A figura de Jesus tem ademais a vantagem de sua clareza concreta e direta: nele, em sua própria carne, vemos algo ainda mais importante: a atitude de Deus em relação à dor do ser humano; nele, em sua própria carne, vemos algo ainda mais importante: a atitude de Deus em relação a dor de Seu próprio Filho, isto é, em relação à sua própria dor; ou, quem sabe com maior exatidão, vemos o proprio Deus, enquanto entra na finitude humana, submetido à mesma e identica inevitabilidade das limitações do mal (p. 125)
Muito alem de qualquer outro tema mais tangencial, impõe-se uma questão fundamental: Jesus, está, de modo incondicional, ao lado das vitimas diante do mal que as oprime. Sua vida é, por essência, oposição às forças do mal. Sua presença liberta o ser humano tanto da miséria radical que o oprime- o pecado- como de suas conseqüências – a doença, a fome, o desprezo-. Sua missão consiste, justamente, em trazer-nos a boa noticia – Eu-angelion- de que Deus está presente, com seu amor e seu poder, para salvar a todos. A todos sem exceção; quer dizer, na típica lógica evangelica, primeira e principalmente aos excluídos da salvação, aos pobres, no sentido impregnante com que a tradição bíblica foi carregando esta denominação: os sem bens e sem cultura, os que não podem defender seus próprios direitos, até mesmo os excluídos- pelos homens- da aliança com Deus... Felizes vós, os pobres é, com segurança, a forma primigenia das bem-aventuranças, que são, por sua vez, o principio fundamental de toda a pregação evangélica (...)
Ele liberta do mal perdoando o pecado, curando as doenças, comendo com os pecadores: traz o anuncio, vindo da parte de Deus, do não radical à historia da dor humana (E. Schillebeeckx). Ele torna já presente a felicidade definitiva, escatológica: “dá de comer” e “passa fazendo o bem” (atos 10,38). Por isso, onde ele está desaparecem a tristeza e a angustia, sendo o jejum suprimido para dar lugar à alegria do banquete nupcial em companhia do noivo (Mc 2,18-22). Schillebeeckx expressa magnificamente isto quando fala da impossibilidade existencial de estar tristes na presença de Jesus" (p.126)
Andres T. Queiruga Recuperar a Salvação Paulus,
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