sábado, dezembro 31, 2011

O que mais precisamos em 2012





Quando chegamos na margem de passar de um ano para outro, há muitos desejos e vontades que esperamos que se realizem finalmente em nossa vida no próximo ano. A mudança de ano é que como se fosse uma ocasião, uma fonte onde jogamos nossa esperança e saí de lá algo que transformará totalmente nossa vida.

Para que essa moeda caia e dê o resultado que queremos, há roupas, comidas, pulos e movimentos que fazemos para ver se vai dar tudo certo mesmo.

Entretanto, nesse ano novo, há apenas um pedido que devemos fazer. Não é paz, não é dinheiro, não é saúde, não é segurança, não é sabedoria. É perfeição.

Com  a mesma confiança que depositamos nessas virtudes ou nas coisas, nós devemos depositar na perfeição de Jesus em nós. Quando olhamos para a Palavra de Deus, ela nos pede que sejamos perfeitos como o Pai celestial (Mt. 5:43). 

Pensamos na perfeição como algo que construímos em nossa vida, então, achamos que é impossível para o cristão experimentar a perfeição durante esta vida. Isto está correto, se pensarmos que é algo que sai de nossas mãos, isto jamais poderá acontecer. 

Contudo, a perfeição de Deus, Jesus Cristo está disponível para cada um de nós, ao invés, de tentarmos implementá-la em nossa vida, basta cada um de nós receber isto e não fabricar em nossa vida através da fé.

Não! nada podemos fazer para melhorar a perfeição de Jesus em nossa vida. Jesus é onipotente e quer satisfazer plena e totalmente qualquer necessidade daqueles que o buscam. A presença dEle em nossas vida é suficiente e ponto final.

"Se o cristianismo é Jesus, quem tem Jesus não tem falta de nada" Carlos McCord.

Em João 15, há a metáfora da videira, ela nos mostra que cada um de nós somos ramos desta videira, que é Jesus e o Pai é o agricultor. Como videira nós recebemos a perfeição de Jesus através da seiva - que é o Espírito Santo-. Não há outra fonte de vida que deva fluir em nossa vida, se estivermos andando de maneira torta, o Pai como agricultor vem e realiza a poda em nossa vida de forma que possamos dar mais frutos.

Então, Jesus como a nossa vida, não se contenta com nada mais e nada menos do que nós sermos totalmente e estarmos vivendo apenas da sua presença em nossa vida. Sem ele nada podemos fazer.

A paz, a segurança da riqueza, a sabedoria, e todos os outros ídolos que desejamos tanto nesta virada de ano só podem realmente ser encontrados quando voltamos ao início- para Jesus, a videira.

A presença de Jesus em nossa vida muda tudo, encontrar tudo que precisamos nEle muda toda a nossa vida. O que eu desejo para cada um de nós no próximo ano é que possamos permanecer na perfeição de Deus.

Não se deixa enganar que há momentos na vida que Jesus não pode resolver ou não pode satisfazer, há vida de Jesus está disponível agora, Deus não se contentará com outra coisa que não seja perfeição, porque só aí nos encontraremos paz,descanso e segurança.

Como diz C.S. Lewis em Cristianismo Puro e Simples:

A conseqüência prática é a seguinte: por um lado, mesmo que Deus exija a perfeição, você não precisa em absoluto se desanimar com suas tentativas atuais de ser bom, ou mesmo com seus atuais fracassos. Toda vez que você fracassar, ele o colocará novamente em pé. E ele tem perfeita consciência de que seus próprios esforços não o aproximarão em nada da perfeição. Por outro lado, você tem de saber desde o principio que a meta rumo à qual ele o dirige é a perfeição absoluta; e não existe poder algum no universo, exceto você mesmo, que pos­sa impedi-lo de conduzir você a essa meta. E nisso que você entrou, e é importante que o saiba. Se não souber, a certa altura provavelmente começará a recalcitrar e a resistir. Segundo me parece, quando Cristo nos habili­ta a vencer um ou dois pecados que nos atrapalhavam de maneira óbvia, muitos de nós tendemos a sentir (em­bora não o formulemos em palavras) que já somos bons o suficiente. (...) Os que se colocam em suas mãos serão perfeitos como ele é perfeito — perfeitos em amor, em sabedoria, em alegria, em beleza e em imor­talidade. A mudança não se completará nesta vida, pois a morte é um elemento importante do tratamento. Não se sabe o quanto o processo de transformação estará avan­çado na hora da morte de cada cristão.
 Muitos de nós pensamos na vida cristã em termos daquilo que fazemos na igreja ou nas mudanças que acontecem no nosso caráter. Mas, a nova vida em Cristo é mais profunda que estas coisas. A nova vida em Cristo é o nosso relacionamento com Deus aprofundado dia a dia, momento a momento, recebendo a perfeição de Deus através do Espírito Santo.


Quando começamos a pensar a perfeição de Deus como algo que recebemos, não temos mais medo do futuro ou de sermos perfeitos, porque quem garante toda a esperança e satisfação é próprio Deus.


Para o novo ano, o amor de Deus lança fora todo o medo,basta descobrirmos o permanecer na perfeição de Deus. Pedir que o Senhor venha de verdade morar em nosso coração, como diz a letra daquela antiga música:



Divino companheiro do caminho
tua presença sinto logo ao transitar
Pois tu dissipaste toda sombra
Já tenho luz a luz bendita do amor
Fica Senhor, já se faz tarde
Tens meu coração para pousar
Faz em mim morada permanente
Fica Senhor, fica Senhor, meu Salvador
A sombra da noite se aproxima,
E nela o tentador vai chegar
Não, não me deixes só no caminho,
Ajuda-me, ajuda-me, ate' chegar.

Mike Wells -

terça-feira, dezembro 27, 2011

Espiritualidade- Restauração- Função

Hoje, estive começando um diálogo com o Pr. Carlos McCord, o ponto básico da conversa está nestes três temas. Em todas as igrejas há os 3 pontos de maneira distinta, às vezes, eles aparecem claramente, outras vezes, estão confusos, um tomando o lugar do outro. Para entender um pouco melhor vamos definir as coisas e tentar traçar um horizonte que mais se parece com aquilo que a Bíblia descreve estes três aspectos da vida da igreja e da vida cristã.




1. ESPIRITUALIDADE.

 A espiritualidade é a base da conversa, é o modo como nós temos comunhão com Deus, na visão de João 15, é a videira em si, o modo como estamos ligados em Jesus sendo ramos desta vide, alimentados por ele através da seiva, que é o Espírito Santo.  Para muitas pessoas, a espiritualidade não é mais o relacionamento com Deus em si. Parece que isto já não é suficiente ou atrativo,então, se troca a espiritualidade pela restauração ou pela função.

Esta visão está de acordo com o pensamento da auto-suficiência do evangelho, a boa nova é suficiente e a nossa dependência é apenas daquilo que Jesus fez. A vida perfeita não pode ser imitada ou emulada, seria trocar ela pela restauração ou pela função.

A verdadeira espiritualidade está no reconhecimento do que é realmente o nosso relacionamento com Deus. A comunhão perfeita que Jesus proporcionou para cada um de nós através de sua vida, morte e ressurreição. 

A base da espiritualidade é a própria videira, a vida de Jesus Cristo em nós presente através do novo nascimento, simples assim e tão grande.

Outras palavras e metáforas poderiam ser usadas para traduzir este primeiro momento, como profundidade, a necessidade de um relacionamento profundo com Deus, ou mesmo, comunhão, a necessidade de se buscar a Deus "apenas" por Ele mesmo. 

Enfim, é a descoberta em cada coração de que quem tem Jesus não tem falta de nada.

Olhando, por outro contexto, é a descoberta de quem nos ajuda pensando no "Ministries of mercy"  de Timothy Keller, a descoberta que mais importante do aquilo que fazemos, é termos o nome escrito no livro da vida.

Lendo isto, parece não ser a coisa mais vendável, afinal, se ter Jesus é ter tudo, não precisamos de livros para saber como vencer, ganhar, conquistar. Não se pode adicionar nada, apenas lembrar ou fazer fluir aquilo que já se tem.

Aqui está a confusão, por causa da idolatria e do desejo desordenado. Nosso coração é uma fábrica de ídolos, buscamos assim outras coisas, boas ou ruins, para preencher algumas peças que parecem estar faltando, que na verdade,não estão. 

Do lado legalista, entram as leis e regras, a restauração como prova e autenticidade de nossa espiritualidade, o que deveria ser um crescimento natural na fé e na graça, passa a ser uma prova de vida espiritual.

Nosso relacionamento com Deus está baseado na justiça passiva, ou seja, recebemos de Deus uma justificação que não temos, uma vida que não podemos criar. Como isto se deu: o homem com pecado perdeu seu relacionamento com Deus, Deus enviou seu filho, Jesus, que viveu a vida perfeita em nosso lugar e sofreu a morte e o pecado que nós deveríamos passar em nosso  lugar, em troca, nos deu a vida eterna e salvação que somente Ele merecia. 

Não há qualquer mérito, participação humana na doutrina da salvação, na restauração do nosso relacionamento com Deus. Apenas recebemos isto.

