sexta-feira, novembro 06, 2015

Leonard Sweet e Frank Viola: Manifesto Jesus

Algumas frases:


"Deus não está tão interessado em consertar as coisas que deram errado em nossas vidas quanto está interessado em nos encontrar em nosso fracasso e nos dar Cristo. Quando Cristo não é central e soberano  em nossas vidas, todas as coisas saem de órbita e fogem da sua funcionalidade. Então, para nós Cristãos, a tarefa primeira é conhecer Jesus. E a partir desse conhecimento, passaremos a amá-lo, adorá-lo, proclamá-lo e manifestá-lo." p.24


"Jesus torna as Escrituras inteligíveis. Ele é a chave que abre todo o canon bíblico. Quando alguém lê o Novo Testamento atentamente, isso se torna evidente. Por exemplo, toda a história de Israel é a história do Messias, Jesus. Cristo é o novo Israel, o novo Jacó" p. 29

"Em nossas mentes, não há razão pela qual um cristão não queira ser absolutamente focado e consumido por Cristo. A não ser que ainda não houvesse tido seus olhos abertos para sua grandeza. A triste realidade é que o Jesus pregado hoje em dia é tão superficial e tão pouco atraente, que inúmeros crentes são encantados com toda sorte de outras coisas" p. 39

"Em tempos de crise, a igreja não precisa de regras estabelecidas, leis aprovadas ou lobos abatidos. Ela precisa de uma revelação sísmica do seu Senhor -em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade" p. 45

"Cristianismo é um relacionamento com Jesus o Cristo. Quando as coisas dão errado, não porque não entendemos algumas doutrinas ou falhamos em obedecer algum mandamento em particular. É porque perdemos nosso "primeiro amor" ou nunca o tivemos, para começar. É porque não estamos em um relacionamento de "Vinha e Vinho" com Jesus. Paulo entendeu isso, e é por isso que seu evangelho, sua mensagem, sua doutrina era Cristo. E ele alertava que nenhuma outra doutrina deveria ser ensinada: "Partindo eu para Macedônia, roguei que você permanecesse em Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas""p. 58



"A vida cristã propriamente dita e experimentada é simplesmente uma reprodução e vivência da vida de Jesus. Sua vida cristã começa com Cristo, continua com Cristo e termina com Cristo. Falando de forma simples, a história de Jesus é a experiência e o destino de todo crente" p. 61


"Se Cristo está em você, então a vida cristã não é uma luta para ser algo que você não é., mas trata-se de se tornar algo que você já é" p. 73

"Não são os mandamento e as leis que controlam nosso comportamento. É a presença da vida de Cristo em nós e do amor de Jesus que tanto nos tolhem como nos libertam. Foi por causa de uma ética relacional de Cristo que Paulo disse aos cristãos para não terem relações sexuais com prostitutas. Se Cristo está vvendo sua vida ressurreta em nós e através de nós, você gostaria que Jesus compartilhasse essa transação comercial de luxúria com você? Será que Jesus trataria alguma mulher como uma transação comercial? Os mandamentos são algemas de papel comparados aos laços de amor de Jesus. E o amor de Cristo que impele., compele e propele  a todos nós- um amor tão cativante que nos liberta para fazermos tudo o que precisamos ...em amor, com amor e por amor" p.79

"O evangelho não é a imitação de Cristo, mas a revelação e implantação de Cristo. Somos chamados a fazer mais do que mediar a verdade. Somos chamados para manifestar a presença de Jesus" p. 85

"Jesus não veio tornar pessoas más em boas. Ele veio para tornar mortos em vivos" p. 117

"A máxima da religião ilusória sustenta: não tema, confie em Deus e verá que nada do que teme acontecerá a você, a da religião verdadeira, ao contrário, é: não tema, aquilo que teme provavelmente acontecerá a você, mas isto não é nada a se temer" John MacMurray, p. 128

"Praticamente, todo sermão pregado hoje é construído na suposição de que você pode, eventualmente, ser um cristão bem sucedido se você simplesmente tentar o suficiente. "Tente mais ser como Cristo". Trabalhe nisso, e você será como ele. "Leve a sério, tenha Jesus como seu modelo, e você será um bom discípulo". "Você se torna aquilo que você que admira. Admire mais a Cristo e você se tornará mais como ele. Assim nos é dito. Também não é raro ouvir grupos cristãos e igrejas dizerem "Estamos apenas tentando ser como Jesus. A mensagem é: "imite Jesus, e você será exatamente como Ele". 133

terça-feira, agosto 18, 2015

D. Martyn Lloyd-Jones: Conhecer a Deus e pecado

 O homem foi criado para conhecer a Deus. Então a pergunta é: vocês conhecem a Deus? Não estou perguntando se vocês crêem em Deus, ou se crêem em certas coisas sobre Ele. Ser um cristão significa ter a vida eterna, e como o Senhor Jesus disse em João 17:3: "E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". Então o teste que devemos aplicar a nós mesmos não é perguntar se fizemos isto ou aquilo. Meu teste é um teste positivo: "Eu conheço a Deus? Jesus Cristo é real para mim?" Não estou perguntando se vocês sabem coisas a respeito de Deus, mas se conhecem a Deus, se se alegram em Deus, se Deus é o centro de suas vidas, a alma do seu viver, a fonte da sua maior alegria? Ele deve ser. Ele criou o homem para isso −para que habitasse em comunhão com Deus, e se regozijasse nEle, e andasse com Deus. Nós fomos criados para isso, e se não estamos vivendo assim, isso é pecado. Isso é a essência do pecado. Não temos o direito de não ser assim. Isso é pecado, em sua forma pior e mais profunda. A essência do pecado, em outras palavras, é que não vivemos inteiramente para a glória de Deus. Naturalmente, ao cometer certos pecados, agravamos a nossa culpa diante de Deus, mas vocês podem ser inocentes de qualquer dos pecados mais vis, e ainda assim serem culpado desse terrível pecado −de estarem satisfeitos com suas próprias vidas, de terem orgulho das suas realizações, e de olharem para os outros com superioridade, sentindo que são melhores do que eles. Não há coisa pior do que isso, porque vocês estão dizendo a si mesmos que de certa forma estão mais perto de Deus do que os outros, quando na verdade não estão. Se esta é sua atitude, vocês são como o fariseu no templo, que agradeceu a Deus por não ser como aquele outro homem −"esse publicano". O fariseu nunca tinha visto sua necessidade de perdão, e não há pecado mais terrível do que esse. Não sei de nada pior do que um homem que diz: "Saiba que nunca realmente senti que sou um pecador". Esse é o cúmulo do pecado, pois significa que essa pessoa nunca compreendeu a verdade sobre Deus e sobre si mesma. Leiam o argumento do apóstolo Paulo, e perceberão que sua lógica não é apenas inevitável, mas também irrespondível. "Não há um justo, nem um sequer". "Sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus". Se nunca reconheceram a própria culpa ou pecaminosidade diante de Deus, nunca vão ter alegria em Cristo. É impossível. Jesus não veio salvar justos, e sim pecadores. "Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes". Aí está o primeiro princípio −convicção de pecado. Meu amigo, se você não tem convicção de pecado, e se não reconhece que é indigno diante de Deus, que está condenado e que é um fracasso completo aos olhos de Deus, não preste atenção a mais nada até que tenha isto, até que chegue a essa compreensão, porque você nunca terá alegria, e nunca vai se livrar da sua depressão até que entenda isso. Convicção de pecado é um ponto preliminar essencial a uma verdadeira experiência de salvação.


Depressão Espiritual, cap. 2

segunda-feira, agosto 17, 2015

Jonathan Edwards: CARIDADE OU AMOR, A SUMA DE TODA VIRTUDE.


MENSAGEM 1: CARIDADE OU AMOR, A SUMA DE TODA VIRTUDE.


A primeira mensagem tem como objetivo demonstrar que toda a virtude salvífica que distingue os cristãos genuínos está sumariada no amor.

Sendo que todo amor cristão verdadeiro é o mesmo e um em seu princípio.

1. Sendo que todo ele procede do mesmo Espírito que influencia o coração
2. o amor cristão, seja para com Deus, seja para com o homem é operado no coração pela mesma obra do Espírito
3. quando Deus e o homem são amados com um amor realmente cristão, ambos são amados com base nos mesmos motivos.

1. O amor disporá o coração a todos os atos próprios de respeito seja para com Deus seja para o homem.

"O amor para com Deus nos disporá a andar humildemente com ele, pois aquele que ama a Deus se disporá a reconhecer a vasta distância entre Deus e ele. A essa pessoa será agradável exaltar a Deus, a pô-lo acima de tudo mais e a encurvar-se diante dele. O verdadeiro cristão se deleita em exaltar a Deus com seu próprio aviltamento, porquanto ele o ama. Ele está pronto a reconhecer que Deus é digno disto, e se deleita em lançar-se ao pó diante do Altíssimo, movido de sincero amor por ele" (p. 28)

2. a razão ensina que são infundadas e hipócritas todas as pretensas realizações ou virtudes que porventura existam sem amor.


As Escrituras nos ensinam que o amor é a suma de tudo que está contido na lei de Deus e de todos os deveres requeridos em sua Palavra. 

1. as Escrituras ensinam isto a partir da lei e palavra de Deus, em geral.
2. as Escritura ensinam a mesma coisa de cada tábua da lei, em particular.

"Daí o amor parece ser a suma de toda a virtude e dever que Deus requer de nós, e, portanto, indubitavelmente deve ser a coisa mais essencial- a suma de toda a virtude que é essencial e distintiva no cristianismo real. Aquilo que é a suma de todo dever deve ser a suma de toda virtude real" p. 34


A veracidade da doutrina, como mostrada pelas Escrituras, transparece do que o apóstolo nos ensina, a saber, a fé que atua pelo amor (Gl 5:6)

1. que o verdadeiro amor é um ingrediente da fé genuína e viva, sendo o mais essencial e distintivo que existe nela.
2. todos os exercício do cristão do coração e as obras da vida emanam do amor

"As genuínas descobertas do caráter divino nos dispõem a amar a Deus como o bem supremo, elas unem o coração a Cristo, em amor, inclinam a alma a transbordar de amor para com o povo de Deus e para com a toda a humanidade. Quando as pessoas possuem uma verdadeira descoberta da excelência e suficiência de Cristo, o efeito é o amor. Quando experimentam uma convicção correta da verdade do evangelho, tal convicção é acompanhada do amor." (p.43)
 

 

quinta-feira, agosto 13, 2015

Filipenses 1:3-7: A Boa Obra de Deus em Nós.


FILIPENSES:1-3-7:  3   Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,  4   fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas,  5   pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora.  6   Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo.  7   Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho.


PASSADO

Paulo começa lembrando e agradecendo a Deus por tudo que Ele fez na igreja de Filipos, até o verso 5, a ênfase do apóstolo está nos fatos do passado, como Deus tem sido presente naquela comunidade.


PRESENTE E FUTURO.

O verso 6 é bem conhecido de todos e Paulo começa a falar tanto do passado mas também, principalmente, do futuro, do dia de Jesus Cristo.

Este versículo tem sido usado para uma desculpa de que crentes nominais poderiam se considerar salvos, uma vez que é impossível cair da graça. 

Contudo, não é este o sentido do apóstolo. Ele busca entender que a obra de Deus começa na vida de uma pessoa, ela tende a ser concretizada até o dia da volta de Jesus.

"A Bíblia simplesmente diz que a salvação é inteira  e completamente obra de Deus. Ela nos diz que o homem, em seu estado pecaminoso, é contra Deus, não deseja Deus e jamais voltaria para Deus. Nunca existiria uma igreja, nem tampouco haveria salvação, se Deus não tivesse começado a agir" LLOYD-JONES, p. 40

Não será com a nossa morte, pois ainda seria uma obra incompleta, pois nossas almas e corpos ainda precisariam passar pela ressurreição. A obra só será perfeita no dia mesmo da vinda de Jesus, onde todas as coisas serão restauradas.

Não é também uma questão de que se aceito a Jesus está tudo bem. Não basta uma confissão inicial para haver salvação. É necessário que a obra de Deus em nossa vida continue em nossa vida enquanto ela durar. 

João 15.10   Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho uardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.
Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele. Filipenses 2:12,13

Precisamos permanecer no amor de Deus afim de que sejamos nutridos pelo Senhor e que sua obra esteja completa até o dia da sua vinda.  A obra começa e termina em Deus mas também precisamos trabalhá-la em nossa vida com temor e tremor. Sem apatia, certos que estamos cooperando com aquilo que Deus está fazendo em nossa vida.

Deve existir a perseverança humana aliada a preservação divina. 

"Ficamos cientes de que há evidência de um novo ser, uma nova natureza, dentro de cada um de nós, e já não gostamos das coisas das quais gostávamos. Começamos a gostar da Biblia, começamos a orar e a frequentar as reuniões de oração, e é o Espírito Santo que realiza tudo isso. Ele nos cria  de novo segundo o modelo e o estilo de Cristo. Essa é a boa obra que Deus começa em nós e continua em nós" LLOYD-JONES,p. 44


Não é uma obra nossa. Esta obra é uma de Deus na vida da pessoa. Mas, ela deve ser movida pela esperança de que um dia Jesus há de voltar. 

A esperança é o grande impulso da vida cristã, afim de que suportemos ou deixemos de lado o nosso próprio eu, devemos esperar em nosso coração as grandes alegrias de Deus para a nossa vida. Ao contrário da alegria humana que é passageira, a divina é eterna.

Outro ponto quanto ao futuro é em relação ao futuro da igreja. Muitos vivem uma vida de temor pensando que a igreja é fruto de seus esforços, como se fora uma obra humana. É sempre bom lembrar que é Deus quem começou a sua igreja:

"O cristianismo é fruto da ação de Deus e da atividade de Deus. Não é idéia do homem, nem teoria do homem; não é elevação moral, não é nada que o homem possa fazer- é Deus, verdadeiramente do princípio ao fim. Somente a Ele seja a glória- a grande senha da Reforma Protestante" LLOYD-JONES, p. 42




quinta-feira, agosto 06, 2015

Filpenses 1:1-5: Graça,paz e santidade em Jesus Cristo

FILIPENSES 1:1-5: Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:  2   graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.  3   Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,  4   fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas,  5   pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora. 6 Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo. 7   Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho.


1. Graça e Paz

O cristão primeiro precisa conhecer  a graça de Deus para depois poder experimentar a Paz de Deus.

