"Nosso baile é brilhos tão frágeis,
com um tal aroma de ilusão,
que quase tudo ao toque da mão
desfaz-se entre os dedos mais ágeis,
deixa de ser o que imitava mal.
A perda é nosso dom natural.
As coisas todas são mortais e vão
pouco a pouco desmoronando,
canteiros de noções, um bando
de pardais, nada tem duração
ou resgate, mas só a estrela agoniza
reluzindo como a poetisa.
Dispõe os alvos travesseiros
contra a cabeceira da treva
e recebe-os: leva por leva,
recebe-nos a todos, primeiros
e últimos, celebrando a vida,
o adiamento da despedida
(...)"
Bruno Tolentino, A Última Visita.
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