domingo, janeiro 04, 2009

A Díficil Doutrina do Amor de Deus



D.A. Carson


CPAD,





Algumas maneiras diferentes de como a Bíblia fala do Amor de Deus
1. Amor peculiar do Pai pelo Filho, e do Filho pelo Pai

João 3.35
João 14.31

2. Amor providencial de DEus sobre tudo que Ele fez.


Genesis 1
Mateus 6.26 e 10.29


3. A postura salvadora em relação ao seu mundo caído.

João 3.16

"alguns calvinistas tentam tomar o grego kosmos aqui para se referir aos que eles chamam de eleitos. Mas isto realmente não servirá. Todas as evidências do uso da palavra no Evangelho de João são contrárias a tal sugestão (...) No vocabulário de João, mundo é primeiramente a ordem moral em rebelião intencional e culpável contra Deus. Em João 3.16, o amor de Deus ao enviar o Senhor Jesus deve ser admirado, não porque seja estendido a algo tão grande quanto o mundo, mas a algo tão mau; não a tantas pessoas, mas a tantas tão impiedosas" p. 17-18
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4. O amor particular efetivo e seletivo de Deus em relação aos seus eleitos.

Deuteronomio 7.7-8 cf. 4.37 e 10.14,15
Malaquias 1.2,3
Efésios 5.25

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5. Finalmente, às vezes é dito que o amor de Deus é dirigido ao seu próprio povo de uma maneira provisional ou condicional condicionado, isto é, à obediência.



"Se o amor de Deus se referir exclusivamente ao seu amor pelos eleitos, é
facil se desviar em direção a uma bifurcação simples e absoluta: Deus ama os
eleitos e odeia os reprováveis.(Caindo no hipercalvinismo).


(...)

Na verdade em uma igreja caracterizada antes mais pela preferencia pessoal e pelo antinomismo do que pelo temor piedoso do Senhor, tais passagens certamente tem algo a nos dizer. Mas separados das declarações biblicas complementares sobre o amor de Deus, tais textos podem nos fazer retroceder na direção da teologia do mérito, uma irritação incessante sobre se temos ou não sido suficientemente bons hoje para desfrutarmos o amor de Deus." (p.23)



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Ch 2- DEUS É AMOR
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No passado, muitos estudiosos buscaram vincular o amor de Deus e, consequentemente, o amor cristão a um grupo de palavras. Por exemplo, eros era tido como referente ao amor sexual, phileo, ao amor emocional, o amor que envolve amizade e sentimentos, e agapao refere-se ao amor voluntário, um ato de renúncia pessoal em favor de outra pessoa.
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Contudo, a vinculação de agapao ao amor de Deus não é tão evidente, senão, errônea.
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O verbo agapao vem do choque homonímico que houve entre as palavras kyneo- beijar- e kyno-impregnar. Certas formas deste verbo são identicas, que foram substituídas por phileo, em Lucas 22.47, quando Jesus beija Judas, a palavra para o ato é phileo.
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Na septuaginta, em 2Samuel 13, quando Amnom incestuosamente estupra sua meia-irmã Tamar, somos informados que ele a "ama"- sua atitude é um ato criminoso e deplorável, contudo os verbos usados aqui são tanto agapao quanto phileo.
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No Evangelho de João, nos 3.35 e 5.20 quando descreve o amor do Pai pelo Filho, ambos os verbos também são usados, assim, não se pode falar em diferença de significado.
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Em 2Timoteo 4.10, quando Paulo fala que Damas amou este mundo maligno presente, mais uma vez o verbo é agapao.
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A melhor coisa que podemos fazer é simplesmente usar o verbo amar que é tão ambíguo quanto era os seus cognatos gregos.
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"Embora eu jamais tenha identificado em detalhes, suspeito que a herança de entender agapao referindo-se a um amor voluntário independente de emoção e comprometido com o bem dos outros, foi influenciada pelos estudiosos e outros teologos filosoficos de uma era do passado, que negavam a existência de sentimentos em Deus. Ter sentimentos, eles argumentavam, implicaria passividade, isto é, suscetibilidade a impressão de pessoas ou eventos fora de si mesmo, e isto certamente é incompatível com a própria natureza de Deus (...) O unico ponto de similaridade entre o amor de Deus e nosso amor, eles argumentavam, é auto-comunicação, não é emoção ou sentimento. Evidências contrárias encontradas na Bíblia devem então ser marginalizadas e dispensadas como antropopatismo - o contraponto emocional ao antropomorfismo- ." p.31
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Relação entre o Pai e o Filho.
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"Primeiro, o Filho por sua obediência a seu Pai, fazendo apenas o que Deus lhe dá para fazer e dizendo apenas o que Deus lhe dá para dizer, embora fazendo tais coisas em função de sua habilidade para fazer tudo que o que seu Pai faz, o Filho esteja agindo de um modo que revela Deus Pai perfeitamente" p. 37
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Jesus : antes da encarnação?
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Alguns acreditam que Jesus recebeu o rótulo de Filho somente após a encarnação. Contudo, há evidências bíblicas em contrário.
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1. João 1.2,3 informa que Filho faz tudo que o Pai faz, ora, se tudo for completo, então desde a criação, a ligação entre o Pai e o Filho já existe, o Filho é agente na criação.
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2. A leitura de João 3.17 diz que Deus enviou seu Filho, nomenclatura que ele já possuía antes.
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3. Em João 5.26, mostra que a filiação é uma concessão eterna do Pai ao Filho, portanto nunca houve um momento inicial em que o Filho não tenha tido vida em si mesmo, esta concessão estabeleceu a natureza mesma do eterno relacionamento entre as duas primeiras pessoas da trindade, logo, a filiação de Jesus não está restrita aos dias de sua carne.
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4. TExtos em Jesus indica Deus Pai como Pai, e assim, se considera como Filho - João 17.5
"Todas as manifestações do amor de Deus surgem a partir desta realidade mais profunda e mais fundamental: o amor de Deus está ligado a própria natureza de Deus, pois, Deus é amor" p.42
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Amor de Deus e sua Soberania
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Paixões de Deus
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"Diferentemente das nossas, não se inflamam repentinamente nem ficam fora de controle. As nossas paixões mudam a nossa direção e as nossas prioridades, domesticando a nossa vontade, controlando a nossa tristeza e nossa felicidade, supreendendo e destruindo ou estabelecendo os nossos compromissos. Mas as paixões de Deus, como tudo o mais em Deus, são mostradas juntamente com a plenitude de todas as suas outras perfeições. Neste panorama, o amor de Deus não é tanto uma função de sua vontade, quanto algo que se mostre em perfeita harmonia com ela e com sua santidade, com os seus propósitos na redenção, com os seus planos, infinitamente sábios, e assim por diante" (p.64)
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