quarta-feira, setembro 16, 2009

SIDNEY GREIDANUS: Pregando Cristo a partir do Antigo Testamento 3


A história da pregação de Cristo a partir do Antigo Testamento.

"Qualquer pessoa que leia as Escrituras com atenção descobrirá nelas a palavra sobre Cristo...pois Cristo é o tesouro escondido num campo...ele foi escondido, foi simbolizado por tipos e expressões parabólicas que no nível humano não poderiam ser compreendidos antes da consumação daquilo que foi profetizado, ou seja, a vinda de Cristo"

Irineu, Contra as Heresias, 4,26,1 p. 87

Interpretação alegórica.

permite ir além do signifcado literal, histórico, de uma passagem, para um suposto sentido mais profundo.
Irineu (c. 130-200)


Para ele, o fundamento da hermeneutica é que Cristo constitui o centro da Escritura, a Bíblia é um livro sobre o Salvador. O tema fundamental da Bíblia é o plano de salvação.


As idéias de dispensações capacita Irineu a mover-se além dos limites de simplesmente descobrir Cristo no AT para também considerar o significado da passagem para Israel. ele escreve que Deus levantou profetas na terra....esboçando, como um arquiteto, o plano da salvação para aqueles que o agradassem. E ele mesmo forneceu direção aos que contemplavam não no Egito, enquanto aos rebeldes do deserto, ele promulgou uma lei muito aplicável à sua condição. Aqui, vemos Irineu dando o primeiro passo em direção ao que um dia seria chamado de interpretação histórica.
De acordo com A.S. Wood, Irineu deduziu dois princípios hermenêuticos da unidade da Escritura: O primeiro é a harmonia da Escritura. O segundo é o princípio da analogia pelo qual é permitido à Escritura agir como seu próprio intérprete" p.95
Em oposição à interpretação alegórica dos gnósticos, Irineu sugere ainda outro princípio heremeneutico: os pregadores devem ter como alvo a interpretação comum, simples, óbvia do texto da Bíblia.




A Escola de Alexandria



A interpretação alegórica foi desenvolvida primeiramente na Grécia no sec. 3o. a.C.


"John Breck mostra como a escola filosófica grega que se originou com Platão inspirou a interpretação alegórica preferida pelos alexandrinos: ao opor o ambito eterno da verdade ao mundo historico da matéria, os herdeiros da filosofia platônica tinham a tendência de desvalorizar o conceito de História e, consequentemente, o arcabouço histórico da revelação...A interpretação de acontecimentos históricos consiste em discernir seu sentido espiritual ou seja, o significado mais profudno da realidade eterna, celestial, que se expressa na vida humana. Declarado como um princípio hermenêutico, o objetivo é discernir o significado escondido de um aconteciemnto, expondo a verdade eterna nele inserida" (p. 98).
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Clemente de Alexandria 150-215
foi o primeiro a acrescentar o metodo alegórico de Filo aos métodos de exegese já existiam.
"Como Filo, Clemente ensinava que a Escritura tinha um significado duplo; Análogo ao ser humano, ela tem um significado de corpo - literal- como também um significado de alma- espiritual- por trás do sentido literal" p. 99
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Orígenes 185-254
"A abordagem de Orígenes está muito mais arraigada numa teologia da encarnação e numa visão sacrametal de mundo...Cristo, o Logos, comunica-se conosco de três modos encarnacionais, com seu corpo historico e ressureto, com seu corpo, a igreja e com seu corpo das Escrituras, cujas letras recebem vida pelo Espírito Santo" (Thiselton, in p. 101)
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"Antes do advento de Cristo, não era completamente possível demonstrar provas concretas da inspiração divina das antigas Escrituras, enquanto que a sua vinda levou aqueles que poderiam suspeitar que a lei e os profetas não eram divinos `a clara convicção de que eles foram compostos com o auxílio da graça celestial " Origenes, First Principles, 4,1,6 in p. 101

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O problema da pregação alegórica é que eles prociuram a relaçãocom Jesus em algum detalhe um tanto incidental pra tratamento como metafora, e ñão o resto da história. A tendencia de buscar o texto e faze-lo adequar a homília.

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Interpretação tipológica

Escola de Antioquia

a principal diferença entre a tipológica e alegórica é a forma como a história da redenção funciona na interpretação, Embora, a alegórica não negue a história redentora, ela não desempenha papel importante na interpretação da Escritura. A tipológica requer a história redentora, porque a analogia e o desenvolvimento progressivo entre tipo e antitipo são feitos dentro da história redentora. Como disse K. J. Woolcombe: "A exegese tipologica é busca por elos entre acontecimentos, pessoas ou coisas dentro da estrutura historica da revelação, enquanto o alegorismo é a busca de um significado secundário e escondido subjacente ao sentido principal e obvio de uma narrativa" p. 110
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Teodoro de Mopsuéstia (350-428)

utiliza a interpretação gramatica-historica. Ele focaliza o sentido natural e literal, procura determinar o sentido historico original de uma passagem.

"Até mesmo quando o NT cita um texto do AT, ele pode ser apenas ilustrativo em vez de uma indicação do sentido messiânico; até Os. 11.1 diz ele não faz referência a Cristo, apesar de Mt. 2,15

Teodoro foi chamado de judaizante- porque ele entendia o AT dentro de seu sentido historico e se recusavaa ler as doutrinas cristãs nele, como estava sendo feito cada vez mais em seus dias. p. 113

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João Crisóstomo (347-407)

O tipo recebe o nome de verdade até que a verdade esteja prestes a vir, mas quando vier o verdadeiro, o nome não é mais usado. Semelhante , na pintura: um artista desenha um rei, mas até que as cores sejam aplicadas ele não é chamado de rei, quando as cores são vestidas, o tipo é escondido pela verdade, e não é mais visível, e dizem então: Eis o Rei. (p.115)

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Intepretação Quádrupla

literal-histórico, moral, místico e escatológico.

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Agostinho 354-430

"o objetivo do escritor desses livros sagrados, ou seja, o Espírito de DEus que nele habita, é não apenas documentar o passado, mas também retratar o futuro, no que concerne à cidade de DEus, pois aquilo que for dito daqueles que não seus cidadãos é dado para sua instrução, ou como enigma para enfeitar sua glória" p. 123

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João Cassiano (360-435)

1. sentido liteiral, que ensina os fatos historicos. Jerusalém- cidade em Israel

2. sentido alegorico, que mostra que os fatos da historia prefiguram a forma de outro mistério - fé = Jerusalém- a igreja de Cristo

3. sentido tropológico ou moral, que oferece explicação moral pertinente à purificação da vida - amor.= Jerusalém - a alma da pessoa

4. sentido anagógico, que tem a ver com mistérios espirituais, que surgem para segredos mais sublimes e sagrados do céu- esperança= Jerusalém-a cidade celestial de Deus.

"O maná pode ser visto, literalmente, como alimento dado milagrosamente aos israelitas; alegoricamente, como bendito sacramento da Eucaristia, tropologicamente, como o sustento espiritual da alma dia após dia pelo poder da habitação do Espirito de Deus, e anagogicamente, como o alimento das benditas almas no céu, a Visão beatífica e união perfeita com Cristo" p. 125


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