por Anthony Hoekema de A Bíblia e o Futuro.
As principais passagens bíblicas que falam da nova terra são as seguintes: Isaías 65.17-25 e 66.22,23 2 Pedro 3.13 e Apocalipse 21.1-4. Isaías 65.17-25, que talvez contenha mais sublime descrição veterotestamentária da vida futura do povo de Deus, já foi abordada anteriormente18.
Em Isaías 66.22,23, existe uma segunda referência à nova terra: “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome. E será que de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor”. Nos versos anteriores do capítulo 66, Isaías predisse futuras e copiosas bênçãos para o povo de Deus: Deus dará a seu povo grande prosperidade (v.12), confortará o seu povo (v.13), fará o seu povo se regozijar (v.14), e o congregará dentre todas as nações (v.20). No verso 22 Deus nos diz, através de Isaías, que seu povo permanecerá perante ele tão duradouramente quanto os novos céus e a nova terra que ele criará. Vemos no verso 23 que todos os habitantes dessa nova terra adorarão a Deus fiel e regularmente. Embora esta adoração esteja descrita em toemos emprestados da época em que Isaías escrevera (“de uma lua nova à outra, e de um sábado a outro”), estas palavras não devem ser entendidas em um modo estritamente literal. O que está predito aqui é a adoração perpétua de todo o povo de Deus, congregado dentre todas as nações, de modo que será adequado à nova existência gloriosa de que eles desfrutarão na nova terra.
Em 2 Pedro 3, o apóstolo enfrenta a objeção dos escarnecedores que dizem: “Onde está a promessa da sua vinda?” (v.4). A resposta de Pedro é que o Senhor adia a sua vinda porque ele não deseja que ninguém pereça, mas deseja que todos venham ao arrependimento (v.9). Entretanto, Pedro continua dizendo, o dia do Senhor virá, e naquela ocasião a terra e as obras que nela estão serão destruídas pelo fogo (v.10). Agora acompanhe estas palavras: “(11) Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, (12) esperando e apressando (ou desejando ansiosamente, variante) a vinda do dia de Deus, por causa do qual o céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão. (13) Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”. A ênfase de Pedro é que, embora a terra atual será “incendiada”, Deus nos dará novos céus e uma nova terra que nunca será destruída, mas que durará para sempre. Desta nova terra tudo o que for pecaminoso e imperfeito terá sido removido, pois será uma terra onde habita a justiça. Portanto, a atitude adequada para com estes eventos vindouros não é de escarnecer do seu atraso, mas de estar ansiosamente esperando pela volta de Cristo e pela nova terra que virá à existência após essa volta. Tal espera deveria transformar a qualidade da vida aqui e agora: “Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por ser achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis” (v.14).
A descrição mais arrebatadora de toda a Bíblia sobre a nova terra é encontrada em Apocalipse 21.1-4:
(1) Vi novo céu e nova terra, pois o primeira céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
(2) vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.
(3) Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles.
(4) E lhes enxugará dos olhos toda lágrima e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
Uma existência incomparavelmente bela está retratada nesses versos. O fato de que a palavra kainos descreve a novidade do novo céu e nova terra indica, conforme apontado anteriormente, que o que João vê não é um universo totalmente diferente do atual, mas um universo que foi gloriosamente renovado. Existem diferenças de opinião quanto à questão de se as palavras “e o mar já não existe” deveriam ser entendidas literalmente ou figuradamente. Mesmo que devam ser interpretadas literalmente, elas indubitavelmente apontam para um aspecto significativo da nova terra. Uma vez que o mar no restante da Bíblia, especialmente no livro do Apocalipse (cp 13.1; 17.15), freqüentemente, representa aquilo que ameaça a harmonia do universo, a ausência do mar na nova terra significa a ausência de qualquer coisa que pudesse interferir nessa harmonia.
Uma existência incomparavelmente bela está retratada nesses versos. O fato de que a palavra kainos descreve a novidade do novo céu e nova terra indica, conforme apontado anteriormente, que o que João vê não é um universo totalmente diferente do atual, mas um universo que foi gloriosamente renovado. Existem diferenças de opinião quanto à questão de se as palavras “e o mar já não existe” deveriam ser entendidas literalmente ou figuradamente. Mesmo que devam ser interpretadas literalmente, elas indubitavelmente apontam para um aspecto significativo da nova terra. Uma vez que o mar no restante da Bíblia, especialmente no livro do Apocalipse (cp 13.1; 17.15), freqüentemente, representa aquilo que ameaça a harmonia do universo, a ausência do mar na nova terra significa a ausência de qualquer coisa que pudesse interferir nessa harmonia.
