quinta-feira, março 11, 2010

N.T. Wright: Surpreendidos pela Esperança



Confusão sobre o paraíso.


"Aqueles que veem a morte como o esperado momento de ir para casa, em que seremos chamados à paz eterna de Deus, não tem motivo para entrar em conflito com pessoas sem escrúpulos, dispostas a destruir o mundo se isso lhes trouxer algum benefício. A crenaça na ressureição sempre vem acompanhada por uma forte visão da justiça de Deus. Essa crença não leva a uma tolerância passiva diante das injustiças do mundo, mas a uma firme determinação de lutar contra as injustiças do mundo. É como dizer que os evangélicos inglesses desistiram de tentar melhorar a sociedade (veja o exemplo de Wilberforce, no final do sec. 18 e início do 19) ao mesmo tempo que deixaram de crer na ressureição e se conformaram com um céu sem corpos encarnados" p. 45
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3. A Esperança Cristã Primitiva em seu contexto histórico.
Tom Wright descreve um incidente que ocorreu entre Wittgenstein e Popper, sobre o qual os relatos são contraditórios.
Para o mundo pagão antigo, a estrada que leva ao mundo inferior tem apenas um sentido. A morte possui poderes ilimitados, ninguém consegue escapar ou resistir a essa realidade. (p.53)
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O Aspecto Surpreendente da Esperança Cristã Primitiva.
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"Paraíso é o delicioso jardim de descanso para o povo de Deus à espera da ressureição. Quando Jesus declarou que havia muitas moradas na casa do seu Pai, ele usou a palavra moné, que tem o sentido de moradia temporária. Quando Paulo disse que desejava partir e estar com Cristo, o que é muito melhor, ele estava de fato pensando em uma vida de delicias ao lado do Senhor, em seguida à morte, mas esta seria apenas o preludio da ressureição (Lc 23,45, Jo 14.2, Fp 1,23 com 3, 9-11, 20-21). Quanto à discussão no capítulo anterior, os cristão primitivos acreditavam em dois estágios no futuro: primeiro, a morte e o que viesse logo após, segundo, uma nova existência corpórea em um mundo refeito" p. 59
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"Somente no fim do século segundo, cerrca de 150 anos depois da epoca de Jesus, algumas pessoas começaram a usar a palavra ressureição com um significado diferente do que ela tinha no judaísmo, isto é, como uma experiência espiritual no presente, levando a uma esperança desligada do corpo no futuro. Durante os dois primeiros séculoss, a ressureição, no sentido tradicional, mateve-se no centro das discussões" p.60
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"O contraste que ele está fazendo não é entre o que entenderíamos por um corpo físico presente e um corpo espiritual futuro, mas entre um corpo presente animado pela alma humana normal e um corpo futuro, animado futuro pelo Espírito de Deus" p.61
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"Não podemos esquecer que ressuscitar não significa ir para o céu ou escapar da morte ou ainda desfrutar de uma existência gloriosa após a morte, mas voltar à vida física depois de uma morte corpórea. É por isso que, logo depois da transfiguração, quando Jesus diz a seus discipulos para não mencionarem a visão até que o Filho do homem tenha ressuscitado dentre os mortos, eles ficam confusos, e se perguntam o que isso poderia significar, se seria um evento que lhes permitiria falar as pessoas sobre detalhes da vida de Jesus, ou um evento que todo o nosso mundo de Deus renasceria" p.63
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"Minha compreensão do que isso significa, em sintonia com o pensamento de Crossan, é que como os cristãos primitivos acreditavam que a ressureição teria começado com Jesus,e seria concluída na grande ressureição final no último dia, eles acreditavam também que Deus os havia chamado para serem seus colaboradores, no poder do Espírito Santo, na realização da obra de Jesus na vida pessoal e política, na missão e na santificação, antecipando assim a ressureição fianl. Deus não estava apenas iniciando o fim, se Jesus, o Messias, era o próprio fim e o futuro de DEus manifestado no presente, então aqueles que pertenciam a ele, que eram seus discípulos, capacitados pelo seu Espírito, deveriam transformar o presente, à luz do futuro." p. 63
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A ESTRANHA HISTÓRIA DA PÁSCOA.
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A primeira coisa que observamos em relação às narrativas da ressureiçã é a ausência de referências bíblicas.
A segunda característica estranha da história é mais frequentemente observada, a presença de mulheres como testemunhas principais.
A terceira característica estranha diz respeito ao modo como Jesus é retratado nos Evangelhos.
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"A realidade é que a ressurreição nõa pode simplesmente ser percebida a partir do velho mundo de fraqueza e negação, tirania e tortura, desobediência e morte. Repetindo: a ressurreição não é, nem nunca foi, um evento particularmente estranho dentr do mundo presente (embora também seja isso), ela é, principalmente, o evento definidor da nova criação, o mundo que está nascendo com Jesus" p.88

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