O livro ICABODE: da mente de Cristo à consciência moderna de Rubem Amorese é de 1998. Fala sobre três crises que a modernidade traz a um lugar chamado "Cabo Verde", as crises da pluralização, o império das diferenças, da privatização, o império das indiferenças, e da secularização, o império dos sentidos.
PLURALIZAÇÃO
"trata-se de um fenômeno tanto da realidade sensível quanto da consciência correspondente. Os portadores da modernidade produzem um efeito inescapável de mostrar, como num supermercado uma enorme quantidade de opções para um mesmo produto. Você pode escolher o que lhe mais agradar" (p. 48)
A pluralização tem a ver com o relativismo e com a multiplicidade de escolhas da sociedade neo-liberal, lembrando que o livro foi escrito em 98, é claramente uma critica ao neo-liberalismo, ao mesmo tempo, não há uma diferenciação da pós-modernidade da modernidade e nem de facetas pós modernas mais à esquerda.
PRIVATIZAÇÃO
Amorese cita Os Guinness, dizendo que esta pode ser definidade como a ruptura produzida entre as esferas do privado e do público na vida moderna, havendo uma cristalização da importância do privado como uma esfera da liberdade e da realização individual. (p. 61)
SECULARIZAÇÃO
É a perda da significância das instituições religiosas e do próprio sagrado. Uma das causas seria o pietismo privatista, individualista e intimista dada a crise de plausibilidade da fé e como também a sua privatização e relativização.
A consciência moderna é a soma das opiniões pessoais, onde há a pluralização de opiniões e juízos sem chegar a qualquer conclusão.
A igreja diante das crises.
Com os relacionamentos superficiais, as relações ficaram fragilizadas, com a pluralização as relações hoje são predominantemente utilitárias, o que leva à uma crise de autoridade, quando as pessoas deixam de se submeter à alguém, desaparece a autoridade espiritual.
"Uma das causas de enfraquecimento dos valores morais tradicionais é o processo de fragmentação da consciência do homem moderno. Essa fragmentação advém do pertecimento a diversos grupos cujos nomos são muito diferentes, entre outras causas. Dizendo de outra forma, a fragmentação da consciência provém do processo de particularização do processo de privatização, que se manifesta numa tentativa de perceber o mundo a partir de uma ótica particular, do tipo a moral feminina, a visão do operário, a perspectiva dos cineastas, o mundo das crianças" (p. 118)
Nessa miríade, falta uma proposta cultural para os evangélicos que se vêem defendendo os mesmos valores culturais da privatização sem saber tecer uma outra cosmovisão. Rubem Amorese coloca duas culturas em oposição a do mercado e a da graça.
"A cultura da graça nos diz que recebemos o que não merecíamos. Por isso, damos graças.Nosso coração se enche de gratidão por havermos recebido algo que absolutamente jamais poderíamos exigir nem reivindicar. A cultura do mercado diz que ainda não recebemos tudo o que merecíamos. Devemos exigir sempre pelo que pagamos. Afinal, você merece" (p. 136)
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