sexta-feira, abril 27, 2007

EUA e China precisam de um Einstein


Estive pensando sobre a China conforme eu lia a nova biografia de Walter Isaacson sobre Albert Einstein. A China não é nem mencionada no livro – “Einstein: His Life and Universe” – mas a história estimulante e provocativa de Isaacson sobre a carreira de Einstein se encaixa em dois polêmicos debates sobre a China.

Primeiro, o que a vida de Einstein nos diz sobre a relação entre liberdade e criatividade? Ou para falar de maneira simples, quando a China censurou o Google e mantém rígidos controles políticos enquanto estabelece a economia de mercado?

Segundo, como competimos com a China, não importa quão livre nós somos, quando tantos jovens na China estão estudando matemática e ciência e muitos de nós estamos largando os estudos? Ou para colocar mais simples ainda: se Einstein estivesse vivo hoje e aprendesse ciência da maneira chata que é ensinada, ele não acabaria em um fundo de Wall Street ao invés de desenvolver teorias da relatividade para o Prêmio Nobel?

A visão de Isaacson sobre a vida de Einstein é que ela é um testemunho da ligação inquebrável entre liberdade humana e criatividade.

“Todo o tema do último século, e da vida de Einstein”, disse Isaacson em uma entrevista, “é sobre pessoas que fugiram da opressão para poderem ir a lugares para pensarem e se expressarem. Einstein foge da rotina de aprendizado e autoritarismo da Alemanha enquanto era adolescente em 1890 e vai para a Itália e Suíça. E então ele foge de Hitler para vir à América, onde ele resiste ao macartismo e ao stalinismo porque ele acredita que a única maneira de ter criatividade e imaginação é promover o pensamento livre – pensamento livre rebelde”.

Se você olhar para as principais teorias de Einstein – relatividade especial, relatividade geral e a teoria quântica da luz – “as três vêm de tomar sobressaltos rebeldes imaginativos que descartaram a sabedoria convencional”, disse Isaacson. “Einstein pensou que a sociedade mais livre com o pensamento mais rebelde seria a mais criativa, pensadores imaginativos, ao invés de tentar controlar a expressão”.

Meu instinto me diz que está certo, mas minha mente diz para não ignorar algo que Bill Gates disse na China outro dia: que colocar computadores, educação e a internet na mão de mais e mais chineses está não só tornando um enorme mercado de software, “mas também uma contribuidora para esse mercado. A inovação aqui está avançando rápido A China atingirá um teto em inovação devido ao seu autoritarismo político? É isso que precisamos esperar para ver.

Enquanto isso, nós devemos prestar atenção às observações de Isaacson sobre Einstein: Ele achou belezas absolutas e prazer criativo em ciência e equações. Se somente nós pudéssemos sermos conduzidos na maneira em que aprendemos ciência e matemática, talvez pudéssemos educar outro Einstein – homem ou mulher – e não se preocupar que tantos engenheiros e cientistas em nossas escolas são da China a ponto das aulas serem dadas em chinês que as aulas possam ser ensinadas em chinês.

“O que Einstein pode fazer foi pensar visualmente”, Isaacson explicou. “Quando ele olhou para as equações de Maxwell quando tinha 16 anos, ele visualizou que isso seria como ir ao lado de uma onda de luz e tentar pegá-la. Ele percebeu que essas equações descreviam algo impressionante na realidade.

“Ao poder visualizar e pensar com imaginação sobre ciência, ele pode ver o que os outros cientistas acadêmicos não viram, que é como tentar pegar um raio de luz, as ondas viajam rápido igual, mas o tempo diminui para você. Foi um pensamento que os mais treinados cientistas não puderam ter porque eles não tinham imaginação visual”.

Se quisermos que nossos filhos aprendam ciência, não podemos tratá-la como essa coisa chata e intimidante. “Temos que lembrar nossos filhos que uma equação matemática ou uma fórmula científica é somente um pincel que Deus usa para pintar uma das maravilhas da natureza”, disse Isaacson, “e nós devemos olhar para ela como sendo algo belo como arte, literatura ou música”.

Minha citação preferida de Einstein é que “imaginação é mais importante do que conhecimento”. Uma sociedade que restringe a imaginação provavelmente não produzirá muitos Einsteins – não importa quão educada uma sociedade seja. Mas uma sociedade que não estimula a imaginação quando se trata de ciência e matemática também não – não importa quão livre ela seja.

Para mim, ao ler o livro de Isaacson, isso se Einstein estivesse vivo hoje, ele diria para a América e para a China que eles têm lição de casa para fazer.

Thomas L. Friedman

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