A Graça de Deus é o favor imerecido de Deus a nosso respeito, é o presente de Deus para cada um de nós sem que haja qualquer mérito nosso em recebê-lo:
“Graça é o livre, imerecido favor de Deus, trabalhando poderosamente na mente e no coração para transformar vidas. Não há um exemplo mais claro disto que  Paulo que a salvação é pela graça apenas, não através de nossa performance moral ou religiosa(...)Ninguém é tão bom que não precise da graça do evangelho, nem é tão ruim que não possa receber a graça do evangelho” (KELLER, Galatians for You,  p. 28)
 "A graça não seria graça se reagisse aos recursos existentes em nós. A graça é graça porque ressalta os recursos transbordantes da própria bondade de Deus. A graça é eterna porque é esse tempo gasto por Deus para derramar provisões inesgotáveis da sua bondade sobre nós. A graça é gratuita porque Deus não seria infinito e auto-suficiente se fosse constrangido por qualquer coisa fora dele mesmo"  John Piper, Graça Futura, p. 84
A igreja de Filipos era partipante da graça de Deus porque Deus e Jesus concederam a ela este favor.

"Quando não merecemos nada senão a punição e inferno, quando não merecemos nada senão colher o fruto do que semeamos, quando não éramos nada senão filhos da ira. Deus, por seu amor eterno e sempiterno, e de acordo com o seu conhecimento e com sua sabedoria, olhou para nós com seu olhar de favor, de modo que agora  estamos peculiarmente sob sua graça" Lloyd-Jones, A vida de Alegria, p. 29
A graça reconhece sempre a necessidade de ajuda. O orgulho não, a forma de combater isto é admitir a ansiedade, a vanglória ou, até mesmo, autocompaixão, e apreciar a promessa da graça futura, a fé se fundamenta na ajuda de Deus que tem cuidado de nós.


2. Santos em Cristo Jesus

Por isto, também Paulo diz que a carta é aos santos, mas não somente santos, santos em Cristo Jesus.

Quem são os santos?

Os santos não são os cristãos excepcionais, os santos são todos aqueles que participam da graça de Deus, que foram separados por Deus para fazerem parte da sua igreja. 

Paulo ora a todos (v.4), ama a todos (v. 7), tem saudade de todos (v.8), espera com todos (v.25) e saúda a todos (4:21).

"Paulo está os vendo como são. não em si mesmos, mas como são em Cristo. Como tais eles são santos. Um santo é alguém que foi separado pelo Senhor, para glorificá-lo (...) um santo é uma pessoa a quem o Senhor mostrou seu grande favor e sobre quem, consequentemente, depositou uma grande responsabilidade" (HENDRIKSEN,p. 69)

Santidade sem graça é apenas legalismo ou moralismo.

É a pessoa acreditar que por seus próprios esforços se faz agradável a Deus. isto é rebaixar o próprio padrão de santidade pedido por Deus.

"O Espírito aplica ao coração do crente os méritos da morte de Cristo, e, ao plantar nesse coração a semente da fé, o habilita a abraçar o seu Senhor por meio de uma fé viva" (HENDRIKSEN, p. 69)

Jesus é tanto o começo como o modo como ficamos na fé. 

terça-feira, agosto 04, 2015

Robert W. Thune: A vida centrada no Evangelho


A VIDA CENTRADA NO EVANGELHO de Robert W, Thune e Will Walker publicado pela Vida Nova  é dos melhores guias de discipulado e introdução ao Evangelho que vi em português. Escrito 9 lições, ele aborda temas centrais do que seria realmente uma vida centrada no Evangelho.
 

Alguns trechos:

CRESCER NO EVANGELHO

"Crescer no evangelho significa enxergar mais da santidade de Deus e mais do meu pecado. E por causa daquilo que Jesus fez por nós na cruz, não precisamos ter medo de ver Deus como ele realmente é ou  de admitir quão falhos realmente somos. Nossa esperança não está na nossa própria excelência, nem na vã expectativa que Deus vai abrir mão dos seus padrões e "baixar o nível". Pelo contrário, descansamos em Jesus como nosso perfeito Redentor, aquele que é nossa "justiça, santificação e redenção"(Cl 1:30)"".p.22

CRISTIANISMO DE DESEMPENHO.

"O cristianismo de desempenho é realmente uma minimização da santidade de Deus. A ideia de que podemos impressionar Deus com a nossa vida correta mostra que temos rebaixado seus padrões a muito menos do que eles realmente são. Em vez de ficarmos admirados com a medida infinita de sua santa perfeição, temos nos convencido de que, se nos esforçarmos bastante, podemos merecer o amor e a aprovação de Deus" p. 31

MARTINHO LUTERO E A JUSTIÇA PASSIVA:

"Chama-se justiça passiva porque não temos de labutar por ela ... Não é uma justiça pela qual trabalhamos, mas a justiça que recebemos pela fé. Essa justiça passiva é um mistério que alguém não conhece a Jesus não consegue entender. Aliás, nem os cristãos têm uma compreensão completa dela e raramente usufruem dela na vida diária ... Quando existe qualquer medo ou nossa consciência fica perturbada, isso é sinal de que perdemos de vista nossa justiça passiva e Cristo está oculto.
A pessoa que se afasta da justiça passiva não tem outra escolha senão viver pela justiça das obras. Se não depender da obra de Cristo, terá de depender de sua própria obra. Portanto, temos de ensinar e continuamente repetir a verdade dessa justiça passiva ou cristã para que os cristãos continuem a crer nela e jamais a confundam com a justiça das obras"  Martinho Lutero na p. 36

BOA NOTÍCIA

"A boa notícia do evangelho não é o fato de que Deus dá muita importância para nós, mas, sim de que ele nos liberta para dar muita importância para Jesus."
  p. 36

"Quando abraçamos o evangelho dessa forma, o padrão infinito da santidade de Deus já não mais nos amedronta ou intimida. Ele leva à adoração, porque Jesus o satisfez por nós. Nossa identidade está nele. A boa notícia do evangelho não é que Deus nos favorece por causa de quem somos, mas que ele nos favorece apesar de quem somos" p. 37

LEGALISMO E LICENCIOSIDADE.

"Os legalistas continuam a viver sob a lei, acreditando que a aprovação de Deus depende, em alguma medida, de sua conduta correta. Pessoas licenciosas dispensam a lei, acreditando que, uma vez que estão debaixo da graça, as regras de Deus não tem importância.(...) a lei nos impulsiona na direção do evangelho e o evangelho nos liberta para obedecer à lei" p. 41

LUTERO E A LEI

"A lei corretamente entendida e bem compreendida, não faz nada mais do que nos lembrar do nosso pecado e nos assassinar por meio dele, e nos faz sujeitos à ira eterna...A lei não é cumprida pelo próprio poder do homem, mas unicamente mediante Cristo, que derrama o Espírito Santo em nossos corações. Cumprir a lei....é fazer suas obras com prazer e amor..que são postos no coração do homem" p. 42


PECADO

"O pecado é uma condição, e não apenas um comportamento. Da mesma maneira, o verdadeiro arrependimento é um estilo de vida, e não apenas uma prática ocasional. O arrependimento não é algo que fazemos apenas uma vez (quando somos convertidos), ou apenas periodicamente (quando nos sentimos muito culpados). O arrependimento é contínuo, e o toque divino que nos mostra o nosso pecado é sinal do amor paternal de Deus por nós "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso e arrepende-se" (Ap. 3:19)" p. 51

PERDÃO 

"O perdão tem um custo, pois significa cancelar uma dívida quando temos todo o direito de exigir seu pagamento. Significa absorver a dor, o prejuízo, a vergonha e o pesar do pecado de alguém contra nós. Significa desejar arrependimento e restauração. Mas é exatamente assim que Deus, em Jesus Cristo,tem agido em relação a nós. E por meio do evangelho, o Espírito Santo nos capacita a fazer o mesmo em relação aos outros" p. 58







segunda-feira, agosto 03, 2015

Atos 16: Como o evangelho chega a uma cidade.

EVANGELHO EM FILIPOS.

Dou graças ao meu Deus todas as vezes  que me lembro de vós. (Fp. 1:3)

O evangelho dirige Paulo.

Como um missionário, Paulo tinha em mente primeiramente grandes cidades metropolitanas. Depois de desenvolver uma comunidade de crentes nestes lugares, estabelecendo líderes e plantando o evangelho naquele lugar.  

Como um bom pastor, Paulo buscava continuar em contato com aquelas igrejas que escreviam para ele sobre questões que tinham e dificuldades que estavam enfrentando e Paulo escrevia de volta dando instrução e encorajamento.  A carta aos Filipenses é uma destas cartas de encorajamento.

Filipenses é a única carta que temos nas Escrituras em que Paulo não tenta corrigir nenhum ensino errado ou rebater um mau comportamento. Ao invés disso, é uma carta que ressalta a alegria de Paulo pela igreja de Filipos e sua maturidade. Vemos nesta carta, o que significa ser um crente maduro.


COMO O EVANGELHO CHEGOU A FILIPOS?

Filipos era o que poderia ser chamada de uma cidade grande metropolitana, localizada na principal rota comercial do Império Romano, era uma cidade cosmopolita, o Evangelho entrava na Europa.


Antes de chegar até lá, Paulo recebeu a visão de um homem macedônio pedindo por ajuda, Paulo tomou isto como um chamado espiritual. Sem atraso, ele e seus três companheiros - Lucas, Silas e Timóteo foram para Macedônia até Filipos.

Veremos em Atos 16, que Paulo começa aquela igreja com três tipos de pessoas de diferentes nacionalidades, classe social e vida religiosa, mostrando que o Evangelho deve ser pregado a qualquer tipo de pessoa.

  • LÍDIA: EVANGELHO PARA OS RELIGIOSOS. 
ATOS 16: 13-15: No dia de sábado, saímos fora das portas, para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar para oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram. 14   E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. 15   Depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa e ficai ali. E nos constrangeu a isso.
Paulo encontra um grupo de mulheres reunidas para oração.Lídia era da cidade de Tiatira, isto nos diz que ela poderia ser asiática. Mas ela também tem uma casa em Filipos, isto nos mostra que ela era economicamente bem rica.  Lídia é uma mulher que trabalha na indústria da moda, a púrpura era um tecido muito caro, utilizado pela nobreza.

Lucas nos diz que Lídia servia a Deus, isto quer dizer, que mesmo não sendo judia, ela seguia os preceitos do judaísmo.  Ela não acreditava na dezena de deuses, ela ouvia o ensino dos judeus e estava buscando na religião judaica um sentido para sua vida. 

Ela era um mulher intelectual e religiosa.

Paulo começa a conversar com ela sobre o que ela sabia da lei. Sobre a criação, a queda, a lei de Moisés, a impossibilidade de agradar a Deus por nós mesmos. El fala sobre Jesus, mostra o evangelho para ela numa base argumentativa, isto faz com que Lídia comece a ver a beleza de Deus através de Jesus muito mais do que a religião. 

Na religião, o homem busca a Deus para ser aceito por Ele, mas no Evangelho é Deus que busca o homem  e o aceita. Na religião, o centro são os nossos esforços para ter Deus enquanto que no Evangelho o centro é Deus que abre o coração e nos impulsiona pela gratidão.

A primeira coisa que o texto nos mostra é a necessidade que temos de diferenciar o evangelho da religião. 



RELIGIÃO
EVANGELHO
"Eu obedeço, por isso eu sou aceito." 

"Eu sou aceito, por isso eu obedeço".

Motivação é baseada no medo e na insegurança.
A motivação é baseada na alegria e na gratidão
Eu obedecer a Deus, a fim de ter as coisas de Deus.
Eu obedeço a Deus para ter mais de Deus- para me deleitar e ficar semelhante a Ele.
Quando as circunstâncias da minha vida dão errado, eu fico com raiva de Deus ou a mim, desde que eu  acredito, como os amigos de Jó, que quem é bom merece uma vida confortável.

Quando as circunstâncias da minha dão erradas, eu luto, mas eu sei que toda minha punição caiu sobre Jesus e que, enquanto Ele permitir, isto será para o meu crescimento, Ele vai exercer seu amor paterno dentro do meu julgamento.
Quando sou criticado, eu fico furioso ou arrasado porque é essencial para mim pensar  que sou mesmo uma "boa pessoa". Qualquer ameaça a minha auto-imagem deve ser destruída a qualquer custo.

Quando sou criticado, eu me esforço, mas não é essencial para mim pensar sobre mim. Minha identidade não está construída na minha performance, mas no amor de Deus por mim em Cristo.
Minha visão sobre mim mesmo balança entre dois polos. Se e quando eu estou vivendo de acordo com meus padrões, eu me sinto confiante, mas, então, me sinto inclinado a ser orgulho e antipático com as pessoas que falham.  Se e quando não estou vivendo de acordo com meus padrões, me sinto humilde  mas não confiante- eu me sinto como um fracasso.
Minha visão sobre mim mesmo, em Cristo sou ao mesmo tempo pecador e perdido, ainda assim aceito. Eu sou tão ruim que Ele teve que morrer por mim, e tão amado que ele teve prazer em morrer por mim. Isto me leva a uma profunda humildade como também a uma profunda confiança.
Minha identidade e valor são baseados em como eu trabalho ou quão moral eu sou, então eu devo menosprezar aqueles que são preguiçosos ou imorais. E desdenho e me sinto superior aos outros.
Minha identidade e valor estão centrados naquele que morreu por seus inimigos, incluindo a mim. Apenas por pura graça eu sou o que sou, então eu não posso menosprezar aqueles que acreditam ou praticam algo diferente. Eu não tenho uma necessidade interior de vencer com argumentos.
Já que eu olho para minha performance para ser aceitável espiritualmente, meu coração fabrica ídolos- talentos, recordes morais, disciplina pessoal, estatus social,etc.  eu tenho que absolutamente tem eles, então, eles são minha principal esperança, sentido, felicidade, segurança e significância, ainda que eu diga que acredite em Deus.
Eu tenho muitas coisas boas na vida- família, trabalho,etc...mas nenhuma destas boas coisas são principais para mim. Eu não tenho que as ter absolutamente, então há um limite para a ansiedade, amargura e desespero que pode atingir a minha vida quando elas são ameaçadas ou perdidas.
Minha vida de oração consiste numa grande petição e apenas se aquece quando estou em necessidade. Meu principal objetivo na oração é controlar as circunstancias.
Minha vida de oração consiste em períodos de louvor e adoração. Meu principal proposito é a comunhão com Ele.



 Um exemplo disso é como pregamos a história de Davi e Golias. 

Religião: vê o texto como Davi como exemplo, e toma as pedras de maneira metafórica simbolizando algumas atitudes que a pessoa deve ter para ser livre. O foco é no eu e nas coisas que fazemos ou não devemos fazer. 

