sexta-feira, julho 16, 2021

CHRIST OF THE MOUNT de E. STANLEY JONES - tradução livre

tradução livre de

CHRIST OF THE MOUNT de 

E. STANLEY JONES

 

CAPÍTULO 1: O HOMEM NO MONTE.

 

Chamamos isto de o Sermão do Monte. Ao chamá-lo assim acabamos cometendo uma injustiça e diminuímos seu tom. Num sermão, tomamos um texto e expomos ele. Não há nada disso aqui. Este não é um sermão apenas, é um retrato, um retrato de Jesus em si mesmo e do Pai e de como homem-deve-ser. Verdade, que ele não coloca como um retrato de si mesmo, mas enquanto desenha as linhas na figura do Pai e do como homem deve ser descobrimos que ele mergulha seu pincel nas profundezas de sua própria vida e experiência e, assim, gradualmente vemos sua face adorada, a interpretação tanto de Deus como do homem. Não temos aqui linhas de algum código, mas traços de Um Personagem.

 

Jesus é a simplificação de Deus. Todas as grandes descobertas são simplificações.  O pensar move-se do complicado para o simples. "O fato curioso permanece" diz o Professor Vaughan"que na ciência e na filosofia a hipótese mais interminável e pesada vem primeiro, especialmente para uma mente ensinada e a hipótese simples e adequada aparece por último".  Todos os sistemas religiosos e filosóficos da Grécia, Índia e China se completaram e alcançaram seu topo antes do tempo da vinda de Cristo.  Um é profundamente  impressionado com a perspicácia do homem que escreveu as Upanishads, mas ele também profundamente influenciado pelas complicações, meandros e labirintos do seu pensamento sobre Deus. Eles sofrem de uma sobrecarga mental. Os homens,  provavelmente, nunca irão de novo tão longe atrás de um complicado uso de palavras na busca do divino como aquelas colocadas em sânscrito. Eles foram os melhores em palavras. O que era necessário era a Palavra Melhor. Então, a Grande Simplificação tomou lugar. A Palavra se fez carne.

 

Jesus é chamado de a Palavra porque a palavra é a expressão do pensamento oculto. A menos, que coloque meu pensamento em palavras, ninguém entender nada. Aqui é Deus, nós sentimos sua presença, mas seu Espírito permanece oculto. Queremos conhecer como ele é sem onipotência, nem em onisciência e nem em onipresença; a revelação disto poderia fazer pouco ou nenhum bem, mas devemos saber seu caráter, por aquilo que ele é em seu caráte, nós, suas crianças, devemos. Então, o Pensamento Oculto- Deus- se torna a Palavra Revelada: Cristo.

 

Minhas palavras são da encarnação, da prole, do filho, do meu pensamento. Então, a Palavra, Jesus, é o Filho do Pensamento, Deus. Como vemos acima através das palavras de um homem entendemos seu pensamento, então vemos através de Jesus para conhecer a Deus como ele é.  Deus é como aquilo que vemos em Jesus. E se ele é, então ele é um bom Deus e confiável. Não pedir nada melhor. Streeter coloca desta forma: "Suponha que seu filho venha até você e pergunte: É Deus sábio como Einstein? Você provavelmente riria. Mas, a criança deveria dizer: É Deus tão bom como Jesus? Você deveria estar hábil para dizer que Deus é melhor que qualquer homem, mas no seu coração do corações você provavelmente dirá ( para si e não para a criança) que a questão real é, É Deus tão bom como Jesus?".  Isto não é um exagero, a dúvida moderna não é concernente a Jesus, mas sim a Deus. "Eu não entendo Deus, mas a personagem de Jesus é uma das coisas que mantém meu mundo em pé, diz um homem brilhante em nossas Conferências de Mesa Redonda. Um doutor da Europa  protestou quando eu escrevi esta sentença: "se o Coração que está por trás do Universo é como este gentil coração que se quebra na cruz, ele pode ter meu coração sem qualificação" dizendo,"eu concordo com você quando você diz que esta vida vivida de acordo com Jesus é a melhor e mais fina que podemos conhecer, mas porquê você escreveu coração com C maiúsculo, como se o ser horrível por trás do universo tivesse um coração?" Esta dúvida do doutor não era em relação a Jesus mas a respeito de Deus. Mas Jesus disse e mostrou que eles eram um - "Eu e o Pai somos um".Assim como a palavra e o pensamento são um, então Jesus e o Pai são um.

 

Em outro lugar, Jesus disse: "O Pai é maior do que eu". Estas declarações não são contraditórias? Não, não necessariamente, pois enquanto o pensamento e a palavra são um, não obstante o pensamento é maior que a palavra. Toda expressão do pensamento por palavras significa uma limitação do pensamento. Você deve olhar ao redor para ver se pode encontrar uma palavra que vai adequadamente expressar um pensamento. Então Deus, expressado na Palavra, é limitado  pela própria natureza do caso. O Pai - o Deus inexpressado, é maior que o Filho- o expressado Deus. E ainda assim são um.

 

 

As palavras do homem são, para aqueles de fora dele, o caminho para seu pensamento. Então, Jesus, a Palavra, é o caminho para o Pensamento, Deus. Mas,  minhas palavras não são uma terceira coisa que fica entre você e meu pensamento, elas são meus pensamentos projetados para você, meu pensamento se tornando disponível. Se você tomar minhas palavras, você toma meu próprio pensamento, Jesus não é uma terceira pessoa que fica entre eu e Deus. Ao invés disso, ele é Deus projetado para mim, Deus se tornando disponível. Ele é um mediador no sentido que ele medeia Deus para mim, então, quando tomo posse dele eu tomo posso do próprio ser de Deus.

 

Esta Palavra não é uma Palavra soletrada, esta é uma Palavra vivida para fora. Ele é, de fato, o discurso da eternidade traduzido na linguagem do tempo, mas a linguagem é a Vida. O método de Deus é um Homem. Jesus é Deus falando para o homem na rua. Ele é Deus encontrando a mim em meu ambiente, o ambiente humano. Ele é Deus mostrando o seu caráter no lugar onde os caracteres são formados. Ele é a vida humana de Deus. Ele é aquela parte de Deus que podemos enxergar. E se o resto de Deus é como isto que podemos ver, então está tudo bem, Deus significa o bem e ele deseja que nos também nos encontremos bem. 


Contudo, a Vida era verdadeiramente humano. Ele encontrou a vida como um ser humano. Ele não pediu nenhum poder para sua batalha moral que não esteja disponível para nós.  Ele fez milagres, mas apenas para os outros e em resposta a uma necessidade humana. Seu caráter foi uma conquista.  Tudo que ele deixou diante dos homens em palavras ditas no Monte aconteceram em sua própria alma. Elas eram possíveis de serem vividas, pois ele as viveu. "Ficamos felizes em ler sobre o Homem que praticou tudo que pregou" escreveram alguns estudantes hindus que receberam bíblias de presente em sua graduação. Ele fez. 


O Sermão do Monte é possível, por causa do Homem que primeiro falou estas palavras as praticou, então, a prática delas produzem um caráter tão belo, tão simétrico, tão atraente, apenas como a vida deveria ser, ele é tão inescapável no campo moral como a gravidade é para a física. 


As palavras do Sermão deve ser interpretadas na luz desta Face. Ele coloca um novo conteúdo em palavras antigas pela ilustração de sua própria vida. Ao interpretar o Sermão do Monte, geralmente, aplicamos métodos de criticismo histórico e isto nos dá as palavras com o seu significado como do Antigo Testamento ou num panorama contemporâneo. Talvez nós ganharíamos muito mais deste método, mas talvez nós também estamos perdendo o ponto central e reduzindo o todo a um eco de um ditado disperso vindo do passado. Seus ouvintes não se sentiram assim sobre isto, eles foram atingidos  com novidade que foi posta, como Baying: "Eles estavam espantados com seu ensino: pois colocaram que ele ensinava com autoridade e não como seus escribas".


Você pode apontar dizeres paralelos no passado, e ainda quando você faz isso, você perde a coisa central que era o aroma que estava sob estas palavras, o contágio de sua Pessoa moral, o senso de profundidade que vinha do fato que ele falava e ilustrava as palavras. Ele não estava apresentando um novo conjunto de leis, mas demandando uma nova lealdade para sua pessoa. A lealdade para sua pessoa era para ser expressada em cuidar das coisas que ele incorporava. Ele era a encarnação do Sermão do Monte, e para ser leal a ele significa ser leal ao seu caminho de vida. "Para o bem da justiça  era uma palavra do passado, para o meu bem era a nova palavra; "Para o bem da justiça era o cumprimento da lei, para o meu bem, era o cumprimento da Vida. A coisa surpreendente é que ele usa ambos e os faz sinônimos (Mt 5:10,11), e assim, alega, incidentalmente, que ele era a encarnação da justiça do universo. A nova lei era a Vida. Isto levanta a bondade do legalismo e a baseia no amor.


A diferença essencial entre o Farisaísmo e o ensinamento de Jesus está aqui: "Um era sobre devoção para uma ideia da Lei, o outro era devoção para a Pessoa - o Evangelho". No primeiro, um poderia sentir que ele estava completo e poderia ficar no templo dando graças a Deus porque ele não era outra pessoa; mas o outro nunca poderia sentir que alcançou, porque o amor sempre abre outras portas novas. Um produzia o perfeito fariseu e o outro produz o perfeito amante. "Se religião é a respeito de amar uma pessoa não pode haver limite para o dever e não pode haver nenhuma questão de mérito" diz Findlay, e ele aponta seu dedo para esta verdade essencial. Existe um exagero no Sermão do Monte que assusta e choca a mente legalista. Não vê limite do serviço, a primeira milha não é o bastante, ele vai duas; o casaco não é suficiente, ele vai dar a capa também; amar os amigos não é suficiente, ele vai amar os inimigos também. Venha com isto para a mente legalista e isto será impossível ou um absurdo, venha com isto para a mente do amante e nada diferente disto é possível. A atitude do que ama não é uma nascida do dever, mas do privilégio. Aqui está a chave para o Sermão do Monte. Erramos ele completamente se olhamos para ele como um gráfico do dever cristão, ao invés disso, aqui está um gráfico da liberdade cristã que nos leva além, fazer aquilo que o amor impele e não meramente aquilo que o dever compele. O fato é que isto não é lei sobretudo, mas uma lira que tocamos com os dedos do amor em devoção feliz. Esta felicidade, essa piedade alegre é a expressão de um amor e não uma compressão de um dever advindo da lei.

 

Coloque o Homem, que fala essas palavras num contexto e olhe apenas para seus dizeres e elas se tornam elevadas como as montanhas do Himalaia e também impossíveis. Mas,  coloque um toque caloroso da sua revigorante amizade dentro disso,  e qualquer coisa, tudo se torna possível, porque estas coisas não podem ser realizadas vindas de um princípio unitário, mas de um plano cooperativo.

 

Eu disse acima que Jesus era a grande simplificação de Deus. Ele também é a simplificação do dever. "Ame e faça o que gosta", ele diz em essência. E as coisas que você vai gostar são justamente estas coisas "impossíveis" que ele deixou aqui no Sermão.

 

Mas, ele não é apenas a simplificação de Deus e do dever, Ele também é a simplificação das palavras. As palavras nunca foram reduzidas ao máximo de sua essência como aqui. Elas também são tão reduzidas que parecem que cessam sua função como palavras e se tornam fatos. De alguém, é dito que suas palavras eram meia-batalhas. Segure firme estas palavras e você vai encontrar o segura da Palavra. O Sermão do Monte é o Homem no Monte. 

