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.

O proposito da lei é nos mostrar algo: 

a. O que ela é?
b. O que ela faz?

O proposito principal da lei é nos mostra o caráter do pecado."porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.(7b). isto significa que o conceito da cobiça é retirado da lei e sem este padrão, Paulo não poderia entender que isto é pecado.


Segundo, a lei também revela o pecado em nós. "sem a lei, estava morto o pecado" (vs. 8). Este texto indica que quando o mandamento de Deus vem até nós, nos mostra o quão pecadores somos. No verso 13, Paulo volta ao assunto dizendo que "Mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem, a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno." Paulo está descrevendo uma situação em que ele quanto mas tenta evitar a cobiça, mais acaba cobiçando. No fim, o pecado fica cada vez pior.

A lei não pode nos salvar, mas pode e deve nos mostrar o que precisamos para sermos salvos. A menos que a lei faça este trabalho, não teremos qualquer desejo por Cristo. Ficaremos em negação sobre a profundeza e natureza do nosso pecado. Em outras palavras, precisamos da lei para nos convencer do pecado, antes que possamos ver a nossa necessidade ou ter um desejo pela graça de Deus em Cristo.


Como a lei se relaciona com o nosso coração.

7.8   Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda a concupiscência: porquanto, sem a lei, estava morto o pecado. 7.9   E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; 

Existe a perversidade que é o desejo de fazer algo porque é proibido. É a alegria em fazer o mal. 


"Nenhum de nós, contudo, obedece à lei, ao contrário, nos precipitamos precisamente naquela direção contra a qual a lei nos adverte. E esta não tem nada a nos oferecer senão a morte. É indispensável, pois, que façamos esta distinção entre a natureza da lei e a nossa própria impiedade. Segue-se disto que é acidental que a lei inflija em nós uma ferida mortal, algo como uma doença incurável que aumenta e piora à medida que o remédio curativo é aplicado" (João Calvino, Romanos, p. 239)


Quando uma pessoa mente ou rouba ou é impura ou cruel, há sempre um algo mais profundo para cada pecado. O grande motivo para o pecado é fazer-se de Deus, tentar imitar sua onipotência. Temos um desejo de estarmos no controle do mundo e de nossas vidas.

Ele não tem entendimento de santidade, do que significa o amor supremo de Deus, o que significa amar seu próximo 


3. vv.8-9 What do you think Paul meant when he said, “I was alive apart from the
law?” What do you think he meant when he says “the commandment came, 
sin revived and I died?” 
His “once” indicates that he is referring to a past experience. There has been a lot of
discussion about the meaning of, “I was alive apart from the law.” It is impossible that
a Jewish boy from a devout family would have been “apart from the law” in the sense
that he did not know it or try to obey it. There would have been no time in his
unconverted life in which he would have been unrelated to the law. Almost certainly,
“apart from the law” meant he had not ever seen the law’s real and essential demands.
He had not realized what the law really required. He saw a plethora of rules — but not
the basic force or thrust of the law as a whole. He had no understanding of holiness, of
what it meant to love God supremely, of what it meant to love his neighbor as himself.

Thus he was “apart” from the law.

Não existe nada de errado com a lei, mas precisamos entender para que serve a lei. O proposito principal da lei é mostrar o caráter do pecado, sem o padrão da lei não poderíamos entender o que é o pecado.

A lei também revela o pecado em nós. A lei não apenas nos mostra o que é o pecado, mas mostra como ele está presente em nós.  A lei não pode nos salvar, mas pode e devem mostrar o que precisamos para sermos salvos.

Como o pecado usa a lei.

A perversidade é o desejo de fazer alguma coisa por nenhuma outra razão que não seja a proibição daquilo. É a alegria em fazer o mal por si mesmo.

A causa do pecado consiste no desejo corrupto de nossa carne.

Paulo não está pensando em atos somente, mas o pecado como um princípio e um poder que age na natureza humana.

