Juízes 10:6-18: Então tornaram os filhos de Israel a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, e serviram aos baalins, e a Astarote, e aos deuses da Síria, e aos deuses de Sidom, e aos deuses de Moabe, e aos deuses dos filhos de Amom, e aos deuses dos filisteus; e deixaram ao Senhor, e não o serviram. E a ira do Senhor se acendeu contra Israel; e vendeu-os nas mãos dos filisteus, e nas mãos dos filhos de Amom. E naquele mesmo ano oprimiram e vexaram aos filhos de Israel; dezoito anos oprimiram a todos os filhos de Israel que estavam além do Jordão, na terra dos amorreus, que está em Gileade. Até os filhos de Amom passaram o Jordão, para pelejar também contra Judá, e contra Benjamim, e contra a casa de Efraim; de modo que Israel ficou muito angustiado. Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, dizendo: Contra ti havemos pecado, visto que deixamos a nosso Deus, e servimos aos baalins. Porém o Senhor disse aos filhos de Israel: Porventura dos egípcios, e dos amorreus, e dos filhos de Amom, e dos filisteus, E dos sidônios, e dos amalequitas, e dos maonitas, que vos oprimiam, quando a mim clamastes, não vos livrei das suas mãos? Contudo vós me deixastes a mim, e servistes a outros deuses; pelo que não vos livrarei mais. Ide, e clamai aos deuses que escolhestes; que eles vos livrem no tempo do vosso aperto. Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: Pecamos; faze-nos conforme a tudo quanto te parecer bem aos teus olhos; tão-somente te rogamos que nos livres nesta vez. E tiraram os deuses alheios do meio de si, e serviram ao Senhor; então se angustiou a sua alma por causa da desgraça de Israel. E os filhos de Amom se reuniram e se acamparam em Gileade; e também os de Israel se congregaram, e se acamparam em Mizpá. Então o povo e os príncipes de Gileade disseram uns aos outros: Quem será o homem que começará a pelejar contra os filhos de Amom? Ele será por cabeça de todos os moradores de Gileade.
Como era o relacionamento de Israel com os deuses dos povos que os escravizavam?
Os Baals e os Astoretes eram deuses nativos dos cananeus. Mas, os deuses de Aram (nordeste) e Sidom (norte) ou Amom e Moabe (leste) e os filisteus (sul) pertenciam as pessoas de fora de Canaã que foram para lá e oprimiram os israelitas. Otniel ajudou contra o rei de Aram (3:10), Eúde lutou contra os moabitas e amonitas (3:12), Samgar contra os filisteus (3:31) e Débora contra os cananeus (5:23). Em outras palavras, toda vez que Israel adorava ídolos de uma nação, esta nação acabava por oprimir eles. Nesta passagem, vemos no verso 6 que eles estavam servindo aos deuses do amonitas e aos deuses dos filisteus e,assim, como consequência, foram parar na mão deles (vs.7). A idolatria leva a escravidão. No verso 11, Deus nomeia sete nações que estão oprimindo o povo em paralelo aos sete ídolos do verso 6.
É interessante notar que não apenas a idolatria leva a escravidão, mas a escravidão também leva a idolatria. Poderíamos até pensar que uma vez que uma nação estava oprimindo e escravizando Israel, eles estariam odiando os deuses daquela nação. Mas, enquanto os amonitas oprimiam Israel em 3:13, aqui está Israel servindo seus deuses, que leva a uma maior escravidão ainda. Apesar da dor e da miséria, Israel continua a adorar os mesmos ídolos que os levaram a esta situação.
Por que a palavra vendeu-os?
Esta é uma palavra forte. Foi usada em 2:14, 3:8, 4:2 como também aqui. Quando você vende um animal para alguém, isto significa que o novo dono pode fazer o que ele quiser. Quando vemos como Deus vendeu Israel antes, sabemos que isto não significa que Ele abandonou-os ou apagou suas promessas para eles. Isto significa que ele parou de proteger eles de alguma forma. Ele deixou as coisas que estavam servindo dominarem eles.