Evangelho: vê o texto como Davi sendo um tipo de Jesus, e enxerga o texto da seguinte forma: o povo de Israel tinha um inimigo que não poderia vencer, mas Deus levantou um resgatador que lutou no lugar do povo e venceu.  A igreja tem dois inimigos, pecado e a morte, Jesus veio em nosso lugar e venceu ambos, a vitória dele é nossa.

Jesus é o verdadeiro e melhor Adão, que passou pelo teste no jardim e cuja obediência é imputada a nós.Jesus é o verdadeiro e melhor Abel que, apesar de inocentemente morto, possui o sangue que clama, não para nossa condenação, mas pela absolvição.Jesus é o verdadeiro e melhor Abraão que respondeu ao chamado de Deus para deixar todo o conforto ea família e saiu para o vazio sem saber para onde ia, para criar um novo povo de Deus.Jesus é o verdadeiro e melhor Isaque, que foi não somente oferecido pelo Seu Pai no monte, mas foi verdadeiramente sacrificado por nós. E quando Deus disse a Abraão: "Agora eu sei que você me ama, porque você não poupou o seu filho, teu único filho a quem você ama de mim," agora podemos olhar para Deus levando Seu Filho até a montanha e sacrificá-lo e dizer: "Agora sabemos que nos ama, porque você não poupou o seu filho, teu único filho, a quem você ama de nós."Jesus é o verdadeiro e melhor Jacó que lutou e sofreu o golpe de justiça que merecemos, por isso, como Jacó, só recebêssemos as feridas da graça para nos despertar e disciplinar.Jesus é o verdadeiro e melhor José que, na mão direita do rei, perdoa àqueles que o venderam e traíram e usa seu novo poder para salvá-los.Jesus é o verdadeiro e melhor Moisés que se põe na brecha entre o povo e Deus e que é mediador de uma nova aliança.Jesus é a verdadeira e melhor Rocha de Moisés que, golpeada com a vara da justiça de Deus, agora nos dá água no deserto.Jesus é o verdadeiro e melhor Jó, sofredor verdadeiramente inocente, que então intercede e salva os seus tolos amigos.Jesus é o verdadeiro e melhor Davi, cuja vitória torna-se a vitória do Seu povo, apesar deles nunca terem movido uma única pedra para conquistá-la.Jesus é a verdadeira e melhor Ester que não apenas arriscou deixar um palácio terreno, mas perdeu o definitivo e divino, que não apenas arriscou sua vida, mas deu sua vida para salvar seu povo.Jesus é o verdadeiro e melhor Jonas que foi expulso na tempestade, para que nós pudéssemos ser trazidos para dentroJesus é a verdadeira Rocha de Moisés, o verdadeiro Cordeiro pascal, inocente, perfeito, desamparado, sacrificado para que o anjo da morte vai passar sobre nós. Ele é o verdadeiro templo, o verdadeiro profeta, o verdadeiro sacerdote, o verdadeiro rei, o verdadeiro sacrifício, o verdadeiro cordeiro, a verdadeira luz, o verdadeiro pão.A Bíblia não é realmente sobre você - é sobre ele.


  • JOVEM POSSESSA: O EVANGELHO PARA OS ESCRAVIZADOS.
ATOS 16:16-22: E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. 17   Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. 18   E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu. 19   E, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro estava perdida, prenderam Paulo e Silas e os levaram à praça, à presença dos magistrados. 20   E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade. 21   E nos expõem costumes que nos não é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos. 22   E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes as vestes, mandaram açoitá-los com varas.


A segunda conversão é a libertação da jovem possessa, que estava possuída por um demônio de advinhação.  O texto diz que ela tinha o espírito de Píton:

É uma referência à cobra da mitologia clássica que vigiava o templo de Apoio e o oráculo de Delfos, no monte Parnasso. Pensava-se que Apoio se encarnava na cobra e inspirava as "pitonisas", suas devotas, dando-lhes clarividência, embora outras pessoas as considerassem ventríloquas.  (STOTT, John  A Mensagem de Atos, p. 297)


Esta escrava, provavelmente, grega tinha duas escravidões: uma demoníaca e outra humana.

A primeira coisa que precisamos saber é que quando o evangelho é pregado, pessoas se arrependem e passam a crer em Jesus, o inimigo de nossas almas começará a lutar contra esta pregação. 

No caso,  a jovem começa a desdenhar da pregação de Paulo dizendo que eles são o caminho da salvação, servos do Deus altíssimo. O que ela fala não é uma mentira, é uma verdade. Mas, mesmo uma verdade dita pela boca dos demônios continua sendo algo mau.


A intenção é relativizar o trabalho do apóstolo, como se eles fossem um caminho a mais para salvação assim como era o serviço dela de adivinhação.


Ao contrário de Lídia, esta jovem era uma escrava, grega e não estava buscando a Deus na religião, longe disso, ela estava possessa por demônios e sendo escravizada por homens que tinham lucro com ela.

A mensagem de Paulo não é a pregação do Evangelho aqui, é um encontro de poder e libertação. Paulo ordena que em nome de Jesus, ela seja liberta daqueles demônios.

O texto nos mostra uma segunda forma como o Evangelho chega à uma cidade através da libertação pelo poder do nome de Jesus. 

Poderíamos pensar que esta forma é mais sobrenatural, mais poderosa que a primeira, mas não, tanto no estudo bíblico é Deus quem abre o coração de Lídia e aqui é o mesmo Deus quem liberta esta jovem.

Outra coisa que podemos ver aqui é a mensagem do evangelho não é para as pessoas que querem Jesus mas também para aquelas que não querem, e não há classe social, o Evangelho é tanto para a rica Lídia como para a escrava posssessa.

Quando o evangelho chega a uma cidade, as estruturas sociais daquela cidade também são impactadas, apesar de possessa por demônios, os mestres da menina eram homens que tinham seu lucro com ela.  Uma evangelização fiel lida também com os aspectos sociais das pessoas, ela busca transformar e libertar as pessoas de todo o seu modo de viver pecaminoso. Quando encontramos com Cristo, toda a nossa vida muda, nosso trabalho muda, nosso modo de ganhar dinheiro muda, há um novo propósito para todas as coisas.

Muitas pessoas são libertas espiritualmente, mas não socialmente, de modo que, não havendo uma transformação no ambiente social destas pessoas, a mudança fica apenas paliativa e não permanece.




  • O CARCEREIRO: O EVANGELHO PARA OS INDIFERENTES.

ATOS 16:23-31: E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança, 24   o qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior e lhes segurou os pés no tronco. 25   Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. 26   E, de repente, sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos. 27   Acordando o carcereiro e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido. 28   Mas Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos. 29   E, pedindo luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas. 30   E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? 31 E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.

Já vimos que Lucas nos conta dois tipos de conversão com dois tipos de pessoas totalmente diferentes. No primeiro caso, Lídia é uma mulher da classe alta que foi convertida pelo Senhor através da explanação da Palavra e no segundo caso, vimos a jovem escrava que foi convertida por Deus através da libertação da opressão demoníaca.

Agora, veremos um terceiro caso de conversão. O carcereiro era um soldado romano, provavelmente um homem da classe trabalhadora, que espiritualmente não estava buscando a Deus e nem também estava possesso por demônios. Como o evangelho chega àqueles que estão espiritualmente indiferentes, ele chega através de atos.

