sexta-feira, janeiro 19, 2007

Feras de Lugar Nenhum


uM LIvro sobre a perda
perda da infância, da vida, enfim, de tudo.


[SINOpse]

Feras de lugar nenhum
é o livro de estréia de Uzodinma Iweala, de 23 anos, uma das grandes atrações da Festa Literária de Paraty (Flip) deste ano. Lançado dentro da linha editorial “A novidade vem de fora”, uma das grandes apostas da Nova Fronteira, o livro do jovem autor já ganhou prêmios como o Young Lions Fiction, promovido pela Biblioteca Pública de Nova York, e o Discover Great New Writers, na categoria ficção.


De uma hora para a outra, a vida do menino Agu vira de cabeça para baixo: a paz da aldeia em que vive com seus pais e sua irmã é rompida com a chegada de uma milícia liderada por um homem louco e cruel. Sozinho, afastado de sua família, Agu é obrigado a matar para não morrer ao ser recrutado como o mais novo soldado do grupo, presenciando os horrores de um conflito que não compreende. E se tornando parte deles.

Nesse romance lançado em novembro de 2005 nos Estados Unidos e na Inglaterra e já consagrado pelo público e pela crítica, seres humanos são reduzidos a seus aspectos mais primitivos, tornando-se “feras” que promovem a violência e a morte. Ao escolher Agu como narrador da história, Iweala potencializa os horrores presenciados e promovidos pelo menino: é sua voz infantil que nos conduz pela guerra e seus horrores; é ouvindo suas hesitações e pudores de criança que assistimos à sua transformação de menino-que-quer-ser-engenheiro a menino-monstro. A inocência de Agu vai sendo encoberta por assassinatos, estupros, saques e toda sorte de atos criminosos que sofre e que executa. Tornou-se um soldado e cumpre o seu dever, mas ainda se lembra dos ensinamentos da mãe e fica confuso: como pode agora matar sem vomitar ou desmaiar como nas primeiras vezes e continuar temendo a Deus e querendo ser um bom menino?

Em Feras de lugar nenhum, Agu sonha com coisas muito diferentes: matar os homens que fizeram sua família desaparecer, carregar uma arma de verdade, ter o que comer amanhã, passar a mão na bunda da moça que serve bebidas, ser uma árvore gigantesca, fazer o homem que mora na lua sorrir, encontrar sua mãe, voltar pra escola e se tornar, enfim, um engenheiro. Nessa mistura de sonhos, surge um novo e talentoso escritor, que atinge seus leitores não apenas com uma história difícil de ser esquecida, mas com perguntas ainda mais difíceis de serem respondidas: somos capazes de perdoar a qualquer um todas as violências cometidas?

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