Romanos 1:24-25 traz uma passagem paralela fascinante. Aqui Paulo fala sobre idolatria. Ele fala sobre as pessoas que adoraram e serviram a criatura ao invés do Criador (vs. 25). Qual o resultado disso? Então Deus deixou eles com os desejos do coração. A palavra desejos em grego é epithumia, uma palavra que significa um desejo exagerado incontrolável. Deixar significa aqui que Deus permitiu que estas coisas escravizassem as pessoas. A idolatria e a escravidão andam juntas.
O que isto nos ensina?
Deus diz que se você quer viver por dinheiro, ao invés de mim, então o dinheiro irá governar sua vida. Vai controlar seu coração e emoções. Se você quer viver por popularidade ao invés de Deus, a aprovação das pessoas vai governar e controlar você.
Por que Deus responde bruscamente ao seu clamor no verso 11? O que isto nos ensina sobre arrependimento? Existe uma contradição entre o versos 13 e 16?
Deus não perdoa imediatamente eles e começa a responder sua oração.Deus responde que não irá responder a eles, que eles devem clamar aos deuses que eles têm adorado.
O clamor aqui pode ser de reconhecimento, mas isto não quer dizer arrependimento. Deus responde:
Deus quer um arrependimento de verdade, mais do que um lamento pelas consequências do pecado. Eles estava tratando Deus como se ele fosse um dos seus ídolos. Isto seria uma mudança idólatra da idolatria. Eles estavam tentando manipular Deus para se livrar da situação que estavam.
Existe uma contradição entre os versos 13 e 16?
No verso 13, Deus diz que não irá salvar mais eles porque eles estavam servindo a outros deuses. Eles haviam quebrado sua aliança com Deus e seus mandamentos, e assim, mesmo agora, ão estavam verdadeiramente arrependidos. Então, Deus diz que é um Deus justo e que deveria punir a eles.
Então, no verso 16, ficamos sabendo que os israelitas começaram a se arrepender, Deus que não iria salvá-los, agora os salvará. Isto é uma contradição?
De um lado, muitas pessoas dizem que isto é uma contradição, e assim, haveria um erro na Bíblia. Mas, estas duas declarações estão muito próximas para imaginarmos que houve um lapso do escritor. Quem diz sim, considera que Deus faz ameaças e depois muda de ideia. A solução aqui é não irei salvar enquanto vocês permanecerem na idolatria. Contudo, o verso 13 não coloca nenhuma condição alternativa.
O relacionamento de Deus com Israel é tanto condicional como incondicional. Ele não tira seu favor sob Israel, mas o povo deve ser obediente.
Numa tentativa fácil de resolver este conflito podemos dizer que as bençãos de Deus são condicionais, a menos que vivemos de acordo com os princípios bílicos, podemos ter o favor de Deus. A outra maneira de pensar é que as bênçãos de Deus são incondicionais, mesmo quando estamos no pecado, Deus é tão misericordioso que nos aceita mesmo assim. Ambos os caminhos são perigosos. A primeira aproximação impugna o poder do amor e da graça de Deus e a segunda impugna a santidade e a justiça de Deus. O Antigo Testamento não resolve a questão. Apenas quando nós temos a cruz de Jesus Cristo nós podemos enxergar Deus como tanto justo como amoroso. Nela, o amor de Deus encontra a exigência da lei.
O que estes versos nos ensinam sobre avivamento espiritual? Como podemos aprender sobre arrependimento nos versos 15 e 16?
Precisamos entender que cada ciclo de avivamento tem coisas em comum com os outros e também coisas que lhe são únicas. Isto nos avisa para não pensarmos que podemos manter a vitalidade espiritual apenas repetindo as mesmas ações e rituais do passado. Mas, alguns passos podem ser discernidos.