Aquele carcereiro acostumado a torturar pessoas e viver a vida de maneira dura nunca viu em sua vida alguém como Paulo e Silas. Primeiro, eles são presos sem merecer, afinal, Paulo era cidadão romano. Segundo, enquanto estão sendo torturados, os dois estão orando e cantando hinos a Deus. Terceiro, após o terremoto, temendo por sua vida, já que ou seria torturado e morto pelos prisioneiros que acabara de torturar ou morto pelo Império pois os prisioneiros tinham fugido, para seu espanto, estão todos ali e Paulo o impede de tirar a própria vida.

A terceira forma como o Evangelho chega a uma cidade, principalmente, para aqueles que são indiferentes espiritualmente é através dos atos de uma igreja. Paulo e Silas sabiam que somente poderiam ficar livres à custa da morte daquele homem, mas eles já eram livres de todas as circunstâncias e prisões por causa da morte de um outro homem: Jesus.

A verdadeira salvação já havia chegado aos discípulos de Jesus e agora chegava ao carcereiro e sua casa. 

Fp 1.29   Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele,

Para a glória de Deus, para cada nós da igreja, foi concedido não somente acreditar nas bênçãos de Deus como também sofrer por Deus. Este é um sinal que mostra a verdadeira salvação para a cidade, para aqueles que estão indiferentes ao evangelho.


JESUS: O CENTRO DA MENSAGEM.
 Em Jesus, encontramos as três formas. Nele encontramos o ensino que traz luz para o mundo. Nele encontramos o poder que liberta das obras do diabo. Nele encontramos os atos de misericórdia que transformam os corações endurecidos.


 
MULHER, ESCRAVO E GENTIO: O EVANGELHO É PARA TODOS.

Paulo como um bom fariseu desde cedo aprendeu uma oração matinal que os fariseus faziam: Deus, graças te dou, porque não nasci mulher, escravo ou gentio. Lucas nos narra em Atos 16, que o Evangelho chegou para uma mulher, uma escrava e um gentio, mostrando que todos podem ser alcançados pelo poder de Deus.




quarta-feira, julho 22, 2015

Um povo sem rei (Juízes 19-21)

Os levitas eram descendentes de Levi, um dos doze filhos de Jacó. Eram a única tribo de Israel que não tinha terra em Canaã. Ao invés de trabalharem a terra,eles tinha que viver e trabalhar para o tabernáculo e na adoração a Deus - eles eram sustentados com dízimos e ofertas do resto do povo - Nm 18:20-24. Os sacerdotes eram levitas que descendiam de Arão (Nm 3:10), enquanto que o resto dos levitas assistiam aos sacerdotes no serviço do tabernáculo. Os levitas eram considerados por Deus como consagrados para este serviço e ministério (Nm 3:5-13) e tinha uma responsabilidade especial de serem santos.

O que seria uma concubina? Um segunda esposa adquirida por compra ou como cativa de guerra, e era permitido numa sociedade poligâmica. Uma concubina era essencialmente uma escrava que não era uma prostituta, mas também não era uma esposa no sentido completo do termo. Era uma esposa de segunda classe. É por isto que nesta passagem o levita é chamado de senhor de sua concubina (Jz 19:27), mas também de seu marido (19:3). Enquanto que Deus deixa claro no começo e no ensino de Jesus que o casamento é somente entre um homem e uma mulher, muitos crentes tiveram muitas esposas e concubinas contrariando o propósito de Deus. Mas, em toda a história bíblica, vemos que a poligamia causou diversos danos e dores nas famílias sem exceção.  O que vemos aqui em Juízes é que um levita, que deveria permanecer santo, foi moldado pela cultura pagã em torno, comprando uma concubina e tratando-a como uma peça de sua propriedade.


Naquela época não havia rei em Israel. Aconteceu que um levita que vivia nos montes de Efraim, numa região afastada, tomou para si uma concubina, que era de Belém de Judá.
Mas ela lhe foi infiel. Deixou-o e voltou para a casa do seu pai, em Belém de Judá. Quatro meses depois,
seu marido foi convencê-la a voltar. Ele tinha levado o seu servo e dois jumentos. A mulher o levou para dentro da casa do seu pai, e quando seu pai o viu, alegrou-se.
O sogro dele, pai da moça, o convenceu a ficar ali; e ele permaneceu com eles três dias; todos eles comendo, bebendo e dormindo ali.
No quarto dia, eles se levantaram cedo, e o levita se preparou para partir, mas o pai da moça disse ao genro: "Coma alguma coisa, e depois vocês poderão partir".
Os dois se assentaram para comer e beber juntos. Mas o pai da moça disse: "Eu lhe peço que fique esta noite, e que se alegre".
E, quando o homem se levantou para partir, seu sogro o convenceu a ficar ainda aquela noite.
Na manhã do quinto dia, quando ele se preparou para partir, o pai da moça disse: "Vamos comer! Espere até a tarde! " E os dois comeram juntos.
Então, quando o homem, com a sua concubina e com o seu servo, levantaram-se para partir, o seu sogro, pai da moça, disse outra vez: "Veja, o dia está quase acabando, é quase noite; passe a noite aqui. Fique e alegre-se. Amanhã de madrugada vocês poderão levantar-se e ir para casa".
Não desejando ficar outra noite, o homem partiu rumo a Jebus, isto é, Jerusalém, com dois jumentos selados e com a sua concubina.
Juízes 19:1-10
Naquela época não havia rei em Israel. Aconteceu que um levita que vivia nos montes de Efraim, numa região afastada, tomou para si uma concubina, que era de Belém de Judá.
Mas ela lhe foi infiel. Deixou-o e voltou para a casa do seu pai, em Belém de Judá. Quatro meses depois,
seu marido foi convencê-la a voltar. Ele tinha levado o seu servo e dois jumentos. A mulher o levou para dentro da casa do seu pai, e quando seu pai o viu, alegrou-se.
O sogro dele, pai da moça, o convenceu a ficar ali; e ele permaneceu com eles três dias; todos eles comendo, bebendo e dormindo ali.
No quarto dia, eles se levantaram cedo, e o levita se preparou para partir, mas o pai da moça disse ao genro: "Coma alguma coisa, e depois vocês poderão partir".
Os dois se assentaram para comer e beber juntos. Mas o pai da moça disse: "Eu lhe peço que fique esta noite, e que se alegre".
E, quando o homem se levantou para partir, seu sogro o convenceu a ficar ainda aquela noite.
Na manhã do quinto dia, quando ele se preparou para partir, o pai da moça disse: "Vamos comer! Espere até a tarde! " E os dois comeram juntos.
Então, quando o homem, com a sua concubina e com o seu servo, levantaram-se para partir, o seu sogro, pai da moça, disse outra vez: "Veja, o dia está quase acabando, é quase noite; passe a noite aqui. Fique e alegre-se. Amanhã de madrugada vocês poderão levantar-se e ir para casa".
Não desejando ficar outra noite, o homem partiu rumo a Jebus, isto é, Jerusalém, com dois jumentos selados e com a sua concubina.
Juízes 19:1-10
JUÍZES 19:1-10: Aconteceu também, naqueles dias em que não havia rei em Israel, que houve um homem levita, que, peregrinando aos lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina, de Belém de Judá. 2   Porém a sua concubina adulterou contra ele, e foi dele para casa de seu pai, a Belém de Judá, e esteve ali alguns dias, a saber, quatro meses. 3   E seu marido se levantou e partiu após ela, para lhe falar conforme o seu coração e para tornar a trazê-la; e o seu moço e um par de jumentos iam com ele, e ela o levou à casa de seu pai, e, vendo-o o pai da moça, alegrou-se ao encontrar-se com ele. 4   E seu sogro, o pai da moça, o deteve e ficou com ele três dias; e comeram, e beberam, e passaram ali a noite. 5   E sucedeu que, ao quarto dia pela manhã, madrugaram, e ele levantou-se para partir; então, o pai da moça disse a seu genro: Conforta o teu coração com um bocado de pão, e depois partireis. 6   Assentaram-se, pois, e comeram ambos juntos, e beberam; e disse o pai da moça ao homem: Peço-te que ainda esta noite queiras passá-la aqui, e alegre-se o teu coração. 7   Porém o homem levantou-se para partir, mas seu sogro o constrangeu a tornar a passar ali a noite. 8   E, madrugando ao quinto dia pela manhã para partir, disse o pai da moça: Ora, conforta o teu coração. E detiveram-se até já declinar o dia e ambos juntos comeram. 9   Então, o homem levantou-se para partir, ele, e a sua concubina, e o seu moço; e disse-lhe seu sogro, o pai da moça: Eis que já o dia se abaixa, e já a tarde vem entrando; peço-te que aqui passes a noite; eis que já o dia vai acabando; passa aqui a noite, e que o teu coração se alegre; e, amanhã de madrugada, levantai-vos a caminhar, e vai-te para a tua tenda. 10   Porém o homem não quis ali passar a noite, mas levantou-se, e partiu, e veio até defronte de Jebus (que é Jerusalém), e com ele o par de jumentos albardados, como também a sua concubina.Aconteceu também, naqueles dias em que não havia rei em Israel, que houve um homem levita, que, peregrinando aos lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina, de Belém de Judá.

