quinta-feira, outubro 11, 2012

Watchman Nee: Propósito Eterno

No sétimo capítulo de A Vida Cristã Normal, Watchman Nee nos fala sobre o propósito eterno da criação: a glória de Deus, que temos quando somos feitos filhos de Deus por Deus em Jesus.

Se o pensamento do homem gira em torno da punição que irá advir sobre ele como consequência do pecado, o pensamento de Deus sempre está colocado na glória que o homem perderá se pecar. O resultado do pecado é que perdemos o direito à glória divina.

O objetivo de Deus era que seu Filho, Jesus Cristo,  fosse o primogênito de muitos irmãos, que seriam transformados à sua imagem. O propósito divino na criação e na redenção foi fazer de Cristo, o primogênito entre muitos filhos glorificados. 

Nee coloca a questão de que Deus não pode ficar sem a gente, citando George Cutting:

"O propósito divino na criação e na redenção foi que Deus tivesse muitos filhos. Ele nos desejava, e não Se satisfazia sem nós. Há algum tempo, visitei o Sr. George Cutting, autor do famoso folheto "Segurança, Certeza e Gozo". Quando fui levado à presença deste velho crente, de noventa e três anos, ele tomou a minha mão nas suas, e, de maneira calma e ponderada, disse: "Irmão, sabe, eu não posso passar sem Ele, e, sabe, Ele não pode passar sem mim". Embora estivesse com ele por mais de uma hora, a sua idade avançada e a sua fraqueza física tornaram impossível manter qualquer conversa, mas o que fi­cou gravado na minha memória, desta entrevista, foi a sua freqüente repetição destas duas frases: "Irmão, sabe, eu não posso passar sem Ele, e, sabe, Ele não pode passar sem mim"."

Ele também estabelece uma diferenciação entre unigênito e primogênito, Jesus é ambas as coisas, foi enviado como único para ser o primeiro de muitos, conforme o texto de Hb. 2:10. A filiação é o propósito de Deus nos muitos filhos.

No que diz respeito à sua divindade, Jesus permanece como único filho de Deus, mas, Ele também é o primogênito a partir do momento da ressurreição e por toda a eternidade.  Se nascemos de novo, somos feitos co-participantes de sua natureza divina, conforme 2Pe. 1:4, estamos na dependência de Deus em Cristo Jesus.  

Foi por meio da encarnação e cruz que Jesus tornou possível sermos filhos de Deus, Ele satisfez a Deus em sua obediência e assim, pode nos ter, como seus filhos.

Somos filhos de Adão. Ele foi criado inocente, não possuia o conhecimento do bem e do mal. Nee explica assim:

Qual é, pois, o significado destas duas árvores? Adão, por assim dizer, foi criado moralmente neutro — nem pecador nem santo, mas inocente — e Deus colocou estas duas árvores no Jardim para que ele pudesse pôr em prática a faculdade de livre escolha de que era dota­do. Podia escolher a árvore da vida, ou escolher a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Ora, o conhecimento do bem e do mal, embora a Adão tivesse sido proibido, não é mau em si mesmo. Sem ele, Adão está limitado e não pode, por si mesmo, decidir em questões de ordem moral. O julgamento do que é certo e bom não lhe pertence, e, sim, a Deus, e o único recurso de Adão, quando tem que encarar qualquer problema, é remetê-lo a Deus. Assim, há no Jardim uma vida que depende totalmente de Deus. Estas duas árvores representam, portanto, dois princípios profundos; simbolizam dois planos de vida, o divino e o humano. A "árvore da vida" é o próprio Deus, porque Deus é a vida, a mais elevada expressão da vida, bem como a fonte e o alvo da vida. O que representa o fruto? É nosso Senhor Jesus Cristo. Não podemos comer a árvore, mas podemos comer o seu fruto. Ninguém é capaz de receber Deus, como Deus, mas podemos receber o Senhor Jesus Cristo. O fruto é a parte comestível, a parte da árvore que se pode receber. Podemos assim dizer, com a devida reverência, que o Senhor Jesus Cristo é realmente Deus, em forma recebível: Deus, em Cristo, po­de ser recebido por nós.


Diante de Adão, foram colocados dois planos de vida: a vida divina em dependência de Deus e a vida humana com seus recursos independentes. Adão escolheu a autonomia em relação a Deus. Assim, por sermos seus filhos, nos tornamos pecadores, dominados pelo inimigo, sujeitos à lei do pecado e da morte, merecendo a ira de Deus sobre a nossa vida.

Todos nós devemos ir até a cruz de Cristo, para que a velha vida seja morta, o velho-eu. Deus nos incluiu na morte de Seu Filho, aniquilando o último Adão e tudo que pertencia a ele.

Depois, Cristo ressuscitou em nova forma; ainda com um Corpo mas "no espírito"; não mais "na carne". "O último Adão, porém, é espírito vivificante" (I Co 15.45). O Senhor Jesus agora tem um Corpo ressurreto, espiri­tual, glorioso e, desde que não está mais na carne, pode agora ser recebido por todos. "Quem de mim se alimenta, por mim viverá", disse Jesus (João 6.57). Os judeus acha­ram revoltante a idéia de comer a Sua carne e beber o Seu sangue, mas, evidentemente, não podiam recebê-Lo então, porque Ele estava, literalmente, na carne. Agora que Ele está no Espírito, cada um de nós pode recebê-Lo, e é participando da Sua vida ressurreta que somos constituídos filhos de Deus. "A todos quan­tos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus... os quais nasceram... de Deus" (João 1.12,13). Deus não está empenhado em reformar a nossa vida; o Seu pensamento não consiste em trazê-la a certo grau de aperfeiçoamento, porque a nossa vida situa-se num plano essencialmente errado. Naquele plano, Ele não po­de agora levar o homem à glória. Tem que criar um novo homem, nascido de Deus, nascido de novo. A regeneração e a justificação caminham juntas.



Então, hoje nossa única esperança é receber o Filho de Deus, sua vida em nós nos faz filhos de Deus.  Com Cristo, temos muito mais do que Adão poderia ter:

O que nós hoje possuímos em Cristo é mais do que Adão perdeu. Adão era apenas um homem desenvolvido. Permaneceu naquele plano e nunca possuiu a vida de Deus. Mas nós, que recebemos o Filho de Deus, recebemos não só o perdão dos pecados, mas também recebemos a vida divina que estava representada no Jardim pela árvore da vida. Pelo novo nascimento, recebemos algo que Adão nunca tivera e não chegara a alcançar.

Hoje temos uma vida que Deus tem no céu, porque Ele nos deu aqui na terra, esta é a razão de nossa vida santa, porque não se trata de uma vida modificada ou melhorada, mas uma vida concedida por Deus a cada um de nós.

Nenhum comentário: