segunda-feira, julho 25, 2011

Dietrich Bonhoeffer: Sermão do Monte - A Comunidade Visível

;Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.  (Mateus 5:13-16)



Os discípulos são bem-aventurados por serem parte do Reino de Deus, mas também parece que eles são indignos de viver no mundo,neste momento Jesus os define com uma imagem, vós sois sal da terra.  São o bem mais nobre, o valor supremo que possui o mundo, sem eles, a terra não pode seguir vivendo, é o sal que conserva a terra, esta vive graças a estes pobres, desprezados e debéis que o mundo recusa.  Quando ataca os discípulos, destrói sua própria vida. 

Este sal divino conserva sua eficácia, penetra na terra, é sua sustância. Como homens ligados apenas a Cristo, eles se colocam em contato com o mundo. Jesus chama de sal apenas eles, não a si mesmo, Ele permanece com o povo de Israel, mas entrega aos seus discípulos toda a terra com a condição de que sigam sendo sal e conservem sua força purificadora e saporífica e assim manterão a terra. O sal deve ser incorruptível, uma força permanente de purificação. No Antigo Testamento se usa o sal para os sacrifícios - Ex 30,Ez 16:4-. 


São o sal pelo chamado, seria um erro querer equipar com sal sua mensagem, quem segue a Cristo, captado pela sua chamada, está plenamente convertido em sal da terra.


O sal insípido deixa de atuar, só serve para ser jogado fora. A honra do sal é que deve salgar todas as coisas. Mas o que ficou insípido não pode adquirir de novo seu antigo poder. Todo alimento pode ser salvado pelo sal, mas o sal que se torna insípido se perde sem esperança.


Jesus diz vós sois, não diz deveis ser. A vocação os converteu em luz, agora estão obrigados a ser uma luz visível, do contrário, a chamada não estaria com eles. A luz não é que nos foi dado, mas é o que somos. O mesmo que disse de si, que ele era a luz do mundo, disse aos discípulos que eram a luz desde que permanecessem fiéis a chamada. Sendo assim, não podem ficar ocultos.


A luz brilha e a cidade sobre o monte não pode estar oculta, ela é visível a distância, é a comunidade dos discípulos, daqueles que seguem a Cristo não se proporia uma nova decisão, mas a única decisão possível para eles já foi produzida. Agora devem ser o que eles são, ou deixar de ser seguidores de Jesus. 


O seguimento não é se apartar do mundo, ocultar-se. É tão visível como a luz na noite, a comunidade que quer ser invisível deixa de segui-lo.


Para Bonhoeffer, o alqueire de Mateus 5:15 pode ser o medo dos homens ou uma configuração consciente ao mundo para conseguir certos fins, que podem ser do tipo missionário ou brotar de um falso amor pelo homens. Como também de uma teologia reformadora que se atreve a chamar-se de theologia crucis, que prefere uma humilde invisibilidade e uma visibilidade farisáica.  O critério é que a luz não brilhe.


As boas obras dos discípulos devem brilhar com esta luz, os homens tem de ver não são as pessoas, mas as boas obras. As boas obras são unicamente as que Jesus produziu entre eles quando os chamou,  quando os converteu para debaixo de sua cruz em luz do mundo: pobreza, separação do mundo, mansidão, edificação da paz e graça de ser perseguidos e recusados, tudo isto pode ser sintetizado numa única coisa: levar a cruz




A cruz é onde pode ser vista as boas obras dos discípulos, Não se fiz que Deus se fará visível, senão que se verá as boas obras e os homens adorarão a Deus por elas. Visível será a cruz e as obras da cruz, não se vai adorar ao homem, mas a Deus somente. Se as boas obras fossem virtudes humanas, não se adoraria a Deus mas aos discípulos, contudo, não há que exaltar o discípulo que leva a cruz e nem a comunidade que brilha e é visível. Se adorará somente ao Pai que está nos céus. 


Deste modo, os homens vêem a cruz e a comunidade do crucificado e acreditam em Deus. É a luz da ressurreição.

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