Saldando uma dívida clássica com Schaeffer, me pus a ler O DEUS QUE INTERVEM e TRUTH WITH LOVE: The apologetics of Francis Schaeffer de Bryan A. Follis.
O DEUS QUE INTERVÉM está dividido em 6 partes:
1. O clima intelectual e cultural da segunda metade do século vinte.
2. A relação entre a nova teologia e o clima intelectual.
3. Como cristianismo histórico difere da nova teologia.
4. Falando do cristianismo histórico para o pensamento do século vinte.
5. Pré-evangelização: não é uma saída fácil
6. Na vida pessoal e coletiva no clima do século vinte.
Na primeira parte, Schaeffer coloca a questão do clima intelectual na segunda metade do século vinte. Ele pontua que o abismo se estabeleceu na Europa por volta de 1890 e nos EUA por volta de 1935. A linha do desespero foi uma mudança gradual que afetou progressivamente: a filosofia, a arte, a música, a cultura geral e, enfim, a teologia.
Para Schaeffer, a primeira etapa foi a filosofia de Hegel:
"Tenho uma nova idéia. De agora em diante pensemos da seguinte maneira: em vez de causa e efeito, pensemos numa tese e em oposição a ela, uma antítese. E a resposta à relação entre as duas não está num movimento horizontal de causa e efeito, porém é sempre uma síntese" (p. 24)
Ficou de um lado o não racional e não lógico, que é a experiência existencial, a experiência final, a experiência de primeira ordem. E, de outro lado, o racional e o lógico, somente particularidades, nenhum propósito, nenhum significado: o homem é uma máquina.
A fé fica divorciada daquilo que é racional e lógico.
Esse hiato se alastrou para as artes, Schaeffer faz uma análise das obras de Van Gogh, Gauguin, Cezanne e Picasso até o Dadaísmo e os ambientes. No capítulo quatro, ele fala sobre a cultura geral começando com uma crítica a música concreta e a literatura e até ao cinema:
'Os bons filmes são os sérios, os artísticos, os bem filmados. Os ruins são simplesmente escapistas, românticos e servem só para entretenimento. Porém, se os examinarmos com cuidado, veremos que os bons filmes são na realidade os piores. O filme escapista pode ser horrível em alguns sentidos, mas os chamados bons filmes dos últimos anos foram quase todos feitos por homens que têm a moderna filosofia da falta de sentido da vida. Isto não significa que eles não sejam homens de integridade,, mas quer dizer que os filmes que produzem são instrumentos de propagação de suas ideias" (p.43).
Sobre o fato que unifica os degraus do desespero, ele diz:
"A linha do desespero é uma unidade e os seus degraus uma marca que os caracteriza e unifica. Com Hegel e Kierkegaard, o homem desistiu de encontrar um campo de conhecimento uniforme e racional. Em vez disso, aceitou a idéia do salto da fé naquelas áreas que fazem o homem ser homem- propósito para a vida, amor, ética e assim por diante. Foi este salto da fé que, originalmente, causou a linha do desespero" (p. 45)
Por outro lado:
" O cristianismo é realista e diz que o mundo está tomado pelo mal e que o homem é realmente culpado, do princípio ao fim. O cristianismo se recusa a dizer que podemos ter esperanças nas mostras de melhora da humanidade. O cristão concorda com o homem em desespero real, isto é, que o mundo precisa ser olhado realisticamente tanto na área do ser quanto na moral (...) Mas não podemos tirar a vantagem da oportunidade se abandonamos quer em pensamento quer em prática a metodologia da antitese, istoé, que se A é certo , não-A é falso. Se algo é verdade, o contrário não é verdade: se alguma coisa é certa, o contrário é errado" (p. 47).
A parte 2, fala da relação entre a nova teologia e o clima intelectual.
A teologia existencial moderna tem sua origem em Kierkegaard, a teologia não está isolada da cultura do desespero.
"O velhos teólogos liberais da Alemanha começaram por aceitar a pressuposição da uniformidade das causas naturais como um sistema fechado. Dessa maneira rejeitaram todo miraculoso e o sobrenatural inclusive na vida de Jesus Cristo"
Aí buscaram criar um Jesus histórico, sem sobrenatural:
"Por que a teologia seguiu a filosofia neste passo tremendamente importante? Por duas razões: primeiro, o seu velho racionalismo otimista não tinha conseguido produzir um Jesus historicamente crível, uma vez que o miraculoso fora rejeitado; segundo, como o consenso do pensamento da época, que seguiam cuidadosamente lhes era normativo, seguiram a filosofia quando está se encaminhou nesta direção" (p. 52)
A fé é vista como uma experiência-crise de primeira ordem, a fé é um salto otimista que não pode ser verificado e cujo conteúdo não é comunicável, logo, é não racional. Do lado racional, as Escrituras estão cheias de erros.
