sexta-feira, março 25, 2016

“É a submissão”, disse suavemente Rediger. “A ideia assombrosa e simples, jamais expressada antes com essa força, de que o auge da felicidade humana reside na submissão mais absoluta. É uma ideia que eu hesitaria em expor perante meus correligionários, que eles talvez julgassem blasfematória, mas para mim há uma relação entre a absoluta submissão da mulher ao homem, tal como a descreve Histoire d’O, e a submissão do homem a Deus, tal como o encara o islã. Veja bem”, continuou, “o islã aceita o mundo, e aceita-o em sua integralidade, aceita o mundo como ele é, para falar como Nietzsche. O ponto de vista do budismo é que o mundo é dukkha — inadequação, sofrimento. O próprio cristianismo manifesta sérias reservas — Satanás não é qualificado como ‘príncipe deste mundo’? Para o islã, ao contrário, a criação divina é perfeita, é uma obra-prima completa. No fundo, o que é o Alcorão senão um imenso poema místico de louvação? De louvação ao Criador e de submissão às suas leis. Em geral

“Quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é, para o povo e para cada porção do povo, o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável dos deveres”.

Submissão (Michel Houellebecq)

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