 

Contudo, esta Palavra é uma Palavra que se desdobra. "Eu tenho ainda muitas coisas  para dizer para você, mas você ainda não pode aguentar elas agora". Ele está dizendo coisas para cada geração como se elas estivessem prontas para ouvir e responder. Não temos ainda interpretado completamente o Interprete. Nos dias do Novo Testamento era dito que quando as pessoas o ouviam, "elas estavam além da medida surpreendidas, dizendo, Ele tem feito as coisas todas bem, ele faz o surdo ouvir, o mudo falar". Sim, graças a Deus, ele fez as coisas bem , mas esta interpretação também é muito limitada. "Todas as coisas bem" significa mais do que fazer o surdo ouvir e mudo falar. Agora podemos ver que Ele colocou diante de nós, um ideal perfeito do viver humano, dando-nos uma filosofia de vida, encontrou o pecado, sofrendo e morrendo na cruz, ressuscitou, redimiu e leva as eras e deixa aberto os portões da plena vida para todos os homens. Talvez, as era por vir vão dizer que tentamos interpretar a Ele de um modo muito limitado e pequeno.

 

Este livro não vem com nenhum ar de finalidade na interpretação destas palavras de Jesus. Seu propósito só pode ser conquistado se isto amplia nossa visão de Cristo. Porque Ele é a Palavra final de Deus e está revelada a nós.

 

 

 

Capítulo 2  O ALVO DA VIDA HUMANA.

A maioria de nós olha para o Sermão do Monte como uma série de exortações éticas desconectas ou, no melhor dos casos, pobremente conectadas. Isto, parece para mim, perder seu ponto e seu propósito. Ele tem um centro, e o Sermão todo gira em torno deste centro, então, ele é todo coordenado. O centro é a afirmação surpreendente: “Sede perfeitos, como o vosso Pai Celestial é perfeito”. Em torno disto como ideia central, o Sermão gira como um pivô.

O Sermão naturalmente desagua em seis grandes divisões:

1.       O ALVO DA VIDA: Ser perfeito ou completo como o Pai nos Céus é perfeito e completo ( 5:48)

a.      As vinte e sete marcas desta vida perfeita (5:1-47)

 

2.       Um diagnostico da razão pela qual o homem não alcança ou não se move em direção a este objetivo: Personalidade Dividida (6:1-6)

 

3.       A oferta divina de uma moral adequada e reforço espiritual para que os homens prossigam neste objetivo: o Espírito Santo para eles quando o pedem (7:7-11)

 

 

4.       Depois fazer a oferta divina, ele reúne e enfatiza em duas sentenças nossa parte para alcançarmos este alvo.  Para os outros, devemos fazer como gostaríamos que fizessem para nós (7:12); para nós mesmos, devemos perder a nós mesmos quando entramos pela porta estreita (7:13).

 

5.       O teste para saber se estamos nos movendo em direção ao alvo? Ou, se esta Vida Divina está operando em nós: pelos seus frutos (7:15-23).

 

6.       O valor de sobrevivência desta nova vida e falta de valor de sobrevivência de uma vida vivida de qualquer outra forma: a casa fundada na rocha e a casa fundada na areia (7:24-27).

Precisamos, e precisamos desesperadamente, de uma redefinição do que é o objetivo da vida. Se estivermos aptos par ter uma adequada filosofia de vida, devemos estar certos sobre o que desejamos acima de tudo. Devemos ver o alvo se quisermos trilhar o caminho para ele com algum grau de confiança. Mas, o alvo da vida na Cristandade é muito nebuloso e incerto. É geralmente é dado como certo que o alvo é chegar no céu. Nossos hinos expressam nossos anseios mais profundos.  Dirija através deles e note a proporção deles que terminam no ultimo verso com alguma menção sobre o céu. Um hindu, funcionário do governo de alta reputação, certa vez, observou diante de um público muito inteligente: “Agora, os hindus depois de elaborar seu destino através de muitos renascimentos tem como seu primeiro alvo a união com o Divino. Vocês, cristãos, depois desta vida tem o céu concedido a você como recompensa por seguir a Cristo.  Por favor, amplie suas medidas”. Eu me achei contorcendo internamente sobre sua declaração do que se toma por certo como o alvo cristão. Isto me parece barato e moralmente mau colocar como nosso alvo de vida, o céu dado em recompensa por um serviço fiel, juntamente com o majestoso sistema de karma em que o homem trabalha seu destino através de incontáveis renascimentos como resultado do que ele fez e é.

 

Contudo, contorcidos como podemos, explicado como podemos, não deixa de ser verdade que o céu concedido e o inferno imposto estão no campo da mente da Cristandade como o objetivo final. Eu não quero pretender afirmar que toda a Cristandade afirma esta visão, mas eu acredito que nas mentes da maioria, esta visão tem lugar. Eu digo “na mente da Cristandade”, para quando eu volto para o Novo Testamento para encontrar o que é seu objetivo, e vejo algo distinto. Seu objetivo é que o homem seja perfeito como o Pai nos céus é perfeito. Esta não é uma declaração isolada contida no Sermão do Monte. Ela é o tema do Novo Testamento.

 

A não ser pelo livro das Revelações, que deixamos de lado por um instante, o Novo Testamento fala trinta e três vezes sobre a perfeição como alvo. Ele menciona o céu, doze vezes como um lugar que o homem vai depois daqui. Não estou incluindo nesta conta, o reino dos céus, que, claramente, não deve ser identificado com céu como um lugar, já que em uma de suas frases, ao menos, se diz que o reino dos céus está entre vós. Mas, em nenhuma das doze vezes é dita que o paraíso é o alvo da vida. O céu é estabelecido como a estrutura para algo mais importante em seu centro, que a coisa central é a perfeição de caráter como o Pai dos céus é perfeito. O céu é um subproduto do ser aperfeiçoado. Volte aos trinta e três lugares onde a perfeição é mencionada e encontrará que isto não é marginal e incidental, mas central e enfático. Veja alguns exemplos: “E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo”.(Ef. 4:11-13). Aqui, o fim do trabalho do apostolo, do profeta, do evangelista, do pastor  e do ensinador é produzir um homem perfeito- perfeito,  não sem qualquer padrão, mas na medida  da estatura da plenitude de Cristo. No Sermão do Monte, sermos perfeitos como o Pai é perfeito  e aqui sermos perfeitos de acordo com a estatura de Cristo, mas como são um, o alvo é o mesmo. Jesus em outro lugar colocou o alvo nestas palavras: “O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre”. (Lucas 6:40)

 

Paulo diz novamente: “Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. (Fp 3:12-14). Qual seria este prêmio? O prêmio evidentemente era que ele seja perfeito e por nada menos que sito que ele estava correndo ou  confiando em Cristo. De novo: “A quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo; E para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente”(Colossenses 1:28,29). O fim do trabalho de Paulo  não era que seus convertidos obtivessem o céu, mas que cada homem pudesse ser perfeito. Quando Jesus diz para o jovem rico, Jesus respondeu: "Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me". (Mateus 19:21)  Ele não quis dizer que a venda de tudo o faria perfeito, mas  que isso eliminaria os obstáculos  e o colocaria seus pés no caminho da perfeição.

 

O ideal da perfeição da personalidade humana disposto no Novo Testamento até o livro de Apocalipse foi escrito. Ele foi descrito num período de perseguição e cristãos viam o céu como uma libertação.  Desde então, a ênfase tem sido mudada e céu e inferno agora tomam conta do campo. É mais barato e mais fácil. Não quero dizer que no Livro do Apocalipse não há uma nota de redenção de um caráter moral. Existe sim. Mas, os homens acharam mais fácil tomar a estrutura de um céu lá fora que é retratado do que o fato de uma perfeição interna de caráter que é o centro deste céu. A ênfase do Novo Testamento deve ser restaurada.  Porque se o alvo do cristão é nada menos que a perfeição moral e espiritual individual do caráter então eu posso endireitar meus ombros  e olhar para o mundo cheio de pessoas pensativas diretamente nos ohos, pois meu objetivo não é moralmente barato e nem ruim. Ele é um alvo que posso moralmente respeitar  com todo o meu coração.  Não sei nada melhor.

 

 Além disso, este objetivo na vida esta alinhado com o desenvolvimento que acontece  na natureza, que parece, nas palavras de Tagore, "levanta as mãos  fortemente  rumo à  perfeição”.

Entretanto, a palavra  perfeição nos deixa um pouco envergonhados. Parecendo  ser algo muito fechado e terminado.  Talvez a concepção de uma vida completa deveria nos fazer menos hesitante que a vida perfeita.  Mas, para ter a concepção do Novo Testamento devemos saber o que é  a vida completa.

O objetivo  final de cada sistemas poderia ser os colocados aqui:

JUDAÍSMO : permanecer  na Casa do Senhor para sempre, assim Jeová o recompensara.

HINDUÍSMO: deve se emergir no Impessoal, mesmo em Brahma, o impessoal.

BUDISMO:  deve estar na fronteira  entre o Ser e o Nao-Ser mesmo o Nirvana  é  um Ser e Não-Ser.

ISLÃ : deve ter o paraíso de prazer que o próprio  Allah, o todo poderoso  deseja.

GREGOS: deve estar entre os deuses e ser feliz, mesmo porque os deuses são brilhantes e sensualmente felizes.

HUMANISMO: deve deixar de existir, mesmo porque todas as coisas devem findar em dissolução.

CRISTO: deve ser perfeita como o pai no Deus é perfeito.

 

Este alvo,  que Cristo coloca diante de nós,  é  o  único que não precisamos  nossa desculpar.  Ele diz para o humanista que ele deve ir além do humanismo em sua afirmação dos valores humanos.  Ele afirma que o homem busca perfeição. Isso faz do humanismo com sua pequena  visão do destino final do homem parecer não-humanismo. Isso coloca valor e dignidade e sentido dentro da personalidade  humana.  Um Deus completo e um homem completo devem estar no mesmo universo. Seu alvo não é  uma negação mas uma poderosa afirmação.  O essencial deve ser perfeito. O  Oriente não é  apenas um cinismo do mundo, é  uma personalidade  cínica.  Seu comportamento não é  apenas ficar livre do mundo mas também ficar livre da personalidade seja no Nirvana ou seja no Brahma.  Assim, o mundo é  nada e os valores morais não tem um significado final para qual eles possam pertencer e isso será descartado  na versão final. Por outro lado, o evangelho afirma o mundo e afirma a moralidade porque ele afirma a personalidade.  Jesus disse: "quem quiser salvar sua própria vida  perder-la-à mas quem perder por amor do meu nome, salva-la-à". A personalidade  é  finalmente afirmada, ela salva viva. Budismo  salva se estiver morta. Hinduismo salva ela na perda de sua identidade em Deus.  Somente o evangelho a salva quando viva.

 

Mais do que isso,  se somos para sermos perfeitos como o Pai nos céus é perfeito, então as mesmas leis morais que governam o agir de Deus deve governar o nosso. Em outras palavras, as leis morais não estão enraizadas na mudança de costumes dos homens, mas elas estão fincadas na própria natureza do Divino.  Isto nos dá um universo moral estável e isto significa que as distinções morais tem um significado último.  Elas não são lunáticas, para Deus não são lunáticas. Elas são confiáveis e ordenadas. Eu posso ter um respeito moral por um Deus que vai agir em tudo que ele requer do homem. O universo é, então, todo uma peça disto é um universo e não um multiverso.