No segundo capítulo desta parte, Schaeffer fala sobre o misticismo moderno:
"O resultado de não poderem sustentar honestamente o seu desespero em ambos os níveis (o do nihilismo ou da dicotomia total entre razão e falta de significado) fez com que o pensamento moderno se deslocasse para um terceiro nível de desespero, um nível de misticismo sem conteúdo" (p. 56)
O que leva a uma fé sem conteúdo, sem nenhuma racionalidade ou contato com a ciência ou a história. Nenhuma categoria para Deus, todo conhecimento em relação a Deus está morto, o Deus pessoal está morto. A linguagem é sempre uma questão de interpretação, por isto as palavras da Bíblia são uma interpretação de uma coisa desconhecida que ocorreu.
"No cristianismo, o valor da fé depende do objeto para o qual ela está dirigida. Portanto, ela se dirige para o exterior, para o Deus que está presente, e para o Cristo que, na história, morreu na cruz uma só vez para sempre, terminou o trabalho de reconciliação e no terceiro levantou-se novamente no espaço e no tempo. Isto faz com que a fé cristã esteja aberta à discussão e à verificação. Por outro lado, a nova teologia está numa posição onde a fé é introvertida porque não tem objeto definido, e o ensino do querigma aparece como infalível, pois não está racionalmente aberto à discussão. Essa posição, penso eu, é na verdade maior desespero e trevas que a posição daqueles homens modernos que cometem suicídio" (p. 61).
Na terceira parte, Schaeffer vai falar sobre como o cristianismo histórico é distinto da nova teologia. Seu primeiro ponto de diferenciação é a existência ou não de um começo pessoal para tudo ou mero acaso.
Na possibilidade bíblica estão os fatos verificáveis, um Deus pessoal comunicando-se com o homem proposicionalmente, de forma verbalizada, comunicação que é verdadeira e mas não exaustiva.
Schaeffer faz questão de ressaltar que a personalidade não implica em limitação.
Quanto trata da questão do escândalo da cruz, Schaeffer explica:
"O verdadeiro escândalo é que, por mais fielmente ou claramente que preguemos o Evangelho, ao chegarmos em um determinado ponto, o mundo, por estar em rebelião, virará as costas. Os homens viram as costas não porque o que é dito não faz sentido, mas porque não querem curvar-se perante o Deus que existe. Este é o escândalo da cruz" (p. 100)
Sobre a teologia liberal e o universalismo:
"Por não ter lugar para a antítese e pelo fato de o pecado e a culpa serem proponentes em ultima análise de um problema metafísico e não moral, a nova teologia tem um universalismo implícito ou explícito no que se refere à salvação...Não tem uma antítese final entre o certo e o errado e portanto não pode haver tal coisa chamada culpa moral real, portanto, a justificação como uma mudança radical na relação com Deus não tem significado, e por isso ninguém está realmente condenado. Baseado no sistema deles, esta é uma posição perfeitamente coerente e necessária a ser sustentada e o universalismo está relacionado com o seu sistema" (p. 101)
Quanto a racionalidade, ela nunca deve vir exclusivamente, porque o cristão não tenta começar autonomamente de si mesmo e elaborar um sistema a partir daí.
No quarto capítulo, Falando do cristianismo histórico para o pensamento do século vinte, Schaeffer vai para os pontos de contato entre o cristão e não cristão. Para ele o ponto fundamental da apologética é o amor:
"O amor não é algo fácil: não é apenas uma necessidade emocional, mas também uma tentativa de nos colocarmos no lugar do outro e ver como os problemas são vistos por ele. Amor é uma preocupação genuína pelo indivíduo. Como Jesus nos lembra, devemos amá-lo como nós mesmos. Este é o lugar que devemos começar" (p. 120).
Schaeffer aborda o tema da impossibilidade de se viver com as conclusões das pressupossições não cristãs:
"É impossível para qualquer grupo ou indivíduo não cristão ser coerente com seu sistema, tanto na lógica como na prática. De maneira que, ao ficar cara a cara com um homem do século vinte, quer seja ilustre ou um simples homem da rua, um homem da universidade ou das docas, você estará olhando para um homem em tensão. E é esta tesão que trabalha a seu favor quando você lhe falar. Se eu não soubesse que isto é verdade através da Palavra de Deus e da experiência pessoal, não teria a coragem de entrar nos círculos em que entro. Uma pessoa pode tentar reprimir a tensão e você talvez precise ajuda-lo a encontrar, mas em algum lugar existe um ponto de incoerência. Ela se encontra numa posição que não pode assumir até o fim. Isto não é somente um conceito intelectual de tensão, mas faz parte daquilo que ele é como homem" (p. 122)
Apesar disto, a apologética nunca pode ser pensada como neutra como evidencialista. Nem tão fechada como a pressuposicional, existe uma possibilidade de diálogo.
