A gravidade do pecado
O conhecimento do pecado como uma boa noticia
Não há modo de ajudar as pessoas para o conhecimento do
pecado exceto oferecendo as noticias do proposito preveniente em superar o
pecado através da cruz de Cristo. A luz de Cristo revela o pecado pelo brilho
da redenção que Ele já alcançou.
Apenas aqueles que tiveram seus olhos abertos para a luz de
Cristo se alegram ao ter seus feitos expostos.
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e
apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, Judas 1:24
A ação da graça de Deus precede nossa consciência do pecado, assim quando
percebemos a profundidade de nossa própria participação na escravidão do pecado
simultaneamente reconhecemos o amor incondicional de Cristo, que é a perfeita
liberdade. Reconhecemos este amor não das profundezas do inferno que estamos
nos afundando, mas da perspectiva do paraiso que Deus está preparando para nós.
Confissão e Celebração andam juntas.
Antes da culpa, graça.
Temos a tendência de recolocar a historia cristã em termos de culpa e falta
individuais que podem ser vencidas através de uma decisão para o
arrependimento. Isto enfraquece o evangelho em seu coração. O germe da
proclamação cristã é apresentação que o arrependimento humano sozinho é incapaz
, apenas a incursão da graça de Deus nos previne da auto-destruição.
Não o homem que está perdido, mas aquele que é salvo é capaz
de entender que era pecador. Assim, o conhecimento do próprio pecado vem como
um bom conhecimento pois vem da graça de Deus.
Não é possível uma adequação representação do significado da
crucificação sem uma profunda resposta pessoal para o problema do pecado. A
resposta humana para a preveniente graça de Deus é o reconhecimento de sua
condição pecaminosa e a confiança na graça infalível de Deus.
Salmo 51:2,4-9
O senso do pecado surge não de uma culpa sozinha, mas de uma
busca por Deus e sua bondade. Deus está movendo o coração da pessoa antes mesmo
dela notar esta operação. Ao apresentar o evangelho, não começamos tentando
convencer as pessoas do pecado. O movimento da misericórdia preveniente vem
primeiro, na abertura da presença de
Deus que desperta o senso do pecado ao expor o abismo entre nós e a santidade
de Deus. Quando temos este
reconhecimento, nós já estamos diante da graça de Deus – Rm 5:2-.
O pecado é um conceito exclusivamente bíblico. Fora do contexto bíblico, significa apenas
algum tipo de mal feito. Estar no
pecado, biblicamente falando, significa algo muito mais consequente que o
malfeito, significa estar catastroficamente separado do amor eterno de
Deus. Estar do outro lado da barreira da
exclusão do banquete eterno de Deus. Significa a continuação do reino da avareza,
crueldade, rapacidade e violência através do mundo.
Uma proclamação
central: Cristo morreu pelo pecado.
Para Paulo, pecado e morte são colocados como poderes, não é
tanto uma coleção de maus atos, mas é uma agencia ativa, malevolente. Os maus
feitos são sinais desta agencia no trabalho, eles não são a coisa em si.
O novo testamento insiste numa formula que ficou até
familiar para muitos cristãos, que Cristo morreu pelos pecados.
Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi:
que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, 1 Coríntios 15:3,4
A conexão entre a crucificação e o pecado é permanentemente
e enfaticamente fixada no texto bíblico.
Pecado: individual ou corporativo?
Se o reconhecimento do pecado é difícil para indivíduos-
talvez, especialmente para os homens, que foram condicionados a não mostrarem
fraquezas- quanto mais dificultoso será para grupos. Uma nação, tribo,
corporação ou outro grupo coletivo humano
é muito difícil admitir que fez algo errado.
Na bíblia, encontramos tanto historias de transgressões
individuais como sobre de sociedades como um todo-.
Por isso, ainda que te laves com salitre, e amontoes sabão,
a tua iniqüidade está gravada diante de mim, diz o Senhor DEUS. Jeremias 2:22
Amos fala claramente destes pecados corporativos,
Ouvi esta palavra vós, vacas de Basã, que estais no monte de
Samaria, que oprimis aos pobres, que esmagais os necessitados, que dizeis a
vossos senhores: Dai cá, e bebamos. Amós 4:1
Am 3:15 Derrubarei a casa de inverno junto com a casa de
verão; as casas enfeitadas de marfim serão destruídas, e as mansões
desaparecerão", declara o Senhor.
Numa situação de intrincada conexão entre indivíduos e suas
sociedades, vemos a ubiquidade e inevitabilidade do pecado.
Portanto, como por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte
passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o
pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto, a
morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à
semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.
Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um
morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só
homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom como a ofensa,
por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para
condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. Porque,
se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a
abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus
Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens
para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos
os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão
feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o
pecado abundou, superabundou a graça; Para que, assim como o pecado reinou na
morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus
Cristo nosso Senhor. Romanos 5:12-21
Há um laço comum no pecado como vemos em Rm 5:12-21, Paulo
dá a toda a humanidade o nome de Adão. A fraternidade de Adão é a mais
compreensiva comunidade de todas, por isto é universal (Rm 5:12). Esta concepção universal de Adão é usada
também em 1Co 15:22. A solidariedade humana aprisionada ao poder do pecado é um
do mais importantes conceitos para os cristãos.
Como resultado desta escravidão nos tornamos agentes ativos
do pecado. De modo que a condição humana não é apenas de cativeiro, mas também
de ativa complicidade.
DOIS ASPECTOS DO PECADO
A historia de Adao e Eva nos mostra muito além do bem como
ausência do mal ou perder o alvo. Diante de Deus, não podemos entrar na
ladainha que ninguém é perfeito ou todos
nós cometemos equívocos. C.S. Lewis dizia que o homem caído não é simplesmente
uma criatura imperfeita que precisa de aprimoramento, mas é um rebelde que
precisa abaixar suas armas.
Ainda assim, definimos pecado comparando-nos mais favoravelmente
com os outros (Lc 18:11) O fariseu não consegue entender que o pecado não é
definido pela comparação de uma pessoa com a outra, mas no entendimento de quão
profundamente ele como um individuo
está enredado em um mundo atolado em
impiedade. Pecado é a condição humana universal, mas não é tão claro a nós a
não ser que estejamos sendo direcionados por Deus. O conceito do pecado não é
antropológico, mas teológico. Como Deus fez a si mesmo conhecido para nós,
reconhecemos que não somos apenas
vitimas passivas num mundo de pecados, mas cidadãos ativos e habituados com
suas maneiras e sujeitos que estão a serviço de seus falsos deuses.
TODOS PELO PECADO, NÃO PODERIAM EXPIAR: Como Anselmo de
Cantuária explica apenas Deus pode prover o remédio para o pecado, nenhum
montante de esforço religioso por nossa parte pode efetuar uma mudança
significativa. Libertação e reparação deve vir de fora de nossa esfera de
influência, somos impotentes para salvar a nós mesmos da esfera de poder do
pecado.
SEJA DO PECADO, A DUPLA CURA, SALVE ME DE SUA CULPA E DE SEU
PODER: Pecado tem dois componentes de igual gravidade, culpa e poder.
O pecado é uma CULPA RESPONSÁVEL, pelo qual uma reparação
deve ser realizada. Assim, a crucificação é entendida como um sacrifício pelo
pecado.
O pecado é um PODER ESTRANHO que deve ser levado para longe.
Todos os seres humanos são escravos deste poder (Rm 3:9, Jo 8:34) e devem ser
libertos por um grande poder. A crucificação é então entendida como a vitória
de Cristo sobre os poderes do pecado e da morte, comumente chamado de CHRISTUS
VICTOR.
O TESTEMUNHO DO SALMO 51
Este salmo tem sido atribuído a Davi na ocasião de seu
adultério com Beteseba, uma situação em que alguém é forçado a encarar seu
pecado.
Tem misericórdia de
mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas
transgressões. Salmos 51:1
Repare como o apelo do salmista para a misericórdia está
baseado no conhecimento de Deus, as palavras grande compaixão, teu amor,
misericórdia não são projeções do escritor, mas revelações de Deus de si mesmo
na historia de Israel. A experiencia de Israel com Deus no deserto e na Terra
Prometida provou que Deus é fiel e digno de confiança. Então, mesmo que o
salmista esteja esmagado pelo conhecimento
de seu pecado, ainda é forte sua confiança em Deus, em especial, em duas
coisas sobre Deus: primeiro, que Deus é capaz de limpa-lo do pecado e também,
que Deus prove uma forma de se libertar do pecado.
Lava-me de toda a
minha culpa e purifica-me do meu pecado. Salmos 51:2
Contra ti, só contra
ti, pequei e fiz o que tu reprovas, de modo que justa é a tua sentença e tens
razão em condenar-me. Salmos 51:4
Aqui está uma ilustração de como o pecado pode ser entendido
apenas do ponto de vista provido por Deus. Claro que o pecado fere outras
pessoas, mas o salmista nos diz que apenas feriu a Deus, isto tem a ver com o
profundo entendimento que ele tem da retidão de Deus diante de suas falhas.
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