 

"Tudo que Deus requer de mim,

Eu sei que Ele em si mesmo é"

 

Aqui está a diferença essencial entre o evangelho e os outros modos de vida; Hinduísmo e Budismo baseiam suas éticas na lei do karma, que é independente de Deus; o Islã baseia sua moralidade na vontade de Deus, Cristo baseia isto na natureza e essência de Deus. Estas leis morais são a própria expressão de seu ser e pede ao homem nada que ele mesmo não praticou. Emerson coloca nestas palavras:

 

"Não seja meu olhar onde os querubins e os serafins não podem ver,

Mas, nada pode ser bom nele que seja mal em mim"

 

Um pensativo editor hindu resumiu isto  para mim desta maneira: "Hinduismo é Deus sem moralidade. Budismo é moralidade sem Deus. Cristianismo é Deus com moralidade".

 

Isto tem sido sugerido que o Sermão do Monte veio de fontes budistas, mas isto negligencia a essencial diferença entre dois conceitos de moralidade, um que está baseado numa lei impessoal do karma, que não tem qualquer conhecimento de qualquer Deus,  e outro que baseia na natureza e essência própria de Deus. Além disso, em um, a personalidade é finalmente perdida e noutro, a personalidade é afirmada e aperfeiçoada como Deus é perfeito.  As diferenças são muito maiores que as concordâncias.

Muitos que pensaram sobre a perfeição cristã como Wesley, em busca de trazer a perfeição para dentro das fronteiras desta vida, ensinaram que a perfeição falada no Sermão do Monte diz respeito a perfeição em amor e não no caráter ou na conduta. Certamente, a perfeição falada aqui inclui perfeição no amor como seu começo e base e isto pode ser encontrado com as fronteiras desta vida, mas se isto é tudo, então a perfeição não é perfeita o suficiente. Para haver a perfeição no amor, por vezes, é reivindicado junto uma grande imperfeição no caráter e na conduta. Não, a perfeição mencionada mencionada aqui é muito mais abrangente pois devemos ser perfeitos como o Pai nos céus é perfeito, não, claro, na infinitude e quantidade, mas certamente na qualidade. Isto visualiza algo que, enquanto isto começa nesta vida, não pode ser confinada ou pode ser completada com as fronteiras desta vida, mas deixa aberto a possibilidade de eras de crescimento e desenvolvimento.  Um céu em que  de eras de crescimento em perfeição deve  ser um céu que vale a pena.

 

Se a perfeição e não o prazer é objetivo, então este universo tem de ser um universo de disciplina, de dor, mesmo de dureza. Eu preciso deste tipo de escola se minha graduação signifca que "Genius é desenvolvido na solitude, mas o caráter é feito na corrente da vida" em meio a bufês e bençãos. Eu aceito o curriculum desta escola, porque acredito que sairá um caráter. Uma das grandes necessidades da vida religiosa moderna na Cristandade é disciplina.  Ela tem sido, de todo, muito barata e fácil. O alvo da perfeição deveria ser colocar esta muito necessária disciplina dentro da vida cristã.

 

Seja vós, então, perfeitos como o Pai nos céus é perfeito, que alvo para a vida humana! que profundidade e dignidade e sentido que isto coloca dentro da vida! "Eu sou um girino  de um arcanjo" clamou alguém. Mas, eu sou mais: eu sou o embrião  do homem que é para ser perfeito como o Pai é perfeito. Logo, nada vai me parar. Não posso demorar pelo esquecimento. Ó, pequenez, não ponha cãibra, as mãos em mim, porque fui feito para a grandeza; carne, não me prenda, pois estou indo para um alto destino. Ó mundo, me ensina, mas não me enreda, pois o perfeito me chama. E eu devo ir.

 

 

PARTE DOIS

O NOVO TIPO DE HUMANIDADE.

 

CAPÍTULO 3 - O QUE ELES SÃO EM SI MESMOS

 

 

 

Num primeiro pensamento, perfeição como o alvo da vida parece muito individualista e coisa de outro mundo- os dois pecados teológicos mortais, de acordo com o homem moderno. Tomado fora de contexto, isto é verdade, mas em seu contexto, isto não é verdadeiro.

 

Jesus estava se dirigindo a um grupo. Enquanto, o "vós" no "seja vós perfeitos" refere-se a eles como indivíduos mas também se refere a eles como um grupo - um grupo que representava a nova humanidade. Tanto o novo homem como a nova sociedade deviam ser perfeitos. Se Jesus tinha apresentado este ideal de perfeição nos versos iniciais do Sermão, isto teria surgido diante dos homens de modo abrupto, como elevado, tão grande como o Monte Evereste- e seria pouco convincente. Ao invés disto, ele gradualmente abriu um tipo de vida tão belo e tão atraente que quando ele chegou no clímax, não haveria nada mais a dizer que: "Seja vós perfeitos, como o Pai nos céus é perfeito". Qualquer coisa a menos seria um anti-clímax.

 

Nos quarenta e cinco versos vivos (Mt 5:3-47), ele despeja dentro do alvo da perfeição tal cuidado, humanidade, e este conteúdo terreno que o alvo, quando colocado, não está além dos limites desta vida, mas sim, firmemente fundado nesta vida e era aquilo que devemos lavrar nas relações humanas. A chave para este verso, "Então, seja vós perfeitos" é a palavra "então". Ela aponta para trás, não meramente para o versículos precedentes como alguns pensam, mas para o todo daquilo que Ele estava dizendo. Isto reúne e coloca no versículo quarenta e oito, todo o conteúdo  dos quarenta e cinco versículos anteriores e faz destes o conteúdo da perfeição. Destes versos, encontramos aqui vinte e sete marcas da vida perfeita, e estas marcas mostram quão profundamente social e, ainda assim, quão profundamente individual é este ideal.

 

A vida perfeita consiste em ser pobre de espírito, em chorar, em ser manso, em ter forme e sede pela justiça, em ser misericordioso, puro de coração, em ser pacificador, perseguido pelo bem da justiça e ainda se alegrar e ser excessivamente feliz, em ser sal da terra e luz do mundo, ter uma justiça que excede, em ser desprovido de raiva com o irmão, usar nenhuma palavra insolente, permitindo que ninguém tenha algo contra alguém, ter um espírito para a concórdia rápida, sem armazenar pensamentos luxuriosos, ser incansável contra aquilo que ofenda o maior, ter relações corretas na vida do lar, ser verdadeiro em palavra e atitude, virar a outra face , dar o capa também, andar a segunda milha, dar a quem pede e não desviar daqueles que te emprestam,amar mesmo seus inimigos, orar por aqueles que perseguem - então vocês serão filhos do seu Pai e você será perfeito como o Pai no céu é perfeito.

 

Não há nenhuma destas vinte e sete marcas da vida perfeita que é irrelevante ou insignificante e nenhuma que não seja completamente essencial  para a vida perfeita. Jesus não é apenas maravilhoso no que coloca aqui, mas também naquilo que deixou de fora. Alguém tem sugerido que praticamente tudo que que Jesus ensinou poderia ser encontrado no Talmude. "Sim", é a resposta, "e muito mais além disso". O Talmude contém tesouros em meio a desperdícios. Mas, Jesus acerta o essencial e sempre o essencial. A mente dele era um filtro. Nunca se perdia para um assunto acessório, nem tomou atalhos ou perdeu o ponto. Isto vai vir a luz, eu acredito, quando olhamos mais especificamente para estas vinte e sete marcas.

 

A apresentação da vida perfeita por Jesus se divide em cinco porções maiores:

 

1. O QUE OS CRENTES SÃO EM SI MESMOS (AS BEM-AVENTURANÇAS) (vs 2-12)

2. O QUE ELES SÃO PARA O MUNDO (SAL, LUZ) (vs. 13-16)

3. O QUE ELES SÃO PARA O PASSADO( AO INVÉS DE DESTRUIR, ELES CUMPREM) (vs. 17-20)

4. O QUE ELES SÃO EM SEUS RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS COM OS OUTROS (vs. 21-47)

5. QUE ELES DEVEM SER PERFEITOS COMO PAI É PERFEITO (vs. 48)

 

Jesus começa com aquilo que eles devem ser neles mesmos. Ele começa no centro. Ele insiste que o homem não pode viver na circunferência a menos que eles estejam vivos no centro. A tentativa moderna é ter quantidade de vida na circunferência apesar da qualidade de vida no centro. Jesus sabia que isto terminaria em futilidade, cinismo e total futilidade.  Quando ele faz novas todas as coisas, antes de tudo, ele coloca suas mãos sob o coração humano. Ele sabia que "vocês não podem criar a idade de ouro a partir dos instintos de chumbo" . Ele falou sobre o que eles deveriam ser (vs 2-13), antes dele falar sobre o que eles fazem ou não fazem (resto do Sermão). Ele começa dizendo: "Bem-aventurados" são vocês que em si mesmos determinam a vida para vocês. Vocês são seu próprio paraíso e vocês são seu próprio inferno.  Ele sabia que o " inferno, por vezes, irrompe no homem como se fosse uma combustão espontânea" e que o céu é um estado da mente antes que isso pode ser um lugar. Ele veio, então, não para colocar o homem no céu, mas, para colocar o céu dentro do homem; não para tirar o homem do inferno, mas, para colocar o inferno fora do homem. Se "conduta são três quartos de uma vida", então o caráter é o todo, pois o "caráter é destino".

 

Para descrever o estado daqueles que estão bem alinhados por dentro, ele usa uma palavra que está cheia de significado "bem-aventurado". Esta palavra é "makarios", uma palavra que Aristóteles usou para bênção divina em contraste com a felicidade humana. A palavra ordinária para a felicidade humana era eudamoni, mas, ela passou  a ter um significado como de fraco. Já que nós participantes da perfeição que Deus tem, então somos partícipes da alegria que é divina. A primeira nota do ensino de Buda é Sofrimento, a primeira nota que Jesus coloca é Alegria. Mas, esta alegria não é dependente dos acontecimentos. Suas fontes estão dentro. "Bem-aventurados são". Então,  esta nota de alegria não é uma nota barata de jazz, fácil e superficial. Ela soa as profundezas antes de atingir as alturas. Mas, a palavra bem aventurado é mais do que feliz, ela literalmente significad, não sujeito aos fatos, imortal. Ela apresenta um tipo de vida que se levanta acima do mecanismo fatídico da vida terrena para uma liberdade moral e espiritual. Então, os dois significados são tomados juntos que poderiam dar o significado de abençoado, que é, "ser imortal e feliz".

 

As Beatitudes são nove em número e elas estão separadas em três grupos de três cada um. O primeiro grupo começa com "Bem-aventurados são os pobres de espírito pois deles é o reino dos céus". Muitos acham que o significado de pobre de espírito foi  tirada do Antigo Testametno  como o pobre remanescente em busca da redenção de Israel, alguns tomam a frase como sinônima de humildade e alguns, como Tertuliano, criam o termo como "pedintes em espírito".  Nenhum destes, me parece, soar sua profundidade. Eles me parecem superficiais. Esperaríamos Jesus soar uma nota mais radical desde o começo. Ele faz. Uma palavra que Lucas usa para pobre é "ani"- um pobre por circunstâncias, mas a palavra usada aqui é, na verdade, um pobre por escolha. A palavra, então, mais próxima de seu sentido original seria um "renunciante em espírito".

