Não se pode dizer que o americano Jonathan Safran Foer não seja corajoso. Incensado pela crítica ao estrear no romance em 2002, aos 25 anos, com um relato pouco ortodoxo em torno do Holocausto chamado “Tudo se ilumina” (Rocco, tradução de Paulo Reis e Sérgio Moraes Rego, 368 páginas, R$ 48), Foer – que virá à Flip – construiu seu segundo livro ao redor de mais um grande trauma coletivo. Desta vez, porém, a ferida está bem mais perto de casa, tanto no tempo quanto no espaço – daí se falar em coragem, embora não falte quem fale também em oportunismo. Inevitável. “Extremamente alto & incrivelmente perto” (Rocco, tradução de Daniel Galera, 392 páginas, R$ 47) é conduzido pela narração de um menino brilhante de 9 anos, Oskar, que sofre com a perda de seu pai no ataque terrorista ao World Trade Center. A prosa inventiva de Foer, recheada – e não raro, convenhamos, entulhada – de jogos de linguagem, às vezes parece pesada demais para a criança que a enuncia, mas nem sempre. No fragmento abaixo, Oskar soa absolutamente convincente enquanto ouve as mensagens que seu pai deixou na secretária eletrônica na manhã do atentado (Sérgio Rodrigues)
Não somos racistas é um livro nascido do espanto. Movido pelo instinto de repórter, Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, começou a perceber que a política de cotas proposta pelo Governo Lula — e que pode ser aprovada em breve pelo Senado — divide o Brasil em duas cores, eliminando todas as nuances características da nossa miscigenação. Ali constata, estarrecido, que, nesta divisão entre brancos e não-brancos, os "não-brancos" são considerados todos negros: “Certo dia, caiu a ficha: para as estatísticas, negros eram todos aqueles que não eram brancos. Cafuzo, mulato, mameluco, caboclo, escurinho, moreno-bombom? Nada disso, agora eram brancos ou negros. Pior: uma nação de brancos e negros, onde os brancos oprimem os negros. Outro susto: aquele país não era o meu”.
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