Quando veio o mandamento, morri (vs 9)

Quando entendemos o mandamento, descobrimos que estamos mortos sem Deus, condenados.

quinta-feira, setembro 18, 2014

Romanos 6:15-7:6: Escravos de Deus

ROMANOS 6:15-7:6: Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!  6.16   Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?  6.17   Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.  6.18   E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.  6.19   Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.  6.20   Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.  6.21   E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.  6.22   Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vossa o fruto para santificação, e por fim a vida eterna.  6.23   Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor. 7.1   Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?  7.2   Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido.  7.3   De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for doutro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim não será adúltera se for doutro marido.  7.4   Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.  7.5   Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.  7.6   Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.


Se a lei não é mais o sistema pelo qual temos a salvação, estamos debaixo de alguma obrigação? Podemos fazer o que quisermos? Temos que obedecer os dez mandamentos? Paulo está falando de qual deve ser a motivação e o entendimento para a obrigação na vida de um cristão.

ESCRAVOS DE ALGO.

6:15  Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum! 

Paulo coloca que podemos ser escravos do pecado ou servos de Deus, não podemos ser nenhuma coisa nem outra e nem os dois. Só há dois senhores, e a humanidade sempre terá um senhor:

6:16: escravos do pecado ou escravos da obediência.
6:17-18: escravos do pecado ou escravos da justiça.
6:20-22: escravos do pecado ou escravos de Deus.

6.16   Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?

Paulo diz que nenhum homem é livre, todos são escravos de alguma coisa, todos se oferecem para alguém. Somos controlados por aquilo que oferecemos a nós mesmos, todos temos um deus, todos somos adoradores.

A conversão é um ato de auto-rendição; auto-rendição conduz inevitavelmente a escravidão; e escravidão demanda obediência total, radical e exclusiva. Afinal, ninguém pode ser escravo de dois senhores, como Jesus disse. Portanto, uma vez que nos ofereçamos a ele como escravos seus, estamos permanente e incondicionalmente ao seu dispor. Não há a mínima possibilidade de voltar atrás. Depois de escolher o nosso mestre, não nos resta outra escolha a não ser obedecer-lhe. (JOHN STOTT, Romanos, p. 111)

6.17   Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.

Paulo diz que há dois tipos de mestres ou duas categorias de escravidão. A escravidão do pecado é a verdadeira servidão que leva a morte. Ser escravo de Deus leva a justiça, ao amor, a paz, ao auto-controle e a bondade.

Um cristão não deve obedecer aos dez mandamentos para ser salvo, mas um cristão os obedece para ser livre, quando não obedecemos a lei de Deus ficamos escravos do egoísmo e do pecado.

COMPARAÇÃO E CONTRASTE.

6.17   Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.  6.18   E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. 6.19   Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.

Primeiro, há o contraste, mostrando que o pecado é o que somos por natureza. Esta escravidão começa automaticamente, nascemos nela. Por outro lado, a escravidão a Deus começa com a conversão  "graças a Deus, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues" (vs.17).  Há quatro elementos nesta conversão que veremos:

a. Forma de doutrina:  significa que a conversão começa com um corpo de verdades, uma mensagem específica com um conteúdo específico que deve ser recebido.

b. De coração: significa que esta verdade convence e afeta o coração. Antes do evangelho entrar, é possível ser um cristão apenas na mente ou no comportamento, superficialmente. Mas, quando o evangelho transforma nos fazendo escravos de Deus.

c. Obedecendo: quando a verdade do evangelho penetra o coração, ela leva a uma mudança de vida.

d. Graças a Deus: todo o processo se deve a graça divina.

A escravidão do pecado começa com o nosso nascimento, mas, a escravidão a Deus começa com o novo nascimento, quando a graça de Deus nos permite  abraçarmos o evangelho de coração resultando numa total mudança de vida.

No verso 19, vemos o desenvolvimento dessas escravidões.  A escravidão do pecado leva a deterioração, ela vem porque os imperativos dos senhores da nossa vida, as coisas que servimos, procuram trabalhar suas vontades em nossos corpos. Quando agimos de um propósito particular, a ação molda o nosso caráter e a nossa vontade de modo que fica mais fácil agir daquela forma de novo, então, oferecer nossos corpos ao pecado nos leva a impureza e, assim, a maldade.

