quarta-feira, agosto 06, 2014

Romanos 4:1-25: Como começou a justificação?

ROMANOS 4:1-25: 4.1   Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?  4.2   Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.  4.3   Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.  4.4   Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.  4.5   Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.  4.6   Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:  4.7   Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.  4.8   Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.  4.9   Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.  4.10   Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão.  4.11   E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem (estando eles também na incircuncisão, a fim de que também a justiça lhes seja imputada), 4.12   e fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai, que tivera na incircuncisão.  4.13   Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.  4.14   Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada.  4.15   Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também não há transgressão.  4.16   Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós  4.17   (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem. 4.18   O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.  4.19   E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.  4.20   E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus;  4.21   e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.  4.22   Pelo que isso lhe foi também imputado como justiça.  4.23   Ora, não só por causa dele está escrito que lhe fosse tomado em conta, 4.24   mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor,  4.25   o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.


POR QUE ABRAÃO FOI SALVO?

4.1   Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?  4.2   Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus.  4.3   Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.  4.4   Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.  4.5   Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.  4.6   Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:  4.7   Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.  4.8   Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.

Abraão recebeu a justiça de Deus, sua salvação foi um presente e não um merecimento.

4:1- Ele descobriu a justificação pela graça há muito tempo.

4.2   Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus- Se ele tivesse sido salvo pelas obras, ele poderia se vangloriar perante Deus- o que é uma impossibilidade.

Se a fé for igual a obediência, então, haveria algo pelo qual Abraão poderia se vangloriar.

4.3   Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. - A Escritura prova isto dizendo que a ele foi imputada (creditada) a justiça.

Este verso introduz uma palavra muito importante: logizdomai, que está traduzida como imputada. Este é um termo que quer dizer atribuir crédito a alguém. Creditar algo é conferir um estatus que não estava antes.

O termo quer dizer "creditar" ou "computar" e, quando usado num contexto financeiro ou comercial, significa colocar alguma coisa na conta de alguém, tal como Paulo escreveu a Filemom com respeito a Onésimo: "Se ele o prejudicou em algo ou lhe deve alguma coisa, ponha na minha conta."70 Existem, no entanto, duas diferentes maneiras de creditarem dinheiro em nossa conta: ou como salário (que nós ganhamos por havermos trabalhado) ou como presente (que é de graça, ou seja, ganhamos sem ter trabalhado); e as duas formas são essencialmente incompatíveis. (JOHN STOTT, MENSAGEM DE ROMANOS, p. 70)

Aqui há uma citação de Paulo de Genesis 15:6, que diz que a fé de Abraão foi creditada para ele para sua justiça. Isto não significa somente que sua fé resultou em justiça,  nem que havia algo de especial na fé de Abraão que mereceria a justiça e a bênção de Deus.

A fé imputada para a justiça significa que Deus tratou Abraão como se ele tivesse vivido uma vida justa, sua fé não era justa nem sua vida, mas Deus creditou justiça a elas.

4.4   Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida.   - O salário é uma obrigação, mas um presente (dom) não tem isto. Todo benefício ou é um salário ou um presente. 

Nossa justiça foi é fruto de merecimento ou um presente. Se a salvação não é um presente, então alguns poderiam achar que Deus seria obrigado a salvar alguns por suas obras como um salário pela obediência. O que é contrário a toda a Escritura.

4.5   Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. - então, a salvação vem apenas para aqueles que param de trabalhar por ela, mas a recebem como um presente. 

A fé não é igual a obediência, é igual a confiança na provisão salvadora de Deus. 

Primeiro, aquele que e salvo não pratica, isto não significa que uma pessoa salva não cumpre a lei (Rm 3:31), isto significa que uma pessoa salva não confia na obediência dela como um caminho para a salvação. Um cristão é alguém que para de praticar para ser salvo, mas não é alguém que para de praticar.

Segundo, uma pessoa salva confia que Deus justifica o impio. Significa que o crente confia que Deus tem um modo de salvar fora de seus próprios esforços.

Terceiro, se paramos de confiar em nós mesmos como nossos justificadores e passamos a confiar em Deus como aquele que justifica, o resultado é a justiça imputada.

Precisamos entender uma questão fundamental, quando estivermos diante de Deus, a nossa confiança que somos aprovados por Ele será:

1. porque eu tentei fazer o melhor para ser um bom crente.
2. porque eu acreditei em Deus e tentei fazer sua vontade.
3. porque eu acredito em Deus com todo o meu coração

Em cada uma dessas respostas, a salvação será ou por obras, ou por obras mais fé ou por fé como obra. Não é uma salvação recebida, gratuita, daquele que não pratica como diz Paulo. Todas as alternativas retiram a glória do evangelho e colocam alguma parcela nas pessoas, levando a ansiedade, falta de confiança, orgulho espiritual.

A fé tem que estar na promessa de Deus da salvação, isto colocará ela no lugar certo para confiar em Deus e sua capacidade, isto o levará a humildade e a confiança, o que foi que Abraão descobriu.

E verdade que o que Tiago está defendendo não é que nós podemos ser justificados por obras, assim como Abraão não o foi, mas antes que a autenticidade da fé justificadora encontra-se nas boas obras, que são fruto dessa fé. "Eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras", diz o verdadeiro crente,60 porque a fé que não resulta em boas obras é morta.61 Todavia, por trás do argumento de Tiago está a tradição judaica (que, aliás, ele rejeita) de que Abraão foi justificado pelas obras. (JOHN STOTT, MENSAGEM DE ROMANOS, p. 69)

4.6   Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo:  4.7   Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos.  4.8   Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.