 

Há apenas duas grandes filosofias de vida. Nietzsche resumiu uma delas quando disse:" Afirme-se a si mesmo. Cuide de nada exceto a si mesmo. O único vício é a fraqueza, e a única virtude é a força. Seja forte, seja um super-homem. O mundo vai te pertencer se você puder ter ele". Aqui é o culto da auto-expressão. Aqui é o Darwinismo como uma filosofia de vida. O método de sobrevivência em uma natureza inferior é transformado no método da sobrevivência entre os homens. Em Nietzsche, este culto da auto-expressão é cruel. Em outros, ele é refinado, mas eles sempre apontam para um sentido final que o que importar é buscar os próprios interesses, seja isso uma auto-afirmação insensível ou uma auto-cultura refinada. Jesus permanece como extremo oposto a isto, e diz que o caminho para encontrar a vida é perder a vida, que o caminho da auto-realização é pelo caminho da auto-renúncia.  Ele diz: se qualquer um quiser vir após mim, deve negar a si mesmo (literalmente, se rejeitar a si mesmo) e tomar sua cruz e o seguir. Não há dois caminhos que poderiam ser mais opostos. Nietzsche morreu num hospício e o mundo o seguiu até a beira do inferno na última guerra como uma consequência natural desta atitude de auto-afirmação. Sua gênese é o egoísmo, seu êxodo é o suicídio.

 

Jesus dá um golpe na atitude de auto-afirmação  desde o começo. Ele diz que este "self" deve ser renunciado. Em Marcos 9:43, ele diz" que melhor entrar na vida eterna, mutilado e no versículo 47 " que é melhor para nós entrar no reino de Deus com apenas um olho". Aqui a vida  e o reino de Deus são usados de maneira sinônimas. Esta primeira beatitude poderia, então, ser lida da seguinte maneira: "Imortais e felizes são aqueles que renunciaram em espírito para eles é vida". Eles encontraram vida em deixando isso seguir. Esta é outra forma  de colocar este verso que, para mim, é central no ensino de Cristo. Aquele que buscar salvar sua vida a perderá, mas aquele que perder sua vida a encontrará.

 

É muito interessante notar que Walter Lippmann, em seu "Preface to Morals", depois de deixar Deus ir, com uma pontada, girando melacolicamente para um humanismo, nos dá o que ele chama de alta religião. Sua alta religião é esta: aprender não a querer nada da vida que a vida  não contém, mas limitar o desejo de alguém até que ele se harmonize com a realidade; encarar a vida num espírito de desinteresse". Nós buscamos por conforto, por sucesso, por vida eterna. A alta religião  é a regeneração destes desejos". É muito notável que Hinduísmo e Budismo, Lippmann e Jesus todos convergem para uma coisa, a dizer, a renúncia do desejo. Lippmann diz:  "limitar desejos", Hinduísmo diz: Abrir mão dos desejos para separar a existência, Budismo diz: "Cortar na raiz do desejo mesmo pela vida", Jesus diz: "abençoados os que renunciam em espírito". Lippmann  poderia limitar os desejos, então num mundo que é claro desapontar-se, você não estaria desapontado se você não buscasse por muito; hinduísmo poderia te livrar do desejo em separar a personalidade  ao adentrar para o sem desejo Brahma; o budismo livraria os homens da tristeza cortando a raiz do sofrimento, a saber, o desejo pela vida em si, alcançando o nirvana, que é um estado de apagar a vela. Jesus libertaria do desejo no nível do self ao trocar isto por um desejo maior que o amor a si mesmo, nos trazendo dentro de um reino de valores maiores.

 

Lippmann termina numa desilusão para o mundo, o hinduísmo termina em uma perda do mundo e da personalidade num impessoal Brahma, budismo acaba em na extinção do mundo e da personalidade, Jesus termina num reino de valores positivos que encontra a vida de um e de um novo mundo, o reino de Deus na terra. Com a exceção de Jesus, que termina numa completude final, cada um desses termina num vazio final.

 

Jesus pede a única possessão que temos: nós mesmos. Auto-renúncia é mais profunda que uma renúncia do mundo, porque um poderia abrir mão do mundo mas não de si mesmo. Eu tenho visto muitos sadhu que são pobres em coisas materiais, mas não pobres em espírito, pois se você cruzar com eles, eles poderia voltar até você em raiva. Nenhum homem é livre até ele  ser livre no centro. Quando ele anda aqui, ele é livre de vez. Quando o self é renunciado, então alguém permanece totalmente desiludido, à parte, procurando por nada. Ele antecipa os sofrimentos, as bofetadas, as rasteiras, as separações, os desapontamentos da vida por sua aceitação nesta grande renúncia. Esta é a estratégia suprema do retiro.  Você pode então dizer para a vida: "O que você pode fazer comigo? Eu não quero nada!" Você pode dizer para a morte: "O que você pode fazer para mim? Eu já estou morto". Então é um homem verdadeiramente livre. No banho da renúncia , ele lavou sua alma de diversos clamores, desejos conflituosos.  Pedindo por nada,  se nada vier até ele, é tudo puro ganho. Então a vida se torna uma constante surpresa.

 

A filosofia grega tenetou fazer um homem invulnerável, mas aqui sempre havia um tendão de Aquiles exposo quando a vida se machucava. O evangelho começa na cruz, então um homem escolhe ser completamente vulnerável, ele fere a si mesmo até a morte. Então, ele é imune às feridas. Não se pode derrotar um homem que já aceitou a derrota; não se pode quebrar o quebrantado, não pode matar um homem que escolheu morrer, ele agora é imortal. Buda viu que o fim da vida era morte e isto pararia ali, Jesus viu que o começo da vida era morte, e não parou mas foi para uma manhã de páscoa.

 

Eu vi um muito infeliz e raivoso pássaro batendo por horas contra uma janela, lutando com o seu reflexo. Então, ele, de repente, parou, ouviu e pareceu ouvir um chamado das portasm deixando de lutar com si mesmo e voou longe. Depois de um tempo, eu o ouvi cantando num jardim. Jesus vem ao homem que está lutando consigo e com os outros, cheio de choques e confusão, e em palavras, "Imortal e feliz é o homem que renunciou em espírito" dá a eles o chamado para a vida completa. Eles ouvem, deixam a si mesmos para entrar numa vida mais ampla e então, no jardim do paraíso restaurado, eu escuto eles cantarem.

 

Deissmann diz do costume em voga que no tempo de São Paulo, a manumissão de um escravo através do rito solene de sua compra  por um e depois contra todo o mundo para sair...templo livre, vender ele para o deus, e recebido do templo, o dinheiro da compra que o escravo tinha depositado previamente ali a partir de suas economias. O escravo então se tornava propriedade do deus, mas contra o mundo ele era um homem livre ( Saint Paul, p. 141). Isto é algo que Jesus quis dizer quando perguntou aos homens, que escravizaram a si mesmos, para venderem-se a Deus, então contra todo o mundo, ficarem como homens livres.

 

O empreendimento do homem moderno é encontrar um ajuste. Mas, normalmente ajustam a si mesmo completamente para o universo material que  se tornam mais uma peça, e no fim se tornam um pedaço de um mero mecanismo. As primeiras palavras de Jesus, foi para sairmos deste ajuste num  nível, encontrar um ajuste maior num nível maior. Ali encontrará a vida real. O fim da renúncia em espírito não é renúncia, mas receptividade: Deles é o reino dos céus ou deles é a vida. A auto-renúncia termina na auto-realização.

 

Tudo pertence  ao homem que busca nada. Tendo nada, ele possui todas as coisas na vida, incluindo a vida em si. Nada vai ser negado para o homem que nega a si mesmo. Tenho escolher ser totalmente sollitário, ele agora toma posse do fato social do universo, o reino de Deus. Religião é o que o homem faz em sua solidão, diz Whitehead. Eu poderia dizer, ao invés, que a real religião começa quando um homem decide ser mais solitário, decide se retirar completamente, não quer nada do mundo do homem ou da matéria.  Ele tem Deus. Isto é suficiente. Agora, ele está pronto para voltar para o mundo. Ele é limpo dos desejos, e com um novo motivo. Este desapego é necessário para um novo anexo. Asceticismo é aqui afim de um asceticismo e ambos em busca de uma nova aceitação do mundo. A vida mais completa e plena vem de uma vida completamente vazia, uma manhã de páscoa vem do Calvário.

“Saído do profundo, uma sombra

Então, uma fagulha;

Saído de nuvem, um silêncio,

Então, uma cotovia;

Saído do coração, uma ruptura,

Então, uma dor;

Saído do morto, cinzas geladas,

Vida de novo!”

Mas, esta atitude de renúncia precisa de correção.  O fato é que toda virtude precisa da correção de sua virtude oposta. Nas florestas tropicais das Índias Orientais, há uma flor que tomada em si mesma, cheira de maneira pútrida,  mas quando misturada com outros perfumes da floresta cheira de maneira prazerosa. Muitas virtudes consideradas isoladamente cheiram mal!  Nós vimos que pessoas boas são qualquer coisa menos atraentes, porque suas virtudes não foram corrigidas por virtudes opostas.  Enunciação no espírito termina num ascetismo estéril a menos que seja corrigido e suplementado por uma participação no mundo. Jesus, em seu equilíbrio maravilhoso, provisionou que cada uma das virtudes colocadas nas Beatitudes fosse corrigida com uma virtude oposta. Mas, foi além disso, pois as virtudes poderiam cancelar a si mesmas ao invés de se combinarem num terceiro superior. Ele viu que elas combinavam para uma virtude superior em que resumiu o melhor de cada. Por isto, as Beatitudes caminham juntas, não em pares, mas em grupos de três. Isto nos lembra o dito de Hegel em que o pensamento se movimenta em três estágios: tese, antítese e síntese. Descobrimos estes três estágios no primeiro grupo: tese é pobreza no espírito, os separados; antítese são aqueles que choram pelo bem dos outros, aqueles que sentem os sofrimentos e dores do mundo e tomam isto sobre si mesmos; síntese, o manso que vai herdar a terra. Os pobres e servos estão combinados e se tornam em mansos que irão, finalmente, herdar e governar a terra.

“Abençoados aqueles que choram” é normalmente tomado como se referindo para aqueles, como no Antigo Testametno, estão chorando pela restauração de Israel, ou, num sentido mais pessoal, aqueles que estão de luto por seus pecados e erros, em cada caso, há um anti-climax. Mas, se isto significa um compartilhar e um carregar ativo das dores e pecados do mundo para buscar uma cura para isto; se isto significa um tipo de luto que Jesus manifesta quando ele chora sob a cidade de Jerusalém, se há a paixão do sofrimento da cruz nisto, então, não é um anti-climax, mas uma necessária contraparte e correção. A primeira beatitude sem a segunda termina numa estéril indiferença, mas com isto, ela termina num apego frutífero.  Este versículo atinge a todos que dizem que a religião é uma “mentalidade de escapismo”, que significa uma fuga da dor e do sofrimento. Aqui é uma religião que busca deliberadamente escolher a dor por si mesmo para buscar curar os outros.

Abençoados são aqueles que sentem as dores e os pecados do mundo está em completa oposição ao ideal do Budismo e o Hinduísmo de não ser afetado ou estar indiferente no espírito. Nem calor nem frio, nem alegria nem sofrimento, nem o mundo nem a morte afetam a eles, les tem que alcançar um estado de não afetividade.  Não é assim nos ensinos de Jesus. Os pobres de espírito são afetados e afetados profundamente.  Tem sido limpos pela renúncia, eles são agora mais sensíveis que nunca para a dor do mundo- Glover nos diz que nos primeiros dias do Cristianismo, foi feita uma tentativa de cristianizar o termo e a atitude “apatia”, imperturbável, não suscetível ao sofrimento; mas, isto não poderia ser realizado com a cruz no centro do evangelho.