A escravidão a Deus, leva a justiça que leva a santidade.

MORTO AGORA.

6.20   Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.  6.21   E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.  6.22   Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vossa o fruto para santificação, e por fim a vida eterna.  6.23   Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor. 

O pecado traz condenação e separação de Deus pela eternidade, mas Paulo está falando da morte no sentido do dia a dia, se não obedecemos a lei de Deus, ficamos escravos do egoísmo, da luxúria, da amargura e do orgulho,etc.  Qualquer coisa que você adore além de Deus promete muito, mas entrega algo pior que nada. 

A escravidão a Deus é contraste completo, o benefício é a santificação e o resultado é a vida eterna. A obediência cresce no fruto do Espírito e as pessoas podem experimentar essa vida hoje.

Um dos paradoxos clássicos cristãos é que a liberdade leva à escravidão e da escravidão para a liberdade.Assim como, através de Cristo, as pessoas são livres  da escravidão do pecado, estamos entrando em uma nova escravidão e  permanente: a escravidão de Cristo.Uma termina com o objectivo de permitir  que o outro começa.Enquanto que a emancipação indivíduo ocorre, aqueles  liberados não são isolados como "escravos de Cristo", mas formam uma  comunidade global de "companheiros de escravos", todos pertencentes ao  mesmo Mestre que compraram sua liberdade, para que todos se compromete a  obedecer e agradá-lo (MURRAY HARRIS in MACARTHUR, JOHN  Escravo, p. 36)

O pecado é um mestre que paga seus escravos com a morte, e Deus é um senhor que paga com a vida eterna.

Continua a comparação e o contraste entre uma escravidão e a outra. Desta vez o apóstolo salienta que cada um dos tipos de escravidão é também uma espécie de libertação, embora uma seja autêntica e a outra espúria. Semelhantemente, cada liberdade é um tipo de escravidão, embora uma seja degradante e a outra enobrecedora. Por um lado, escreve, quando vocês eram escravos do pecado, estavam livres da justiça (20) — se bem que liberdade assim, seria melhor chamá-la de licenciosidade. Por outro lado, diz ele: Mas agora ... vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus (22a) — e este tipo de escravidão seria melhor chamado de libertação. E como saber o que requer de nós cada uma delas? A melhor maneira é avaliando o seu "resultado" (ARA), ou melhor, o seu fruto (NVI). As conseqüências negativas de se ser escravo do pecado e livre da justiça são remorso no presente (um sentimento de culpa pelas coisas das quais agora vocês se envergonham) e, no final, a morte (21), que aqui certamente significa a morte eterna, a separação de Deus no inferno, que nos capítulos finais do Apocalipse é chamada de "a segunda morte".149 Mas agora, continua Paulo, os benefícios positivos de ser livre do pecado e escravo de Deus são santidade no presente e vida eterna no final (22b), o que certamente significa, aqui, comunhão com Deus no céu. Portanto, existe uma liberdade que se manifesta em morte e uma escravidão que se expressa em vida. (JOHN SOTT, Romanos, p. 112)

CRISTÃOS E A LEI (3 PERSPECTIVAS)

Agora podemos resumir três atitudes que podemos adotar com relação à lei, sendo que Paulo rejeita as duas primeiras e recomenda a terceira. Poderíamos chamá-las de "legalismo", "antinomismo" e "liberdade para cumprir a lei". Os legalistas encontram-se "debaixo da lei" e estão sujeitos a ela. Eles acham que o seu relacionamento com Deus depende de obedecerem à lei, e assim buscam ser justificados e santificados por ela. Mas sentem-se arrasados pelo fato de que a lei não pode salvá-los. Os antinomianos (ou libertinos) vão para o outro extremo. Culpando a lei por seus problemas, eles a rejeitam completamente, declarando-se livres de qualquer obrigação para com suas exigências. Eles transformaram a liberdade em libertinagem. O terceiro grupo — os que estão livres para cumprir a lei — consegue manter o equilíbrio. Eles se regozijam tanto em sua libertação da lei, que lhes traz justificação e santificação, como na sua liberdade para cumpri-la. Deleitam-se na lei por ser a revelação da vontade de Deus (7.22), mas  reconhecem que a força para cumpri-la não provém da lei, mas do Espírito. Assim os legalistas temem a lei e estão sujeitos a ela. Os antinomianos detestam a lei e a repudiam. E os "livres para cumprir a lei" amam a lei e a cumprem. (JOHN STOTT, Romanos, p. 116)



