terça-feira, setembro 04, 2018

CRUCIFICAÇÃO: a gravidade do pecado


A gravidade do pecado



O conhecimento do pecado como uma boa noticia

Não há modo de ajudar as pessoas para o conhecimento do pecado exceto oferecendo as noticias do proposito preveniente em superar o pecado através da cruz de Cristo. A luz de Cristo revela o pecado pelo brilho da redenção que Ele já alcançou.

Apenas aqueles que tiveram seus olhos abertos para a luz de Cristo se alegram ao ter seus feitos expostos.

Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, Judas 1:24



A ação da graça de Deus precede  nossa consciência do pecado, assim quando percebemos a profundidade de nossa própria participação na escravidão do pecado simultaneamente reconhecemos o amor incondicional de Cristo, que é a perfeita liberdade. Reconhecemos este amor não das profundezas do inferno que estamos nos afundando, mas da perspectiva do paraiso que Deus está preparando para nós. Confissão e Celebração andam juntas.



Antes da culpa, graça.

Temos a tendência de recolocar  a historia cristã em termos de culpa e falta individuais que podem ser vencidas através de uma decisão para o arrependimento. Isto enfraquece o evangelho em seu coração. O germe da proclamação cristã é apresentação que o arrependimento humano sozinho é incapaz , apenas a incursão da graça de Deus nos previne da auto-destruição.



Não o homem que está perdido, mas aquele que é salvo é capaz de entender que era pecador. Assim, o conhecimento do próprio pecado vem como um bom conhecimento pois vem da graça de Deus.



Não é possível uma adequação representação do significado da crucificação sem uma profunda resposta pessoal para o problema do pecado. A resposta humana para a preveniente graça de Deus é o reconhecimento de sua condição pecaminosa e a confiança na graça infalível de Deus.

Salmo 51:2,4-9

O senso do pecado surge não de uma culpa sozinha, mas de uma busca por Deus e sua bondade. Deus está movendo o coração da pessoa antes mesmo dela notar esta operação. Ao apresentar o evangelho, não começamos tentando convencer as pessoas do pecado. O movimento da misericórdia preveniente vem primeiro, na abertura  da presença de Deus que desperta o senso do pecado ao expor o abismo entre nós e a santidade de Deus.  Quando temos este reconhecimento, nós já estamos diante da graça de Deus – Rm 5:2-.

O pecado é um conceito exclusivamente bíblico.  Fora do contexto bíblico, significa apenas algum tipo de mal feito.  Estar no pecado, biblicamente falando, significa algo muito mais consequente que o malfeito, significa estar catastroficamente separado do amor eterno de Deus.  Estar do outro lado da barreira da exclusão do banquete eterno de Deus. Significa a continuação do reino da avareza, crueldade, rapacidade e violência através do mundo.



 Uma proclamação central: Cristo morreu pelo pecado.



Para Paulo, pecado e morte são colocados como poderes, não é tanto uma coleção de maus atos, mas é uma agencia ativa, malevolente. Os maus feitos são sinais desta agencia no trabalho, eles não são a coisa em si.



O novo testamento insiste numa formula que ficou até familiar para muitos cristãos, que Cristo morreu pelos pecados.

Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras,  1 Coríntios 15:3,4



A conexão entre a crucificação e o pecado é permanentemente e enfaticamente  fixada no texto bíblico.



Pecado: individual ou corporativo?

Se o reconhecimento do pecado é difícil para indivíduos- talvez, especialmente para os homens, que foram condicionados a não mostrarem fraquezas- quanto mais dificultoso será para grupos. Uma nação, tribo, corporação ou outro grupo coletivo humano  é muito difícil admitir que fez algo errado.

Na bíblia, encontramos tanto historias de transgressões individuais como sobre de sociedades como um todo-.

Por isso, ainda que te laves com salitre, e amontoes sabão, a tua iniqüidade está gravada diante de mim, diz o Senhor DEUS. Jeremias 2:22

Amos fala claramente destes pecados corporativos,

Ouvi esta palavra vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, que oprimis aos pobres, que esmagais os necessitados, que dizeis a vossos senhores: Dai cá, e bebamos. Amós 4:1

Am 3:15 Derrubarei a casa de inverno junto com a casa de verão; as casas enfeitadas de marfim serão destruídas, e as mansões desaparecerão", declara o Senhor.

