quarta-feira, setembro 03, 2014

Romanos 5:12-21: De onde vem a justificação?

ROMANOS 5:12-31: 5.12   Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.  5.13   Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei.  5.14   No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.  5.15   Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.  5.16   E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 5.17   Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 5.18   Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.  5.19   Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. 5.20   Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 5.21   para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.


A segunda metade do capítulo 5 introduz a comparação entre os dois Adãos, o primeiro Adão do Edem e da queda e o segundo Adão, do céu e da cruz - Jesus Cristo. 


5:12-14b – A carreira do primeiro Adão.

5.12   Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.  5.13   Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei.  5.14   No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.

Nós pecamos em Adão.
v.12a A Morte vem para aqueles que são pecadores.
v.12b E todos nós morremos porque todos nós pecamos quando Adão pecou.

Pecamos sem Adão.
v.13a  O pecado existe de Adão até Moisés mesmo antes da lei formal, dos dez mandamentos que foram dados.
v.13b Agora as pessoas sem a lei são tão culpadas do pecado como aquelas que tem a lei.
v.14a  mas as pessoas morrem assim como antes de Moisés.
v.14b  então, as pessoas morrem por causa da culpa do pecado de Adão.

5.12   Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram

O verso 12 começa a descrever três estágios da história humana até os tempos de Cristo. Primeiro, o pecado entra no mundo através de um homem: Adão. Segundo, a morte entra no mundo por causa do pecado, como penalidade para o pecado. E terceiro, a morte se espalha para todos os seres humanos porque todos são pecadores. 

Paulo está dizendo que toda a raça humana pecou quando Adão pecou, ele não está dizendo que somos como Adão, mas que estávamos em Adão. Nos versos 13 e 14, Paulo está afirmando que com a lei, a culpa foi ainda mais explicitada por causa da lei e porque somos pecadores.

As pessoas ocidentais não gostam deste ensinam porque são altamente individualistas. Outras culturas podem aceitar melhor esta questão de solidariedade humana colocada aqui.  Há um conceito de representatividade em Adão, isto envolve recolher os frutos de suas ações. Isto tem sido chamado de "representação federal". 

Sobre isto, Stott levanta uma questão interessante sob a abrangência dessa representação:

Adão, portanto, foi uma criação peculiar de Deus, quer se acredite que este o formou "do pó da terra" e "lhe soprou nas narinas o fôlego de vida",90 quer seja esta uma forma bíblica de dizer que ele foi criado a partir de um hominídeo já existente. A verdade vital que não podemos simplesmente ignorar é que, embora haja uma relação entre nossos corpos e os dos primatas, nós, em nossa identidade fundamental, temos uma relação com Deus. Mas então, e aqueles hominídeos pré-adâmicos que sobreviveram à calamidade e ao desastre natural (enquanto que um grande número deles não sobreviveu), dispersaram-se rumo a outros continentes e então foram contemporâneos de Adão? Qual é a relação entre eles e a criação especial de Adão e sua queda subseqüente? Derek Kidner sugere que, uma vez esclarecido que não haveria "nenhuma ponte natural do animal ao homem,  Deus talvez tenha então conferido Sua imagem aos colaterais de Adão para introduzi-los nos mesmos domínios do ser. Neste caso, a chefia "federal" de Adão sobre a humanidade estendeu-se à sua volta aos seus contemporâneos, e para diante à sua posteridade — e a desobediência dele deserdou a uns e a outros igualmente." (JOHN STOTT, Romanos, p. 96) 

Quando vamos a este texto, alguns não gostam da ideia de que alguém foi em nosso lugar, acham que é injusto. Segundo, alguns não gostam da falta de possibilidade de se escolher outro para ter sido o nosso representante federal. 

Mas se analisarmos bem, estamos indo contra Deus aqui. Primeiro, ninguém poderia escolher melhor um representante do que Deus poderia. Segundo, Deus não escolheu Adão para ser nosso representante, Ele o criou. 

Adão e Cristo.



