segunda-feira, julho 27, 2009

FRANCISCO DORATIOTO: Maldita Guerra


esqueça todo o blá-blá-blá do cursinho ou ondee foi que você aprendeu sobre a Guerra dos Três Patetas....


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Com sólida base documental e metodológica, o autor, Francisco Doratioto, desmonta mitos sobre a Guerra do Paraguai e faz revelações surpreendentes sobre este marco da história de brasileiros, paraguaios, uruguaios e argentinos. O autor explica o início do conflito através do processo histórico regional, rejeitando a interpretação de que o imperialismo inglês seria o responsável pelo desencadear da luta. A obra relata o duro cotidiano das tropas aliadas e mostra a dinâmica da guerra, reavaliando a atuação de chefes militares como Mitre, Tamandaré e Caxias. As principais batalhas são contextualizadas de forma didática em mais de 20 mapas, enquanto personagens e situações encontram-se representados num conjunto de ilustrações e fotografias.
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"É fantasiosa a imagem construída por certo revisionismo histórico de que o Paraguai pré-1865 promoveu sua industrialização a partir de dentro, com seus próprios recursos, sem depender de centros capitalistas, a ponto de supostamente tornar-se ameça aos interesses da Inglaterra no Prata. Os projetos de infra-estrutura guarani foram atendidos por bens de capital ingleses e a maioria dos especialistas estrangeiros que os implementaram era britânica. As manufaturas oriundas da Inglaterra chegaram a cobrir, antes de 1865, 75% das importações paraguaias, quase todas originadas de Buenos Aires, em operações controladas por comerciantes britânicos ali instalados. Esses comerciantes concediam aos importadores paraguaios um crédito de oito meses para o pagamento das mercadorias" p. 30
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"A guerra do Paraguai foi fruto das contradições platinas, tendo como razão última a consolidação dos Estados nacionais na região. Essas contradições se cristalizaram em torno da Guerra Civil uruguaia, iniciada com o apoio do governo argentino aos sublevados, na qual o Brasil interveio e o Paraguai também. Contudo, isso não significa que o conflito fosse a única saída para o díficil quadro regional. A guerra era uma das opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma vez que interessava a todos os Estados envolvidos. Seus governantes, tendo por base informações parciais ou falsas do contexto platino e do inimigo potencial, anteviram um conflito rápido, no qual seus objetivos seriam alcançados com o menor custo possível. Aqui não há bandidos e mocinhos como quer o revisionismo infantil, mas sim interesses. A guerra era vista por diferentes ópticas: para Solano Lopez era a oportunidade de colocar seu país como potência regional e ter acesso ao mar pelo porto de Montevideú, graças a uma aliança com os blancos uruguaios e os federalistas argentinos, representados por Urquiza, para Bartolomé Mitre era a forma de consolidar o Estado centralizado argentino, elimando os apoios externos aos federalistas e brasileiros viabilizaria impedir que seus dois vizinhos continuamente a intervir no Uruguai, para o Império, a guerra contra o Paraguai, não era esperada, nem desejada, mas, iniciada, pensou-se que a vitória brasileira seria rápida e poria fim ao litígio fronteiriço entre os dois países, e às ameças à livre navegação, e permitira depor Solano Lopez". p.96

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