COMO ELA DEIXOU ELE.

Ela fez duas coisas. Primeiro, ela foi infiel para com ele. Literalmente, o hebraico diz que ela fez de meretriz.  Segundo, ela deixou ele e retornou para sua família. A razão  que sabemos é que ela era muito distante dele e deixou seu mestre- o que não era permitido naquela sociedade. Ela estava com raiva e desgostosa com ele. Isto não causa surpresa. Uma concubina era uma coisa pior que as amantes modernas.  Hoje, se um homem tem uma amante, mas se recusa a assumir ela ou casar com ela, ambos tem suas vidas em separado e tem a oportunidade de ver outras pessoas. Mas, uma concubina  não era uma esposa, mas era propriedade de seu amante. 

 QUANTO TEMPO ELE ESPEROU PARA IR ATÉ ELA.
O atraso do levita é uma evidência de que a afeição dele por ela não era muito forte. Ele, evidentemente, não queria ela de volta, por raiva ou indiferença, mas começou a sentir desejo por tê-la de novo. Mais um vez, vemos que esta relação é dirigida por paixões, não por um compromisso mútuo como num casamento real.

POR QUE ELA RETORNOU PARA ELE? 

Pelo que vemos o levita foi à sua família com um burro sem montaria para ela e tentou persuadir ela. É interessante que nada que ele diz a mudou. Não há referência para sua resposta exceto que ela tomou ele quando encontrou seu pai. Não ouvimos nada que aconteceu a casa do pai, o texto simplesmente diz que o homem saiu com sua concubina (vs.10).

 O pai estava com medo da pena de adultério, que poderia levar a morte e a desgraça de sua família.  A pressão para que a concubina voltasse foi enorme. O pai não permitiu que ela ficasse. Esta mulher é simplesmente um objeto, um pedaço da propriedade que produz favores sexuais para seu senhor. Não é um relacionamento pessoal. 

JUIZES 19:11-25: Estando, pois, já perto de Jebus, e tendo-se já declinado muito o dia, disse o moço a seu senhor: Caminhai agora, e retiremo-nos a esta cidade dos jebuseus e passemos ali a noite. 12   Porém disse-lhe seu senhor: Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel; mas passaremos até Gibeá. 13   Disse mais a seu moço: Caminha, e cheguemos a um daqueles lugares e passemos a noite em Gibeá ou em Ramá. 14   Passaram, pois, adiante e caminharam, e o sol se lhes pôs junto a Gibeá, que é cidade de Benjamim. 15   E retiraram-se para lá, para entrarem a passar a noite em Gibeá; e, entrando ele, assentou-se na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali passarem a noite. 16   E eis que um homem velho vinha à tarde do seu trabalho do campo; e era este homem da montanha de Efraim, mas peregrinava em Gibeá; eram, porém, os homens deste lugar filhos de Benjamim. 17   Levantando ele, pois, os olhos, viu a este passageiro na praça da cidade; e disse o velho: Para onde vais e de onde vens? 18   E ele lhe disse: Passamos de Belém de Judá até aos lados da montanha de Efraim, de onde sou, porquanto fui a Belém de Judá; porém, agora, vou à casa do SENHOR, e ninguém há que me recolha em casa, 19   ainda que há palha e pasto para os nossos jumentos, e também pão e vinho há para mim, e para a tua serva, e para o moço que vem com os teus servos; de coisa nenhuma há falta. 20   Então, disse o velho: Paz seja contigo; tudo quanto te faltar fique ao meu cargo; tão somente não passes a noite na praça. 21   E trouxe-o a sua casa e deu pasto aos jumentos; e, lavando-se os pés, comeram e beberam. 22   Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos. 23   E o homem, senhor da casa, saiu a eles e disse-lhes: Não, irmãos meus! Ora, não façais semelhante mal; já que este homem entrou em minha casa, não façais tal loucura.24   Eis que a minha filha virgem e a concubina dele tirarei para fora; humilhai-as a elas e fazei delas o que parecer bem aos vossos olhos; porém a este homem não façais loucura semelhante.25   Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então, aquele homem pegou da sua concubina e lha tirou para fora; e eles a conheceram, e abusaram dela toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a deixaram.

O pai da concubina é um exemplo normal da hospitalidade do Oriente Médio.  Era importante prover uma completa hospitalidade não apenas para  os conhecidos, mas para aqueles estrangeiros que viesse a sua porta. Isto era especialmente necessário num tempo quando não havia hotéis. Todas as sociedades, culturas e religiões aceitavam isto. Então, era muito incomum que o levita e seus dois servos não encontrassem alguém que os recebesse. O que aconteceu com a decência da cidade? Isto representa uma quebra no acolhimento, mas também mostra algo pior que egoísmo e indiferença. O homem de Efraim diz: Paz seja contigo; tudo quanto te faltar fique ao meu cargo; tão somente não passes a noite na praça.(vs.20).  Ele sabia quão profundamente estava destruído o caráter em sua cidade. 

Há uma comparação com Genesis 19:1-11
Estrangeiros vem para a cidade, um bando de homens cerca a casa e querem ter um sexo grupal com eles.  Os hospedeiros imploram  para que os homens não queiram isto mas eles se recusam e o hospedeiro oferece alguma mulher da casa em troca. 

A diferença são: 

Em Sodoma,  sabemos que todos os homens da cidade era a multidão, enquanto que em Gibeá, apenas alguns homens da cidade (vs.22). Na casa de Ló, os anjos cegam os homens. Enquanto que os homens de Gibeá, eles tomam a concubina e a violentam.

O QUE FAZER COM OS PARALELOS?

A mensagem é clara. Os israelitas tiveram grandes privilégios que nenhuma outra nação na terra teve: os pactos de Abraão e Moisés, a lei e os profetas, o tabernáculo e as promessas, os atos poderosos de Deus para libertar do Egito e a arca da aliança. Ainda assim, os israelitas estão agindo como os cananeus e as nações pagãos que não receberam nada disso. Aqui está o fundo do poço da história de Israel.


JUIZES 19:25-30: Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então, aquele homem pegou da sua concubina e lha tirou para fora; e eles a conheceram, e abusaram dela toda a noite até pela manhã, e, subindo a alva, a deixaram. 26   E, ao romper da manhã, veio a mulher, e caiu à porta da casa daquele homem, onde estava seu senhor, e ficou ali até que se fez claro. 27   E, levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e saindo a seguir o seu caminho, eis que a mulher, sua concubina, jazia à porta da casa, com as mãos sobre o limiar. 28   E ele lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos, porém não respondeu; então, pô-la sobre o jumento, e levantou-se o homem, e foi-se para o seu lugar. 29   Chegando, pois, à sua casa, tomou um cutelo, e pegou na sua concubina, e a despedaçou com os seus ossos em doze partes e enviou-os por todos os termos de Israel. 30   E sucedeu que cada um que tal via dizia: Nunca tal se fez, nem se viu desde o dia em que os filhos de Israel subiram da terra do Egito, até ao dia de hoje; ponderai isto no coração, considerai e falai.

POR QUE OFERECEM A MULHER? 

Talvez para honrar e respeitar seu visitante por ser um levita. Como notamos, os levitas eram separados por Deus  como seus representantes. É claro que o mal dos homens de Gibeá estava crescendo  por seu completo descaso com o status de seu visitante. E por que não ofereceram o homem servo do levita que também estava na casa. Eles queriam um homem. Não porque este incidente mostra que todos os homens consideravam as mulheres como propriedade. Isto é contrário a Gn 1:27. 

POR QUE ELA NÃO ENTRA NA CASA?

Uma possibilidade é que ela estava tão moribunda que não teve forças para entrar. Outra possibilidade é que ela ficou imobilizada por desespero e medo por aquilo que seu senhor fez.

O verso 25 não nos conta detalhes do horror daquela noite. Mas, o verso 26 nos mostra um quadro bem específico. Primeiro, ela cai na porta da casa. Depois, vemos que o levita dormiu enquanto ela era violentada e abusada, ele levantou de manhã. Terceiro, sabemos que ele abre as portas com as malas prontas para ir, para seguir seu caminho. E, quarto, sabemos que quando ele vê ela, ele sabe que ela não estava só dormindo e, é bem possível que ele tenha visto quão abusada ela foi. Quinto, sabemos que simplesmente fala para ela levantar e seguir como se fora um animal. Não há expressão de surpresa ou curiosidade nem mesmo simpatia ou compaixão. Sexto, aprendemos que ele mutila seu corpo morto e o corta em doze pedaços para inflamar o resto da nação contra os homens de Gibeá.

O levita quer vingança não por que amava a mulher ou pelo tratamento que deram a ela, ele está preocupado com a perda da propriedade. A resposta de Israel e do narrador no verso 30 mostra que ambos estão errados.



Então todos os israelitas, de Dã a Berseba, e de Gileade, saíram como um só homem e se reuniram em assembléia perante o Senhor em Mispá. Os líderes de todo o povo das tribos de Israel tomaram seus lugares na assembléia do povo de Deus, quatrocentos mil soldados armados de espada. ( Os benjamitas souberam que os israelitas haviam subido a Mispá. ) Os israelitas perguntaram: "Como aconteceu essa perversidade? " Então o levita, marido da mulher assassinada, disse: "Eu e a minha concubina chegamos a Gibeá de Benjamim para passar a noite. Durante a noite os homens de Gibeá vieram para atacar-me e cercaram a casa, com a intenção de matar-me. Então violentaram minha concubina, e ela morreu. Juízes 20:1-5

Israel se une desde Otniel, mas a união é por vingança e repugnância por algo feito por israelenses dentro de suas fronteiras, não porque ouviram a Deus ou para julgarem.


O relato do levita do que aconteceu é totalmente editado,  ele esconde as partes que o comprometem.  Exagera os malfeitores, dizendo que os homens de Gibeá fizeram o feito, não somente os de Belial, diz pretendiam matá-lo quando de fato queriam abusar dele. Ele omite que sacrificou sua concubina ao invés de lutar para protegê-la,  apenas reporta que a estupraram. Ninguém que ouve este relato conseguiria suspeitar que ele mesmo contribuiu para a morte da mulher.




Peguei minha concubina, cortei-a em pedaços e enviei um pedaço a cada região da herança de Israel, pois eles cometeram essa perversidade e esse ato vergonhoso em Israel. Agora, todos vocês israelitas, manifestem-se e dêem o seu veredicto". Todo o povo se levantou como se fosse um só homem, dizendo: "Nenhum de nós irá para casa. Nenhum de nós voltará para o seu lar. Mas é isto que faremos agora contra Gibeá: Separaremos, por sorteio, de todas as tribos de Israel, de cada cem homens dez homens, de cada mil homens cem, de cada dez mil homens mil, para conseguirem provisões para o exército poder chegar a Gibeá de Benjamim e dar a eles o que merecem por todo esse ato vergonhoso cometido em Israel".E todos os israelitas se ajuntaram e se uniram como um só homem contra a cidade. As tribos de Israel enviaram homens a toda a tribo de Benjamim, dizendo: "O que vocês dizem dessa maldade terrível que foi cometido no meio de vocês? Agora, entreguem esses canalhas de Gibeá, para que os matemos e eliminemos esse mal de Israel". Mas os benjamitas não quiseram ouvir seus irmãos israelitas. Vindos de suas cidades, reuniram-se em Gibeá para lutar contra os israelitas. Naquele dia os benjamitas mobilizaram vinte e seis mil homens armados de espada que vieram das suas cidades, além dos setecentos melhores soldados que viviam em Gibeá. Dentre todos esses soldados havia setecentos canhotos, muito hábeis, e cada um deles podia atirar uma pedra com a funda num cabelo sem errar. Israel, sem contar os de Benjamim, convocou quatrocentos mil homens armados de espada, todos eles homens de guerra. Juízes 20:6-17


Israel está unido em seu propósito de dar o troco. Mas, antes, eles enviam homens a Benjamin, perguntando sobre quem fez estes atos, para eliminar o mal de Israel.  Os de Benjamin não ouvem e se juntam aos homens de Gibeá somando 26 mil soldados para lutarem contra 400 mil israelitas.


Por que eles não entregaram os malfeitores?


Um ídolo que mais destrói a unidade humana é o ídolo da nossa consanguinidade, aquela atitude de minha familia, meu país. Benjamin recusa a dar a qualquer de fora o direito de julgar os homens de Gibeá. Eles colocam seus laços sanguíneos acima de uma ordem moral transcendente. 


O fracasso em obedecer a voz de Deus e conquistar Canaã leva agora a uma guerra civil.



A maior contribuição do livro de Juízes é a clara mensagem de que Israel necessitava de um Messias que estivesse presente e ativo... Israel, apesar de haver alcançado a herança prometida e de poder desfrutar de todos os benefícios dessa posse, ainda estava em extrema necessidade de um sacerdócio santificado, uma voz profética fiel e, finalmente, um servo real obediente (VAN GRONINGEN, Gerard. Messianic revelation in the Old Testament. Eugene: Wipf and Stock, 1990, p. 268)


Fonte

JUDGES FOR YOU de Timothy Keller