Estas duas beatitudes são as duas direções de um coração ritmado. Se um coração bate apenas numa direção, irá bater em si mesmo até a morte; se ele bate nas duas direções, ele colocará a vida em todo o corpo. Se ali há apenas a renúncia, há o suicídio espiritual. Por outro lado, se há a participação no mundo, o sofrimento pelos outros e apenas isso, sem um afastamento do mundo em espírito, então há superficialidade. A Índia sofre com o primeiro, e o Oeste com o segundo.

Eu vi um juiz de uma Alta Corte que renunciou ao seu cargo, sua casa, seus companheiros, tudo e se sentou nu nas margens do sagrado Ganges perto de sua pequena cabana para uma meditação perpetua.  Ele não quis falar comigo para não atrapalhar em sua busca para a realização divina. Ele era o coração da Índia batendo apenas na direção da indiferença e, ainda assim, ele representa um coração, e, então, deve ser respeitado por isto, ele não derramou nenhum calor  curador dentro da alma da Índia;  e por si mesmo, apenas podia se ver a partir do vazio crescente em seu rosto que ele estava lentamente cometendo um suicídio espiritual. Ele estava próximo de uma vida de um vegetal. Ele  sentiu que essa renúncia seria a liberação da vida, mas qualquer um poderia ver que isso era apenas a redução da vida. Por outro lado, há muitos cristãos que são extrovertidos, que pensam apenas em termos de servir o mundo, e neste processo, suas almas ficam superficiais e vazias. O mundo é muito para que eles o superem, são superados por ele.

Lutero, sentido uma aversão ao mundo, gritou: “O mundo é um companheiro maldito; vamos esperar que Deus logo vai termina com ele”, mas Lutero, sempre correto, se perdeu aqui, porque os cristãos gritam: “O mundo é um companheiro mau, vou renunciar em espírito” mas logo de depressa acrescentam: “vale a pena salvar o mundo, vou suportar qualquer dor e pranto para redimi-lo”.  Na primeira beatitude há uma fuga  solitária para o monte com Jesus, na segunda há uma comunhão com Jesus no caminho do Calvário. Os dois Montes estão nestes dois versos: Monte das Oliveiras, o monte do afastamento dos homens, e o Monte do Calvário, o monte que atrai os todos os homens para o seu coração até que se quebrante. No primeiro, há recusa de dar a si mesmo a todos os homens, no segundo, você se volta e dá a si mesmo a cada homem.

É estanho dizer que, no evangelho, o primeiro prepara para e traz no segundo, o coração entregue que é um coração sensível. Quando alguém renuncia em espírito, então ele tem “um coração  em repouso de si mesmo que pode acalmar e simpatizar”. A maioria das pessoas estão tão tomadas consigo mesmas e com seus próprios problemas que a dor e o sofrimento do mundo não chegam nelas.  Mas, quando um homem cresce grandemente através duma renúncia interior, então esta expansão da alma traz sua cruz, ele é ferido mais amplamente e profundamente. Jesus morrendo na cruz de um coração partido é a direção que vem do afastamento de Jesus para as montanhas e sua recusa de ser rei. Recuse a multidão, e você será coroado com espinhos.

Estes dois versículos explicam um aparente dito difícil de Jesus, uma palavra que ofendeu muitas pessoas: “"Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:26,27).  A ordem parece ter sido para odiar  e renunciar a todo relacionamento ou não poderemos ser discípulos.  Isto tomado sozinho parece um ascetismo duro, sem sentimento, sem socialização do tipo Hindu. Mas, a segunda parte desta declaração salva isto: “E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.”. Carregar a cruz é estar disponível para os outros- o ato mais completamente oscial que pode ser imaginado, na cruz Jesus tomou em si mesmo tudo que ele não era. Nestes dois versículos, ele coloca juntos, o ato totalmente anti-social de odiar pai e mãe e o ato completamente social de carregar uma cruz por eles. Ele coloca os dois juntos, porque eles se pertencem juntos. Renunciamos no espirito nossas relações mais tenras, e então, damos a volta, e tomamos o fardo para o bem deles, a chamada cruz. Sem esta segunda injunção, a primeira seria dura, insensível, anti-social, mas com esta, o todo se mostra aindamais tenro, mais sentimental, o ato social maior que um ser humano é capaz, ele está buscando ser crucificado para que outros possam viver e viver abundantemente.  Ele renunciou a família no espirito, então retornou para eles com a cruz em seus ombros para redimir eles a qualquer custo. A renúncia em espírito e o retorno com a cruz são irmãos siameses: corte separando-os e irão sangrar até a morte; mantenham juntos e eles vão viver.

Mas, o clímax da dificuldade não está na parte que se relaciona com odiar pai e mãe. O clímax é onde Jesus coloca: “e ainda, a sua própria vida mais do que a mim”. Em relação a isto, é fácil abrir mão do pai e da mãe, de casas e terras; a dificuldade chegou, sim,” a si mesmo também”. A ultima coisa que queremos abrir mão somos nós mesmos. No tempo presente, um patriota grita: “Pelo bem da pátria, estou disposto a sacrificar minha velha mãe, e ainda, meus filhos também, e, se necessário, até mesmo sacrifico a mim mesmo”. Ele veio por ultimo! Muitos como um missionário que vem para outras e abre mão de tudo, pai e mãe, casas e terras, tudo, exceto a mim mesmo. Toque nele e ele ainda estará sensível! O eu ainda está lá, vigilante de seu próprio lugar e poder e se torna o centro mórbido dos problemas espirituais. Na primeira beatitude, Jesus enfrenta de novo este problema central, o eu, e exige que nós renunciamos aqui antes de prosseguir.  O fim da vida humana será ou, um egoísta acabado ou um amante perfeito.  A primeira beatitude é o fim do egoísmo, a segunda é começo do amante. É da natureza do amor insinuar-se nas tristezas e pecados dos outros.  Está sempre ligado ao lamento.  Tem consigo a condenação de sangrar assim. E com razão, pois “quando paramos de sangrar deixamos de abençoar”.

Agora, aqueles que choram serão consolados. A coisa estranha que acontece com aqueles que deliberadamente tomam sobre si mesmos os problemas e as dores em prol dos outros é que encontram felicidade, eles são consolados. As pessoas mais absolutamente felizes neste mundo são aqueles que escolheram cuidar até doer.  As pessoas mais miseráveis neste mundo são aqueles cujo centro são eles mesmos e deliberadamente evitam o cuidado dos  outros em prol de sua própria felicidade. Isso os ilude. Eles salvam suas vidas e as perdem.

Conforto é  formado por duas palavras, CON, ‘com” e FORTO, “força” literalmente, fortalecido por estar com. Na escolha do caminho da cruz, descobrimos a nós mesmos numa intimidade de companheirismo com Cristo, que trava o mesmo caminho, e assim ouvimos as palavras  que fazem o coração cantar mesmo em meio ao sacrifício. Assim, a alma pode dizer: “pode ser que uma pequena gota do que eu sinto caia no inferno, o inferno seria transformado no paraiso”. O conforto não é uma coisa doentia, não é o enxugamento de olhos cheios de lagrimas, mas um re-forço do coração.  As beatitudes não valorizam o mero luto. O sofrimento sem sentido não é reconfortante, é entorpecente e desintegrador. Este, então, deve ser um sofrimento  de uma qualidade particular, uma dor escolhida de bom grado. Isto traz conforto. Não há nada tão abençoado quanto ser capaz de sofrer bem. O sofrimento do mundo traz morte, mas este sofrer traz vida.

As duas primeiras beatitudes, corrigem e suplementam uma a outra, resultando numa síntese das duas e se tornando numa terceira, os mansos herdarão a terra. A mansidão é normalmente pensada como fraqueza. Não aqui. Ela é uma combinação de dois elementos: o poder e a determinação de quem se atreve a viver em pobreza de espirito e a paixão tão profunda que sente as dores e os sofrimentos dos homens que dá a si mesmo em serviço. Aqueles que não querem nada do mundo dos homens e das coisas e assim desejam compartilhar tudo, porque eles se sentem tão profundamente, eles são mansos. Como o hidrogênio e o oxigênio, dois elementos distintos, que unidos produzem um produto completamente novo, agua, então, o espirito de renúncia e o espirito de serviço se unem num homem criando um novo ser, o mais formidável dos seres na terra, o terrível manso. Eles são terríveis porque eles não querem nada, então, nada pode tenta-los ou compra-los,  e também no sentido, que estão dispostos a fazer qualquer coisa pelo próximo porque eles sentem profundamente.  Cristo diante de Pilatos é um retrato do Terrível Manso,  aquele que não pode ser comprado ou intimado, poque não queria nada exceto dar a sua vida  para todos os homens que o estavam crucificando.  Aqui está a força suprema que possui em si mesmo, então possui a terra. É tão forte, tão paciente, tão apto para sobreviver que herda a terra.  Ninguém dá a terra para quem tem esta terrível mansidão; eles chegam a esta posição como se fosse um direito natural, eles a herdam porque o sangue  de Deus corre em suas veias. O tipo de caráter que vai sobreviver e governar a terra é um renunciante e servidor manso.  Todos os outros são usurpadores. O futuro do mundo  estará nas mãos  daqueles que servem e salvam o mundo. Haverá uma sobrevivência para o apto espiritualmente, e Jesus disse que este tipo é o espiritualmente adequado para sobreviver  e governar a Terra. No choque dos ideais de caráter, este tipo surge como apto finalmente. “Aquele que é o maior dentre  vocês deve ser o seu servo. E, vice-versa, o servo de todos será o maior de todos. Ele não é maior porque o maior numero de servos, mas ele é o maior porque serve o maior número.

 Num monumento em Lahore é uma estatua de um dos governadores britânicos da Índia, segurando numa mão, uma caneta e, na outra, uma espada, com uma inscrição abaixo que diz: “Você será governado pela caneta ou pela espada?” Índia, despertou para uma consciência nacional e ficou furiosa com isto, a policia teve que vigiar a estatua para que não fosse destruída. A estátua agora pode ficar desprotegida porque a inscrição foi alterada para “pela caneta e pela espada nós servimos vocês”. Índia e o mundo permitirão apenas que aqueles que servem governem.

Nietzsche delirou contra isto como uma moralidade de escravo,  mas Nietzsche com sua chamada moralidade-mestre quebrou a si mesmo e seu mundo em pedaços, enquanto que Jesus praticando esta chamada moralidade de escravo vai a caminho do trono do nosso universo moral.  Eles me dizem que todos os cachorros já foram lobos. Um dia, um lobo veio atrás do homem  e disse que desistiria de seu egoísmo selvagem e seria manso e servo.  Ele se tornou um cachorro. Os lobos selvagens? Ele estão lenta mas seguramente sendo exterminados, enquanto os cães mansos são mais e mais herdeiros da terra. Entre os homens, o mesmo está acontecendo com os militantes, os exploradores e os egoístas, que estão sendo lentamente mas seguramente sendo exterminados como inaptos para sobreviver e os mansos servidores estão herdando a terra.