Primeiro, existe um tipo de problema. Algumas vezes vem em nossas vidas para nos lembrar que somos fracos e não estamos no controle. Para os israelitas, isto é sempre a opressão por um povo estrangeiro.
Segundo, existe uma oração renovada. Esta passagem em particular nos mostra que a oração não pode ser um evento de um momento apenas. Deve continuar e deve incluir um senso de luta com Deus. A oração precisa ser consistente e contínua.
Terceiro, há uma luta através do arrependimento real, que vem através de um profundo arrependimento e convicção do pecado.
Quarto, Deus levanta um líder, Deus levanta certas pessoas para nos liderar num reavivamento espiritual, precisamos de uma comunidade para uma vitalidade espiritual.
O que podemos aprender com o arrependimento real?
Há um lamento real sobre o pecado, ao invés de apenas as consequências. Há também um lamento sobre os motivos idolátricos, não apenas uma mudança de comportamento.
JEFTÉ: O LÍDER BANDIDO
Jefté é alguém sem as credenciais daquilo que poderíamos esperar de um grande líder. Ele era filho ilegítimo de uma prostituta, que foi expulso de casa por seus meio-irmãos. Ele vem de um ambiente familiar bem disfuncional. Então, ele é atraído por um bando de homens vivem dissolutamente. Em outras palavras, Jefté vai para o crime organizado, numa vida de crime. Ele é um fora-da-lei. E, ainda assim, Deus o levanta como um salvador.
É importante ver que Jefté não é simplesmente preparado para ser um salvador apesar de sua rejeição e marginalidade, mas através disto. Por causa de seu sofrimento, ele se torna um guerreiro poderoso, um homem de recursos. E, nos versos 4-11, vemos que a dureza da vida fez dele um grande líder.
De novo, vemos um padrão da salvação de Deus. Quase todos os juízes são pessoas que estão socialmente à margem. Jefté era desprezado e rejeitado por seu povo, eles o odiavam e o expulsavam. Mas, Jefté é uma sombra de Jesus, que foi desprezado e rejeitado.
Jesus também nos salvou não apesar de ser rejeitado ou marginalizado mas através disso. Deus nos salva através de sua derrota e fraqueza.
Alguns comentaristas enxergam uma semelhança entre o diálogo de Deus com o povo (10:10-16) e o dos líderes de Gileade com Jefté (11:4-11).
Como problemas terríveis nos ajudam a ajudar?
O primeiro é histórico, ele diz que quando Israel veio do Egito, os amonitas e moabitas viviam na terra a leste do Arnon. Eles pediram permissão para passar pela terra, mas eles recusaram. Então, eles viajaram pela terra em questão, norte do Arnon até Jaboque. Eram os amoritas e ao rei Siom que viviam lá. Quando eles pediram para passar pela terra dos amorreus, Siom os atacou, mas Israel os venceu. Eles conquistaram a terra. Então, Jetté está dizendo que a terra nunca foi dos amonitas.
O segundo argumento é teológico (vs.23-24). Aqui, Jefté dizendo que Deus deu a terra dos amorreus, quando os capacitou a derrotá-los. Claro que os amonitas iriam reclamar a mesma coisa se o deus lhes desse a vitória.
O terceiro é de um precedente legal (vs. 25-27). Jefté relembra que o rei de Moabe naquele tempo não pensou que precisava atacar Israel na terra do norte de Arnom. Certamente, ele tinha razão suficiente para desalojar os recém-chegados a Canaã, mas não viu isto uma necessidade. Ele não desafiou seu direito a terra. Então, porque os amonitas fariam isto? Se o desejo era mesmo de retificar uma injustiça (vs.13), por que Balaque, rei dos Moabitas não fez de outra forma? Finalmente, Jefté resume num argumento mais forte, que o povo estava ali há 300 anos. Isto provaria que o povo não estava defraudando a ninguém, quem está sendo injusto eram os amonitas.