A espiritualidade é o reconhecimento dessa comunhão em que a trindade se movimenta para nos encontrar e nos trazer de volta ao relacionamento com Deus. Por este relacionamento divino, o mundo foi criado e será,um dia, plenamente restaurado.

Para mim, a própria palavra fé que é a nossa entrada nesse relacionamento, o fruto pelo qual permanecemos na videira, como ensina o pastor Carlos, é a prova de que é um relacionamento, a fé vem da palavra fidelio, que quer dizer fidelidade ou amizade. Tudo está ligado aqui, a amizade com Deus e ser sustentado nesse relacionamento é começo de tudo.

Então, mais do que coisas que fazemos ou a pessoa que nos tornamos, a espiritualidade está centrada em Deus e sua natureza- comunhão de amor-. É o retorno do filho para casa do Pai, não pelos bens ou pelo status, mas apenas e maravilhosamente para se relacionar com o Pai.

Espiritualidade é a comunhão com Deus trinitário, e a profundidade desta comunhão.

Espiritualidade não é aquilo que fazemos para Deus, não é obra de nossas mãos, ou seja, função.  E, também, não é a restauração, ou seja, nossa vida de santidade.

2. Restauração

A restauração também está numa realidade em que ela é confundida tanto com a função como também com a própria espiritualidade.

Restauração é a vida cristã de santidade rumo a glorificação final. Após termos a certeza da nossa salvação e de estarmos neste novo relacionamento, como qualquer relação, ela nos transforma e muda a gente por dentro, para nos aproximarmos cada vez da pessoa amada.

A mudança não é de fora para dentro, mas emerge do nosso coração transformado pelo Espírito de Deus. Não está nas coisas e nem atos,mas na motivação do nosso coração. Pensar o contrário é elevar a categoria de ídolo, a nossa própria identidade.

O reino de Deus é um reino onde a alegria está na salvação de pecadores pela graça de Deus, a restauração começa e termina com a graça de Deus, se principia e finda no relacionamento com Deus e na descoberta dia a dia deste relacionamento.

A grande pergunta aqui é o devemos ser para sermos justos? Como se parece um cristão restaurado? 

Para a teologia da prosperidade ele seria alguém que não conhece derrota, que sempre vence. Para teologia legalista, é alguém de comportamento sem mancha qualquer. Ambas, me parecem, idealizações distantes da realidade bíblica, é como se o relacionamento com Deus negasse tudo que há de humano na pessoa e criasse este super-homem, seja da vitórias, seja da honestidade.

O foco da restauração está em ambas as posições focados na pessoa, a própria espiritualidade já não é mais a comunhão com Deus por causa de Deus apenas, mas, uma comunhão que usa Deus para parecer cristão.

Precisamos, então, de uma abordagem humana, realista e centrada na realidade da comunhão com Deus....


Vamos pensar....depois voltamos.........


sábado, dezembro 24, 2011

O Grande Gatsby



Terminei de ler o grande gatsby, um livro como os grandes livros que falam de tanta coisa que é quase impossível fazer um resumo dele. Tem que ler, reler...


Nick Carraway, um jovem comerciante de Midwest, fica amigo de seu vizinho Jay Gatsby, um milionário conhecido pelas festas animadas que dava na sua mansão em Long Island. A fortuna de Gatsby é motivo de rumores; nenhum dos convidados que Nick conhece na festa de Gatsby sabe muito bem sobre o passado do anfitrião. Nick também visita Tom Buchanan, um antigo atletauniversitário abastado, e sua mulher Daisy, que é prima de Nick.
Gatsby é famoso pelas festas, realizadas na sua mansão em West Egg. Todos os sábados, centenas de pessoas dirigem-se à casa de Gatsby para as alegres festas. Nick em seguida já se encontra na cena das festas, embora ele afirme que despreza inteiramente entretenimentos sem cultura. Mais tarde, Nick descobre que o milionário só mantinha estas festas na esperança que Daisy, seu antigo amor, fosse a uma delas por acaso. Daisy e Gatsby começam a ter um caso após um encontro arranjado através de Nick, a pedido de Gatsby. Enquanto isso, Nick e Jordan (uma personagem introduzida durante a primeira visita de Nick à casa de Tom e Daisy) começam um relacionamento, que Nick já prediz que será apenas superficial.

 

MICHAEL LEWIS- Boomerang

Estou lendo de Michael Lewis, o livro mais recente dele, a respeito do terceiro mundo. O autor examina os "milagres" e derrocadas da Islandia, Grécia, Irlanda. Como jornalista, ele foi ao lugares e entrevistou os personagens perguntando o óbvio que ninguém antes tinha inquerido.

terça-feira, dezembro 20, 2011

4 desafios para a vingança



Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 

Mateus 5:38-44





O mal não é negado por Jesus neste texto, o que Ele nega é a retaliação. A lei mosaica foi colocada para ser aplicada pelos juízes - Ex. 19-. Ela era um limitador da vingança, a pena seria apenas sobre o prejuízo devendo ser passada pela avaliação judicial. 