Jesus disse uma coisa muito enigmática quando declarou que a menos que nos tornemos como crianças não poderemos herdar o reino de Deus, não podemos entrar no Reino de Deus é confuso até a ciência venha e nos mostre quão amplo foi aplicação do principio. Huxley uma vez escreveu para Kingsley: ”Parece-me que a ciência ensina em termos mais inconfundíveis a conceito cristão de completa sujeição à vontade de Deus. Ciência diz, Sente-se aqui diante dos fatos como uma pequena criança, esteja preparado para abandonar toda a noção preconcebida,  esteja desejoso para ir aonde quer que a Natureza o leve, ou não saberá nada”. Se você deve reinar como um reino de fato, você deve estar preparado para ser uma criança e ser conduzido onde quer que os fatos o levem.  Aqui a ciência e a religião se unem para exigir o mesmo espirito. Tanto na ciência como na religião, o manso herda a terra. 

A terra é maya, ilusão diz o hinduísmo. É seu, diz Jesus. Quando  sai para o mundo na manhã seguinte que me rendi, pensei que nunca tinha visto o mundo; as arvores bateram palmas, e toda a natureza fervilhava de alegria e beleza. Pela primeira vez, sabia que a terra era minha. Eu tinha herdado ela.  O evangelho começa com uma demanda  de auto renúncia  e termina numa auto afirmação e uma afirmação do mundo.

 

As três primeiras beatitudes atingem as atitudes agressivas da vida. Elas mostram a invasão de Deus em nós, lançando fora a nossa auto suficiência, nossa própria vida, preparando-nos para a maior ofensiva de amor que o mundo já viu. Ele nos desarma afim  de colocar armas inteiramente novas em nossas mãos. A menos que que estes três primeiros versos sejam verdadeiros, o resto do Sermão no Monte se torna impossível. O problema não é o lugar de virar a outra face, o atrito está no lugar de deixar partir o eu essencial. Faça isto, e virar a outra face se torna um resultado natural e necessário.

Resumindo: o pobre- renunciado- em espirito ganha o reino dos céus, os enlutados ganham o reino do conforto interior e os mansos ganham a terra.  Então, o mundo de cima, o mundo interno e o mundo ao redor pertencem a este homem. Querendo nada, ele herda todos os mundos.


CAPÍTULO 4 - O QUE ELES SÃO EM SI MESMOS. (CONTINUAÇÃO).

Vamos agora para a proxima trinca de beatitudes. Começando com: "Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça; pois eles serão saciados". Jesus usa os anseios mais fortes de fome e sede para caracterizar a paixão pelo bem que é encontrada no homem que está inclinado à perfeição. Este desejo por justiça se torna uma fome que devora as fomes menores da vida de alguém, até que o homem em si mesmo é devorado com esta fome que inclui tudo.  Enquanto, as três primeiras beatitudes atacam as atitudes agressivas que temos na vida, elas não ficam só nisso. Elas terminam não num quietismo, mas numa jornada. E a jornada pela retidão pode agora seguramente tomar lugar, após a renúncia em espírito, a retidão produzida não vem de uma auto-justiça, para de um eu que foi renunciado. nada é mais belo que a retidão; nada é mais hediondo que a justiça própria.

Mas, mesmo justiça que foi purificada com a auto renúncia precisa da correção da próxima beatitude: "Bem aventurados os misericordiosos". As pessoas mais justas não são misericordiosas com as falhas e erros dos outros. Sua própria paixão pela justiça os torna duros. Eles são geralmente os Sinais, onde a lei troveja forte, e se você tocar esta montanha, você experimentará os dardos dos preceitos da retidão. A justiça sem a modificação da misericórdia é dura, desamorosa, farisaica, uma coisa azeda. Um comitê foi até a estação para encontrar um novo ministro que eles não conheciam de vista. Eles caminharam até um homem que desceu e perguntaram se ele era o novo titular. "Não", ele respondeu, "eu não sou. É a indigestão que me faz parecer dessa maneira". A justiça sem a misericórdia produz um semblante de indigestão. Mas, nada é mais belo que o semblante da justiça quando brilha sob ele, a lágrima da misericórdia. A voz do Sinai que  diz "Tu não deverás" deve ser temperada com a voz do Calvário que diz "Pai, perdoa-lhes". Os estudantes e um certo colégio estavam suspense, porque outros alunos de outros colégios foram dispensados por fazer a mesma coisa que eles haviam feito.  Nenhuma palavra do diretor escocês por duas semanas. Então, ele se levantou na capela e disse: "Eu quero dispensar vocês, mas a voz do meu Senhor me disse que devo perdoar vocês. Eu não quero fazer isto, mas já que Ele mandou, vou fazer". Todos estudantes ficaram em lágrimas. Sinai e Calvário falaram na voz do diretor e venceram!  Justiça que se erguia em linha reta aprendeu a inclinar-se  e conquistar em misericórdia. 

 Mas se a sede por justiça precisa da correção da misericórdia, então, vice-versa, a misericórdia precisa da correção da justiça. A misericórdia sem retidão é pieguice. Ser misericordioso através das falhas e pecados dos outros sem um questionamento moral no coração da misericórdia termina em frouxidão e libertinagem. Qualquer retidão ou misericórdia  tomadas sozinhas cheiram mal, mas tomando as duas juntas é o hálito dos céus sobre eles. 

As duas colocadas juntas se tornam uma terceira: os puros de coração. A fome pela justiça é a tese, a misericórdia para com os outros e suas falhas é a antítesem, o puro de coração é a síntese. A melhor definição que conheço de pureza de coração é essa: a uma paixão pela retidão e uma compaixão pelos homens, esta é a pureza de coração. Ser puro de coração é literalmente não ter divisão no coração, não apenas não estar dividido entre o bem e o mal, mas também entre virtude e virtude. Este coração é puro que não se divide em nenhuma porção com qualquer mal, mas, mais, ele também não se divide com as virtudes da retidão e da misericórdia, não dando a si mesmo para elas alternadamente, mas as misturando numa mistura da pureza.  Ele é controlado por ambas a cada vez, de tal forma que coração puro é justo misericordioso e misericordioso justo. Este tipo de homem vê Deus. O homem que busca a lei e mostra amor, vê Deus. É bom que a visão de Deus seja colocada neste estágio. O hinduísmo diz que "abençoados são os que renunciam em espírito, que eles verão a Deus". O evangelho diz "abençoados os que renunciam em espirito e sofre pelos outros e se tornam mansos porque eles herdarão a terra; quem tem fome e sede de justiça e misericórdia dos outros, e se tornam puros de coração, eles verão a Deus". Enxergar a Deus não é alcançado através de um auto esvaziamento sozinho, mas um auto esvaziar-se que caminha para ser preenchido com qualidades positivas de um sofrimento vicário,  de mansidão, de fome e sede pela justiça, de uma misericórdia terna e pureza no coração. Todas estas qualidades se encaixam numa pessoa para melhores relacionamentos, de modo que Deus é visto, não fora da sua vida, mas no meio de seus relacionamentos humanos. Ver Deus significa plenitude e não  o vazio. 

Enxergar a Deus no meio do ordinário, do comum! Então o sórdido se torna sagrado, então a penúria não precisa extinguir a poesia,  então toda a sarça é inflamada por Deus e toda a vida tem sentido. 

Mas a visão de Deus e sua glória não é a ultima bem-aventurança, nem o último conjunto de beatitudes que nos dá uma visão do homem e suas necessidades: "Bem-aventurados são os pacificadores porque eles serão chamados de filhos de Deus". As bem-aventuranças não nos deixam olhando para os céus, elas acabam olhando para uma terra cicatrizada e em guerra. A pureza se tornar em pacificador. Esta pureza, então, não é uma pureza que constrói murros de separação através de tabus e exclusões, não é uma pureza protegida, é uma força de pureza. Não é como a água que se lança sobre si mesma nos bancos de exclusão e termina num lago estagnado e infértil, antes, ela é como um riacho que correndo se mantém puro e se purifica. Nenhuma pureza é pura que não seja sempre purificada,  nenhuma virtude é virtude que não tenha o vitorioso nele. O que renuncia em espírito e o puro de coração não são chamados de filhos de Deus até que se tornem amorosamente agressivos e pacificadores. 

Este tipo de caráter retratado nas primeiras beatitudes, é agora solto no mundo em reconciliação. Tendo renunciados a si mesmos, eles estão agora em posição para falar com a palavra  com autoridade e respirar o espírito de autoridade numa auto-afirmação, e portanto, conflitando situações humanas. Nenhum pode ser um pacificador a menos que permaneça num espírito de desinteresse. 


E eles não são apenas meramente pacificadores entre homens e homens, mas entre Deus e os homens. O homem está em inimizade com Deus e tem medo Dele. Estes respiram tamanha vitória, que os homens se apaixonam por Deus por meio deles. Esta agressão amorosa e purificada é frequentemente vista pelos não cristãos como imperialismo religioso, um convite ao proselitismo e um desejo de gerenciar as almas dos outros em seus supostos interesses. Consequentemente, dizem eles, que não deve haver conversões nas religiões. Vamos admitir que este lindo espírito de reconciliação e pacificação foi por vezes corrompido em imperalismo religioso, em intrusões complicadas, em proselitismo que abrangeria a terra e o mar para criar mais um prosélito. Mas, enquanto repudiamos estas coisas, não devemos abandonar essa paixão por compartilhar o que está no cerne do evangelho. Não está apenas escrito nas ordenanças de Jesus para ir e compartilhar. Isto está escrito na própria constituição e criação de uma alma cristã. Ele nao pode ajudar se ele nao for cristão, porque nenhuma vida é cristã que não pode ser cristianizada. 

Mas, esta amorosa agressão paga as penalidades do amor e descobre a si mesma perseguida por esta busca da retidão amorosa. Num mundo onde os homens amam suas correntes e seus confrontos e pensam que eles são parte deles mesmos, já que eles os têm há tanto tempo, qualquer um que perturbe isto pela agressão amorosa vai encontrar um mundo chutando de volta em perseguição. O homem odeia ser perturbado ainda que para seu próprio bem. Os pacificadores devem se acostumar a ver seu próprio sangue. Ai de vós, quando todos os homens falam bem de vocês, disse Jesus, pois se assim o fazem, isto prova que não tem os perturbado nem minimamente. Os pacificadores se tornam os perseguidos. Os Quakers, o mais cristão de qualquer grupo cristão, são perseguidos por uma sociedade que odeia ser perturbada da guerra para paz. Gandhi foi para a cadeia e Cristo vai para sua cruz. Mas a beatitude diz: Bem-aventurados os que são perseguidos e adiciona algo aos bem-aventurados são os pacificadores, que realmente é necessário para completar o seu caráter. É uma coisa é ser um pacificador, outra coisa é continuar a ser um pacificador em meio à perseguição. É bom que o pacificador deva conhecer algo da paz por si mesmo. Pois se conseguir ter essa paz mesmo em meio às perseguições, realmente ele é um pacificador.  Sua pacificação precisa de perseguição para continuar fazendo a paz com autoridade e eficácia, pois nenhum homem pode falar sobre paz com autoridade moral a menos que ele conte da experiência de paz em meio às perseguições.  Jesus é o Príncipe da Paz, por um lado porque ele era um príncipe quando estava no meio das perseguições. Como Jesus fala de paz através do sangue da sua cruz, por isso não podemos falar de paz salvar a não ser através do sangue de sua cruz. Judson, depois de passar por sofrimentos indescritíveis enquanto estava na prisão por meses, ganhou sua liberdade e pediu ao rei da Birmânia, permissão para ir a uma certa cidade e pregar o evangelho. "Estou disposto a deixar dúzias de pregadores mas não você" respondeu o Rei. Não com essas mãos. Meu povo não é tolo o suficiente para ouvir e seguir suas palavras, mas eles não serão capazes de resistir àquelas mãos com cicatrizes". Aquelas mãos cicatrizadas tinham autoridade.