Muitos interpretam achando que Jefté havia prometido um sacrifício de animal. Há três razões para isto ser uma interpretação equivocada: Primeiro, é dificil acreditar que haveria animais dentro da casa. Segundo, se fosse um animal, seria dito numa forma neutra. Terceiro, se tivesse prometido um animal, então quando visse sua filha, não ficaria chocado ao ver ela. Ele havia prometido fazer um sacrifício humano para Deus se obtivesse a vitória. Ele obviamente esperava encontrar um servo ou outra pessoa, menos sua filha.
Em Dt. 12:32, vemos que o sacrifício humano é detestável e algo que Deus odeia. Não há dúvida sobre a vontade de Deus. Mas, por que ele fez isso? Primeiro, isto significa que Jefté era um homem sem sensibilidade para a violência. A cultura em volta dele era violenta. ele viveu num mundo violento e isto permaneceu em suas crenças. Hoje, muitos vêem a Cristo, mas continuam com certas crenças sem serem alteradas sobre sexo ou dinheiro, por exemplo - Ef. 4:22-24.
Segundo, Jefté não apenas era infectado pela cultura de violência pagã, mas continuou infectado pela entendimento numa salvação por obras pagã. O sacrifício humano era como os pagãos pagavam o favor divino, eles faziam o sacrifícios para dizer quão impressionados e maravilhados estavam com o poder dos ídolos. Mas, o Deus da Bíblia quer apenas um sacrifício humano - o reconhecimento de seu senhorio sobre toda a área da vida como lemos em Rm 12:1. Jefté ainda pensava que Deus era alguém que poderia ser impressionado ou controlado através de presentes extravagantes.
Por que Jefté manteve a promessa. Talvez, porque ele não tinha nenhum conceito do Deus da graça. Ele via a Deus basicamente como os deuses pagãos, um ser cujo favor pode ser conquistado através de sacrifícios. Ele não confia em Deus totalmente, ele acredita que se voltasse atrás poderia perder o favor de Deus.
O que esta história nos ensina hoje?
Primeiro, devemos tomar cuidado com nossas palavras, nossas promessas, nossa língua. Muitas coisas que dizemos pode trazer prejuízos que jamais poderemos pagar.
Segundo, mesmo quando estamos sendo usados por Deus, devemos ficar vigilantes, porque não somos gigantes espirituais. Devemos ficar atentos se não estamos usando mal aquilo que Deus tem colocado em nossa vida, nossos dons espirituais, por exemplo. Não devemos medir nossa maturidade espiritual a partir de nossos dons espirituais.
Outras lições que podemos ver também: somos mais afetados pela nossa cultura do que pela Bíblia, mais do que pensamos a nossa cultura em volta nos afeta e por vezes, ignoramos ensinos bíblicos por ideais bem mundanos. Existem pontos cegos em nós.
Há também a nossa incapacidade de acreditar num Deus gracioso, no Edém, a serpente nos fez desacreditar num Deus que buscava os nossos melhores interesses, desde então, sempre nos sentimos que devemos controlar Deus, que não podemos confiar nele.
Fonte
Judges for You- Timothy Keller
O que isto nos ensina?
Deus diz que se você quer viver por dinheiro, ao invés de mim, então o dinheiro irá governar sua vida. Vai controlar seu coração e emoções. Se você quer viver por popularidade ao invés de Deus, a aprovação das pessoas vai governar e controlar você.
Por que Deus responde bruscamente ao seu clamor no verso 11? O que isto nos ensina sobre arrependimento? Existe uma contradição entre o versos 13 e 16?
Deus não perdoa imediatamente eles e começa a responder sua oração.Deus responde que não irá responder a eles, que eles devem clamar aos deuses que eles têm adorado.
O clamor aqui pode ser de reconhecimento, mas isto não quer dizer arrependimento. Deus responde:
Ide, e clamai aos deuses que escolhestes; que eles vos livrem no tempo do vosso aperto. Juízes 10:14
Deus quer um arrependimento de verdade, mais do que um lamento pelas consequências do pecado. Eles estava tratando Deus como se ele fosse um dos seus ídolos. Isto seria uma mudança idólatra da idolatria. Eles estavam tentando manipular Deus para se livrar da situação que estavam.
Existe uma contradição entre os versos 13 e 16?
Contudo vós me deixastes a mim, e servistes a outros deuses; pelo que não vos livrarei mais. Juízes 10:13
E tiraram os deuses alheios do meio de si, e serviram ao Senhor; então se angustiou a sua alma por causa da desgraça de Israel. Juízes 10:16
No verso 13, Deus diz que não irá salvar mais eles porque eles estavam servindo a outros deuses. Eles haviam quebrado sua aliança com Deus e seus mandamentos, e assim, mesmo agora, ão estavam verdadeiramente arrependidos. Então, Deus diz que é um Deus justo e que deveria punir a eles.
Então, no verso 16, ficamos sabendo que os israelitas começaram a se arrepender, Deus que não iria salvá-los, agora os salvará. Isto é uma contradição?
De um lado, muitas pessoas dizem que isto é uma contradição, e assim, haveria um erro na Bíblia. Mas, estas duas declarações estão muito próximas para imaginarmos que houve um lapso do escritor. Quem diz sim, considera que Deus faz ameaças e depois muda de ideia. A solução aqui é não irei salvar enquanto vocês permanecerem na idolatria. Contudo, o verso 13 não coloca nenhuma condição alternativa.
O relacionamento de Deus com Israel é tanto condicional como incondicional. Ele não tira seu favor sob Israel, mas o povo deve ser obediente.
Numa tentativa fácil de resolver este conflito podemos dizer que as bençãos de Deus são condicionais, a menos que vivemos de acordo com os princípios bílicos, podemos ter o favor de Deus. A outra maneira de pensar é que as bênçãos de Deus são incondicionais, mesmo quando estamos no pecado, Deus é tão misericordioso que nos aceita mesmo assim. Ambos os caminhos são perigosos. A primeira aproximação impugna o poder do amor e da graça de Deus e a segunda impugna a santidade e a justiça de Deus. O Antigo Testamento não resolve a questão. Apenas quando nós temos a cruz de Jesus Cristo nós podemos enxergar Deus como tanto justo como amoroso. Nela, o amor de Deus encontra a exigência da lei.
O que estes versos nos ensinam sobre avivamento espiritual? Como podemos aprender sobre arrependimento nos versos 15 e 16?
Precisamos entender que cada ciclo de avivamento tem coisas em comum com os outros e também coisas que lhe são únicas. Isto nos avisa para não pensarmos que podemos manter a vitalidade espiritual apenas repetindo as mesmas ações e rituais do passado. Mas, alguns passos podem ser discernidos.
Primeiro, existe um tipo de problema. Algumas vezes vem em nossas vidas para nos lembrar que somos fracos e não estamos no controle. Para os israelitas, isto é sempre a opressão por um povo estrangeiro.
Segundo, existe uma oração renovada. Esta passagem em particular nos mostra que a oração não pode ser um evento de um momento apenas. Deve continuar e deve incluir um senso de luta com Deus. A oração precisa ser consistente e contínua.
Terceiro, há uma luta através do arrependimento real, que vem através de um profundo arrependimento e convicção do pecado.
Quarto, Deus levanta um líder, Deus levanta certas pessoas para nos liderar num reavivamento espiritual, precisamos de uma comunidade para uma vitalidade espiritual.
O que podemos aprender com o arrependimento real?
Há um lamento real sobre o pecado, ao invés de apenas as consequências. Há também um lamento sobre os motivos idolátricos, não apenas uma mudança de comportamento.
