Hoje, estive começando um diálogo com o Pr. Carlos McCord, o ponto básico da conversa está nestes três temas. Em todas as igrejas há os 3 pontos de maneira distinta, às vezes, eles aparecem claramente, outras vezes, estão confusos, um tomando o lugar do outro. Para entender um pouco melhor vamos definir as coisas e tentar traçar um horizonte que mais se parece com aquilo que a Bíblia descreve estes três aspectos da vida da igreja e da vida cristã.
1. ESPIRITUALIDADE.
A espiritualidade é a base da conversa, é o modo como nós temos comunhão com Deus, na visão de João 15, é a videira em si, o modo como estamos ligados em Jesus sendo ramos desta vide, alimentados por ele através da seiva, que é o Espírito Santo. Para muitas pessoas, a espiritualidade não é mais o relacionamento com Deus em si. Parece que isto já não é suficiente ou atrativo,então, se troca a espiritualidade pela restauração ou pela função.
Esta visão está de acordo com o pensamento da auto-suficiência do evangelho, a boa nova é suficiente e a nossa dependência é apenas daquilo que Jesus fez. A vida perfeita não pode ser imitada ou emulada, seria trocar ela pela restauração ou pela função.
A verdadeira espiritualidade está no reconhecimento do que é realmente o nosso relacionamento com Deus. A comunhão perfeita que Jesus proporcionou para cada um de nós através de sua vida, morte e ressurreição.
A base da espiritualidade é a própria videira, a vida de Jesus Cristo em nós presente através do novo nascimento, simples assim e tão grande.
Outras palavras e metáforas poderiam ser usadas para traduzir este primeiro momento, como profundidade, a necessidade de um relacionamento profundo com Deus, ou mesmo, comunhão, a necessidade de se buscar a Deus "apenas" por Ele mesmo.
Enfim, é a descoberta em cada coração de que quem tem Jesus não tem falta de nada.
Olhando, por outro contexto, é a descoberta de quem nos ajuda pensando no "Ministries of mercy" de Timothy Keller, a descoberta que mais importante do aquilo que fazemos, é termos o nome escrito no livro da vida.
Lendo isto, parece não ser a coisa mais vendável, afinal, se ter Jesus é ter tudo, não precisamos de livros para saber como vencer, ganhar, conquistar. Não se pode adicionar nada, apenas lembrar ou fazer fluir aquilo que já se tem.
Aqui está a confusão, por causa da idolatria e do desejo desordenado. Nosso coração é uma fábrica de ídolos, buscamos assim outras coisas, boas ou ruins, para preencher algumas peças que parecem estar faltando, que na verdade,não estão.
Do lado legalista, entram as leis e regras, a restauração como prova e autenticidade de nossa espiritualidade, o que deveria ser um crescimento natural na fé e na graça, passa a ser uma prova de vida espiritual.
Nosso relacionamento com Deus está baseado na justiça passiva, ou seja, recebemos de Deus uma justificação que não temos, uma vida que não podemos criar. Como isto se deu: o homem com pecado perdeu seu relacionamento com Deus, Deus enviou seu filho, Jesus, que viveu a vida perfeita em nosso lugar e sofreu a morte e o pecado que nós deveríamos passar em nosso lugar, em troca, nos deu a vida eterna e salvação que somente Ele merecia.
Não há qualquer mérito, participação humana na doutrina da salvação, na restauração do nosso relacionamento com Deus. Apenas recebemos isto.
A espiritualidade é o reconhecimento dessa comunhão em que a trindade se movimenta para nos encontrar e nos trazer de volta ao relacionamento com Deus. Por este relacionamento divino, o mundo foi criado e será,um dia, plenamente restaurado.
Para mim, a própria palavra fé que é a nossa entrada nesse relacionamento, o fruto pelo qual permanecemos na videira, como ensina o pastor Carlos, é a prova de que é um relacionamento, a fé vem da palavra fidelio, que quer dizer fidelidade ou amizade. Tudo está ligado aqui, a amizade com Deus e ser sustentado nesse relacionamento é começo de tudo.
Então, mais do que coisas que fazemos ou a pessoa que nos tornamos, a espiritualidade está centrada em Deus e sua natureza- comunhão de amor-. É o retorno do filho para casa do Pai, não pelos bens ou pelo status, mas apenas e maravilhosamente para se relacionar com o Pai.
Espiritualidade é a comunhão com Deus trinitário, e a profundidade desta comunhão.
Espiritualidade não é aquilo que fazemos para Deus, não é obra de nossas mãos, ou seja, função. E, também, não é a restauração, ou seja, nossa vida de santidade.
2. Restauração
A restauração também está numa realidade em que ela é confundida tanto com a função como também com a própria espiritualidade.
Restauração é a vida cristã de santidade rumo a glorificação final. Após termos a certeza da nossa salvação e de estarmos neste novo relacionamento, como qualquer relação, ela nos transforma e muda a gente por dentro, para nos aproximarmos cada vez da pessoa amada.
A mudança não é de fora para dentro, mas emerge do nosso coração transformado pelo Espírito de Deus. Não está nas coisas e nem atos,mas na motivação do nosso coração. Pensar o contrário é elevar a categoria de ídolo, a nossa própria identidade.
O reino de Deus é um reino onde a alegria está na salvação de pecadores pela graça de Deus, a restauração começa e termina com a graça de Deus, se principia e finda no relacionamento com Deus e na descoberta dia a dia deste relacionamento.
A grande pergunta aqui é o devemos ser para sermos justos? Como se parece um cristão restaurado?
Para a teologia da prosperidade ele seria alguém que não conhece derrota, que sempre vence. Para teologia legalista, é alguém de comportamento sem mancha qualquer. Ambas, me parecem, idealizações distantes da realidade bíblica, é como se o relacionamento com Deus negasse tudo que há de humano na pessoa e criasse este super-homem, seja da vitórias, seja da honestidade.
O foco da restauração está em ambas as posições focados na pessoa, a própria espiritualidade já não é mais a comunhão com Deus por causa de Deus apenas, mas, uma comunhão que usa Deus para parecer cristão.
Precisamos, então, de uma abordagem humana, realista e centrada na realidade da comunhão com Deus....
Vamos pensar....depois voltamos.........
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