Após ler os dois livros de Peter Scazzero sobre Espiritualidade Emocionalmente Sadia, começo entender que as nossas emoções são fundamentais para o nosso crescimento e amadurecimento espiritual.
Uma espiritualidade sadia está fundamentada em três aspectos da vida cristã:
1. nosso relacionamento com Deus - fé- filiação e justificação realizados pela graça apenas, que é a base de nossa vida com Deus, o próprio Deus morando dentro de cada um de nós por meio do Espírito Santo pelo Evangelho de Jesus Cristo.
2. nosso crescimento em Deus - esperança- a santificação realizada pela graça de Deus em nós, através da construção em nossa vida da imagem e semelhança de Cristo em cada aspecto de nosso ser. Sendo, esta construção obra de uma vida de arrependimento e confiança na graça futura aperfeiçoada e realizada pelas promessas e conquistas de Jesus Cristo mediante o Espírito Santo.
3. a manifestação de Deus em nós - amor- o propósito final de todo ser humano é ser igual ao Pai Celestial, cuja essência é o amor. As obras não mais nossas, mas do Espírito Santo, é ele quem dá os frutos espirituais que brotam da videira que é Cristo.
A idéia de Scazzero está baseada nas três concepções, primeiro temos que ter uma certeza que somos filhos amados de Deus como Jesus manifesta antes de ser levado ao deserto. Não colocar nossa confiança em nossas próprias conquistas, méritos ou fama.
Buscar uma relação de dependência e não de desempenho, estabelecer limites, não usar Deus e nem fazer coisas para Deus. A espiritualidade é contemplativa e a vida cristã é mais humilde e menos conquistadora.
O entendimento de como se dão nossas motivações e desejos é essencial para um crescimento espiritual em relação a questão da santidade. Algumas idéias de Scazzero me parecem serem fundamentais para entendermos como se dá um processo de santificação que geraria um real amadurecimento na fé.
Antes de tudo, é preciso inquerir as motivações do nosso coração, ir debaixo da superfície da espiritualidade de iceberg, entender as razões ocultas e insensatas do coração. Aqui, os conceitos de Scazzero se aproximam muito do livro de Larry Crabb, De dentro para fora.
Scazzero busca uma teologia narrativa, ele pensa na narrativa da família de origem, e como ela molda nosso modo de vida seja individualmente seja na comunidade. O crente deve entender que alguns modos de pecar são extraídos do contexto familiar mundano e que não foram transformados.
Veja história bíblica, os erros de Abraão aumentam em Isaque e se multiplicam em Jacó. Devemos, então, negar a família de origem e passar a adotar os padrões da família de destino, a igreja. Não construir a identidade na filiação mundana, mas na divina, como está em Mt. 10:32-39.
A metáfora bíblica favorita para comunidade é família de Deus, para Scazzero é um sinal claro da necessidade da diferenciação e do entendimento que o passado familiar é muito importante para a transformação madura em Cristo.
Quanto mais conhecedores dos nossos próprios sentimentos, medos e alegrias, quanto mais profundo formos em nosso próprio conhecimento, mais capazes de alcançar o objetivo final do amor seremos.
Conhecer a nós mesmos, nossos fracassos e virtudes, nossos limites e valores, faz nos humildes por que sabemos exatamente que nosso maior inimigos somos nós mesmos, e nos faz grandes porque mesmo sabendo que somos, Jesus amou-nos mesmo assim, e mais ainda, amou tanto que não nos deixou do jeito que nos encontrou.
A espiritualidade consciente de seus sentimentos fica mais humana, mais espiritual, porque sabe que precisa do Espírito Santo para gerar qualquer coisa boa, não fica mais mudana, pois não precisa provar nada a ninguém do seu próprio braço.
A fórmula de Scazzero é de uma espiritualidade contemplativa aliada a uma saúde emocional, eis como ele explica:
Jesus
condensou em dois mandamentos, amar a Deus com todo teu coração, com todo seu
ser e com toda a sua mente e ao próximo como a nós mesmos. A contemplação se
tem definido de muitas maneiras através da historia. Irmão Lawrence disse que é
a mirada pura e amorosa que encontra Deus em todas as partes. A contemplação é
a linha vertical que ascende até Deus e atravessa a saúde emocional. Sermos
conscientes do amor de Deus e responder é o centro de nossa vida.
A contemplação
não fala apenas da nossa relação com Deus, é a maneira em que vemos e tratados
as pessoas e a forma que olhamos para nós mesmos. Nossa relação com Deus e com
os demais são duas caras da mesma moeda. Se tua contemplação não tem o mesmo
resultado da interação com os outros, então, não é verdadeira como está em 1Jo
4.7-21
A saúde
emocional trata de amar bem aos outros, nos conecta com o nosso ser interior e
faz com que seja possível tratarmos cada pessoa como digna de respeito, criados
a imagem divina e não apenas como objetos. Precisamos conhecer a nos mesmos, o
tanto que amamos e respeitamos a nós mesmos é o tanto que podemos amar e
respeitar os outros.
A saúde
emocional também cuida em nossa imagem de Deus, na maneira como ouvimos sua voz
e o nosso discernimento de sua vontade.
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