Neste texto, Jesus coloca 4 males que podem ser sofridos, conforme ensina John Stott em Contracultura Cristã: 

1. agressão física e moral - a agressão descrita por Jesus tem mais um caráter de vergonha que sofrimento físico.

2. levando a justiça - agressão que a pessoa malvada busca prejudicar a outra.

3. obrigar a um serviço- a agressão está em fazer algo sem que seja sua obrigação

4. desfalcando quantia financeira- a agressão está em tomar dinheiro sem devolver.

Nestas coisas, Jesus nos diz que não devemos resistir aos perversos, isso seria impraticável? Seria, se não nos olhassemos para quem Jesus dirige o sermão. Ele está falando com aqueles que são humildes de coração, aqueles que não colocam mais sua satisfação e alegria na derrocada do outro. E, tem, confiança apenas na justiça não de suas próprias mãos, mas na justiça divina.

São aqueles que, pelo Espírito Santo, escolheram viver segundo a mansidão do Mestre.São confortados e consolados pelo Espírito Santo de Deus e não pelo mal que aflige os seus inimigos.  O primeiro desafio do Senhor é quanto a nossa própria honra, nossa auto-estima, dar a outra face, exige um coração que esteja focalizado na graça de Deus, como Paulo em 1Co 4:3.

Devemos nos calar diante da injustiça? O segundo exemplo que Jesus nos dá a entender que sim em numa leitura desatenta, contudo, se lermos joão 18:22-23, vemos o próprio Jesus resistindo a uma injustiça. Como conciliar isto? Entendo que o propósito bíblico é o da satisfação, a retaliação foi colocada de lado porque ela gera um ciclo infinito de violências. Contudo, como cristãos temos que lutar por condições mais justas e por justiça neste mundo, não podemos nos calar diante das injustiças, e diante do mal. O limite é a motivação, se a motivação é a preservação da própria auto-estima, ou uma satisfação pessoal, está condenada pelas Escrituras;  a Bíblia nos ensina a repreensão no sentido de ganhar o irmão, e não de perde-lo. 

Obrigação a um serviço, esta obrigação tem a ver com o direito dos governantes de obrigarem as pessoas a prestar meios de transportes para as autoridades, tem a ver com a submissão do cristão a ordem estatal. O crente poderia pensar que agora liberto em Cristo, não deve nenhuma satisfação a ninguém senão Deus, contudo, isto é antí-bíblico, já que as próprias autoridades estão constituídas por Deus. 1 Pe 2.18

O último aspecto é financeiro, há muitos cristãos que se afastaram devido a perdas de dinheiro. O dinheiro mostra onde está o nosso coração, por mais que a pessoa devolva, numa retaliação dos prejuízos sofridos, esta nunca mais trará paz e satisfação. O cristão deve aqui padecer alegremente o prejuízo pois suas esperanças já não estão mais nisto, ele se pobre.



quinta-feira, dezembro 08, 2011

As histórias do Natal: Onde e quando Jesus nasceu?



Pensar na história do nascimento de Jesus é pensar na história bíblica. No primeiro livro da Bíblia, seu nascimento já recebe uma profecia logo no terceiro capítulo. A história de Jesus é uma realidade daquilo que estava como sombra no Primeiro Testamento.

Nesta semana, vamos pensar por que Ele teve de nascer em Belém?

O motivo está ligado a descendência de Davi, porque Deus tinha feito uma promessa ao rei sobre sua descendência - 2Rs  23:1-. Como também, aparecem em 1Sm 16:1, Mq 5:1.  E mais abrangente, os textos  de Am 9,11, Ez 37,24, Jr. 30,9,


Maria grávida entra em peregrinação, como Rebeca- Gn 25, 24


Quando Jesus nasceu?

Com certeza, Ele não nasceu dia 25 de dezembro. Para alguns,  data em dezembro é uma adaptação do séc. IV, em  Roma se celebrava o solstício do inverno em homenagem ao Deus Saturno, o Deus sol. Nos documentos da história da igreja, a consolidação da data está associada a Epifania, a festa mesma de Saturno, ou também chamada de NATALIS INVICTI,  há um genuíno documento de Hipolito do ano de 205 d.C., muito antes da ligação igreja-estado romano, que fala do nascimento em 25 de dezembro. A data foi estabelecia para a evangelização de uma região pagã da Armenia.