JEFTÉ: O LÍDER BANDIDO
Era então Jefté, o gileadita, homem valoroso, porém filho de uma prostituta; mas Gileade gerara a Jefté. Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, e, sendo os filhos desta mulher já grandes, expulsaram a Jefté, e lhe disseram: Não herdarás na casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher. Então Jefté fugiu de diante de seus irmãos, e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram a Jefté, e saíam com ele. E aconteceu que, depois de algum tempo, os filhos de Amom pelejaram contra Israel. E sucedeu que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel, foram os anciãos de Gileade buscar a Jefté na terra de Tobe. E disseram a Jefté: Vem, e sê o nosso chefe; para que combatamos contra os filhos de Amom. Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura não me odiastes a mim, e não me expulsastes da casa de meu pai? Por que, pois, agora viestes a mim, quando estais em aperto? E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso tornamos a ti, para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom; e nos sejas por chefe sobre todos os moradores de Gileade. Então Jefté disse aos anciãos de Gileade: Se me levardes de volta para combater contra os filhos de Amom, e o Senhor mos der diante de mim, então eu vos serei por chefe? E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: O Senhor será testemunha entre nós, e assim o faremos conforme a tua palavra. Assim Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por chefe e príncipe sobre si; e Jefté falou todas as suas palavras perante o Senhor em Mizpá. Juízes 11:1-11
Jefté é alguém sem as credenciais daquilo que poderíamos esperar de um grande líder. Ele era filho ilegítimo de uma prostituta, que foi expulso de casa por seus meio-irmãos. Ele vem de um ambiente familiar bem disfuncional. Então, ele é atraído por um bando de homens vivem dissolutamente. Em outras palavras, Jefté vai para o crime organizado, numa vida de crime. Ele é um fora-da-lei. E, ainda assim, Deus o levanta como um salvador.
É importante ver que Jefté não é simplesmente preparado para ser um salvador apesar de sua rejeição e marginalidade, mas através disto. Por causa de seu sofrimento, ele se torna um guerreiro poderoso, um homem de recursos. E, nos versos 4-11, vemos que a dureza da vida fez dele um grande líder.
De novo, vemos um padrão da salvação de Deus. Quase todos os juízes são pessoas que estão socialmente à margem. Jefté era desprezado e rejeitado por seu povo, eles o odiavam e o expulsavam. Mas, Jefté é uma sombra de Jesus, que foi desprezado e rejeitado.
Jesus também nos salvou não apesar de ser rejeitado ou marginalizado mas através disso. Deus nos salva através de sua derrota e fraqueza.
Alguns comentaristas enxergam uma semelhança entre o diálogo de Deus com o povo (10:10-16) e o dos líderes de Gileade com Jefté (11:4-11).
Como problemas terríveis nos ajudam a ajudar?
- Problemas podem fazer de você mais simpático aos outros. Quem está quebrado, dificilmente será insensível.
- Problemas podem eliminar a auto-comiseração, uma vida dura e difícil pode fazer você ser mais grato por aquilo que você tem. Auto-piedade leva você a não entender as dores dos outros e mais centralizado em si mesmo.
- Problemas podem ensinar você métodos e maneiras para lidar com a vida que podemos ajudar aos outros.
- Algumas vezes, problemas em nosso passado pode nos dar confiança e esperança em situações escuras.
O rei de Amom justifica seu ataque aos israelitas insistindo que a terra agora que eles vivem pertenceu antigamente aos amonitas. Jefté usa três argumentos para refutar o rei em sua carta.
