domingo, setembro 02, 2007

Jesus e a dor

A figura de Jesus tem ademais a vantagem de sua clareza concreta e direta: nele, em sua própria carne, vemos algo ainda mais importante: a atitude de Deus em relação à dor do ser humano; nele, em sua própria carne, vemos algo ainda mais importante: a atitude de Deus em relação a dor de Seu próprio Filho, isto é, em relação à sua própria dor; ou, quem sabe com maior exatidão, vemos o proprio Deus, enquanto entra na finitude humana, submetido à mesma e identica inevitabilidade das limitações do mal (p. 125)


Muito alem de qualquer outro tema mais tangencial, impõe-se uma questão fundamental: Jesus, está, de modo incondicional, ao lado das vitimas diante do mal que as oprime. Sua vida é, por essência, oposição às forças do mal. Sua presença liberta o ser humano tanto da miséria radical que o oprime- o pecado- como de suas conseqüências – a doença, a fome, o desprezo-. Sua missão consiste, justamente, em trazer-nos a boa noticia – Eu-angelion- de que Deus está presente, com seu amor e seu poder, para salvar a todos. A todos sem exceção; quer dizer, na típica lógica evangelica, primeira e principalmente aos excluídos da salvação, aos pobres, no sentido impregnante com que a tradição bíblica foi carregando esta denominação: os sem bens e sem cultura, os que não podem defender seus próprios direitos, até mesmo os excluídos- pelos homens- da aliança com Deus... Felizes vós, os pobres é, com segurança, a forma primigenia das bem-aventuranças, que são, por sua vez, o principio fundamental de toda a pregação evangélica (...)


Ele liberta do mal perdoando o pecado, curando as doenças, comendo com os pecadores: traz o anuncio, vindo da parte de Deus, do não radical à historia da dor humana (E. Schillebeeckx). Ele torna já presente a felicidade definitiva, escatológica: “dá de comer” e “passa fazendo o bem” (atos 10,38). Por isso, onde ele está desaparecem a tristeza e a angustia, sendo o jejum suprimido para dar lugar à alegria do banquete nupcial em companhia do noivo (Mc 2,18-22). Schillebeeckx expressa magnificamente isto quando fala da impossibilidade existencial de estar tristes na presença de Jesus" (p.126)

"Longe de ser causa ou cúmplice de nosso sofrimento, Deus se mostra para nós, no testemunho irrefutável da cruz, como aquele que pensa somente em nos ajudar, e que, para fazê-lo, está disposto a tudo, até mesmo a entregar seu próprio Filho: "Ele que não poupou seu próprio Filho" Rm 8,32" (p. 139)




Andres T. Queiruga Recuperar a Salvação Paulus,

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