Davi também fala desta graça imputada. Um crente é alguém cujos pecados não estão creditados ou contados contra ele.

Paulo está citando o Salmo 32 que Davi escreveu após o episódio de 2Sm 11. 

Conhecer a bênção da justiça imputada é o único modo de libertar uma visão verdadeira de nós mesmos. Sem isto, nós iremos ignorar que Deus é justo, e que só aceita uma vida justa ou seremos esmagados por esta verdade. Mas, se temos a fé salvífica podemos ser reais sobre nós mesmos, sobre nossas falhas, e sabemos que somos pecadores cujos pecados não estão contados contra nós- pecadores que são justos.

Justificação implica um cálculo, crédito ou cômputo duplo. Por um lado, negativamente falando, Deus nunca leva em conta os nossos pecados contra nós. Por outro lado, falando em termos positivos, Deus deposita em nossa conta um crédito de justiça, como uma dádiva de graça, pela fé, completamente independente de nossas obras. (JOHN STOTT, MENSAGEM DE ROMANOS, p. 71)

SALVAÇÃO, CIRCUNCISÃO E LEI.

A justiça de Abraão veio antes da circuncisão e da lei, então a salvação é para todos, e não para alguns somente.

4.9   Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão.  - Esta justiça imputada é apenas para os judeus?


 4.10   Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão.- Abraão tem esta justiça antes da circuncisão.

Abraão não baseou sua aprovação divina na circuncisão, ela não é uma condição, mas um sinal.

  4.11   E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem (estando eles também na incircuncisão, a fim de que também a justiça lhes seja imputada), - Então, os não judeus que confiam na mesma promessa terão a justiça imputada.

4.12   e fosse pai da circuncisão, daqueles que não somente são da circuncisão, mas que também andam nas pisadas daquela fé de Abraão, nosso pai, que tivera na incircuncisão.  E também os judeus que confiarem também terão o mesmo.

4.13   Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé.  .- Abraão foi imputado antes que a lei foi dada.

4.14   Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é aniquilada. - Viver pela lei significa que você não pode receber o que foi prometido, você apenas recebe a desaprovação de Deus.

4.15   Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também não há transgressão.  A lei apenas podem nos mostrar que somos incapazes.

4.16   Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei, mas também à que é da fé de Abraão, o qual é pai de todos nós   Então, a salvação vem pela graça para aqueles que acreditam na promessa seja judeus ou gentios.

4.17   (como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem A Escritura prova isto: ele foi pai de muitas nações.

ABRAÃO: UM CASO DE ESTUDO DA FÉ

O  OBJETO DA FÉ : a promessa dos descendentes.


4.18   O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.  

O REALISMO DA FÉ: ele não negou os obstáculos.
4.19   E não enfraqueceu na fé, nem atentou para o seu próprio corpo já amortecido (pois era já de quase cem anos), nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. 

A fé  começa com uma morte em nossa auto confiança, é ir apesar de nossa fraqueza, nossos sentimentos e percepções.

O FOCO DA FÉ: a glória e o poder de quem prometeu.
 4.20   E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus;  4.21   e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.  

A fé não é algo que exclui a reflexão, Abraão sabia que havia algo maior que sua própria realidade. E colocava seu foco em Deus, em sua glória e seu poder.

O RESULTADO DA FÉ: a justiça imputada
4.22   Pelo que isso lhe foi também imputado como justiça.  

EXEMPLO DA FÉ:  a Escritura o deixou como um exemplo.
4.23   Ora, não só por causa dele está escrito que lhe fosse tomado em conta, 4.24   mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor,  4.25   o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.

NOSSO OBJETO DA FÉ: Jesus, o descendente de Abraão que morreu e ressurgiu para a nossa salvação.
4.24   mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor,  4.25   o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.

É esse conceito de "deixar que Deus seja Deus" que estabelece uma transição natural entre o seu poder e a sua fidelidade. Existe uma correspondência fundamental entre a nossa fé e a fidelidade de Deus, tanto é que às vezes a ordem de Jesus "Tenham fé em Deus"J0° já foi forçosamente parafraseada, e com razão, como "Contem com a fidelidade de Deus". Afinal, se uma pessoa cumpre ou não suas promessas, isso não depende somente de ela ter condições de cumpri-las, mas também de sua disposição para fazê-lo. Ou, melhor dizendo, por detrás de toda promessa jaz o caráter da pessoa que a fez. Abraão sabia disso. Ao considerar a sua própria senilidade e a esterilidade de Sara, ele nem fez vista grossa a estes problemas, nem os subestimou. Mas lembrou-se do poder de Deus e da sua fidelidade. A fé olha sempre para os problemas à luz das promessas. "Pela fé, Abraão — como também a própria Sara, apesar de estéril e avançada em idade — recebeu poder para gerar um filho, porque considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa."101 Ele sabia que Deus era capaz de manter sua promessa (em virtude de seu poder) e sabia que ele o faria (por causa de sua fidelidade). Estava plenamente convencido de que ele era poderoso para cumprir o que havia prometido (21). Em conseqüência, Paulo acrescenta, referindo-se ao fato de Abraão ter crido na promessa de Deus, "isto também lhe foi creditado como justiça" (22). (JOHN STOTT, MENSAGEM DE ROMANOS, p. 76)

Fonte bibliográfica:

ROMANS 1-7 FOR YOU de Timothy Keller

THE MESSAGE OF ROMANS de Timothy Keller

A MENSAGEM DE ROMANOS de John Stott





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