CASADO COM ALGUÉM

7.1   Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?  7.2   Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido.  7.3   De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for doutro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim não será adúltera se for doutro marido.  7.4   Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.  7.5   Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.  7.6   Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.

O apóstolo dá uma segunda resposta a pergunta do verso 6:15. A lei só dura para aqueles que vivem. Num casamento, a obrigação da lei está para quem está vivo, se algum cônjuge morre, não há mais a obrigação. Um viúva não comete adultério se o marido está morto (vs 3). 

A aplicação de Paulo é que se estamos em Cristo, temos uma relação diferente em relação a lei porque morremos com Ele na cruz.  Estamos casados agora com Cristo, não mais com o pecado, mas não vamos viver do modo como queremos, porque agora estamos amando este novo marido e buscamos fazer a sua vontade.

Um casamento significa que você não pode mais tomar decisões como se fosse solteiro, há agora o dever e a obrigação. Mas também há a possibilidade de experimentar amor, intimidade, aceitação e segurança que você não teria se fosse solteiro. Por causa do amor e da intimidade, a perda de liberdade é alegria, não um fardo. Num bom casamento toda a nossa vida é afetada e mudada pelos desejos e anseios da pessoa que amamos. Você tem prazer dando prazer. Você busca descobrir os desejos da amada e fica feliz em mudar de acordo com esses desejos.


BIBLIOGRAFIA

ROMANOS 1-7 FOR YOU de TIMOTHY KELLER
ROMANOS de JOHN STOTT








quinta-feira, setembro 11, 2014

Romanos 6:1-14: Unidos a Cristo

ROMANOS 6:1-14: 6.1   Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? 6.2   De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?  6.3   Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? 6.4   De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.  6.5   Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;  6.6   sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado.  6.7   Porque aquele que está morto está justificado do pecado.  6.8   Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;  6.9   sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele.  6.10   Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.  6.11   Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.  6.12   Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;  6.13   nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.  6.14   Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.

UNIDOS A CRISTO.

6.1   Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? 6.2   De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? 

A mensagem da graça muda o comportamento da pessoa? Se alguém continua no pecado após ter recebido a graça de Deus, a mensagem do evangelho, esta pessoa não entendeu o que lhe foi dado. 

Você está morto para o pecado.

Morto para o pecado significa que o pecado não tem mais controle sobre nós, não queremos mais o pecado.  Há ainda no cristão, a presença de desejos pecaminosos como está no verso 7:18.

Também significa que o pecado está diminuindo em nós, está se enfraquecendo, lembrando que a santificação é progressiva. Porque também rejeitamos o pecado e passamos a estar unidos com Cristo.

Um outro sentido é que não somos mais culpados pelo pecado, o pecado não pode nos condenar porque fomos perdoados em Cristo.

Como morremos para o pecado?

6.3   Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? 6.4   De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.  6.5   Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; 

Paulo está se referindo a realidade espiritual do batismo, quando nos unimos a Cristo, o que é verdadeiro para Ele passa a ser verdade para nós. Já que Cristo morreu, e pessoas mortas estão livres do pecado, nós somos livres do pecado. Mas, não para aí, pois Cristo também ressuscitou e tem uma nova vida, se cremos que estamos em Cristo, uma mudança de vida acontecerá e não viveremos no pecado mais.

Um dos frutos da nossa união com Cristo é a certeza. Se estamos com Cristo, a nova vida aponta para o futuro onde seremos glorificados, finalmente livres de todo o pecado.

O velho eu, novo eu.

Alguns comentadores acreditam que o velho eu e o corpo do pecado são a mesma coisa. Mas, são coisas distintas. O corpo do pecado é a carne, o coração pecaminoso, então, o corpo do pecado é o corpo controlado pelo pecado. Isto não quer dizer que o nosso corpo físico é pecaminoso em si só, mas que o pecado se expressa através de nosso corpo.

O nosso velho eu é o homem não regenerado, é o próprio coração que dita aquilo que o corpo irá fazer. Este modo de viver para si mesmo morreu na cruz, eu busco a Deus e amo sua lei e sua santidade. Mesmo que pecado ainda permanece em mim, ele não controla mais a minha personalidade e minha vida. Ainda sou capaz de pecar, mas o comportamento pecaminoso vai contra aquilo que entendo que é a minha vida agora.

Mortos e Vivos.

 6.6   sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado.  6.7   Porque aquele que está morto está justificado do pecado.  6.8   Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;  6.9   sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele.  6.10   Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.  6.11   Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor. 

Paulo está determinado a explicar a nossa união com Cristo agora. Os versos 6-7 mostram que morremos com Cristo e os versos 8-9 mostram as implicações de termos sidos ressuscitados com Cristo e termos certeza quanto ao nosso futuro.

Nós merecíamos morrer pelos nossos pecados. E de fato morremos, se bem que não pessoalmente, mas na pessoa de Jesus Cristo, nosso substituto, que morreu em nosso lugar e com quem nós fomos unidos pela fé e pelo batismo. E pela união com esse mesmo Cristo nós ressurgimos uma vez mais. Assim a antiga vida de pecado se acabou, pois nós morremos para ela, e começou uma nova vida, de pecadores justificados. Em virtude de nossa morte e nossa ressurreição com Cristo, é inconcebível retornarmos à velha vida. É neste sentido que a nossa natureza pecaminosa perdeu o seu poder e nós fomos libertados. (JOHN STOTT, ROMANOS, p. 106)

O verso 10 é como se fosse uma síntese de tudo que foi dito até agora.

A seguir Paulo resume em um belo epigrama a morte e a ressurreição de Jesus, acerca das quais vinha escrevendo. E, ao fazer isso, apesar da implicação de que as duas constituem um todo e nunca devem ser separadas, ele indica também que existem diferenças radicais entre elas. Porque morrendo, para o pecado morreu uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus (10). Há uma diferença de tempo (o evento passado da morte versus a experiência presente da vida), de natureza (ele morreu para o pecado, assumindo o seu castigo, mas vive para Deus, buscando a sua glória) e de qualidade (a morte "uma vez por todas" versus a vida de ressurreição contínua). Tais diferenças são de grande importância para a nossa compreensão, não apenas da obra de Cristo mas também de nosso discipulado cristão, o qual, por causa da nossa união com Cristo, começa com uma morte definitiva ("uma vez por todas") para o pecado e continua com uma vida infindável de serviço a Deus. (JOHN STOTT, ROMANOS, p. 107)

 O verso 11 nos fala para nos considerarmos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo, devemos pensar nisto como um privilégio ou um direito legal. É uma confiança que podemos ter agora. 

6.11   Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor.  6.12   Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;

Existem dois modos de pensar este viver para Deus em relação ao pecado.

TOLERAR O PECADO: Cristãos podem pecar, mas o pecado causa repulsa nele agora. Este lamento mostra que o pecado não reina sobre ele. 

NÃO PROGREDIR: Paulo quer dizer que os cristãos não podem praticar o pecado habitualmente.

Paulo diz que os cristãos podem cometer pecados ou lutar com pecados, o que não podem é permanecer no pecado, buscar a ele deliberadamente.

