quinta-feira, outubro 18, 2018


Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.

Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.

Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá.

Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.

Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência.

É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho.

Dêem a cada um o que lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra.



Romanos 13:1-7



Não podemos entender o capitulo 13 de Romanos sem primeiro entender o capitulo 12, que começa com um chamado a não conformidade, motivado pela memoria das misericórdias de Deus, e encontra a expressão desta vida transformada primeiro na nova qualidade dos relacionamentos na comunidade cristã.

Um dos modos de entendermos a instituição do governo por Deus é alegar que qualquer seja o governo existente, este é por virtude um ato de instituição, e assim, uma ação providencial especifica de Deus,  que veio a existir. Este conceito da doação de um governo particular como constituindo a si mesmo sua legitimidade, poderíamos chamar de visão positivista.  Esta visão tem bastante aceitação no meio luterano.

A fraqueza da visão positivista, segundo Yoder, é que o texto de Romanos não faz qualquer afirmação de julgamento moral na existência de um governo particularmente, e nada diz sobre que será Cesar e como suas políticas devem ser.



A outra visão é da tradição calvinista, o que é ordenado não é um governo em particular mas o conceito do próprio governo, o principio  da governança.  Enquanto, um governo viver de acordo com um mínimo de um conjunto de requerimentos, então este governo pode ser propriamente chamado de uma instituição divina. Se, contudo, um governo falha em cumprir adequadamente as funções divinamente assinaladas para ele, ele perde sua autoridade. Então, se torna um dever do pregador ensinar que este se tornou um governo injusto. Se torna o dever dos cidadãos cristãos se levantarem contra ele, não porque são contrários ao governo como tal mas porque são a favor do governo “próprio”. O conceito de rebelião justa, em que o pregador como tal não se torna revolucionário, mas seria a pregação da obrigação moral contra um governo injusto em nome do governo que deveria ser realizado apropriadamente.

Existe o problema de quem poderá julgar  se um governo é bom ou não?  E a grande fraqueza deste conceito é que não há nada no texto de Rm 13 que justifique o conceito de rebelião justa.



Para Yoder, o apostolo esta fazendo uma declaração moral, e não metafisica. Ele está falando sobre a situação presente dos cristãos romanos como representantes dos cristãos e não sobre a natureza de toda a realidade politica.

“Não se diz que Deus cria ou institui ou ordena os poderosos do dia, mas sim que apenas os organiza, os põe em ordem, soberano a enquadrá-los, a dizer qual é o lugar deles. Não é que, no passado, tenha existido uma época na qual não havia governo e em seguida Deus tenha criado o governo por meio de nova intervenção criadora; desde que a sociedade humana existe há hierarquia e poder. O exercício deles, desde a existência do pecado, vem envolvendo dominação, desrespeito pela dignidade humana e violência real ou em potencial. Nem é que, ao colocar em ordem especificamente essa dimensão, Deus aprove moralmente o que os governos façam. O sargento não cria os soldados que treina; o bibliotecário não cria ou aprova o livro que cataloga e coloca na prateleira. Assim também Deus não assume responsabilidade pela existência dos ‘poderosos do dia’ rebeldes nem por sua forma ou identidade; eles já existem. O que o texto diz é que Deus os põe em ordem, os coloca em linha, providencial e flexivelmente os enfileira com objetivos divinos.”

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