quarta-feira, julho 23, 2014

Romanos 3:1-20: Todo mundo precisa do Evangelho



ROMANOS 3:1-20:
Qual é, logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?  
3.2   Muita, em toda maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas. 3.3   Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus?  3.4   De maneira nenhuma! Sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso, como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras e venças quando fores julgado. 3.5   E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura, será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como homem.) 3.6   De maneira nenhuma! Doutro modo, como julgará Deus o mundo?  3.7   Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador?  3.8   E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa.  3.9   Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,  3.10   como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 3.11   Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus.  3.12   Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.  3.13   A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;  3.14   cuja boca está cheia de maldição e amargura.  3.15   Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.  3.16   Em seus caminhos há destruição e miséria;  3.17   e não conheceram o caminho da paz.  3.18   Não há temor de Deus diante de seus olhos.  3.19   Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.  3.20   Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.


ESCLARECIMENTOS: PERGUNTAS E RESPOSTAS.

Nos primeiros oito versos deste capítulo, Paulo antecipa e responde algumas objeções que o capítulo 2 poderia ter criado junto a igreja de Roma. Paulo era um grande evangelista e ele se coloca no lugar das pessoas que estão lendo sua carta, pensando como elas e tentando buscar uma resposta para suas questões. Poderíamos pensar, seguindo Keller,  nestes versículos como perguntas e respostas:

verso 1: Paulo, você está dizendo que não há vantagem em uma religião bíblica?
verso 2: Eu não estou dizendo isto, há um grande valor em ter e conhecer as palavras de Deus.

verso 3a: Sim, mas estas palavras falharam porque muito não tem acreditado no evangelho da justiça revela no Filho de Deus Jesus. O que aconteceu com estas promessas?
verso 3b-4: Apesar do fracasso de seu povo de crer, as promessas de Deus para salvar estão avançando. Nossa incredulidade só revela quão comprometido Deus está com a sua verdade- pense no que Ele fez para ser fiel as suas promessas.

verso 5: Mas se o injusto é necessário para a justiça de Deus ser vista, como pode ser justo Deus nos julgar?
verso 6: Baseado nisto, Deus não julgará ninguém no mundo.  E todos nós concordamos que Deus deverá julgar.

verso 7-8: Então, se quando eu peco faz Deus parecer melhor, isto significa que devo pecar mais para que sua glória seja melhor vista?
verso 8: Eu estou sendo acusado de pensar isto, mas não estou. A atitude de dizer que se peca para ser mais amado por Deus e absolutamente digna de julgamento.


TODOS ESTÃO PERDIDOS.

3.9   Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,  3.10   como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.

Estar sobre o pecado ou ser injusto é a mesma coisa. Ser injusto é uma termo de posição, nós estamos diante de Deus não certos diante dele porque nós erramos com Ele e com os outros. Só há dois tipos de posição neste mundo: sobre o pecado ou sobre a graça. A declaração de Paulo é tanto judeus como gregos, religiosos ou irreligiosos, todos estão sob o pecado.  Tanto os libertinos como os moralistas estão sob o pecado.

COMO O PECADO AFETA OS PECADORES

Paulo faz uma longa lista dos efeitos do pecado sobre nós. Não apenas precisamos aceitar que somos pecadores como também entender a realidade do problema da nossa pecaminosidade. São sete efeitos que ele lista:

1. Nossa posição legal.
Ninguém está legalmente direto, e nenhuma obra de ninguém pode mudar isto. Nós somos culpados e condenados:  3.10   como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.

2. Nossas mentes:
3.11a  Não há ninguém que entenda;  Por causa de nossa natureza está corrompida pelo pecado, não entendemos a verdade de Deus. Estamos obscurecidos em nosso entendimento (Ef 4:18). A ignorância não causa a dureza de nossos corações, é a dureza do nosso coração que leva a ignorância. Isto porque nosso egoísmo pecaminoso nos leva a filtrar a realidade numa forma de negação, estamos cegos para muitas verdades.

3. Nossos motivos:  
3.11b   não há ninguém que busque a Deus. Nenhum de nós realmente busca a Deus, nós estamos correndo e nos escondendo dele em tudo que fazemos, mesmo na religião ou na moralidade.