Assim, o maior segredo de uma vida santificada está na mente. Consiste em saber (6a) que o nosso velho eu foi crucificado com Cristo, em saber (3) que o batismo em Cristo é batismo na morte e ressurreição de Cristo, e é em considerar (11) que através de Cristo nós estamos mortos para o pecado e vivos para Deus. Precisamos relembrar, ponderar,compreender, registrar estas verdades até que elas se tornem parte tão integrante de nossa mente que um retorno à antiga vida seja algo inconcebível. Para um cristão regenerado, o simples contemplar a possibilidade de uma volta à vida de antes deveria ser tão inconcebível quanto um adulto querer voltar à infância, uma pessoa casada querer voltar a ser solteira ou um prisioneiro libertado considerar voltar à sua cela na prisão. Pois a nossa união com Jesus Cristo rompeu com a nossa velha vida e nos comprometeu com uma vida totalmente nova. E entre essas duas vidas coloca-se o nosso batismo, como uma porta entre dois cômodos, fechando-se para um e abrindo-se para o outro. Nós já morremos, e ressuscitamos. Como poderíamos viver de novo naquilo para o qual já morremos? (JOHN STOTT, ROMANOS, p. 108)

Livres para resistir.

6.12   Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências;  6.13   nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.  6.14   Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.

Paulo está ensinando que podemos obedecer ao pecado ou a Deus e que devemos obedecer a Deus. O pecado não pode reinar sobre nós, mas continuamos em guerra com o pecado e sua força. 

A nossa nova vida em Cristo é sobre viver positivamente e de maneira proativa. Oferecendo a nós mesmos a Deus e as partes de nosso corpo como instrumentos de justiça. O reino de Deus reina sobre a gente e se expressa através de nossa vida de obediência a Deus.

Não estamos sob o poder da lei, do pecado, mas da graça de Deus. Somos livres para lutar, para vencer, mas devemos lutar. 

Somente pela justiça de Deus e não a nossa poderemos vencer o pecado em nossa vida. É somente pela graça de Deus. 

Com o pecado, buscamos justificar a nossa vida em nós mesmos, nossa identidade, nosso senso de valor em outras coisas que não sejam Deus, então, temos que lembrar do evangelho, que somos amados e feitos justos em Deus por Cristo para vencer o pecado em nossa vida. Isto sim irá contra as motivações do pecado em nosso coração.

Somos comprados com o sangue de Cristo: se lembrarmos disto não mais agiremos como se fossemos de nós mesmos, pertencemos a Cristo agora, nossa vida e a nossa salvação, não podemos viver sem levar em conta sua vontade.

Fomos tirados do domínio do pecado: O Espírito Santo está em nós e temos poder para resistir ao pecado.

Fomos salvos por Cristo: Cristo deu a si mesmo para nos redimir de todo mal e nos purificar para si mesmo (Tt 2:14). 

Vemos no evangelho, uma nova e diferente motivação para viver uma vida santa, não por nossos próprios méritos ou por medo, mas confiança naquilo que Jesus fez por cada um de nós. Quando pensamos na morte de Jesus, pensamos na gratidão e vivemos uma vida de santidade em alegria para aquele que nos trouxe da morte para a vida.

Estar debaixo da lei é aceitar a obrigação de guardá-la e assim incorrer em sua maldição ou condenação. Estar debaixo da graça é reconhecer a nossa dependência da obra de Cristo para a salvação, e assim ser justificados ao invés de condenados — e, portanto, libertados. Pois "aqueles que se sabem livres da condenação são livres para resistir com força e ousadia renovadas ao poder usurpador do pecado".( JOHN STOTT, Romanos, p.109)
Bibliografia:

Romans 1-7 For You de Timothy Keller
Romanos de John Stott


quarta-feira, setembro 03, 2014

Para falar a verdade, há escritores que nos paralisam, fazendo-nos ver nosso próprio trabalho na menos lisonjeira das luzes. Cada um de nós encontrará um arauto diferente do fracasso pessoal, algum gênio inocente escolhido por nós por razões que têm a ver com o que sentimos como nossas próprias inadequações.

Para ler como um escritor (Francine Prose)

Romanos 5:12-21: De onde vem a justificação?