  Dezembro na Judéia é um mês frio e chuvoso, não haveria pastores cuidando de seus rebanhos e muito menos a chance de um casal com uma mulher grávida viajar  num rigído inverno.

Alguns estudiosos colocam a data como se  fosse na primavera  ou mesmo no outuno palestino, mas jamais no inverno. No século II d.C., Clemente de Alexandria, na Stromata I,21 colocou a data do nascimento de Jesus em 20 de maio.  Entretanto, o próprio Clemente testifica que os basileus celebravam a natividade em 10 ou 6 de janeiro. 

Outra questão é o ano do nascimento, há um consenso que não ocorreu no ano zero, que na verdade, Herodes morreu no ano 4 a.C., então, alguns historiadores colocam o nascimento em uma data aproximada de 7 a.C.- 4 a.C..

A Estrela de Belém e os Reis Magos?

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Fé cristã e cultura contemporânea

Continuando a leitura do diálogo entre cultura e cristianismo, estou lendo o livro homonimo ao título deste post. Que é uma coleção de artigos publicado pela ultimato.

Vale a pena leitura!

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Martin Barcala: Cristianismo Arreligioso




Terminei o livro CRISTIANISMO ARRELIGIOSO escrito pelo Pr. Martin Barcala, - agora retomo o resumo até o final do livro... recolando partes do post original.




O livro tem dois subtítulos que explicam seu propósito, o primeiro, guia para entender o contexto histórico e a produção literária, bem como a recepção e interpretação do pensamento do teólogo alemão, e o outro, uma introdução à cristologia de Dietrich Bonhoeffer.

O livro em português é filho único, não há por aqui nenhum outro título que analise e pense a obra de Bonhoeffer. E é um bom livro. O autor a partir das obras de Bonhoeffer vai analisando a cristologia e sua evolução -ou não- histórica no pensamento do autor alemão.

É bem diferente do livro de Eric Metaxas, que analisa mais a vida mesma de Bonhoeffer, aqui a preocupação é mais com a obra teológica. Se Metaxas escreveu um roteiro de cinema, pintando o alemão como um autor quase envangelical, Barcala traz um autor inovador da teologia radical.

Quantos Bonhoeffers cabe nele mesmo? Acho que isto acontece pela própria diversidade dos escritos do próprio autor, e sua vida e obra inacabada. 


Vale muito a leitura deste livro, é uma contraposição científica a história de Metaxas.


O livro está dividido em três partes, a 1a. - DE CRISTO EXISTINDO EM COMUNIDADE AO CRISTO SENHOR DO MUNDO, a 2a. CRISTIANISMO ARRELIGIOSO NAS CARTAS E ESCRITOS DA PRISÃO e 3a.  DO CRISTIANISMO ARRELIGIOSO À TEOLOGIA DA MORTE DE DEUS.


No primeiro capítulo, De Cristo existindo em comunidade ao Cristo, Senhor do mundo, o autor analisa as primeiras obras acadêmicas de Bonhoeffer e conceito de cristologia apresentado nelas. 


No primeiro, SANCTORUM COMMUNIO, está o conceito de cristologia como Cristo existindo em comunidade, o pecado original se fundamenta e expande sempre desde uma ação egocêntrica  que não aceita afirmar o outro como valor. Há oito princípios que são apresentados por Barcala que são sustentados por Bonhoeffer a respeito da igreja (p. 27-28):


1. a igreja é concebida como ecclesia, que é a plenitude de qahal- termo pelo qual era designada a reunião do povo de Israel no AT-. 


2. existe pela ação de Cristo.


3. existe uma identificação de Cristo com a comunidade, ser em Cristo equivale a ser em comunidade.


4. pessoa coletiva de Cristo,sem que isso seja uma plena identificação com Cristo




5. é Cristo existente como comunidade, a presença de Cristo no mundo


6. é o corpo de Cristo, como anúncio escatológico da nova comunidade de pessoas.


7. visível pelo coletivo no culto e na ação de uns para os outros.


8. ao invés de imposição (totalitarismo), há um serviço mútuo (organicidade paulina).