Numa situação de intrincada conexão entre indivíduos e suas sociedades, vemos a ubiquidade e inevitabilidade do pecado.

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.  Romanos 5:12-21

Há um laço comum no pecado como vemos em Rm 5:12-21, Paulo dá a toda a humanidade o nome de Adão. A fraternidade de Adão é a mais compreensiva comunidade de todas, por isto é universal (Rm 5:12).  Esta concepção universal de Adão é usada também em 1Co 15:22. A solidariedade humana aprisionada ao poder do pecado é um do mais importantes conceitos para os cristãos.



Como resultado desta escravidão nos tornamos agentes ativos do pecado. De modo que a condição humana não é apenas de cativeiro, mas também de ativa complicidade.

DOIS ASPECTOS DO PECADO

A historia de Adao e Eva nos mostra muito além do bem como ausência do mal ou perder o alvo. Diante de Deus, não podemos entrar na ladainha que  ninguém é perfeito ou todos nós cometemos equívocos. C.S. Lewis dizia que o homem caído não é simplesmente uma criatura imperfeita que precisa de aprimoramento, mas é um rebelde que precisa abaixar suas armas.



Ainda assim, definimos pecado comparando-nos mais favoravelmente com os outros (Lc 18:11) O fariseu não consegue entender que o pecado não é definido pela comparação de uma pessoa com a outra, mas no entendimento de quão profundamente  ele como um individuo está  enredado em um mundo atolado em impiedade. Pecado é a condição humana universal, mas não é tão claro a nós a não ser que estejamos sendo direcionados por Deus. O conceito do pecado não é antropológico, mas teológico. Como Deus fez a si mesmo conhecido para nós, reconhecemos  que não somos apenas vitimas passivas num mundo de pecados, mas cidadãos ativos e habituados com suas maneiras e sujeitos que estão a serviço de seus falsos deuses.



TODOS PELO PECADO, NÃO PODERIAM EXPIAR: Como Anselmo de Cantuária explica apenas Deus pode prover o remédio para o pecado, nenhum montante de esforço religioso por nossa parte pode efetuar uma mudança significativa. Libertação e reparação deve vir de fora de nossa esfera de influência, somos impotentes para salvar a nós mesmos da esfera de poder do pecado.

SEJA DO PECADO, A DUPLA CURA, SALVE ME DE SUA CULPA E DE SEU PODER: Pecado tem dois componentes de igual gravidade, culpa e poder.

O pecado é uma CULPA RESPONSÁVEL, pelo qual uma reparação deve ser realizada. Assim, a crucificação é entendida como um sacrifício pelo pecado.

O pecado é um PODER ESTRANHO que deve ser levado para longe. Todos os seres humanos são escravos deste poder (Rm 3:9, Jo 8:34) e devem ser libertos por um grande poder. A crucificação é então entendida como a vitória de Cristo sobre os poderes do pecado e da morte, comumente chamado de CHRISTUS VICTOR.



O TESTEMUNHO DO SALMO 51

Este salmo tem sido atribuído a Davi na ocasião de seu adultério com Beteseba, uma situação em que alguém é forçado a encarar seu pecado.

Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões. Salmos 51:1

Repare como o apelo do salmista para a misericórdia está baseado no conhecimento de Deus, as palavras grande compaixão, teu amor, misericórdia não são projeções do escritor, mas revelações de Deus de si mesmo na historia de Israel. A experiencia de Israel com Deus no deserto e na Terra Prometida provou que Deus é fiel e digno de confiança. Então, mesmo que o salmista esteja esmagado pelo conhecimento  de seu pecado, ainda é forte sua confiança em Deus, em especial, em duas coisas sobre Deus: primeiro, que Deus é capaz de limpa-lo do pecado e também, que Deus prove uma forma de se libertar do pecado.        

Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado. Salmos 51:2

Contra ti, só contra ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens razão em condenar-me. Salmos 51:4

Aqui está uma ilustração de como o pecado pode ser entendido apenas do ponto de vista provido por Deus. Claro que o pecado fere outras pessoas, mas o salmista nos diz que apenas feriu a Deus, isto tem a ver com o profundo entendimento que ele tem da retidão de Deus diante de suas falhas.

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