ROMANOS 5:12-31: 5.12   Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.  5.13   Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei.  5.14   No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.  5.15   Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.  5.16   E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 5.17   Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 5.18   Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.  5.19   Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. 5.20   Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 5.21   para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.


A segunda metade do capítulo 5 introduz a comparação entre os dois Adãos, o primeiro Adão do Edem e da queda e o segundo Adão, do céu e da cruz - Jesus Cristo. 


5:12-14b – A carreira do primeiro Adão.

5.12   Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.  5.13   Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei.  5.14   No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.

Nós pecamos em Adão.
v.12a A Morte vem para aqueles que são pecadores.
v.12b E todos nós morremos porque todos nós pecamos quando Adão pecou.

Pecamos sem Adão.
v.13a  O pecado existe de Adão até Moisés mesmo antes da lei formal, dos dez mandamentos que foram dados.
v.13b Agora as pessoas sem a lei são tão culpadas do pecado como aquelas que tem a lei.
v.14a  mas as pessoas morrem assim como antes de Moisés.
v.14b  então, as pessoas morrem por causa da culpa do pecado de Adão.

5.12   Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram

O verso 12 começa a descrever três estágios da história humana até os tempos de Cristo. Primeiro, o pecado entra no mundo através de um homem: Adão. Segundo, a morte entra no mundo por causa do pecado, como penalidade para o pecado. E terceiro, a morte se espalha para todos os seres humanos porque todos são pecadores. 

Paulo está dizendo que toda a raça humana pecou quando Adão pecou, ele não está dizendo que somos como Adão, mas que estávamos em Adão. Nos versos 13 e 14, Paulo está afirmando que com a lei, a culpa foi ainda mais explicitada por causa da lei e porque somos pecadores.

As pessoas ocidentais não gostam deste ensinam porque são altamente individualistas. Outras culturas podem aceitar melhor esta questão de solidariedade humana colocada aqui.  Há um conceito de representatividade em Adão, isto envolve recolher os frutos de suas ações. Isto tem sido chamado de "representação federal". 

Sobre isto, Stott levanta uma questão interessante sob a abrangência dessa representação:

Adão, portanto, foi uma criação peculiar de Deus, quer se acredite que este o formou "do pó da terra" e "lhe soprou nas narinas o fôlego de vida",90 quer seja esta uma forma bíblica de dizer que ele foi criado a partir de um hominídeo já existente. A verdade vital que não podemos simplesmente ignorar é que, embora haja uma relação entre nossos corpos e os dos primatas, nós, em nossa identidade fundamental, temos uma relação com Deus. Mas então, e aqueles hominídeos pré-adâmicos que sobreviveram à calamidade e ao desastre natural (enquanto que um grande número deles não sobreviveu), dispersaram-se rumo a outros continentes e então foram contemporâneos de Adão? Qual é a relação entre eles e a criação especial de Adão e sua queda subseqüente? Derek Kidner sugere que, uma vez esclarecido que não haveria "nenhuma ponte natural do animal ao homem,  Deus talvez tenha então conferido Sua imagem aos colaterais de Adão para introduzi-los nos mesmos domínios do ser. Neste caso, a chefia "federal" de Adão sobre a humanidade estendeu-se à sua volta aos seus contemporâneos, e para diante à sua posteridade — e a desobediência dele deserdou a uns e a outros igualmente." (JOHN STOTT, Romanos, p. 96) 

Quando vamos a este texto, alguns não gostam da ideia de que alguém foi em nosso lugar, acham que é injusto. Segundo, alguns não gostam da falta de possibilidade de se escolher outro para ter sido o nosso representante federal. 

Mas se analisarmos bem, estamos indo contra Deus aqui. Primeiro, ninguém poderia escolher melhor um representante do que Deus poderia. Segundo, Deus não escolheu Adão para ser nosso representante, Ele o criou. 

Adão e Cristo.



