domingo, maio 18, 2014

Andreas J. Kostenberg: A HERESIA DA ORTODOXIA

Segundo a sinopse da VIDA NOVA:

Este livro é uma crítica ampla e abrangente da tese de Bauer-Ehrman, segundo a qual a forma mais antiga do cristianismo era pluralista, havia múltiplos cristianismos, e a heresia precedeu a ortodoxia. Köstenberger e Kruger não somente reagem à “teoria de Bauer”, usando os próprios termos da teoria, mas também empregam evidências neotestamentárias negligenciadas para refutá-la. Os autores analisam três elementos como base para as suas conclusões: a evidência de unidade no Novo Testamento, a formação e o fechamento do cânon, e a metodologia e a integridade no registro e na difusão de textos religiosos por parte da igreja primitiva.

O sub-título é ainda mais confuso que o título: COMO O FASCÍNIO DA CULTURA CONTEMPORÂNEA PELA DIVERSIDADE ESTÁ TRANSFORMANDO NOSSA VISÃO DO CRISTIANISMO PRIMITIVO.

A tese toda do livro é que, ao contrário, da tese Bauer-Ehrman, a ortodoxia cristã se estabeleceu antes da heresia cristã.  Logo, no primeiro capítulo, há uma explicação das origens e da própria tese em si que defende que a ortodoxia seria uma "invenção" a partir de vários quadros doutrinários. 

"De acordo com Bauer,  a ortodoxia que acabou se consolidando com o passar do tempo representava apenas a visão consensual da hierarquia eclesiástica dotada de poder para impor seu ponto de vista sobre o restante da cristandade" (p. 27)

Sendo que:

"Bauer deixou para os meios acadêmicos um legado duplo: 1.  o método histórico de investigação das evidências disponíveis nas diferentes localidades em que o cristianismo apareceu como religião dominante, 2. a argumentação de que os pais da igreja exageraram ao afirmar que o cristianismo surgiu de apenas um movimento doutrinariamente unificado" (p. 49)

No segundo capítulo, estuda nas cidades o que veio primeiro a unidade ou a pluralidade,  para os autores a heresia, a pluralidade só passa a surgir no segundo século depois de consolidada uma unidade ortodoxa na igreja.

No terceiro capitulo, eles buscam datar o surgimento da heresia.  Para eles existem três temas integradores,  o monoteísmo, Jesus Cristo como Senhor exaltado e o evangelho. 

No quarto capítulo, eles defendem que há um alinhamento entre a estrutura de pacto e o canon do Novo Testamento: preâmbulo, prologo histórico, estipulações, sanções e a preservação do texto escrito da aliança.


"O cânon não é meramente uma ideia criada pelos cristãos do quarto século, ou um conceito que surgiu depois dos fatos e que a igreja desenvolveu para lutar contra os primeiros hereges, como Marcião. Antes, o conceito de cânon é parte permamente da vida do povo de Deus desde o início de Israel como nação e, portanto, continua a ser parte de seu povo na vida da igreja" (p. 150)

Nessa ligação com a estrutura pactual anterior os autores destacam que: Jesus estava inaugurando uma nova aliança, a identidade judaica dos apóstolos, a autoridade que haviam recebido diretamente de Jesus para falarem em seu nome.

"No final das contas, o canon do Novo Testamento não é uma coletânea de escritos dos apóstolos, mas uma coletânea de escritos apostólicos, texto que transmitem a mensagem investida da autoridade dos apóstolos e se originam na era apostólica formativa (mesmo que não diretamente da sua mão). Portanto, a autoridade dos livros do Novo Testamento está mais associada ao quando do que ao quem. Diz respeito ao lugar de determinado livro no escopo da história da redenção" (p. 155)
E por fim, as comunidades não se achavam como formadores do textos, mas como que formadas pelo texto seguindo a tradiçao pactual de Israel. 

Nenhum comentário: