Por Ricardo Barbosa
Fonte: Revista Ultimato
A revista Época trouxe uma pequena entrevista com o americano Alvin Toffler, considerado uma espécie de profeta da modernidade. Seus livros O Choque do Futuro e A Terceira Onda, anteciparam as grandes mudanças do final do século 20. Nessa entrevista sobre seu novo livro, a Riqueza Revolucionária, ele fala da importância de se investir em infra-estrutura e considera o investimento em educação prioritário.
Bem, todos sabemos do valor fundamental da educação apesar da falta de vontade política e das verbas precárias do governo; mas sabemos também que investir em educação hoje não é o mesmo que investir na formação da pessoa ou na construção de um caráter. Grande parte dos escândalos que temos presenciado tem como protagonistas gente instruída, com passagem pelas melhores escolas e universidades. O que leva juízes, políticos e empresários com bons salários e boa formação acadêmica a cometer atos de corrupção? O que leva jovens de classe média ao consumo de drogas e álcool e a atos de violência e vandalismo? Por que ainda existe tanta violência doméstica e abuso sexual nas classes mais altas? Neste contexto o problema certamente não está na falta de escolas ou da educação como instrução acadêmica, mas na ausência de uma formação integral do ser humano.
Ao falar sobre o “mistério da iniqüidade”, Paulo descreve a apostasia como uma rebelião “a tudo que se chama Deus, ou objeto de culto” (2Ts 2.4). Um investimento em educação ou mesmo em infra-estrutura não será suficiente para conter o avanço do “mistério da iniqüidade”. O que está por trás das graves crises que a humanidade vem sofrendo não é fruto apenas da falta de escolas ou de investimentos em infra-estrutura, mas de um processo de exclusão de Deus e de sua verdade, bem como da irrelevância e do silêncio da igreja diante dos grandes temas que envolvem o ser humano.
Em suas Confissões, Agostinho declara que “fizeste-nos para ti, ó Deus, e nossa alma não encontrará repouso enquanto não descansar em ti”. Talvez um dos mistérios centrais de nossa humanidade esteja no fato de que fomos criados por Deus e para Deus, e que somente Deus, por meio da humanidade do seu Filho Jesus Cristo e da presença do seu reino, pode nos devolver o significado de sermos verdadeiramente humanos.
A resposta dos cristãos ao mistério da iniqüidade ou da apostasia é o seu compromisso radical com o chamado de Jesus Cristo. Dietrich Bonhoeffer, pouco antes de sua morte em 1945 num campo de concentração, prevendo os rumos da igreja na Europa, escreveu a um amigo: “Durante estes anos, a igreja vem lutando pela sua autopreservação, como se isto fosse um fim em si mesmo e, conseqüentemente perdeu a oportunidade de pronunciar uma palavra de reconciliação para a humanidade e para o mundo como um todo. Por isso, nossa linguagem tradicional se tornará inevitavelmente impotente e condenada ao silêncio; o cristianismo ficará confinado às orações e à prática de boas obras em relação a nossos irmãos e irmãs. O pensamento cristão, sua palavra e sua organização, precisam renascer a partir dessa oração e dessas obras… Será uma nova linguagem… a linguagem de uma nova justiça e verdade que proclama a paz de Deus com os homens e a chegada do seu reino”.
O reconhecimento de que o ser humano, por mais que negue e rejeite o evangelho de Cristo, depende dele para sua redenção e o resgate de sua dignidade, deve nos levar a priorizar sua proclamação como afirmação da verdade e nos conscientizar de que a educação requer, em última instância, um encontro com Deus.
O mistério da iniqüidade é hoje a reação da mentalidade secularizada, que se opõe a Deus e a tudo o que se refere a Deus, numa clara rebelião aos propósitos do Criador, levando as pessoas a dar mais crédito à mentira do que à verdade. O chamado de Cristo nos leva a acolher a verdade em amor e a proclamá-la com clareza e firmeza. A recomendação de Paulo aos cristãos diante da apostasia é para que permaneçam firmes na fé e na salvação em Cristo, guardando as tradições que foram ensinadas pelos apóstolos, certos de que Deus, em seu eterno amor, nos consola e nos confirma em toda boa obra e palavra.
• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração
Fonte: Revista Ultimato
A revista Época trouxe uma pequena entrevista com o americano Alvin Toffler, considerado uma espécie de profeta da modernidade. Seus livros O Choque do Futuro e A Terceira Onda, anteciparam as grandes mudanças do final do século 20. Nessa entrevista sobre seu novo livro, a Riqueza Revolucionária, ele fala da importância de se investir em infra-estrutura e considera o investimento em educação prioritário.
Bem, todos sabemos do valor fundamental da educação apesar da falta de vontade política e das verbas precárias do governo; mas sabemos também que investir em educação hoje não é o mesmo que investir na formação da pessoa ou na construção de um caráter. Grande parte dos escândalos que temos presenciado tem como protagonistas gente instruída, com passagem pelas melhores escolas e universidades. O que leva juízes, políticos e empresários com bons salários e boa formação acadêmica a cometer atos de corrupção? O que leva jovens de classe média ao consumo de drogas e álcool e a atos de violência e vandalismo? Por que ainda existe tanta violência doméstica e abuso sexual nas classes mais altas? Neste contexto o problema certamente não está na falta de escolas ou da educação como instrução acadêmica, mas na ausência de uma formação integral do ser humano.
Ao falar sobre o “mistério da iniqüidade”, Paulo descreve a apostasia como uma rebelião “a tudo que se chama Deus, ou objeto de culto” (2Ts 2.4). Um investimento em educação ou mesmo em infra-estrutura não será suficiente para conter o avanço do “mistério da iniqüidade”. O que está por trás das graves crises que a humanidade vem sofrendo não é fruto apenas da falta de escolas ou de investimentos em infra-estrutura, mas de um processo de exclusão de Deus e de sua verdade, bem como da irrelevância e do silêncio da igreja diante dos grandes temas que envolvem o ser humano.
Em suas Confissões, Agostinho declara que “fizeste-nos para ti, ó Deus, e nossa alma não encontrará repouso enquanto não descansar em ti”. Talvez um dos mistérios centrais de nossa humanidade esteja no fato de que fomos criados por Deus e para Deus, e que somente Deus, por meio da humanidade do seu Filho Jesus Cristo e da presença do seu reino, pode nos devolver o significado de sermos verdadeiramente humanos.
A resposta dos cristãos ao mistério da iniqüidade ou da apostasia é o seu compromisso radical com o chamado de Jesus Cristo. Dietrich Bonhoeffer, pouco antes de sua morte em 1945 num campo de concentração, prevendo os rumos da igreja na Europa, escreveu a um amigo: “Durante estes anos, a igreja vem lutando pela sua autopreservação, como se isto fosse um fim em si mesmo e, conseqüentemente perdeu a oportunidade de pronunciar uma palavra de reconciliação para a humanidade e para o mundo como um todo. Por isso, nossa linguagem tradicional se tornará inevitavelmente impotente e condenada ao silêncio; o cristianismo ficará confinado às orações e à prática de boas obras em relação a nossos irmãos e irmãs. O pensamento cristão, sua palavra e sua organização, precisam renascer a partir dessa oração e dessas obras… Será uma nova linguagem… a linguagem de uma nova justiça e verdade que proclama a paz de Deus com os homens e a chegada do seu reino”.
O reconhecimento de que o ser humano, por mais que negue e rejeite o evangelho de Cristo, depende dele para sua redenção e o resgate de sua dignidade, deve nos levar a priorizar sua proclamação como afirmação da verdade e nos conscientizar de que a educação requer, em última instância, um encontro com Deus.
O mistério da iniqüidade é hoje a reação da mentalidade secularizada, que se opõe a Deus e a tudo o que se refere a Deus, numa clara rebelião aos propósitos do Criador, levando as pessoas a dar mais crédito à mentira do que à verdade. O chamado de Cristo nos leva a acolher a verdade em amor e a proclamá-la com clareza e firmeza. A recomendação de Paulo aos cristãos diante da apostasia é para que permaneçam firmes na fé e na salvação em Cristo, guardando as tradições que foram ensinadas pelos apóstolos, certos de que Deus, em seu eterno amor, nos consola e nos confirma em toda boa obra e palavra.
• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração
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