Jesus disse que os pobres de espírito tinham o reino dos céus e os pacificadores perseguidos tinham o reino dos céus. Por que ele repete isto? Bem, o reino dos céus apenas realmente pertence aos que renunciaram em espírito como também àqueles que se tornam pacificadores perseguidos. O reino dos céus não é apenas renúncia, mas renúncia em busca de reconciliação. 

A última beatitude, “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês". Adiciona algo para as outra duas da última trinca de beatitudes e completa elas. Não é suficiente para alguém ser um pacificador e alguém perseguido por suas dores. Devemos saber algo do significado do terceiro, nomeado para alegrar-se e regozijar-se em meio pacificação perseguida. A tese é um pacificador, a antítese é a perseguição do pacificador e a síntese é a alegria, pacificador perseguidor que se torna o Guerreiro Feliz.

Nas Bem-aventuranças, nos é dito que possuímos o reino dos céus, o reino que junto com os reinos da terra. Esta vida parece capaz conquistar todos os reinos, mas um fica fora: o reino da dor. Na última beatitude, Jesus diz que o reino da dor também pertence a você. Para aqueles que seguem neste caminho, não meramente carregando a dor, ou fugindo dela, ou se submetendo a ela, mas usando-a!  Eles se alegram e se regozijam apesar disto. A vida é sofrer - fuja disso, diz o Budismo. A vida traz sofrimento, use isto, diz Jesus. O menestrel de Ascalon foi para a batalha  carregando sua harpa. Nós também! 

Eu vi uma águia nos himalaias quando a tempestade caiu sobre ele. Eu esperei que ela fosse jogada no chão pela fúria da tempestade. Ao invés disso, a águia ajeitou suas asas de tal forma que, quando a tempestade ficou pior,  ela subia acima da tempestade. Ela não tentou suportar a tempestade, ou tentou escapar dela, ela foi acima dela. Seu par de asas fez isso. Aqui nas Bem-aventuranças, Jesus está dizendo para nós, como ele dá um par de asas para a alma, para que quando o problema e dor nos atacar, simplesmente nos ergamos acima da fúria destas ocasiões.  A dor pode entorpecer alguém, ela também pode nos levar para alturas maiores. Eu conhecia que um velho santo que estava tão cheio de alegria que quando ele estava saindo de um trem, e o solavanco o jogou para os lados, arrancou aleluias dele!  Ele os tinha dentro de si, de modo que os solavancos simplesmente os trouxeram para fora!

Havia um antigo costume de esticar fios entre as torres de um castelo para fazer uma harpa eólica. Quando estava tudo calmo, não havia música, mas quando a tempestade rugia, então da harpa vinha uma requintada melodia. A harpa aproveitava a tempestade para transformar sua fúria em música.  Jesus abre esta possibilidade para o homem.  Aquele que aprendeu o segredo de aproveitar a dor, agora está seguro, porque ele pode suportar tudo o que lhe pode acontecer . Ele arranca o clube das mãos  das circunstâncias que iriam quebrar sua cabeça e transforma numa batuta que, lidera uma musica adiante, a partir de seu interior. Como o lírio que transforma em beleza, a sujeira e o limo em que cresce, ele transforma o ódio em aleluias e a miséria em melodia. Essa possiblidade abre para o homem um caminho totalmente vitorioso de vida. "O estóico suporta, o epicurista se submete, o cristão sozinho exulta". Esta dor pode ser criativa, contributiva, é o ensino de Jesus. Diz um sábio cristão para outro, "Meu filho, não importa o que você perca, conquanto você ofereça isto junto do sacrifício de Cristo". Outro coloca desta forma: "O caminho da vida das prímulas é rapidamente invadido por sarças, e se devemos ser perfurados com espinhos, é mais real usá-los como uma coroa". 

 O segredo desta última beatitude está na primeira beatitude. Você supera as dores da vida ao antecipá-las  de antemão. Você inflige a si mesmo a dor suprema da renúncia de si mesmo, o que a dor pode fazer depois disso? Lucas adiciona a isto as palavras: "Abençoados sois - quando os homens separarem vocês", você pode encontra isto, para você que se separou de si mesmo pela auto entrega. Esta separação menor não é nada já que você já fez a separação suprema. Você tirou o ferrão das mortes menores ao consentir em morrer internamente. "Você sempre está falando sobre a vida: você não pensa sobre quando morrer? Você não sabe que vai morrer?" me diz que um budista muito hábil num tom meio irritado.

Não, eu respondi, "eu não penso sobre morrer. Por que deveria? Quando alguém já há muito tempo consentiu em morrer internamente, ele pode esquecer tudo sobre morrer e pensar sobre viver. Mas mesmo se a morte vier, eu sou como um pássaro num galho de uma árvore quando a tempestade tenta balança-lo. Ah! Sim, diz o pássaro para si mesmo, me balance. Eu ainda tenho asas". 


Deixe a morte me balançar do meu galho terreno, eu ainda tenho outra alternativa, eu ainda tenho asas, então seja na vida ou na morte, alguém pode permanecer acima das circunstâncias.

 O caminho de vida de Jesus é o caminho da morte - a cruz. Os suíços contam  uma história de um homem nos tempos antigos que, quando não havia meios de atravessar uma linha inimiga, reuniu em seu peito todas as lanças hostis que poderia carregar, e caindo no chão, as segurou para permitir para seus camaradas um caminho sobre seu corpo prostrado para a vitória através dessa brecha que ele abriu. Quando alguém consente ao caminho da cruz, ele junta em seu coração todas as pontas agudas dos problemas e sofrimentos que a vida pode jogar nele e os segura, tudo dentro dele, e agora pode marchar para a vitória sobre a forma prostrada do seu ser na morte consentida. 

"Não queremos uma cruz, queremos alegria". Krishna com o alaúde é um símbolo de religião melhor que Cristo com uma cruz, disse um teosofista europeu para mim um dia. Sim, nós queremos alegria, mas não uma alegria barata, nós queremos uma alegria através da cruz. 


As Bem-Aventuranças, que começam com a exigência da renúncia do espírito, e terminam num salto de alegria (Lucas 6:23).  A beatitude do homem moderno começa com autossuficiência  do espírito e termina numa desilusão maçante e cinismo. Um termina na exaustão do espírito, e outro acaba numa euforia do espírito.  


O segredo de tudo isto é uma frase na última bem-aventurança "por amor de mim". Tudo isto funciona advindo de uma viva comunhão com sua Pessoa. Estes, então, não são preceitos mortos para ser trabalhados pelo bem do dever, mas numa comunhão viva é operado pelo bem do amor. Amor por uma Pessoa é a vida destes preceitos, isso infunde nova vida dentro do corpo morto da doutrina. Tudo no Sermão do Monte é operado vindo deste lugar de amor pela Sagrada Pessoa. Sem isto, o Sermão do Monte é impossível. Os pés cansados do dever não podem escalar tais alturas mas os pés alados do amor podem pisar estas alturas e ainda mais alto! 


A primeira bem-aventurança começa com uma suprema perda de si mesmo; a última beatitude termina com o supremo encontro Dele mesmo. Nada agora pode ser perda com este ganho. Um homem trabalha duro por anos para ter dinheiro para comprar uma casa e mobiliar ela para que possa casar com a mulher de sua escolha, O grande dia chega e ele começa sua lua de mel sentindo o sol de sua felicidade se levantou sobre os céus para ficar lá para sempre. Mas, em certa estação, um telegrama chega até ele e diz:" sua casa queimou, perda total". Ele fica pálido e seus lábios tremem. Todo o trabalho daqueles anos se foram num momento! Sua esposa olha sobre seu ombro e lê o telegrama, pensa por um momento e diz: Bem, não importa, meu querido, nós ainda temos um ao outro". Quando a perseguição chega, quando somos separados da companhia dos homens, quando a morte nos rouba uma face querida, quando a vida desmorona ao nosso redor, então, apesar de tudo isso, nós podemos dizer: "Bem, Jesus, nós ainda temos um ao outro". "Por amor de mim" transforma tudo.


Mas, não apenas transforma perda em ganho, ela transforma problemas em possíblidades. podemos fazer qualquer coisa através desta comunhão interna com Cristo. O Sermão do Monte é possível porque a Companhia do Vale é com você e em você. Esta Companhia, contudo, não é meramente um conforto, mas é um desafio. "Você  é tão livre" me disse um advogado mulçumano um dia, "agora, eu tenho minhas regras regulares religiosas para fazer todos os dias, mas você não tantas regras. Você é livre- muito livre". Eu reconheci isto, que como cristão, não estava sob um conjunto de regras, mas  por outro lado, eu estava sob um laço muito mais profundo que ele podia imaginar. Eu não estava livre do impulso interno, o dever nunca cumprido, porque o amor não tem limites, e a realização nunca foi alcançada, pois o amor estava sempre abrindo novas portas. Num código legal, você fazer o dever e isto é suficiente. Nisto, o feito nunca é suficiente, cada pensamento, cada impulso é segurando por este aperto interno de amor. 


Mas, este amor é liberdade. " A água que eu der vai se torna nele, uma fonte de água jorrando" disse Jesus. É  difícil dar sem enfraquecer os outros, sem tomar a espontaneidade deles, sua autossuficiência, suas realizações, suas próprias almas. Já que muitos pensam que uma religião da graça está enfraquecendo. Mas, em tanto em Jesus. Ele conquista o quase impossível. "A água que eu te dar", a coisa que eu impor a ele, se tornará nele uma fonte, alguma coisa que brota dentro dele.  A imposição de fora se torna um impulso dele. Ele nos dando água de fora parece artificial, é realmente artesiano. Apenas , o Divino poderia pensar num modo em que eu por um só golpe poderia encontrar auto-submissão e auto-expressão. Mas Jesus é desta forma. "Por amor de mim". Eu encontro no fim, pelo meu bem. Suas injunções e meus interesses são um. 


Foi dito de Jesus: " Ele se comportava no dever como se tivesse num feriado". Então, nós também!



CAPÍTULO V - O QUE ELES SÃO NO MUNDO.

Depois, de ter colocado sua ênfase no que este novo tipo é, Jesus prossegue para descrever o efeito de tal viver se que se torna " o sal da terra" e "a luz do mundo" (veja Mateus 5:13-16). 

Em que termos abrangentes, ele fala agora! Isto soa como a marcha majestosa de uma música cósmica. Se homem é muito pequeno para captar esta maravilha e marchar nestas batidas ritmadas, ele sabe que este homem deve viver para sempre em seus próprios desacordos e ser condenado à pequenez e a rapidez de seus próprios desejos. Ele tem nada menor para oferecer. É isto ou nada. A pura ousadia de dizer a um grupo de ex-pescadores numa colina num canto remoto do mundo que eles se tornaram a única esperança do mundo! Que eles o salvariam da putrefação moral e da escuridão moral! É de perder o fôlego. Estas declarações sobre ser sal da terra e a luz do mundo são tanto cósmicas ou cômicas. Dois mil anos de história demonstram que o caráter cristão real tem sido de fato o sal da terra e a luz do mundo. 