4. Nossas vontades: 
3.12   Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.Isto ecoa Isaías 53:6 "Todos nós, como ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós." . O pecado pode ser definido pela nossa demanda por auto-determinação, pelo direito de escolher nosso próprio caminho.

5. Nossas línguas:
3.13   A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;  3.14   cuja boca está cheia de maldição e amargura.  Somos enganosos, venenosos, amargos e amaldiçoadores. Palavras pecaminosas são sinais de decadência, usamos nossa língua para mentir para proteger os nossos próprios interesses e para prejudicar os interesses dos outros.

6. Nossos relacionamentos:
3.15   Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.  3.16   Em seus caminhos há destruição e miséria;  3.17   e não conheceram o caminho da paz.  É assim que o pecado afeta os nossos relacionamentos, estamos em busca do sangue do outro. Por que ficamos com raiva das pessoas? Porque elas bloqueiam o nosso acesso a um ídolo- elas comprometem o nosso conforto, ou impedem a gente de uma promoção ou nos faz sentirmos fora do controle. Quando não vivemos uma vida desfrutando da aprovação de Deus no evangelho, nós não conhecemos paz em nós mesmos, nem podemos viver em paz com os outros.

7. Nosso relacionamento com Deus: 
3.18   Não há temor de Deus diante de seus olhos. 

Esta é uma lista detalhada que nos diz que ninguém busca a Deus e ninguém faz o bem e termina dizendo que ninguém teme ao Senhor.

POR QUE  NÃO BUSCAM A DEUS?

Paulo não está dizendo que ninguém não busca por bênçãos espirituais ou ninguém busca que Deus responda suas orações ou paz, experiências e poder espiritual. O que Paulo está dizendo que ninguém baseado em si mesmo, por sua própria decisão e habilidade busca encontrar a Deus.

Paulo está dizendo é que nosso auto-centrismo pecaminoso controla toda a busca espiritual por significado e experiência. Então, simplesmente nós buscamos as bênçãos de Deus, mantendo o controle com a gente e esperando que Deus nos sirva e mude a si mesmo para caber em nossas necessidades. Não queremos nos submeter a Deus, dar a Ele o controle de nossa vida e futuro, desfrutar dEle por quem Ele é e experimentar suas bençãos num relacionamento com Ele enquanto pedimos para que Ele nos transforme enquanto nós servimos a Ele.

Quando nós consideramos nosso caminho para encontrar Deus, devemos perceber que não o encontramos, mas Ele nos achou. Decidimos por a nossa fé nele apenas porque ele decidiu para a nós a fé. Que diferença isto faz? Você vai se alegrar vendo que Deus não está tentando se esconder de você, e todas as coisas que você sabe sobre Ele foi Ele quem as revelou para você. Você ficará humilhado pela verdade que não há nada bom ou sábio em você que poderia ver Deus, que você não tem nada que não foi dado (1Co 4:7). Você estará confortado e confiante que Deus começou e irá concluir a sua obra em sua vida (Fp 1:6). 

A salvação não começa quando você decide buscar Deus, mas com Ele escolhendo buscar você. 

PORQUE A BONDADE NEM SEMPRE É BOA.

3.12   Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.

Pode parecer um exagero falar que ninguém faz o bem? Muitas pessoas fazem coisas boas, mas o foco de Paulo é o nosso relacionamento com Deus e se nossas boas obras poderiam consertar este relacionamento quebrado ou se elas poderiam estabelecer uma retidão por si mesmas. O ensino é que nossas boas obras não podem fazer nada para nos salvar. De fato, elas podem nos levar para longe da retidão e não perto.

A Bíblia enxerga uma boa obra verdadeira tanto em sua forma como em sua motivação. Uma boa obra aos olhos de Deus é sempre aquela realizada para a glória dele e não a nossa (1 Co 10:31).

