PRIMEIRA PARTE: UM POVO SEM LAICATO E CLERO
1. Teologia do Povo
O autor constrói as variáveis existentes e propõe uma nova construção de uma teologia do povo, “laos”, uma teologia que vá além da dicotomia clero-laico. Sobre esta incoerência evangélica:
“Entrar no trabalho de Deus significa tornar-se pastor ou missionário e não ser colaborador de Deus em Sua obra criadora, sustentadora, redentora e aperfeiçoadora, tanto na igreja como no mundo” (p.15)
2. Reiventando o Laicato e o Clero
O autor aponta nas Escrituras a insensatez da divisão.
A palavra laicato vem de dois termos:
1- laikos surge com Clemente de Roma, no fim do Séc. I, em sua carta aos corintios para descrever o ugar do laicato na adoração quando os presbíteros estavam sendo privados de suas funções.
2-idiotés, que significa leigo em contraste com um perito- especialista. O termo é usado em 1 Corintios 14:23 para descrever o individuo fora da igreja que entra numa reunião cristã totalmente despreparado e não consegue compreender o que está acontecendo, se referindo a pessoas não cristãs.
O laos de Deus
Não significa despreparado ou comum, mas o povo de Deus- um povo realmente extraordinário (Ef. 4:11-12). “Existe uma continuidade notável no povo de Deus sob a Antiga Aliança com respeito á sua consciência de ser um povo, mas uma descontinuidade no Antigo Testamento com respeito à liderança (Gordon Fee, p. 31)
Povo sem clero
Uma definição inaceitável de clérigo é que se trata de lideres que ganham seu sustento por meio do evangelho ou que se envolvem no serviço religioso por conta da remuneração. (p. 32)
O termo kleros aparece em At. 8.21, At. 26:17-18, Ef.1.11, Gl 3:29, Cl 1.12 como herança compartilhada entre todos os crentes, nunca significando uma posição individual especial.
“O novo testamento mostra um mundo de dons universais, capacitação universal do povo de Deus mediante o dom do Espírito Santo, ministério universal e a experiencia universal do chamado de Deus por todo o povo de Deus” p.33
3. Um Deus- Um povo
Por que buscar abolir o conceito de laicato e sua separação do clero? Para a recuperação de todo o povo de Deus como verdadeiro ministério do Senhor.
Sir John Lawrence traduz o preconceito comum:
“O que o leigo quer realmente? Quer um prédio que pareça uma igreja; um clérigo vestido de maneira aprovada por ele; serviços do tipo a que está acostumado e ser deixado em paz” p. 49
Um Deus – Três Pessoas – Um Povo
At. 15:14
“ identidade do laos vem da Trindade – um povo em comunhão com Deus – e a vocação do laos tem também origem na comunhão com Deus. Desta forma, tanto o ser como o fazer, tanto a identidade como a vocação do laos serão considerados”(p 52)
O ministério é gerado em Deus, que continua Seu ministério por meio do Seu povo, começa quando nos unimos a Deus ( Jo. 1:12) e temos comunhao com o Pai e seu Filho (1 Jo. 1:3)
“O ministério de Deus é criativo e unitivo ( Jo. 17.21-23) e não apenas curativo e redentor, constituindo assim uma definição mais ampla de sevico e relacionamento do que é geralmente atribuído ao termo ministério. Como o seu Deus, o povo de Deus tem um ministério tanto criativo (fazer) como restaurador ( ministério de reparação): um ministério tanto unitivo (que liga) quanto curativo (que corrige) - desafiando assim a preocupação evangelica comum com a Grande Comissão ( Mt. 28.19-20) como a definição exclusiva de ministério, por mais importante que essa ordem seja”. (p. 53)
Pericorese
Doutrina dos pais capadocios que ensinavam que a essência de Deus é relacional, que Deus existe em uma pluralidade de pessoas distintas unidas em comunhão. Buscando evitar coletivismo ou individualismo, falava-se em pericorese – reciprocidade, intercambio, dar e receber sem obscurecer).
“As três pessoas da Trindade “ estando uma na outra” são atraídas para a outra, contidas na outra, interpenetram uma à outra ao extrair vida e derramar vida uma na outra- como a comunhão do amor” Edwin Hui p. 55
“A doutrina da pericorese associa de maneira brilhante a trindade e a unidade, sem reduzir a trindade à unidade, ou dissolver a unidade na trindade” Jurgen Moltmann p. 55
O laos significa que os membros do povo de Deus tem comunhão com Deus e uns com os outros sem se fundir com Deus ou uns com os outros. Numa comunhão participatoria e pessoal- Fp. 3:12
1 Co 12
“O laos não tem uma unidade de purê de batatas, como é algumas vezes alegado, mas uma rica unidade social na qual cada membro se torna mais ele mesmo, experimentando uma vida comunitária fora-de-si-mesmo (extática). A unidade não é meio para o fim- uma necessidade prática para realizar o serviço da Igreja. Unidade é o fim, o alvo, o próprio ministério” (p. 56)
Ser laos significa ser simultaneamente ser comunitário e pessoal. “Deus que é comunidade do Pai, Filho e Espírito, criou uma comunidade que expressa a vida do amor de Deus na Terra”.
Na igreja pericorética.
1º. Não existe membro individual.
“No individualismo granular da cultura ocidental, a unidade básica da igreja é o membro individual. Mas, para Paulo,a unidade básica da Igreja é a Igreja!” (p. 58)
2º. Não há hierarquia de ministérios.
3º. Todos os membros do laos de Deus pertencem uns aos outros, ministram uns aos outros, precisam uns dos outro e contribuem para a rica unidade e ministério do todo.
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