Este é o primeiro capítulo da obra Vida Cristã Normal de Watchman Nee, fala a respeito da obra do sangue de Cristo, seguindo o guia de estudos da edição da editora Tesouro Aberto, escrito por Harry Foster.
A vida cristã normal é segundo Nee, o texto de Paulo em Gl.2:20: não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim.
1. O problema duplo do cristão.
Na visão de Nee, o cristão tem um duplo problema que é a questão do pecado e a questão dos pecados.
Preciso de perdão para os meus pecados, mas preciso também de ser libertado do poder do pecado. Os primeiros tocam a minha consciência, o último a minha vida. Posso receber perdão para todos os meus pecados, mas, por causa do meu pecado, não tenho, mesmo assim, paz interior permanente.
O pecado está ligado a nossa natureza decaída e os pecados são os atos errados que cometemos, precisamos tanto de perdão para estes atos como também para a nossa natureza.
Nee coloca um duplo remédio na cruz e no sangue:
. Veremos que o Sangue soluciona o problema daquilo que nós fizemos, enquanto a Cruz soluciona o problema daquilo que nós somos. O Sangue purifica os nossos pecados, enquanto que a Cruz atinge a raiz da nossa capacidade de pecar.
2. Os três aspectos da obra redentora do Senhor Jesus.
Portanto, para nos remir, e nos fazer regressar ao propósito de Deus, o Senhor Jesus teve que agir em relação a estas três questões: do pecado, da culpa, e da acusação de Satanás contra nós. Primeiramente, teve que ser resolvida a questão dos nossos pecados, e isso foi feito pelo precioso Sangue de Cristo. Depois, tem que ser resolvido o assunto da nossa culpa e é somente quando se nos; mostra o valor daquele Sangue que a nossa consciência culpada encontra descanso. E, finalmente, o ataque do inimigo tem que ser encarado e as suas acusações respondidas. As Escrituras mostram como o Sangue de Cristo opera eficazmente nestes três aspectos, em relação a Deus, em relação ao homem, e em relação a Satanás.
O homem precisa que o Senhor aja em relação ao pecado, a culpa e a acusação do inimigo, o sangue de Jesus é a única capaz de nos redimir nas três questões.
3. As características da transação entre o sumo sacerdote e Deus no santuário no dia da expiação.
No antigo testamento havia o dia da expiação, conforme Lv. 16, o sangue era dado em oferta pelo pecado e trazido ao Lugar Santíssimo e se espargia sete vezes diante de Deus.
O sumo sacerdote era o único que entrava lá, isto porque ele era um tipo de Jesus conforme Hebreus 9.11-12 "Mas Cristo, tendo vindo como sumo sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito tabernáculo (não feito por mãos, isto é, não desta criação), e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção.". Havia também a apresentação do sangue a Deus, era uma transação entre o sumo sacerdote e Deus, no Santuário, longe daqueles que se beneficiavam dela. O sangue era para Deus, ele o exigia.
4. O sangue satisfaz plenamente a Deus, em vista disto, é correto sempre pedirmos perdão a Deus?
Deus requer que o sangue seja derramado para satisfazer sua própria justiça. O sangue é primeiramente para Deus, assim, o sangue de Cristo satisfaz Deus plenamente. Por vezes, erramos pensando que devemos sentir este sangue primeiramente, mas ele é o é para Deus.
A pergunta de Foster é que a incredulidade pode levar o cristão acreditar que o sangue de
Cristo não foi suficiente para perdoar seus pecados, é um erro procurar basear seu perdão na estimativa pessoal ou sentimento pessoal em relação ao sangue de Cristo.
Se Deus pode aceitar o Sangue, como pagamento pelos nossos pecados e como preço da nossa redenção, então podemos ter certeza de que o débito foi pago. Se Deus está satisfeito com o Sangue, logo, deve ser aceitável o Sangue. A nossa estimativa dele é somente de acordo com a Sua avaliação — nem mais nem. menos. Não pode, evidentemente, ser mais, mas não deve ser menos. Lembremo-nos de que Ele é santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o Sangue é aceitável aos Seus olhos, e que O satisfez inteiramente. (p.21)
5. Onde opera a obra de purificação do cristão?
Se o sangue de Cristo satisfaz plenamente a Deus, deve também nos satisfazer. A purificação de nossa consciência. Nee nos lembra que o coração é enganoso, Deus deve fazer algo além de nossa purificação, darmos um novo coração. O que significa isto?
