Kevin DeYoung é um autor reformado, não sei se podemos chamá-lo de neo-puritano. A ortodoxia calvinista numa roupagem mais contemporânea. Enfim, no livro, ele defende que a vontade de Deus tem duas formas clássicas calvinistas, a vontade decretiva e a vontade preceptiva, a decretiva é que os planos de Deus não podem ser frustados e a segunda, seria aquela que é a sua vontade para nós, o amor e a justiça. A tal vontade diretiva, que é plano de Deus para o futuro pessoal, esta é mais uma invenção que uma realidade bíblica.
A questão em torno da vontade específica e de uma revelação especial desta vontade tem, segundo o autor, alguns fundamentos: o desejo de agradar a Deus, a timidez de viver a vida, uma realização perfeita, um monte de opções para escolher e que somos covardes.
Queremos uma antecipação do futuro por parte de Deus, como se fosse uma bola de cristal. Queremos saber, muito mais do que ter fé em Deus, queremos um plano pronto de vida e não caminhar o caminho e descobrir as realidades que Deus tem para nós.
Ele nota que buscamos esta antecipação em questões não morais, buscamos o conselho de Deus não no aspecto de uma vida de santidade e temor, mas para questões sobre dinheiro, família e emprego. O fato é incredulidade e falta de obediência, buscamos a tal vontade de Deus para postegar decisões em nossa vida, o que gera dentro da igreja ansiedade em vez de esperança.
“Esperar que Deus, através da apreensão subjetiva que temos das coisas, nos aponte a direção para toda e qualquer decisão que tenhamos que tomar, por mais trivial que seja, não só não é prático, como também é irreal. É receita certa para a decepção e falsa culpa. Além disso, está muito longe do que deve ser a intimidade com Jesus” p. 59
Onde está a vontade de Deus, no quinto capítulo, o autor aponta algumas direções: é que vivamos uma vida santa, separada; devemos sempre nos alegrar, orar e dar graças; nos é revelada para que demos frutos e conheçamos melhor, sejamos cheios do Espírito Santo. A vontade de Deus é que cresçamos a imagem e semelhança de Jesus Cristo.
No sexto capítulo, há uma lista de princípios para isto acontecer em nossa vida: 1. Deus nos guia por meio de sua providência invisível, 2. fala de formas diferentes, e guia em uma cooperação consciente, 3. Deus se comunica conosco através de Seu Filho, 4. continua a falar por meio do Seu Filho através do Espírito Santo, 5. A atuação do Espírito através das Escrituras.
Aqui, ele entra na questão que devemos buscar a sabedoria de Deus nas escrituras para vivermos o dia após dia, e não em nossas impressões ou buscar inesperados. Há uma falsa impressão de que há um caminho perfeito que precisa ser descoberto antes de ser andado, isto é apenas desculpa furada para uma vida de desobediência a Deus e falta de temor.
Ele cita a história de porta aberta e porta fechada. Como usamos isto, quando dizemos que Deus fechou uma porta tem mais a ver com nossa incapacidade ou falta de obediência do que com Deus, e quando abre a porta, tem mais a ver com o nosso desejo e com o próprio ego do que em servir a Deus. No fundo, o problema é que queremos ser os senhores da nossa vida e Deus poderia colaborar não deixando a gente se dar mal tentando fazer isto.
Mike Wells dizia que Jesus era o caminho, a verdade e a vida. Precisamos andar o caminho para descobrir a Verdade de Deus acima das nossas verdades e assim, encontrar a vida eterna. Crer é obedecer e obedecer é crer.
Acima das nossas expectativas e de nossos planos, mais satisfatório que nossa realização pessoal, mais abrangente que nossa sabedoria, crer é confiar naquilo que ainda não vimos, obediência nasce da esperança que Deus confirma os nossos passos quando andamos e nos movemos nEle, melhor que nossa ansiedade é viver sabendo que a verdadeira vontade de Deus está no meu próximo passo.
O livro é curtinho, mas muito bom, o melhor que li do autor, é super-hiper recomendado para pessoas que estão ansiosas com suas vidas ou achando que já sabem tudo sobre Deus.
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