segunda-feira, dezembro 10, 2007

Figura por Erich Auerbach


AUERBACH, Erich Figura São Paulo: Atica, 1997.

Quintiliano distingue os tropos das figuras, o tropo é um conceito mais restrito, referindo-se ao uso das palavras e frases num sentido que não é literal; as figuras, por outro lado, é uma forma de discurso que se desvia do seu uso normal e mais óbvio” p. 24

Tertuliano tinha em mente não só um conceito metafórico, mas também real, não só a lei de modo abstrato, mas também a era da lei como uma era histórica (...) As figuras históricas devem ser interpretadas espiritualmente (spiritalites interpretari), mas a interpretação aponta para um preenchimento carnal, e, por conseguinte, histórico- pois a verdade fez-se carne ou historia” pág. 31

Figura – histórica

X

Alegoria- espiritualidade.

“Agostinho rejeitou enfaticamente a interpretação alegórica das Sagradas Escrituras, bem como a noção de que o Velho Testamento era uma espécie de livro hermético que só se tornava inteligível quando nos desembaraçávamos de seu significado histórico literal e da sua interpretação vulgar. Sustentou que cada crente poderia penetrar em seu conteúdo sublime” pág. 35

“Embora Agostinho rejeite o espiritualismo abstrato alegórico e desenvolva sua interpretação do Velho Testamento com base na realidade histórica concreta, conserva no entanto um idealismo que transfere acontecimento concreto, completamente preservado, enquanto tal, para fora do tempo, e transpõe para o plano da eternidade” pág. 37

“A interpretação figural transformou o Velho Testamento de livro de leis e da historia do povo de Israel numa serie de prefigurações de Cristo e da Salvação tal como encontramos mais tarde na procissão dos profetas no teatro medieval e nas representações cíclicas da escultura medieval” pág. 45

“no sistema figural, a interpretação vem de cima, os acontecimentos são considerados não em sua relação indivisível com um outro, mas separados individualmente, cada um deles em relação com uma terceira coisa que, apesar de prometida, ainda não se tornou presente” pág. 50.

“Assim, o Virgilio na Divina Comedia, é o Virgilio histórico,mas, por outro lado, também não o é, pois o Virgilio histórico é apenas uma figura da verdade preenchida que o poema revela, e este preenchimento é mais importante que a figura” p.60

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