Significa que havia algo se interpondo entre mim e Deus, e que, como resultado disto, eu tinha má consciência sempre que procurava aproximar-me dEle, que constantemente me lembrava da barreira que permanecia entre mim e Ele. Mas, agora, pela operação do precioso Sangue, algo foi realizado diante de Deus que removeu aquela barreira. Deus revelou-me este fato através da Sua Palavra. Quando creio nisto e o aceito, a minha consciência fica imediatamente limpa, o meu sentimento de culpa é removido, e já não tenho má consciência diante de Deus. (p. 22)
6. Qual a diferença entre acesso a Deus e sentir-se próximo a Ele?
Muitos se aproximam de Deus com base em seus próprios sentimentos, mas temos acesso a Deus mediante a obra do sangue de Jesus.
A sua aproximação de Deus é, portanto,
sempre com ousadia; e essa ousadia lhe pertence pelo Sangue, e nunca pelas
suas aquisições pessoais. Qualquer que seja a medida do que se conseguiu
alcançar hoje, ontem e no dia anterior, logo que se faça um movimento
consciente para o Lugar Santíssimo, deve-se permanecer no único funda mento
seguro — o Sangue derramado.
7. Quais foram as duas fases de acesso a Deus na experiência de um cristão?
nosso acesso a Deus tem dois aspectos: um inicial e outro progressivo. O primeiro se nos apresenta em Efésios dois, e o ultimo em Hebreus 10. Inicialmente, a nossa posição perante Deus foi garantida pelo Sangue, porque fomos "aproximados pelo Sangue de Cristo" (Efésios 2.13). Mas, daí em diante, a base do nosso contínuo acesso ainda é o Sangue, porque o Apóstolo nos exorta: "Tendo, pois, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus... aproximemo-nos..." (Hb 10.19-22).
8. Como o sangue opera contra satanás?
Como é, então, que o Sangue opera contra Satanás? Por este meio: colocando Deus ao lado do homem. A Queda introduziu algo no homem que deu a Satanás livre acesso a ele, de forma que Deus foi compelido a Se retirar. Agora, o homem está fora do Jardim — destituído da glória de Deus (Romanos 3.23) — porque interiormente está separado de Deus. Por causa do que o homem fez, existe nele algo que, até que seja removido, impede Deus moralmente de o defender. Mas o Sangue remove aquela j barreira e restitui o homem a Deus e Deus ao homem. O homem agora está certo com Deus, e com Deus ao seu lado pode encarar Satanás sem temor. (p.25)
9. Qual é a razão de nossa aceitação imediata das acusações de satanás?
Ora, a razão por que aceitamos tão rapidamente as suas acusações é que ainda esperamos ter alguma justiça própria. É falsa a base da nossa esperança. Satanás conseguiu fazer-nos olhar na direção errada, atingindo assim o seu objetivo de nos deixar incapacitados. Se, porém, tivéssemos aprendido a não confiarmos na carne, não nos espantaríamos quando surgisse o pecado, posto que pecar é a natureza intrínseca da carne. É por falta de reconhecermos qual seja nossa verdadeira natureza com sua debilidade que nós ainda confiamos em nós mesmos, de modo que tropeçamos sob as acusações de Satanás quando ele as levanta contra nós. (p. 27)
10. Que maneiras por meio das quais Deus pode nos revelar mais de seu Filho para resolver nossos problemas?
Deus nos revela mais de seu Filho para resolver nossos problemas quando deixamos de lado todo esforço para resolvermos por nossa própria conta e passamos a confiar e descansar em sua cruz e em seu sangue, a cruz que transforma nosso ser e o sangue que nos purifica de todos os nossos pecados.
Nunca devemos procurar responder a Satanás, tendo por base a nossa boa conduta, e sim, sempre com o Sangue. Sim, estamos repletos de pecado mas, graças a Deus que o Sangue nos purifica de todo pecado! Deus contempla o Sangue, por meio do qual o Seu Filho enfrenta a acusação, e Satanás perde toda a sua possibilidade de atacar. Semente a nossa fé no Sangue precioso, e a nossa recusa de sairmos daquela posição, podem silenciar as suas acusações e afugentá-lo (Romanos 8.33-34); e assim será sempre até ao fim (Apocalipse 12.11). Que emancipação seria a nossa, se víssemos mais do valor, aos olhos de Deus, do precioso Sangue do Seu querido Filho!
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