sábado, setembro 01, 2007

Fé em Deus e pé na tábua


Acabei de ler o livro, terminei a jornada de uma semana acompanhado essa estranha peregrinação de Houston até Portland, guiado por passatempos e desventuras, por uma estranha providência que não deixa eu largar o livro até acabar a gasolina da última página.

O livro é bom, faz um retorno a um cristianismo simples, tão puro que nem se vê Cristo nele, não há pecados, não nenhuma cruz, apenas destinos cruzados pela providência, o grande nome de Deus ali é providência, a teologia naturalis de Aquino, agora experimentada a cada litro de gasolina queimado na Kombi, a cada engasgada de seu motor.

No fim, eu acho que há ali um cristão mais puro, um cristão que vive plenamente, um Cristo que não é mera superstição, pois é vivido nos detalhes de cada quotidiano, de cada cena que some no retrovisor.

No fundo, no livro as verdadeiras perguntas estão respondidas, sem qualquer fingimento, sem qualquer elaboração teórica para provar que estão certos, somos apenas pessoas, uma kombi velha sem nenhuma pretensão de mostrar cada kilometro da jornada para Deus, mas apenas alguns flashes vistos de uma janela de uma dessas peregrinações.


trecho:

"certa vez, ouvi que o verdadeiro amor não pergunta o que vai receber em troca; ele é dado incondicionalmente. Ele apenas tenta tirar o peso das costas de alguém, reduzir seu fardo e, se for retribuído, ótimo, mas não é por isso que você faz as coisas. Isto me faz pensar se o verdadeiro amor, não o lixo que negociamos na esquina, mas o verdadeiro amor, duradouro, amor de antigos casais, é outra metáfora. Quer dizer, eu estava pensando sobre isso outro dia e não consegui descobrir um sentido para o amor em termos dos mecanismos darwinianos. Parece que há uma razão para o sexo, para luxúria, pra tudo isso- mas e quanto ao amor? Como o amor, assim, como a beleza e a luz, ajudam no processo darwiniano? E fiquei pensando se o próprio amor, a coisa verdadeira, do tipo que Lyle Lovett canta, não era outra metáfora para Deus" p.165

a história:

Dois amigos, uma Kombi 1971 e muito asfalto – esta é a receita deste livro. Trata-se do relato das aventuras de Paul e Don ao longo dos três meses em que percorreram o interior dos EUA. Ao devorar quilômetros de asfalto a bordo de uma velha kombi Volkswagen, a dupla tenta descobrir se a vida pode ser mais do que um tedioso emprego de segunda a sexta ou do que as trilhas enlameadas onde o mundo inteiro parece estar atolado. Viaje junto com Paul e Don enquanto eles aceleram estrada afora e mergulham nas mais profundas questões humanas, descobrindo respostas que estão distantes das palavras – respostas que precisam ser vivenciadas para serem totalmente compreendidas.

Nenhum comentário: