terça-feira, fevereiro 24, 2009

De dentro para fora


Lucas 18:9-14


E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

Como o evangelho muda o nosso modo de vida completamente.


Jesus nos apresenta ao problema da retidão.


Hoje a palavra retidão está ligada a uma pessoa mais conservadora, não é usada mais normalmente, talvez


No novo testamento a palavra retidão está ligada a aprovação. Por exemplo, sua filha passou na melhor universidade do Brasil, você sente feliz, acredita que ela vai ter um bom futuro. Não, você sente satisfeito, este será um dos momentos mais importantes da sua vida como pai.


Porque a retidão, neste sentido de aprovação nos pega: porque o anseio de todos nós é ser aceito.


Lemos a Bíblia, vemos esta história, e dizemos isto não tem nada a ver comigo. Será? Hoje mudamos o nome, para auto-estima.


Todos temos uma fome de reconhecimento, nos esforçamos em nosso trabalho, com nossa família, nossa vida para saciar esta fome por aprovação, glória.


Quando somos jovens provamos quão espertos ou corajosos somos, quando casamos, tentamos provar quão amáveis somos, quando temos filhos, temos que provar que somos os melhores pais, quando ficamos velhos, temos que provar quão sábios ou bem sucedidos ficamos.


As únicas pessoas que não se importam com a opinião dos outros, são as pessoas más.


De onde vem esse anseio universal, deve vir do começo de tudo, e vem. Em Genesis, depois da queda, ficamos em vergonha e desde então, estamos buscando a aprovação.


Na parábola, Jesus vai mostrar dois modos de se lidar com a retidão, o que funciona e que não funciona. Um é visto de fora para dentro e outro de dentro pra fora.


O modo de fora para dentro é o fariseu.


1. Externalismo


O entendimento de pecado ou virtude é completamente externo aqui. Não olha para o caráter ou para dentro, é tudo uma questão de comportamento. Eu não roubo, não cometo adultério, eu jejuo duas vezes por semana e dou os dízimos. Tudo que ele se gloria são atos externos, a violação é quebrar as regras de comportamento apenas.


Ele não diz eu te agradeço porque me tornei uma pessoa mais ama´vel, mais compreensiva, mais generosa.


2. Separatismo.


"Orava consigo mesmo" é uma expressão ambígua, na verdade quer dizer sobre si e para si mesmo. Ele se coloca acima de todo mundo, ele mesmo diz que não como aquele publicano.

Isso traz uma certeza que poderia evitar o pecado se ficar longe de pessoas que não compartilham seus valores, não tem sua capacidade de comportamento, ele poderia ser uma pessoa perfeita por apenas não andar com aqueles que fazem errado como o publicano.


Eu sou melhor que aquela categoria de pessoas, porque eu não roubo, não adultero, não minto, dou meu dizimo, isto tudo está na Bíblia.


Mas, jejuar duas vezes por semana não está na Bíblia, na lei mosaica só havia uma ocasião para o jejum no ano, que é o Yom Kippur.


O que o fariseu está dizendo, é eu não roubo, ele rouba isso me faz melhor. Eu não minto, ele mente, isto me faz melhor. Eu não adultero, eles adulteram, isso me faz melhor.


Mas com o jejum, ele está elevando uma preferência pessoal a um nível de lei divina, para se sentir melhor que os outros, é quando pegamos uma coisa cultural ou pessoal e a elevamos para nos sentirmos melhor que todas as outras pessoas.


Se não sabemos quem somos, não somos satisfeitos com a aprovação de Deus, fazemos isto mesmo, colocamos coisas que estamos bem, e fazemos disto nossa fonte de aprovação, e não Deus.