O verso 2 nos mostra a “cidade santa, a nova Jerusalém”, representando toda a igreja glorificada de Deus, descendo dos céus à terra. Esta igreja, agora totalmente sem mancha ou mácula, completamente purificada do pecado está agora “ataviada como noiva adornada para o seu esposo”, pronta para o casamento do Cordeiro (veja Ap 19.7). Vemos neste verso que a Igreja glorificada não permanecerá em um céu distante no espaço, mas passará a eternidade na nova terra.
Aprendemos, do verso 3, que o lugar da habitação de Deus não mais será agastado da terra, mas será na terra. Uma vez que o céu é onde Deus habita, concluímos que na vida por vir céu e terra não mais estarão separados, conforme estão agora, mas serão fundidos. Por causa disso os crentes continuarão a estar no céu enquanto continuam a viver na nova terra. “Ele habitará com eles, e eles serão seu povo” são as palavras familiares da promessa central da aliança da graça (cp Gn 17.7; Ex 19.5,6; Jr 31.33; Ez 34.30; 2 Co 6.16; Hb 8.10; 1 Pe 2.9,10). O fato de que esta promessa é repetida na visão que João tem da nova terra implica que somente nessa nova terra Deus finalmente concederá a seu povo a plenitude das riquezas que a aliança da graça inclui. Aqui nós recebemos as primícias; lá receberemos toda a colheita.
As afirmações corajosas do verso 4 sugerem bem mais do que elas efetivamente dizem. Não haverá lágrimas na nova terra. Choro e dor pertencerão às coisas primeiras, que já serão passadas. E não haverá mais morte - não mais haverá acidentes fatais, nem doenças incuráveis, nem serviços fúnebre, nem últimas despedidas. Naquela nova terra desfrutaremos de comunhão eterna e inquebrável com Deus e com o povo de Deus, incluindo os queridos e amigos a quem amamos e perdemos por um pouco.
No restante do capítulo 21, e nos primeiras cinco versos do capítulo 22, encontramos uma descrição maior da cidade santa - que, como podemos inferir, será o centro da nova terra. É duvidoso se detalhes como os fundamentos de jóias, os portões de pérolas e as ruas de ouro devem ser tomadas literalmente, mas o radiante esplendor que essas figuras sugerem confundem a imaginação. O fato de que os nomes das doze tribos estão inscritos nas doze portas (21.12) e que os nomes dos doze apóstolos estão inscritos nos doze fundamentos (v.14) sugere que o povo de Deus, na nova terra, incluirá tanto crentes da comunidade da aliança veterotestamentária quando da Igreja do Novo Testamento. Não haverá templo na cidade (v.22), uma vez que os habitantes da nova terra terão comunhão direta e contínua com Deus.
Os versos 24 e 26 são muitos significativos, pois nos dizem: “os reis da terra lhe trazem a sua glória [na cidade santa]... e lhe trarão a glória e a honra das nações”. Poder-se-ia dizer que, conforme essas palavras, os habitantes da nova terra incluirão pessoas que alcançaram grande proeminência e exerceram grande poder na terra atual - reis, príncipes, líderes e outros. Também poderia se dizer que qualquer coisa que as pessoas tiverem feito nesta terra, que tenha glorificado a Deus, será lembrado na vida por vir (veja Ap. 14.13). Porém, é preciso dizer mais. Não será demais dizer que, conforme estes versos, as contribuições peculiares de cada nação para a vida na presente terra enriquecerão a vida da nova terra? Deveremos então herdar as melhores produções da cultura e da arte que esta terra tem produzido? Hendrikus Berkhof sugere que tudo o que tiver tido valor nesta vida atual, tudo o que tiver contribuído para a “libertação da existência humana” será retido e acrescentado na nova terra19. Em apoio a esta idéia ele cita a seguinte sentença de Abrahm Kuyper: “Se um campo infinito de conhecimento e habilidade humanas está agora sendo formado por tudo o que acontece, com o fim de sujeitar a nós o mundo visível e a natureza material, e se sabemos que este nosso domínio sobre a natureza será completo na eternidade, podemos concluir que o conhecimento e o domínio que aqui conquistamos sobre a natureza pode e será de importância permanece, mesmo no Reino da glória”.
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