E enviou Jefté mensageiros ao rei dos filhos de Amom, dizendo: Que há entre mim e ti, que vieste a mim a pelejar contra a minha terra? E disse o rei dos filhos de Amom aos mensageiros de Jefté: É porque, saindo Israel do Egito, tomou a minha terra, desde Arnom até Jaboque, e ainda até ao Jordão: Restitui-ma agora, em paz. Porém Jefté prosseguiu ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos de Amom, Dizendo-lhe: Assim diz Jefté: Israel não tomou, nem a terra dos moabitas, nem a terra dos filhos de Amom. Porque, subindo Israel do Egito, andou pelo deserto até ao Mar Vermelho, e chegou até Cades. E Israel enviou mensageiros ao rei dos edomitas, dizendo: Rogo-te que me deixes passar pela tua terra. Porém o rei dos edomitas não lhe deu ouvidos; enviou também ao rei dos moabitas, o qual igualmente não consentiu; e assim Israel ficou em Cades. Depois andou pelo deserto e rodeou a terra dos edomitas e a terra dos moabitas, e veio do nascente do sol à terra dos moabitas, e alojou-se além de Arnom; porém não entrou nos limites dos moabitas, porque Arnom é limite dos moabitas. Mas Israel enviou mensageiros a Siom, rei dos amorreus, rei de Hesbom; e disse-lhe Israel: Deixa-nos, peço-te, passar pela tua terra até ao meu lugar. Porém Siom não confiou em Israel para este passar nos seus limites; antes Siom ajuntou todo o seu povo, e se acamparam em Jasa, e combateu contra Israel. E o Senhor Deus de Israel deu a Siom, com todo o seu povo, na mão de Israel, que os feriu; e Israel tomou por herança toda a terra dos amorreus que habitavam naquela região. E por herança tomaram todos os limites dos amorreus, desde Arnom até Jaboque, e desde o deserto até ao Jordão. Assim o Senhor Deus de Israel desapossou os amorreus de diante do seu povo de Israel; e os possuirias tu? Não possuirias tu aquilo que Quemós, teu deus, desapossasse de diante de ti? Assim possuiremos nós todos quantos o Senhor nosso Deus desapossar de diante de nós. Agora, pois, és tu ainda melhor do que Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas? Porventura contendeu ele em algum tempo com Israel, ou pelejou alguma vez contra ele? Enquanto Israel habitou trezentos anos em Hesbom e nas suas vilas, e em Aroer e nas suas vilas, em todas as cidades que estão ao longo de Arnom, por que o não recuperastes naquele tempo? Tampouco pequei eu contra ti! Porém tu usas mal comigo em pelejar contra mim; o Senhor, que é juiz julgue hoje entre os filhos de Israel e entre os filhos de Amom. Porém o rei dos filhos de Amom não deu ouvidos às palavras que Jefté lhe enviou. Juízes 11:12-28
O primeiro é histórico, ele diz que quando Israel veio do Egito, os amonitas e moabitas viviam na terra a leste do Arnon. Eles pediram permissão para passar pela terra, mas eles recusaram. Então, eles viajaram pela terra em questão, norte do Arnon até Jaboque. Eram os amoritas e ao rei Siom que viviam lá. Quando eles pediram para passar pela terra dos amorreus, Siom os atacou, mas Israel os venceu. Eles conquistaram a terra. Então, Jetté está dizendo que a terra nunca foi dos amonitas.
O segundo argumento é teológico (vs.23-24). Aqui, Jefté dizendo que Deus deu a terra dos amorreus, quando os capacitou a derrotá-los. Claro que os amonitas iriam reclamar a mesma coisa se o deus lhes desse a vitória.
O terceiro é de um precedente legal (vs. 25-27). Jefté relembra que o rei de Moabe naquele tempo não pensou que precisava atacar Israel na terra do norte de Arnom. Certamente, ele tinha razão suficiente para desalojar os recém-chegados a Canaã, mas não viu isto uma necessidade. Ele não desafiou seu direito a terra. Então, porque os amonitas fariam isto? Se o desejo era mesmo de retificar uma injustiça (vs.13), por que Balaque, rei dos Moabitas não fez de outra forma? Finalmente, Jefté resume num argumento mais forte, que o povo estava ali há 300 anos. Isto provaria que o povo não estava defraudando a ninguém, quem está sendo injusto eram os amonitas.
Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté, e atravessou ele por Gileade e Manassés, passando por Mizpá de Gileade, e de Mizpá de Gileade passou até aos filhos de Amom. E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão, Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me vier ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto. Assim Jefté passou aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o Senhor os deu na sua mão. E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel Vindo, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças; e era ela a única filha; não tinha ele outro filho nem filha. E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas vestes, e disse: Ah! filha minha, muito me abateste, e estás entre os que me turbam! Porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás. E ela lhe disse: Meu pai, tu deste a palavra ao Senhor, faze de mim conforme o que prometeste; pois o Senhor te vingou dos teus inimigos, os filhos de Amom. Disse mais a seu pai: Concede-me isto: Deixa-me por dois meses que vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas companheiras. E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses; então foi ela com as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes. E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem; e daí veio o costume de Israel, Que as filhas de Israel iam de ano em ano lamentar, por quatro dias, a filha de Jefté, o gileadita. Juízes 11:29-40
Muitos interpretam achando que Jefté havia prometido um sacrifício de animal. Há três razões para isto ser uma interpretação equivocada: Primeiro, é dificil acreditar que haveria animais dentro da casa. Segundo, se fosse um animal, seria dito numa forma neutra. Terceiro, se tivesse prometido um animal, então quando visse sua filha, não ficaria chocado ao ver ela. Ele havia prometido fazer um sacrifício humano para Deus se obtivesse a vitória. Ele obviamente esperava encontrar um servo ou outra pessoa, menos sua filha.
Em Dt. 12:32, vemos que o sacrifício humano é detestável e algo que Deus odeia. Não há dúvida sobre a vontade de Deus. Mas, por que ele fez isso? Primeiro, isto significa que Jefté era um homem sem sensibilidade para a violência. A cultura em volta dele era violenta. ele viveu num mundo violento e isto permaneceu em suas crenças. Hoje, muitos vêem a Cristo, mas continuam com certas crenças sem serem alteradas sobre sexo ou dinheiro, por exemplo - Ef. 4:22-24.
Segundo, Jefté não apenas era infectado pela cultura de violência pagã, mas continuou infectado pela entendimento numa salvação por obras pagã. O sacrifício humano era como os pagãos pagavam o favor divino, eles faziam o sacrifícios para dizer quão impressionados e maravilhados estavam com o poder dos ídolos. Mas, o Deus da Bíblia quer apenas um sacrifício humano - o reconhecimento de seu senhorio sobre toda a área da vida como lemos em Rm 12:1. Jefté ainda pensava que Deus era alguém que poderia ser impressionado ou controlado através de presentes extravagantes.
Por que Jefté manteve a promessa. Talvez, porque ele não tinha nenhum conceito do Deus da graça. Ele via a Deus basicamente como os deuses pagãos, um ser cujo favor pode ser conquistado através de sacrifícios. Ele não confia em Deus totalmente, ele acredita que se voltasse atrás poderia perder o favor de Deus.
O que esta história nos ensina hoje?
Primeiro, devemos tomar cuidado com nossas palavras, nossas promessas, nossa língua. Muitas coisas que dizemos pode trazer prejuízos que jamais poderemos pagar.
Segundo, mesmo quando estamos sendo usados por Deus, devemos ficar vigilantes, porque não somos gigantes espirituais. Devemos ficar atentos se não estamos usando mal aquilo que Deus tem colocado em nossa vida, nossos dons espirituais, por exemplo. Não devemos medir nossa maturidade espiritual a partir de nossos dons espirituais.
Outras lições que podemos ver também: somos mais afetados pela nossa cultura do que pela Bíblia, mais do que pensamos a nossa cultura em volta nos afeta e por vezes, ignoramos ensinos bíblicos por ideais bem mundanos. Existem pontos cegos em nós.
Há também a nossa incapacidade de acreditar num Deus gracioso, no Edém, a serpente nos fez desacreditar num Deus que buscava os nossos melhores interesses, desde então, sempre nos sentimos que devemos controlar Deus, que não podemos confiar nele.
Fonte
Judges for You- Timothy Keller