"A verdadeira fé cristã se baseia em conteúdo. Não é algo vago que substitui a compreensão do real, nem é a força da crença que tem valor. A verdadeira base da fé não é a própria fé, mas o trabalho que Cristo terminou na cruz. Minha crença não é a base para ser salvo, a base é o trabalho de Cristo. A fé cristã se dirige ao exterior, para uma pessoa real: Crê no Senhor Jesus e serás salvo". (p. 133)
Na possibilidade bíblica estão os fatos verificáveis, um Deus pessoal comunicando-se com o homem proposicionalmente, de forma verbalizada, comunicação que é verdadeira e mas não exaustiva.
Schaeffer faz questão de ressaltar que a personalidade não implica em limitação.
Quanto trata da questão do escândalo da cruz, Schaeffer explica:
"O verdadeiro escândalo é que, por mais fielmente ou claramente que preguemos o Evangelho, ao chegarmos em um determinado ponto, o mundo, por estar em rebelião, virará as costas. Os homens viram as costas não porque o que é dito não faz sentido, mas porque não querem curvar-se perante o Deus que existe. Este é o escândalo da cruz" (p. 100)
Sobre a teologia liberal e o universalismo:
"Por não ter lugar para a antítese e pelo fato de o pecado e a culpa serem proponentes em ultima análise de um problema metafísico e não moral, a nova teologia tem um universalismo implícito ou explícito no que se refere à salvação...Não tem uma antítese final entre o certo e o errado e portanto não pode haver tal coisa chamada culpa moral real, portanto, a justificação como uma mudança radical na relação com Deus não tem significado, e por isso ninguém está realmente condenado. Baseado no sistema deles, esta é uma posição perfeitamente coerente e necessária a ser sustentada e o universalismo está relacionado com o seu sistema" (p. 101)
Quanto a racionalidade, ela nunca deve vir exclusivamente, porque o cristão não tenta começar autonomamente de si mesmo e elaborar um sistema a partir daí.
No quarto capítulo, Falando do cristianismo histórico para o pensamento do século vinte, Schaeffer vai para os pontos de contato entre o cristão e não cristão. Para ele o ponto fundamental da apologética é o amor:
"O amor não é algo fácil: não é apenas uma necessidade emocional, mas também uma tentativa de nos colocarmos no lugar do outro e ver como os problemas são vistos por ele. Amor é uma preocupação genuína pelo indivíduo. Como Jesus nos lembra, devemos amá-lo como nós mesmos. Este é o lugar que devemos começar" (p. 120).
Schaeffer aborda o tema da impossibilidade de se viver com as conclusões das pressupossições não cristãs:
"É impossível para qualquer grupo ou indivíduo não cristão ser coerente com seu sistema, tanto na lógica como na prática. De maneira que, ao ficar cara a cara com um homem do século vinte, quer seja ilustre ou um simples homem da rua, um homem da universidade ou das docas, você estará olhando para um homem em tensão. E é esta tesão que trabalha a seu favor quando você lhe falar. Se eu não soubesse que isto é verdade através da Palavra de Deus e da experiência pessoal, não teria a coragem de entrar nos círculos em que entro. Uma pessoa pode tentar reprimir a tensão e você talvez precise ajuda-lo a encontrar, mas em algum lugar existe um ponto de incoerência. Ela se encontra numa posição que não pode assumir até o fim. Isto não é somente um conceito intelectual de tensão, mas faz parte daquilo que ele é como homem" (p. 122)
Apesar disto, a apologética nunca pode ser pensada como neutra como evidencialista. Nem tão fechada como a pressuposicional, existe uma possibilidade de diálogo.
"A verdadeira fé cristã se baseia em conteúdo. Não é algo vago que substitui a compreensão do real, nem é a força da crença que tem valor. A verdadeira base da fé não é a própria fé, mas o trabalho que Cristo terminou na cruz. Minha crença não é a base para ser salvo, a base é o trabalho de Cristo. A fé cristã se dirige ao exterior, para uma pessoa real: Crê no Senhor Jesus e serás salvo". (p. 133)
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