Se você sabe que Deus ama você em Cristo, não há nada que você pode fazer ou precisa fazer a não ser aceitar sua perfeita retidão, então toda boa obra é feita como um presente a Deus. Mas, se você pensa que pode manter sua salvação fazendo boas coisas, é você que que esta alimentando sua salvação, a glória é sua. Sem a fé em Cristo, boas obras não são realmente para Deus, mas para nós mesmos -e por isto deixam de ser boas.

Se fazemos boas coisas para ganhar o favor de Deus, a bênção ou salvação nós ficaremos nos sentindo superiores ou complacentes. 

Temos que entender isto para sermos cristãos salvos e não não-salvos religiosos. A principal diferença entre um cristão e um religioso não é muito sua atitude em relação ao pecado, mas em relação as boas obras. Ambos irão se arrepender de seus pecados, mas apenas os cristãos irão se arrepender das motivações erradas em suas boas obras, enquanto as pessoas religiosas vão descansar nelas.

SEM TEMOR

O temor do Senhor é um conceito central nas Escrituras.  O temor não é simplesmente o medo da punição, mas é uma atitude interna de respeito, maravilha, uma alegria diante da grandeza de Deus. 

O temor é o antidoto tanto para a nossa não busca de Deus, com temor buscamos a face do Senhor. E também para a nossa língua, porque somente se a glória de Deus não for real para você haverá espaço para mentira e maldade.


A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DO SILÊNCIO.

 3.19   Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus.  3.20   Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.

O efeito de conhecer a lei não deve ser uma posição de orgulho, mas de silêncio. Qualquer um que lê a lei do Senhor somente pode responder eu sou um pecador, eu não tenho nada para dizer para Deus, nenhuma defesa para fazer ou oferta. Eu estou numa situação desesperadora.

No evangelho, a justiça de Deus é revelada (1:16). Tudo que precisamos é vir a Cristo com as mãos vazias e receber sua retidão. Se viemos a Deus dizendo que somos bons e ofertar nossas obras de bondade como a nossa retidão, não podemos ter a retidão que Ele dá pela graça. Precisamos abrir mão de nossa bondade e nos arrepender de nossa religiosidade como também de nossa rebelião, precisamos vir com mãos vazias, bocas silenciosas e receber.

O principal motivo ... da lei ... é fazer com que os homens sejam, não melhores, mas piores; quer dizer, ela lhes mostra o seu pecado, para que a partir desse conhecimento eles possam ser humilhados, aterrorizados, esmagados e quebrantados, e, dessa forma, sejam levados a sair em busca da graça e chegar assim àquela Semente abençoada [Cristo].Concluindo, qual deveria ser a nossa reação diante do quadro devastador que Paulo nos apresenta com respeito ao pecado e à culpa universal, principalmente se o enxergamos à luz deste final do século vinte? Não seria melhor desviarmos o olhar e mudarmos de assunto? Para evitá-lo, quem sabe poderíamos falar da nossa necessidade de auto-estima, ou então jogar a culpa pelo nosso comportamento em nossos genes, nutrição, educação ou sociedade. Uma parte essencial da nossa dignidade como seres humanos consiste em que, não importa o quanto tenhamos sido afetados por influências negativas, não nos tornemos vítimas inúteis desse processo, mas, pelo contrário, assumamos a responsabilidade pela nossa conduta. Nossa primeira resposta à acusação, portanto, seria certificar-nos o máximo possível de que nós mesmos aceitamos como certo esse diagnóstico divino de nossa condição humana, e que, para escapar do justo juízo de Deus sobre os nossos pecados, nos abrigamos no único refúgio seguro que existe: Jesus Cristo, que morreu pelos nossos pecados. Afinal, não temos nenhum mérito para o qual apelar e nenhuma desculpa a alegar. Diante de Deus, nossa situação é exatamente a mesma: somos condenados, e nada temos a dizer. Somente então estaremos prontos para ouvir o magnífico "Mas agora" do versículo 21, com o qual Paulo começa a explicar como Deus interveio, através de Cristo e sua cruz, para a nossa salvação.(JOHN STOTT, A MENSAGEM DE ROMANOS, p. 58)

BIBLIOGRAFIA:

Romans 1-7 For You de Timothy Keller 




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