terça-feira, fevereiro 12, 2008

O Sagrado, o profeta e o jumento por Nilton Bonder


Capítulo 1- Você não é especial.

Para desmacarrar a doutrina egoísta da lei da atração & segredo, Bonder tece alguns comentários baseados em Nm 23, sobre o segredo ser mais importante que o sagrado, o autor diz que se deve a cultura egoísta atual, onde a vitória individual é mais importante que uma vitória compartilhada, onde caminhos descobertos para si mesmo são os únicos caminhos, não há mais uma jornada coletiva da humanidade- o sagrado.

Em entrevista ao Jornal do Brasil em 25.11.2007, ele diz:

O segredo é pernicioso ao dizer que as pessoas são especiais. O livro diz, basicamente, que as pessoas podem pedir o que quiserem ao universo porque são especiais e não apenas um código de barras nesta civilização. A ciência nos relembra constantemente de nossa pequenez em relação ao sistema solar. Sentimo-nos oprimidos, desvalorizados. Qual é o significado da vida? De repente, nenhum. O planeta vai acabar, vai aquecer. Olhar as espécies sendo extintas é uma mensagem aterradora. O racionalismo nos diz: "Não, você não é especial. Toque sua vida, pois pode cair um meteoro e acabar com tudo num instante". O segredo faz parte de uma perspectiva mágica, esotérica, que retruca: "Você é o centro do universo, existe uma lei da atração que permite que você peça e consiga as coisas". Nesse sentido, a obra tem grande importância no século 21, com todas as ameaças que estamos vivendo. Daí seu sucesso editorial e sucesso de tudo o que é oculto, a explosão de interesse por cabala e por outras coisas feitas para ajudar as pessoas a descobrirem que podem chegar aos segredos do mundo.


Sobre Números 23:

"Se eu quero a lei da atração que torna tudo possível, então não há interdição definitiva. Deve haver algum jeito, alguma mágica, algum segredo que possa contemplar o meu desejo, basta encontrar o caminho. É isso que Bilam conhece na segunda vez que fala com Deus" (p. 32)

"Grande é Deus que coloca as espadas não nas mãos dos homens, mas nas dos anjos. São eles que têm a última palavra sobre a quem se adequa a fatalidade. Para nós humanos a fatalidade não existe, o que, sim, existe é a intolerância aos caminhos bloqueados e a intransigência do desejo que cegamente chicoteia o destino querendo se impor" (p. 40)


"O verbo usado em hebraico com o sentido de bloquear é o mesmo da raiz de satã (liston). Satã é o bloqueio que nos faz perder dons. Bilam, o profeta, está surdo e cego. Bilam está distanciado de Deus exatamente porque o escuta com uma escuta conspurcada por seu desejo. Um Deus sem autonomia é a declaração de nossa solidão, de nossa perda do mais íntimo e sagrado diálogo". (p. 41)

2. O melhor e mais comum.

"A bênção não diminui quando repartida, mas surpreendemente se reforça e se propaga. A bênção contagia e não se fragmenta. Aliás, essa é sua característica maior. Para saber se algo é um desejo atendido ou uma bênção, basta fazer o seguinte teste: se ao ser compartilhado ele perder o valor ou intensidade, ele terá sido então fruto do desejo; se, ao contrário, ele se expandir e se desenvolver, terá sido uma bênção" (p. 69)

4. Lei da Tração

A lei da tração postula que tudo que puder ser carreado para o campo de nosso interesse, o será . Há uma tendência humana em preferir o design e a estética que nos favorecem" (p. 111)


5. Eu? Não, Tu!
"Ofereça a um peregrino um atalho e ele terá certeza de que você não é um companheiro de jornada" (p. 127)

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