Em nossas igrejas, colocamos nosso jeito, nosso costume, nossa preferência e as elevamos para este nivel, então aquelas igrejas que não somos como nós, no fundo, achmaos que estão abaixo de nós, eles não são tão crentes assim como nós.
Ou mesmo no nível pessoal, quando nos separamos das pessoas que achamos que não tem nossa aptidão, nossa capacidade moral.
Isso começa quando não estamos satisfeitos conosco, aí buscamos estas coisas para nos sentirmos grandes, mas quando damos com a realidade vemos que estes comportamentos, preferências não nos dão esta grandeza que achamos que temos.
Um exemplo disto é quando achamos que quando chegamos a ser o melhor membro da igreja, o melhor pai, melhor esposo, melhor filho, melhor obreiro então chegaremos a ponto que estaremos bem, e não precisaremos de mais nada. Se vivermos uma vida boa, então saberemos que Deus nos ama, me aprova.
Esta é uma das razões pelas quais não devemos confiar na moralidade, porque se somos tão bons não ficaríamos tão obcecados em sermos aprovados, sermos reconhecidos como sujeitos bonzinhos e certinhos.
Este fariseu na história não é um hipocrita, na verdade, ele é um homem bom. Não trai sua mulher, dá o dízimo. Mas, vamos prestar atenção na oração dele, ele é um egoísta, a única vez que ele fala de Deus é no começo, e agradece a Deus por ele ser ele mesmo.
O publicano por outro lado, era como se fosse um colaborador nazista na ocupação, ele é um homem ruim.
Mas aqui o homem bom está perdido, e o homem mal está salvo, mas por que?
O problema é que parecemos tão bons pelo lado externo, que chegamos ao ponto de dizer, agora, Deus você me deve. Nossa bondade pode nos afastar de Deus, a questão aqui é que a bondade, disfarça o desejo de afastar Deus, as pessoas religiosas não se sentem assim. Os pecadores sabem claramente que estão tentando evitar Deus, mas as religiosas que tentam controlar sua vida sem Deus, acham que não por causa de sua bondade.
A estratégia de fora para dentro é muito perigosa, porque é um caminho que nos cega levando para a destruição. Como lidar com a fome de aprovação, buscamos realizar coisas que nos leva para ela, isso é o metodo de fora para dentro.
Mas vejamos, o outro modo de encarar, de dentro para fora, veja o que publicano diz.
Ele diz Deus tenha misericórdia de mim, pecador!
Ele não se compara com ninguém, porque sabe que ele é pecador, não se comparando com ninguém, ele pensa o pecado não olhando para ações individuais, ou coisas que ele faz, ele olha o pecado como parte de sua natureza mesma, como sua tendência de evitar o controle de Deus sobre sua vida, seja quando ele fez coisas más ou boas ações. Ele se arrepende seja de suas boas ações ou de suas más ações.
Misericórdia aqui, tem um sentido muito específico, ele quer dizer Deus seja meu reparador, expiador. A palavra é alestrea, a mesma palavra usada quando o santo sacerdote derramava o sangue para a expiação do pecado do povo.
Ele não está apenas dizendo Deus olhe meus pecados, me livra deles, ele está pedindo para Deus que seja seu expiador.
Hebreus 2:17, diz que
A palavra aqui também é alestrea.
Jesus se tornou o ultimo pecador para nos salvar, ele se fez expiação por nós, e assim, Ele pode entrar em nós. Você não precisa mais provar a si mesmo, Jesus já está em nós, e por sua obra, ele nos aprova.
Se começarmos internamente, com o conhecimento que somos aprovados por Jesus morar em nõs, isto muda tudo.
um exemplo: em muitas igrejas, há uma pressão para as pessoas testemunharem Cristo, e assim, serem aprovadas na igreja. O lema é melhor você testemunhar Cristo, porque assim você terá certeza que Deus te aprova, contudo, isto ou leva ao orgulho ou a decepção.
Temos que lembrar que Jesus sempre está nos amando, mesmo que não o testemunhos ou fazemos alguma coisa por Ele, o amor dele por nós está nEle mesmo, quando temos que testemunhar por aprovação de Jesus, ficamos sobrecarregados, porque começa por fora, começa com atos nossos. Mas, se começamos descobrindo que não importa o que fazemos ou não, ele continua conosco, isso muda o reconhecimento nosso da grandeza do amor de Deus por nós.
Há sempre uma tendência de fora para dentro em nós, por isto temos que sempre voltar a nossa verdadeira fonte de aprovação: a expiação de Jesus por nós.

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