"a importância dada a igreja como comunidade que representa concretamente a presença de Cristo no mundo; a transcendência  no interior da imanência possibilitada pelo encontro com o semelhante na comunidade da fé e condensada no conceito de ser-para-os-outros como modo de existir de Jesus Cristo e dos cristãos; e a critica à religião como tentativa humana de recuperar seu estado original por meio de rituais e práticas  individualizantes e especulações metafísicas" (p. 41)
A causa do desespero humano e a principal característica de sua existência é a transitoriedade, não é o ser humano que prepara a glória de Deus, ela já está lá na criação e, portanto, não desaparece totalmente com a queda humana. Bonhoeffer ao contrário de Barth, preserva o conceito de ordem de preservação mesmo após a queda, mas como o mestre suiço, nega a ordem da criação. A única continuidade entre Deus e sua criação é sua Palavra, há a transcendência a partir do encontro com o outro, há uma analogia relationis, e não analogia entis entre Deus e o ser humano, ou seja, apenas na relação com o seu semelhante o ser humano se descobre como imagem de Deus e, portanto, conhece a Deus na presença de seu próximo. (p. 46)


A teologia natural seria pretender ir além da palavra dada por Deus, a religião é o produto do ser humano que deixou de ser a imago dei e tornou-se sicut deus, ser religioso é tentar encontrar uma nova forma de ser para Deus que vá além da palavra de Deus, que se origina do conhecimento humano sobre Deus e sobre o bem e o mal. Para Bonhoeffer, o ser humano perde a noção de sua criaturalidade tornando-se seu próprio deus, assim sendo, "a consciência leva o ser humano de Deus para o seu lugar escondido, para que, sentindo-se seguro em seu próprio saber do bem e do mal, o ser humano se erija como juiz e anule, assim, o juízo de Deus. A consciência é esta vergonha diante de Deus, na qual se oculta a própria maldade, na qual o ser humano justifica-se a si mesmo... A consciência não é a voz de Deus no ser humano pecador, senão que é precisamente a defesa contra esta voz" (p.49)


Para Bonhoeffer, o sacramento não é um ritual praticado pela igreja, nem um símbolo da presença de Jesus, como entendia Lutero, mas é a presença existencial de Cristo no meio da comunidade. A linguagem aqui assemelhasse ao existencialismo de Kierkegaard, já que Cristo está presente no mundo em forma de comunidade, não como ideal ético ou princípio religioso. Não é o ato religioso que faz o cristão, mas a participação nos sofrimentos de Deus na vida secular.


Quanto a Tillich e o método da correlação, Bonhoeffer diz que o pecado é uma realidade antropológica do ser humano, nada pode se saber do ser humano antes que Deus se torne ser humano em Jesus Cristo. Cristo não aparece como o portador de uma nova religião, mas o portador de Deus mesmo.


"A morte e ressurreição de Cristo privaram a igreja primitiva do convívio com a presença física de Jesus. Portanto, a missão da igreja passou a ser conquistar o espaço no mundo para o corpo de Cristo que, desde a encarnação até a morte na cruz, foi rejeitado pela humanidade. À semelhança do que disse anteriormente em outras obras, novamente aqui a igreja é concebida por Bonhoeffer como presença física de Jesus Cristo no mundo. A igreja é o corpo de Cristo buscando ocasião para se encarnar no mundo" p. 71
Para Bonhoeffer, a única coisa que devia diferenciar o cristão do mundo, o elemento extraordinário, era a cruz, concebida como amor aos inimigos e participação nos sofrimentos de Cristo pelo mundo. Nenhum privilégio, nenhuma doutrina ou ritual, mas a cruz era o sinal visível dos cristãos no mundo. A pergunta é a mesma de Kierkegaard, o que faz um cristão um cristão? Neste aspecto, a ética cristã vai além de uma modelagem dogmática, somente o agir livre e responsável aliado apenas à vontade de Deus seria capaz de expressar a conformação com Cristo. 


Devido a participação de Dietrich nos planos de assassinato de Hitler, sua própria concepção do lugar de Jesus no mundo transformou-se.  O sofrimento humano além daquele em nome de Cristo deve ser valorizado, a igreja não pode esconder-se sobre a idéia de que os judeus não tinham nada a ver com ela. 


Para Bonhoeffer, a primeira tarefa da ética cristã é suspender o saber do bem e do mal,  a possibilidade do julgamento de bem e de mal está na origem da queda e rompimento com Deus. A vontade de Deus é sempre única, e está na concretização de Jesus no ser humano e no mundo. "Somente o agir livre e responsável, aliado apenas à vontade de Deus seria capaz de expressar a conformação com Cristo, modelo para a ética cristã" p. 83


Cristo como Senhor do mundo.


Chegamos a conclusão do capítulo - que começou com as reflexões de Cristo como existindo em comunidade ao Cristo como Senhor do mundo. Para Bonhoeffer, na visão de Barcala, precisamos entender a diferença entre as coisas últimas e as penúltimas como estão no Discipulado.


"Esforçar-se pela causa justa é tomar a sério a realidade do mundo como criação preservada de Deus e reconciliada em Jesus Cristo. É respeitar a legitimidade das coisas penúltimas.......As coisas últimas não estão ao alcance da humanidade. É a palavra misericordiosa de Deus àqueles que perseveram e caem pelo caminho da justiça. É a graça obtida como resultado do seguimento a Jesus Cristo. Nada que se faça no mundo pode garantir a salvação. Portanto, a última palavra de Deus ao ser humano e ao mundo continua sendo sua misericordia. As coisas penúltimas se referem ao que fazer humano em seu cotidiano no mundo. É o caminho  que deve ser trilhado por aqueles que desejam participar do sofrimento de Cristo. Tudo aquilo que, apesar de não garantir o alcance às coisas últimas deve ser assumido seriamente como preparação para o que é ultimo. Resumidamente, é a relação dos cristãos com o mundo no qual estão inseridos" p. 85
 Bonhoeffer começa a emancipar sua teologia da instituição, a participação no corpo de Cristo não incluia apenas a participação na comunidade eclesiástica, mas também os sofrimentos de Cristo no e pelo mundo todo.


Há um certo desencanto com a situação do germanismo cristão e, em especial, o luteranismo alemão e seu distanciamento da questão nazista ou/e judaica e sua (ausência de) participação na vida  alemã.


2. O Cristianismo arreligioso nas cartas e escritos da prisão.


A segunda parte do livro chega ao momento mais angustiante da vida de Bonhoeffer, seu encarceramento por participar de atividades conspiratórias, a SS não sabia na época de sua prisão de sua participação em planos para assassinar Hitler, coisa que só foi saber com o fracasso da operação  Valquíria.


Barcala acredita em evolução e não ruptura no pensamento de Bonhoeffer, o ponto de partida do teólogo alemão foi velho testamento, num momento em que teólogos liberais a serviço do Reich relativizavam a importância dos escritos do primeiro testamento. Em ruptura a isto, Bonhoeffer passou a dedicar-se ao estudo vetero-testamentário.


Bonhoeffer foi além do conceito prenunciatório de Seeberg ou do conceito preparatório de Troeltsch, para Bonhoeffer o Antigo Testamento era o paradigma hermenêutico mais apropriado para se entender o novo.


Quanto a questão da religião, Bonhoeffer parte da distinção barthiana entre religião e revelação.  Sua posição é mais flexível que a de Karl Barth, mas também luta contra o positivismo da religião. O relacionamento do homem com Deus não deveria estar pautado na necessidade barthiana, mas que  em Jesus Cristo, Deus se revela e nos revela o centro da existência. 


Assim,  a linguagem na pregação cristão não é resultado de um esforço para se encontrar o lugar e a revelância de Deus, antes, é a decorrência de uma compreensão mais adequada de Deus. "A autonomia humana é a condição para a qual Deus conduz o ser humano que aceitou a viver como Jesus Cristo, ou seja, existir para-os-outros" p. 121


Então, é no Deus que se identifica conosco que está baseada a nossa fé, não como os deuses gregos que são expressão de força e vontade, o Deus cristão revelado em Jesus é aquele que sofre e se humilha por amor ao humano.


"Nossa relação com Deus não é uma relação religiosa com o ser mais elevado, mais poderoso, melhor que possa imaginar-isto não é transcendência genuína- mas nossa relação com Deus é uma nova vida na existência para os outros, na participação do ser de Jesus. O transcendente não são as tarefas infinitas, inatingíveis, mas é o respectivo próximo que está ao alcance. Deus em figura humana! Não o monstruoso, o caótico, distante, terrível; mas tampouco nas figuras conceptuais do absoluto, metafísico, infinito, etc; tampouco na figura grega do homem-Deus, do ser humano em si, mas do ser humano para os outros! Por isso o crucificado" (na pág. 126)
Há uma concretude no relacionamento com Deus, ele passa pelo nosso relacionamento com  o outro. A negação de um discurso religioso,metafísico deve ser entendida dentro do contexto histórico de Bonhoeffer, da falência do discurso eclesiástico de sua época, ser religioso é insistir numa concepção errônea de Deus.


3. Do Cristianismo Arreligioso à Teologia da Morte de Deus.


No capítulo 3, Barcala analisa a recepção da teologia de Bonhoeffer, a leitura que muitos fizeram de seu cristianismo arreligioso como uma teologia da morte de Deus após sua morte em 9 de abril de 1945, pouco tempo depois de completar 39 anos.


Bethge, amigo e divulgador póstumo da obra de Bonhoeffer, esforçava para demonstrar que não há uma ruptura na obra, há um amadurecimento de conceitos que já estavam presentes em sua teologia antes da prisão. Para tanto, ele parte da análise da cristologia de Bonhoeffer.  Barcala coloca isto claros nas páginas 136-139.