Paulo fala em Adão como figura  ou um tipo daquele que havia de vir: Cristo

5.14   No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. 

A seguir, Paulo começa a apontar as diferenças entre Adão e Jesus. 


 5.15   Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. 

A motivação do coração, se  Adão agiu para quebrar a lei, Jesus agiu para ser um ato de justiça. O resultado também serão diferentes, em Adão o resultado é a morte e em Jesus, a vida.

 5.16   E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 

Em Adão a ofensa trouxe condenação, em Jesus sua obra trouxe justificação. Sendo que Cristo morreu não apenas pela ofensa de Adão, mas de todos que pecaram. Há mais poder na graça de Jesus do que no mal de Adão.

5.17   Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. 5.18   Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.

O resultado do pecado foi a condenação, e o resultado da graça foi justificação. Por causa do pecado de Adão foi inaugurado um reino da morte, mas em Jesus as pessoas podem reinar em vida, a morte e o pecado não mais escravizam aqueles que estão em Jesus. 

A obediência de Jesus nos faz justos. Se estamos ligados a Adão como o nosso representante federal de maneira física, a nossa união com Cristo é por meio da fé. É por isto que Paulo afirma que morremos e vivemos com Jesus. O que é verdadeiro para Jesus é agora verdade para nós através da fé somente.

Nossa confiança reside, em última instância, na graça de Deus. A palavra-chave das três "linguagens" mencionadas acima é "graça". A graça há de "reinar" (21), a graça "transborda" (15), e muito mais aqueles que recebem a graça de Deus hão de reinar em vida (17). Esta repetição é um desafio à nossa perspectiva. Quem é que reina hoje? Quem está no trono? Antes de Cristo vir, o trono era ocupado pelo pecado e a morte (14, 17) e o mundo estava coberto de cadáveres. Mas desde que Cristo veio, o trono foi ocupado pela graça e por aqueles que receberam essa graça, e o reino deles é caracterizado pela vida (17, 21). O versículo 21 resume o propósito de Deus: que (hina), assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo nosso Senhor. Será esta a nossa visão? Em nossa visão da realidade suprema, quem é que está assentado no trono hoje? Ainda estamos vivendo no Antigo Testamento, onde todo o cenário é dominado por Adão, como se este nunca tivesse sido desafiado e como se Cristo nunca tivesse vindo? Ou somos autênticos cristãos do Novo Testamento, cuja visão é cheia do Cristo crucificado, ressurreto e reinando? A culpa continua reinando, assim como a morte? Ou quem reina é a graça e a vida? Na verdade, o pecado e Satanás ainda parecem estar reinando, uma vez que muitos continuam a prostrar-se diante deles. Seu reino, porém, é uma ilusão, uma farsa, pois na cruz eles foram definitivamente derrotados, destronados e desarmados.76 Agora quem reina é Cristo, exaltado à direita do Pai, tendo aos seus pés todas as coisas, recebendo as nações e aguardando que os inimigos restantes se tornem estrado de seus pés. (JOHN STOTT, Romanos, p. 94)




5.19   Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos. 5.20   Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; 5.21   para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.

O pecado de Adão nos trouxe culpa, mas a obediência de Jesus nos faz justos. Mais especificamente, um ato de Adão nos fez legalmente culpados, pecadores mesmo antes que agimos. Então, o ato de Jesus nos faz legalmente justos, mesmo antes que façamos qualquer coisa. 

Quando a lei formal veio com Moisés, o pecado ficou ainda mais visível e pior, mas quando Cristo veio, a graça surgiu para sobrepô-lo, resultando na vida eterna.

O evangelho mantém duas verdades juntas:

DEUS É SANTO: então nossos pecados devem ser punidos, logo, somos piores que pensamos.

DEUS É GRACIOSO: então em Cristo nossos pecados são perdoados, logo, somos mais amados do que imaginamos.

Se eliminarmos qualquer uma dessas verdades, caímos ou no legalismo ou no liberalismo e perdemos de vista o valor do evangelho. 


Fonte:

JOHN STOTT - Romanos

TIMOTHY KELLER- Romans 1-7 For You

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