A primeira bem-aventurança insiste na auto renúncia, agora oferece a auto expressão em termos bem abrangentes. Ele pode fazer esta oferta agora, pois o tipo de auto-expressão que tem uma renúncia no centro é seguro -  para o homem e para o mundo. 


A ação do sal é dupla: ele salva da putrefação e salva da insipidez.  Isto salva da putrefação. Um dos anciãos me disse que "o que a alma é para o corpo, o cristão é para o mundo" - tirando o corpo e a alma o que sobra é uma carcaça em decomposição;  juntos com alma e corpo é um belo organismo. "Se o Deus todo poderoso deixar o Império Britânico viver é por causa de homens como o Coronel W" disse um nacionalista hindu para mim em referência ao caráter cristão de um engenheiro britânico. Seu caráter era sal. "Se o suborno e a corrupção foram abolidos da vida pública deste estado, é por causa do caráter e exemplo de dois cristãos indianos" me disse um muçulmano ministro de um importante estado indiano, falando de dois cristãos indianos que ocupavam altos cargos sob seu comando. Quando houve os motins hindus-mulçumanos neste estado, o Marajá hindu foi enviado para o Primeiro Ministro e disse a ele: "Nesta crise, você ouça tudo que M lhe disser para fazer, tenho confiança absoluta em seu caráter e integridade. "Aqui, um cristão indiano que pela simples força de seu caráter era o governante virtual do estado nesta crise. "Nós tivemos que parar de usar linguagem imprópria" me disse um proprietário de terras de alta casta, pois se não fizermos isto, então nenhum destes cristãos de outras castas iria trabalhar para nós". O maior trunfo  para a estabilidade que os britânicos tinham na India durante este últimos anos turbulentos não foi o exército permanente, mas o caráter cristão do Lorde Irwin, o último vice-rei. Um ardente congressista que lutava contra o governo britânico me disse sobre o Lorde Irwin: " Ele é um cristão até a ponta dos dedos".  É a confiança em um tipo de cristianismo que chega até a ponta dos dedos do Lorde Irwin que sustentou a situação estável. "Não é Gandhi, o perfeito cristão?" Eu tenho que vez por outra responder esta questão. Concorde com a questão ou não, mas de uma coisa podemos ter certeza, que existem elementos cristãos no caráter de Mahatma Gandhi que tem segurado a India na não-violência. Pelo lado do indiano Gandhi ele era o sal da situação que guardava ela da putrefação na violência, pelo lado britâncio, Lorde Irwin, era o sal que preservava a confiança viva  do indiano no caráter  britânico. "Meu pai, meu pai, as carruagens de Israel e seus cavaleiros", gritou o discípulo de Elias assim que seu mestre foi tomado. Ele viu que Elias por seu próprio caráter tinha sido o exército permanente de Israel, as carruagens de Israel e os seus cavaleiros. Ele era a segurança da nação. 


O cristão deve ser sal não apenas para salvar a vida da putrefação moral. Ele deve salvar a vida, perdendo o sabor, se torna insípido. O evangelho é a maior aventura na fé dentro da vida e seu modo valorar as coisas também não tem equivalente no mundo. "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância" é a sua nota central e doadora de nervos. É este senso de uma vitalidade vitoriosa que coloca nervos e coragem dentro da vida que sem isto cresceria cinza em nossas mãos.  No Oriente e no Oeste, os homens estão sofrendo de uma falha dos nervos. De modo geral, a religião no Oriente está sofrendo de um vasto fracasso dos nervos, do  cansaço do mundo, do cansaço da personalidade e do cansaço da vida. Tudo é Maia, tudo é ilusão. A vida se tornou sem sabor e insípida. Fuja disso. É isso que está por trás da falta de progresso no Oriente. Se o Oriente é agora vivo e anseia por uma vida mais plena e livre é por que o sal das ideias cristãs tocou a situação e deu esperança e gosto de novo para a vida. Pois no coração do evangelho está uma dinâmica cheia de coragem e desejo. É irreprimivelmente esperançoso e cheio de fé em Deus, nas pessoas e na vida em si mesma. 

Mas, não é só no Oriente que o "futilitarismo" tem espalhado a sombra de suas asas sobre as almas dos homens. No ocidente, "alguns fugiram para o inferno", onde eles foram:

"Gratificados  por ganhar, 

esta eternidade positiva da dor

em vez desse insuportável insano".


A vida corre através dos seus recursos  e não resta mais nada além  de "latas insuportáveis". Eles vivem no que tem sido chamado  de "um mundo desvalorizado/ então não há nada mais para  viver por". Lippmann  cita Canby dizendo que "a juventude moderna aos 7 anos de idade  viu através dos seus pais e caracterizou eles numa frase; aos 14 eles viram através da educação e se esquivaram; aos 18 anos eles viram através da moralidade e pisaram acima dele; aos 20 anos, eles perderam  o respeito pela suas cidades natais, e aos 21, eles descobriram  que o nosso sistema social é ridículo. Aos 23 anos,  a autobiografia termian porque o autor percorreu a sociedade até hoje  e não sabe o que fazer depois". Hegasias escreveu depois do hedonismo, ou da busca pelo prazer, que estava em voga na Grécia, ele foi chamado de significativamente de "o persuasor para morrer". Era  a única coisa que restava pois a vida  depois de perseguir  o prazer  se tornou insípido. 


Anatole France, que adorava no santuário do culto da Beleza e disse: "Tudo que eu desejo é que no final, uma linda mulher irá fechar meus olhos na morte". Sua adoração da beleza colocou algum sabor em sua vida? Ouça o que ele disse: " eu não posso me lembrar que eu tive um único dia feliz em minha vida, exceto talvez quando eu era uma pequena criança". Sua beleza se tornou cinzas. "Oh! Inferno!" grita muito a juventude moderna e ele pensa que está praguejando, quando tudo que ele está fazendo é revelar o fato inconscientemente que ele não tem nada a não os recursos gastos com ele, e essa mentira é viver no inferno do fútil insuportável.  Ao dar rédea para a paixão que ele agarra no por do sol lúgubre,  descobre que se agarrou na escuridão! Ele tem conquistado o reino da podridão. No Novo Testamento, o homem com um talento foi e cavou um buraco no chão. O fim do trabalho de uma vida foi um buraco vazio. Muitos hoje, estão indo e fazendo nada mais que cavar buracos no chão. O fim é o vazio, o insípido e o fútil. 


Jesus coloca sabor dentro da vida. "Abaixe a cortina, a farsa acabou" gritou um ator quando a morte se aproximava. "Levante a cortina para cenas mais completas, a vida está apenas começando" grita o cristão seja na vida ou na morte. Em ambos os casos, ele vive, ele vive! Jesus nos salva do cinismo como também do pecado, de perder a coragem como tambem de perder a alma. 


Jesus agora muda a figura para descrever a incrível influência de seu tipo de caráter: "Vocês são luz do mundo". Ele tem mudar a figura pra descrever o impacto completo do cristão sob a vida. A ação do sal é silenciosa, penetrante, escondida, invisível; a ação da luz é aberta e manifesta, da maneira mais abertamente expressa que se pode imaginar. A influência do caráter cristão é de duas vias, uma coisa silenciosa, escondida e penetrante que alcança a fibra dos pensamentos dos homens e sua perspectiva; e  uma coisa aberta, que ilumina a vida exterior dos homens e seus afazeres. Mas é para ser interna e penetrante antes de ser externa, devemos ser sal antes para que possamos ser luz. Nenhum homem pode brilhar em obviedade a menos que esteja disposto a permear em obscuridade. Muitos de nós gostaríamos de ser  luz, mas não queremos trabalhar como o sal, sem sermos visto, ou notados ou aplaudidos. Nós temos, o que o Bispo Quayle chamou num latim pitoresco e questionável de : "Ichus publendi", uma coceira por publicidade. Não temos uma paixão real por mudar as coisas onde as mudanças realmente precisam ocorrer, ou seja, dentro. O cristianismo do dia presente esta machucado pelo desejo de ser luz sem o desejo de ser sal. Esta sofrendo de exibicionismo, que está mais interessado em estatísticas do que em estados do coração e da mente. Uma das grandes dificuldades que tenho em meu trabalho é a demanda do raso que meu trabalho entre as classes educadas da India devem ser luz, como temos visto nas estatísticas dos concílios da igreja. Eles estão impacientes com a ideia de o nosso evangelho ser sal, silencioso e mudar o espírito interior as atitudes da nação. Algum dia, espero que eu seja luz, neste meio tempo, eu estou contente em ser sal. 


Como Jesus falou para nós em seus termos de tirar o fôlego, sobre o que devemos significar para o mundo, ele combina isso com um aviso que podemos talvez significar nada, ser pior que nada, pois o sal pode perder seu sabor e a luz pode ser abafada sob alqueires. Ele diz "vocês são o sal da terra, mas se o sal perder seu sabor,  com que ( o mundo) será salgado?  Ele coloca de forma mais incisiva em Lucas:  Bom é o sal, mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar?". Isto pressupõe que o mundo exterior perdeu o seu sabor, que é uma conclusão precipitada; mas algumas vezes, mesmo o sal perde seu sabor. Onde, então, há tempero para a vida sem gosto do mundo? O fato é que a vida no mundo tem perdido o sabor. Homens vão em busca das coisas pelas coisas e em emoção a emoção para colocar algum sabor de volta navida monótona e insonsa.  Jesus desafia aqueles que em vão buscam encontrar tempero para vida em outro caminho que não seja o seu caminho com o qual deve ser temperada? Isto é bem verdade, diz Jesus, que o mundo não tem isto. Mas, isto também é verdadeiro para você, então você não serve para nada. Ele sabia que a religião que poderia salvar o mundo da futilidade poderia em si mesma se tornar uma coisa fútil no mundo, como um sal sem sabor. Neste caso, os homens o expulsam e pisam sob seus pés.  Por vezes, a rejeição da religião não é por causa da maldade dos homens, mas por causa da inutilidade da religião. No Sul da Índia, há um "movimento do auto-respeito" entre as classes baixas. Ele é contra as castas, e de uma certa forma, anti-religioso. Eles dizem que seus aderentes estão chegando em milhões.  Possuem um órgão impresso em inglês e tâmil intitulado de Revolta. Este título é impresso em letras vermelhas  começando com uma pequena letra "r" minúscula e vai crescendo até um "t" bem grande.


"Isto parece com uma conflagração", eu disse a um deles, "vocês começam com uma faísca pequena e terminam com uma grande chama". Ele respondeu que este era o significado. Os homens perderam o respeito pela regilião, 

"Isto parece como uma conf

"That looks like a conflagration/ 5 I remarked to one of them, "yon begin with a small spark and at the end yon are a 'huge flame." He replied that that was the meaning. Men had lost respect for religion that gave them no self-respect. The desertion of chnrches is often not so much because men are irreligious, as because the churches themselves are insipid and futile. An English public man of letters remarked concerning a certain church in Assam, "This church was dedicated to official Christianity and emptiness." The one followed the other. When religion stands for things as they are, then men will let them stand as they are empty. If there is not the sense of dealing with real issues in them, then men will let them alone as constituting no real issue to them. Cattle and buffaloes will travel long distances to lick the lumps of crystal salt, but they will not go two steps to a saltless crystal. The problem is not to get people into the church, but to get salt into the churches. Get it there and the people will come. The Jerusalem Conference made many great advances, but I believe it made one false step when it urged Christians to join with other religions against the growth of skepticism and secularism. Certainly, we Christians cannot go ba


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