Paulo fala em Adão como figura  ou um tipo daquele que havia de vir: Cristo

5.14   No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. 

A seguir, Paulo começa a apontar as diferenças entre Adão e Jesus. 


 5.15   Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. 

A motivação do coração, se  Adão agiu para quebrar a lei, Jesus agiu para ser um ato de justiça. O resultado também serão diferentes, em Adão o resultado é a morte e em Jesus, a vida.

 5.16   E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 

Em Adão a ofensa trouxe condenação, em Jesus sua obra trouxe justificação. Sendo que Cristo morreu não apenas pela ofensa de Adão, mas de todos que pecaram. Há mais poder na graça de Jesus do que no mal de Adão.

5.17   Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 5.18   Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.

O resultado do pecado foi a condenação, e o resultado da graça foi justificação. Por causa do pecado de Adão foi inaugurado um reino da morte, mas em Jesus as pessoas podem reinar em vida, a morte e o pecado não mais escravizam aqueles que estão em Jesus. 

A obediência de Jesus nos faz justos. Se estamos ligados a Adão como o nosso representante federal de maneira física, a nossa união com Cristo é por meio da fé. É por isto que Paulo afirma que morremos e vivemos com Jesus. O que é verdadeiro para Jesus é agora verdade para nós através da fé somente.

Nossa confiança reside, em última instância, na graça de Deus. A palavra-chave das três "linguagens" mencionadas acima é "graça". A graça há de "reinar" (21), a graça "transborda" (15), e muito mais aqueles que recebem a graça de Deus hão de reinar em vida (17). Esta repetição é um desafio à nossa perspectiva. Quem é que reina hoje? Quem está no trono? Antes de Cristo vir, o trono era ocupado pelo pecado e a morte (14, 17) e o mundo estava coberto de cadáveres. Mas desde que Cristo veio, o trono foi ocupado pela graça e por aqueles que receberam essa graça, e o reino deles é caracterizado pela vida (17, 21). O versículo 21 resume o propósito de Deus: que (hina), assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo nosso Senhor. Será esta a nossa visão? Em nossa visão da realidade suprema, quem é que está assentado no trono hoje? Ainda estamos vivendo no Antigo Testamento, onde todo o cenário é dominado por Adão, como se este nunca tivesse sido desafiado e como se Cristo nunca tivesse vindo? Ou somos autênticos cristãos do Novo Testamento, cuja visão é cheia do Cristo crucificado, ressurreto e reinando? A culpa continua reinando, assim como a morte? Ou quem reina é a graça e a vida? Na verdade, o pecado e Satanás ainda parecem estar reinando, uma vez que muitos continuam a prostrar-se diante deles. Seu reino, porém, é uma ilusão, uma farsa, pois na cruz eles foram definitivamente derrotados, destronados e desarmados.76 Agora quem reina é Cristo, exaltado à direita do Pai, tendo aos seus pés todas as coisas, recebendo as nações e aguardando que os inimigos restantes se tornem estrado de seus pés. (JOHN STOTT, Romanos, p. 94)




5.19   Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. 5.20   Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 5.21   para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.

O pecado de Adão nos trouxe culpa, mas a obediência de Jesus nos faz justos. Mais especificamente, um ato de Adão nos fez legalmente culpados, pecadores mesmo antes que agimos. Então, o ato de Jesus nos faz legalmente justos, mesmo antes que façamos qualquer coisa. 

Quando a lei formal veio com Moisés, o pecado ficou ainda mais visível e pior, mas quando Cristo veio, a graça surgiu para sobrepô-lo, resultando na vida eterna.

O evangelho mantém duas verdades juntas:

DEUS É SANTO: então nossos pecados devem ser punidos, logo, somos piores que pensamos.

DEUS É GRACIOSO: então em Cristo nossos pecados são perdoados, logo, somos mais amados do que imaginamos.

Se eliminarmos qualquer uma dessas verdades, caímos ou no legalismo ou no liberalismo e perdemos de vista o valor do evangelho. 


Fonte:

JOHN STOTT - Romanos

TIMOTHY KELLER- Romans 1-7 For You