A cristologia de Bonhoeffer deve ser entendida como anti-especulativa, ou seja, Jesus Cristo é tratado como uma pessoa, a pergunta sobre Ele não deve ser o como se deu a encarnação ou que Ele fez, mas antes, quem Ele é.  Por isto, sua teologia se mistura com eclesiologia, no sentido, da presença física de Jesus no mundo.


Outro aspecto é o relacional, em Cristo, os cristãos recebem sua identidade, e assim estão livres para identificarem com a realidade do mundo em se confundir com ela. 


Outro caráter é o universal, Cristo não é a fronteira da existência humana, mas sim seu sustentador, ele é o próprio  centro da existência. Há em Cristo, uma redenção histórica e universal.


Por fim, ela é aberta, admite a inclusão de novos símbolos, significados e títulos.


Em sua crítica à religião, Bonhoeffer seria completamente incompreendido se a realização de sua interpretação mundana fosse concebida como significando o fim de qualquer reunião comunitária para o culto ou de forma que a palavra, o sacramento e a comunidade pudessem ser simplesmente substituídos por cartas. (p. 147)


Segundo Godsey, citado pelo autor, "em Bonhoeffer nós temos um teólogo cujo pensamento é tão cristocêntrico quanto aquele de Karl Bart, que levanta a questão sobre a comunicação do evangelho tão precisamente como Rudolf Bultmann, que abordou os problemas de nosso mundo pragmático, auto-suficiente e tecnológico tão seriamente quanto Reinhold Niebuhr, mas que, mais do que qualquer um destes homens, refletiu a partir da perspectiva da igreja concreta" (p. 149).


Em sua conclusão, "a dimensão comunitária da fé cristã, entendida por ele como anúncio escatológico da nova humanidade revelada em Jesus Cristo, sempre foi o nascedouro de suas intuições e reflexões teológicas mais profundas" (p. 191)


"Ao confundir seu fundamento com suas doutrinas, ritos ou estruturas, a igreja deixa imediatamente de ser igreja, tornando-se mais uma comunidade religiosa, com um grave risco para sua missão, o esquecimento de que ela não existe para si mesma e, portanto, não deve esgotar seus esforços na tentativa  de preservar um lugar no mundo em que possa existir à parte dos dilemas e das lutas humanas" p. 193














quinta-feira, dezembro 01, 2011

As histórias do natal

A história de Maria.

A história de Maria começa antes mesmo de ela nascer. Bem antes, em Adão e Eva no jardim, quando Deus fala que da semente da mulher haveria de vir alguém, está lá em Gn. 3:15.

A promessa era que o salvador haveria de nascer de uma mulher. O estranho é que o resto do Primeiro Testamento coloca a semente do homem como fruto da promessa, e aqui, aparece apenas a mulher sem qualquer menção ao esposo. Paulo parece repetir os termos em Gl. 4:4.

Em Is. 7:14, é o texto mais profético em direção ao nascimento de Jesus, ali há  os personagens que mais adiante haverão de surgir na história: a virgem, o menino chamado Emanuel.

Essas duas passagens vieram a vida na história narrada em Mt. 1.18-25 e Lc. 1. 26-35. Maria foi uma jovem virgem que concebeu Jesus a partir de um milagre do Espírito Santo.

Algumas estórias:

1. Um nascimento anormal de Jesus, que Ele não teria nascido de modo natural ou normal, como por exemplo, Maria deu a luz sem dor. - Mq.5:2-3

2. O fato de Maria permanecer virgem até sua morte. Não encontra respaldo bíblico, embora alguns pais da igreja, até mesmo Lutero, Calvino, Wesley terem concordado com a idéia. Algumas razões, a 1. é que o matrimônio sem intimidade sexual se consistiria em pecado, Mateus 1.25, diz que eles não tiveram relações até que ela deu a luz e 3. as escrituras falam em irmãos e irmãs de Jesus, filhos naturais de Maria com seu esposo José.

3. Acreditar no nascimento virginal não implicar acreditar na deidade de Jesus, os Testemunhas de Jeová, acreditam no nascimento virginal, mas acreditam que Jesus é na verdade a encarnação do arcanjo  Miguel.

4. O pecado não está apenas na linhagem masculina. Para alguns teólogos católicos, a semente do pecado estaria na linhagem masculina, então, a não-participação masculina é que faria de Jesus sem pecado. O argumento vai ainda um pouco mais longe e busca criar uma natureza sem pecado para a própria Maria, o que é contraditório ao que ela própria diz nas escrituras (Lc. 1:46-47 e  2:22-24). Jesus nasceu sem pecado, não por causa de qualquer qualidade de Maria, mas por obra do Espírito Santo de Deus.